Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 73
Capítulo 73. O que está acontecendo?


Notas iniciais do capítulo

Um pouco mais cedo hoje, trago coisas boas? Não sei, vocês que vão me dizer.



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Capítulo 73 O que está acontecendo? 

Me chamem de uma pessoa horrível, mas eu estava mais feliz enquanto minha convalescença era compartilhada com Tony. Ele estava no mesmo barco que eu a dois dias atrás, mas o caso dele era menos grave, então enquanto eu comia por um feitiço sonda, ele já estava na fase de só beber líquidos. 

Pois é, Tracy acabou com nossas gargantas. 

Não se tratava de uma pimenta, foi muito inocente de minha parte achar que uma garota como aquela seria tão simplista, mas ao menos foi mais fácil desmascarar ela dessa vez, apesar de não fazer ideia de como ligaram ela ao resto da poção no prato de Tony. 

Eu poderia ter ficado mais conformado com meu destino, se ela não tivesse recebido apenas uma daquelas punições bobas do tipo limpar algo, que eu já tinha cumprido lá no meu primeiro ano! Eu sou ameaçado de expulsão, perco direitos conquistados, mas a mocinha da Corvinal ganha apenas uma detenção de uma semana por envenenar dois alunos! 

A vida dos sonserinos está valendo nada esses dias. 

Também não está ajudando muito no meu humor assistir Enrique comendo uma caixa de bombons que eu ganhei de uma admiradora da Lufa-lufa. Primeiro ele havia dito que estava verificando se não estavam envenenados e depois ele se deu conta de que eu não poderia comê-los de qualquer jeito, então parou com as desculpas esfarrapadas. 

—Não me olhe com essa cara, esse não é o tipo de doce que se pode guardar por muito tempo. - Ele lambeu os dedos antes de ficar na dúvida de qual seria o quarto sabor que ele provaria.– Eu até estava pensando em dividir com Romeo, mas depois eu pensei: inferno, não! Quero dizer, Romeo é a última pessoa que precisa comer doces, vamos combinar. 

Peguei o bloco de notas que se apagava assim que a pessoa lia, feito por John, que por isso mesmo eu só estava usando com membros do Ocaso - corvinais são inteligentes para umas coisas e burros para outras, todo mundo veria a semelhança com os nossos feitiços secretos - e escrevi uma mensagem para ele. 

Você não tem outro lugar para estar, não? 

—Que horror, garotinho, saiba que eu estou abrindo mão de compromissos importantíssimos só para estar aqui com você. -  Até parece. Só estava aceitando a companhia dele, porque ele era o único que não tinha nada melhor para fazer no meio da manhã.– Não entendi o que você escreveu agora, o que é aquela última palavra? Sua letra não é... Nossa, vulgar sem ser sexy, meus parabéns. 

Ele me olhou com aquele sorrisinho irritante e eu tive vontade de enfiar o bloco pela garganta dele e assistir sua morte engasgada, comendo um enorme saco de pipoca. Só não vai acontecer porque ainda não estou podendo comer pipoca. 

—Agora falando sério, quanto tempo mais você tem que ficar aqui? - Escrevi furiosamente no papel e ele finalmente teve a reação esperada.– Como assim até que Potter venha te liberar? Ele virou curandeiro agora? 

—Não, não virei, senhor Dussel. 

Treinador Potter entrou acompanhado do que deveria ser sua versão mirim, mas Sev era muito mais parecido. James Potter obviamente não tinha nem se dado ao trabalho de ir nos chuveiros depois do treino, então minha vontade era de dizer a ele o quanto ele estava fedendo. 

Escondi disfarçadamente o bloco e o quase ruivo me olhou desconfiado. Sorri para ele. 

—Se não é curandeiro, porque a alta do capitão depende do senhor? - Enrique falou em seu tom profissional, que estava melhorando com o tempo, mas o efeito foi meio que estragado pela boca um pouco suja de chocolate. 

— Bem, senhor Dussel, o capitão já está livre para ir e voltar para dormir aqui sob observação e fazendo uso das poções corretas. - Olhei irritado, quer dizer que eu já estou livre e essa tortura aqui nem era obrigatória? Que absurdo!– Mas precisava falar com você antes, garoto, não fiz porque ainda estava doente. 

James caminhou até o outro lado da minha cama e se apoiou com desleixo num armário de poções perto. O que ele estava fazendo aqui de qualquer forma? 

—Senhor Fábregas, vim aqui porque o mesmo discurso que fiz para a senhorita Harmond e para o senhor Zabini irei fazer para você. - O quê? Parei de encarar o filho para encarar o pai, mas que maluquice é essa?– Não haverá mais revanches... 

“Ah, mas vai!”, falei revoltado, mesmo que não tivesse voz, porque sou do tipo que fala as coisas na cara. Tenho inimigos por isso mesmo! 

—O quê? - Dussel parou na metade de um bombom para olhar para mim, já que o treinador Potter estava tentando desvendar minha resposta.– O que disse? 

—Ele disse que vai ter vingança sim. - Olhamos todos para James. – As exatas palavras foram “Ah, mas vai!”. 

Potter Jr. fez uma pobre imitação do meu sotaque e se sacudiu todo como sua mente doentia interpretava a minha elegância de berço, mas eu não o xinguei nem nada. “Você entende o que eu digo?”, perguntei surpreso de verdade. 

— Como não poderia? É quase como ouvir sua voz irritante! - Sorri para isso e depois transformei meu sorriso sincero em um mais maligno. Ninguém me entendia, porque aparentemente o meu jeito de formar as palavras era esquisito, nem inglês, muito menos espanhol, mas James Potter entendia. – Porque está me olhando desse jeito? 

—Pode entendê-lo, James? Ótimo! Mas não queremos suas respostas agora, senhor Fábregas, preciso apenas que entenda que essa rivalidade boba com a senhorita Harmond acaba agora

“Justo na minha vez?” James revirou os olhos e fez um Argh estúpido. Enrique parou de olhar para mim e encarou ele com uma expressão séria. 

—O que ele disse agora? - Enrique o desafiou. 

— Você é tão imaturo, não percebe que não tem mais essa de vez? A briga acaba agora e se eu fosse você, ficaria feliz que a guerra acabasse no meu turno, porque assim mostraria como sou superior. 

“Se você fosse eu, saberia porque não posso deixar a maldita chinesa sair impune! Ela não aprendeu nada, Harmond está ainda somatizando a raiva por sua punição leve, vamos combinar, e quando menos esperar ela vai atacar de novo!” 

Finalizei meu discurso feito apenas com os lábios em um gesto seco e enfático, mas pela cara de James dessa vez ele não entendeu tudo que eu disse. Me joguei de volta na cama, cansado. Aquela tinha sido a mensagem mais longa que tinha dito nos últimos dias e o bastardo não entendeu! 

— O que foi, James? - O treinador perguntou para o filho como se ele fosse uma espécie de intérprete ou algo assim. Iludido. 

— Ele disse que se eu fosse ele entenderia o porquê dele ter que se vingar, disse que Harmond não aprendeu a lição. - Olhei para ele fascinado e depois emendei mais um comentário com um sorriso.  

“Esqueceu da parte que falei que a punição dela foi muito leve.” 

— Não, não esqueci, eu omiti de propósito. 

“Não pode omitir as coisas de propósito, que tipo de intérprete é você?” 

—Me poupe, Fábregas, não sou seu intérprete. - Ele cruzou os braços com arrogância, depois olhou para o pai com uma expressão cansada.– Posso te esperar no escritório? Tenho certeza que não importa o que diga, Cesc não vai entender... O problema dele antes de ser na garganta é no ouvido, ele só ouve o que quer. 

“Vai se foder, Potter, seu pai vem com essas ideias idiotas dele e eu que não sei ouvir? Merda pra mim é adubo de planta, meu filho” 

James sorriu para o pai depois de ler tudo que eu falei. Espero que tenha entendido cada palavrinha e que tenha absorvido meu ódio! 

— Ele mudou de ideia, disse que vai acatar a ordem e que não vai fazer nada com Harmond. -  Que dissimulado! James transferiu o olhar para mim e abriu ainda mais os dentes.– Ele até jurou pelo bastão favorito dele, aquele com uma cobra em forma de S entalhada. 

“Sério? Não há limites para sua idiotice?” 

—”Que um raio parta meu bastão, se eu fizer algo de ruim com a chinesa.” -  Enrique riu e quando eu olhei para ele percebi que ele havia voltado a comer os bombons como se estivesse assistindo a um espetáculo. 

— Desculpe, garotinho, mas Potter é bom. - Traidor bipolar! Encarei o treinador Potter, que atualmente era o único que mantinha a mesma pose de sempre e quando ele percebeu meu foco, resolveu falar. 

— Tudo certo então. Vou assinar sua alta, me responsabilizando que venha todo fim de tarde tomar suas poções, Frank se voluntariou para trazê-lo. - Como? Nas costas? Aquela lesma paralítica é perseverante, tenho que admitir. Tudo isso para pegar minha irmã de volta. – Madame Pomfrey disse que você é do tipo que não dá para confiar em se automedicar. Então até mais, senhor Fábregas. Dussel. 

Velha nojenta! Como assim não posso me responsabilizar pelos meus próprios remédios? 

Ela contrata um pessoal incompetente, depois não dá uma lida no material de apoio dela e quando o aluno tenta ajudá-la trazendo livros interessantes sobre poção, ela age como se você tivesse colocado um pepino atrás do gato dela quando ele não estava olhando. 

Testei esse truque com o gato velho do meu arqui-inimigo trouxa e o bicho coincidentemente morreu de ataque cardíaco duas horas depois. Não vejo nenhuma ligação entre isso e o susto que o pepino deu nele, que fique claro. 

De toda forma, não disse nada disso para James Potter para ele não dizer que eu prometi minha alma a Satan ou algo assim. 

O dito cujo sorriu cínico e seguiu o pai para fora da enfermaria. 

— Potter entender você só não é mais estranho do que o sabor desse bombom aqui.  

Ah meu caro Enrique, espero que você finalmente tenha chegado no veneno que você tanto alardeou. Isso me faria feliz hoje. 

*** 

Estava sentado no meu baú de equipamentos oficiais do campeonato - obrigado, Enrique, você não é imprestável 100% do tempo - com uma Lia gostosa, em suas calças de treino justas, pronta para me auxiliar em mais uma aula de Quadribol com minha turma. 

A artilheira iria assumir os ensinamentos hoje, porque ainda estava fraco por essa alimentação deficiente, que não inclui carne e comidas que pesam alegremente no estômago, e também porque não posso latir ordens para meus pilantrinhas adoráveis. 

Chamei a cachorra certa para o serviço. 

Aidan havia me descolado um daqueles quadros de criança trouxa, que você escreve com uma caneta especial e depois passa uma alavanca e ele se apaga por mágica. Mágica do tipo “uou, não sei como essa merda funciona”, claro. Também não sei como funciona a mente de um lufano, porque, para que um deles teria guardado algo assim em Hogwarts ? 

Repassemos a aula. 

Bati o quadro na perna de Thiollent e ela olhou para baixo, construindo um olhar de desprezo admirável ao terminar de ler o que eu escrevi. 

— Isso de novo não, já disse que entendi suas ordens. - Bati com a caneta de novo no quadro, enfatizando o que íamos fazer.– Não sei com que tipo de imbe... Na verdade, eu sei com que tipo de imbecil você anda, mas eu não sou um deles. 

Do jeito que fala, até parece que tem opção. 

—... Opção. Ah, faça me o favor, Cesc! - Ela jogou os braços para cima em exasperação, mas depois jogou a trança para o lado, cruzou os braços e ficou se sacudindo como se estivesse desconfortável.– Eu já pedi desculpas... 

Alguém já te perdoou? 

— Você sabe que não. - Ela se abaixou na minha frente, colocando as mãos nos meus joelhos.– Falando nisso, preciso que saiba que o seu envolvimento na história de Enrique e James foi invenção de Skeeter, eu só queria ferrar com os dois, não com você, viu? 

Bem, isso faz sentido e é o que eu ganho por sair por aí caçando encrenca. Por sorte Rita Skeeter falou uma mentira, o que me deixa bem confortável para negar tudo e dar uns olhares condescendentes para os idiotas que ainda acreditam nela. 

Mas é claro que tem aqueles com a mente bem fechada, que continuam olhando torto e usando um ou outro acessório das escolas rivais, em protesto contra a seleção, mas desses estúpidos sempre quis e sempre vou querer distância. 

Olhei para Lia, que ainda esperava uma resposta minha. 

Eu que provoquei Skeeter, espero que ela já esteja se sentindo suficientemente vingada. 

—Ela até que é generosa no pagamento, sabe? Embora tivesse tentado me convencer a fazer de graça antes, louca de pedra. - Lia soltou um risinho e eu encarei ela acusador. Sério que ela lucrou com a desgraça alheia? – Não me olhe assim, gastei todo o dinheiro pagando as bebidas de Dashner na festa... Preferia quando era Weasley que fornecia, ele era mais maleável, ainda mais quando ele também iria usufruir do produto. 

Acabou que eu nunca cheguei a ler o artigo da mulher, é mais fácil fingir que uma coisa não existe, quando realmente não se toma conhecimento dela. Mas agora fiquei curioso para saber o que ela escreveu sobre Segundo, então questionei Lia sobre isso. 

—Ah, foi tão bobo, algo como ele coordenando um clube de apostas... Mas essa parte é falsa, Skeeter deve ter inventado baseada no histórico do pai dele na escola.  

Por que falou com ela de todo modo, garota? Aquela mulher não presta! 

Eu estava desesperada! A nossa fama de viciados em poções já estava me irritando! Acredita que tive que deixar uma garota em Uagadou careca por causa disso? -  Sério? Lia fala como se tivesse sido obrigada a deixar alguém careca.– Os outros nos olham como se a gente tivesse no torneio de favor, então tive que fazer algo pela nossa reputação. Melhor devassos do que trapaceiros... 

Ela ficou pensativa, mas depois arregalou os olhos, como se tivesse lembrado de algo importantíssimo. Eu ainda estava tentando entender essa lógica escrota dela. Deuses, só ando com gente da pior estirpe.  

— Ei, você viu o lance de Romeo? Eu não sabia de nada daquilo, parece que as provas dele de Aritmancia serão anuladas e a professora demi... Olha, seus alunos chegaram. 

Espera, o quê? Puxei as vestes de Lia para que ela voltasse a se abaixar, mas ela deu um tapa em minha mão e abriu um sorriso espetacular para os recém-chegados. Revirei os olhos, ainda sentado de costas para todos. 

—Vejam só, crianças, que delicioso upgrade vocês ganharam! - Virei de lado para vê-la se exibir e começar a explicar a situação atípica do treino, mas um dos guris da Lufa-lufa pediu a palavra. 

—Capitão, é verdade que o senhor gosta de meninos? - Virei ainda usando o baú de assento e encarei a criatura com uma sobrancelha levantada.– É que minha avó disse que eu não poderia ficar, caso... 

Levantei um dedo o calando e observei que alguns deles realmente se importavam com a resposta e outros estavam completamente indiferentes, como Cameron e Marco. Lily e Lena pareciam que tinham voltado as boas e sorriam sorrisos idênticos de... Ansiedade? 

Pensei dois segundos, porque o garoto não tinha culpa de ter uma avó antiquada - as minhas não eram muito melhores - então escrevi com calma no meu pequeno quadro. 

Se sua avó não gosta, melhor sair. 

Estendi o quadro pra ele, que me olhou com uma careta triste. Apaguei a mensagem e escrevi novamente. 

Mas sempre será bem-vindo, até porque, não vou devolver seu dinheiro. 

Basil riu ao terminar de ler a mensagem e depois olhou para os outros colegas atrás de si. Pegou o quadro na minha mão e escreveu com seu garranchinho muito feio se comparado com minha caligrafia nobre, algo que me fez ganhar o dia. 

As avós não precisam saber de tudo, né? 

Sorri para ele e levantei o quadro para que Lia pudesse ler acima de mim. 

— Não entendo como consegue isso, sendo como é... Mas é muito legal de ver, capitão. - Lia bateu uma palma para chamar a atenção de volta para si e começou a explicar como seria o treino de hoje e eu voltei a olhar meu quadro. 

Em todos as áreas da minha vida eu era um retumbante fracasso em termos de angariar simpatia - porque os seres humanos são antipáticos por natureza - menos no Quadribol. No Quadribol meus métodos estranhos me dão uma vantagem absurda e ainda me conseguem uma lealdade que Merlin sabe, nem sempre é merecida. 

Merecida ou não, eu gosto muito disso mesmo assim. 

*** 

Dessa vez havia escolhido um lugar bem na base da arquibancada improvisada para assistir o jogo da Durmstrang versus Mahoutokoro lá na Bulgária. Já estávamos tendo um vislumbre da paisagem dos arredores do castelo anfitrião, que era feito de uma pedra clara como as montanhas cobertas de vegetação ao seu redor. 

Um fina neblina se derramava de cima dos cumes mais altos sobre o que parecia um mar rosáceo, tudo muito bonito e poético, mas que um Enrique nada impressionado logo explicou o que era. 

—É um campo de lavanda. - Eu, Tony e Scorp o encaramos intrigados e ele completou, dando de ombros.– Não tem nenhuma razão de ser, a terra é fértil e eles gostam do cheiro na primavera. 

— Isso não combina muito com a imagem mental que eu tenho dos búlgaros. – Tony grasnou com sua garganta ainda ferrada, olhando para a imagem que mostrava agora uma panorâmica da escola, que começava com muralhas pálidas e depois se abria em uma espécie de vila medieval, com ruas de pedra cheia de alunos de vermelho caminhando tranquilamente. 

Durmstrang era praticamente uma cidade e Tony tinha razão, não se parecia em nada com a imagem que o gigantes búlgaros suscitavam na gente. 

— Imaginei um castelo escuro e sombrio, guardado por gigantes com suas vestes sujas de sangue... - Scorp falou empolgado e depois assumiu uma postura séria.– Eles não tem o direito de brincar com nossos sentimentos desse jeito. 

Enrique conseguiu o inconveniente feito de empurrar todos nós para o lado - inclusive Tony e sua muleta chique - para poder sentar na ponta do nosso banco. Ele se ajeitou, olhou para um lado e depois para o outro, mirou com atenção a projeção, agora ao vivo da Bulgária e deu seu veredito. 

— Que péssimo lugar vocês arrumaram, não tinha uma mesa para vocês ficarem escondidos em baixo, não? - O idiota falou amarrando o cabelo em um rabo de cavalo alto, meio torto.– Acho que ainda tem lugar lá em cima, vamos, antes que... 

Vamos ficar aqui, esse não é o show do Dussel. 

— Bem que podia ser... Por que vão ficar aqui? Estão se escondendo de alguém? - Revirei os olhos e apontei para o baú de equipamentos que havia usado hoje no treino com Lia.– Olha só, você está usando meu presente. 

Pois é e não trouxe a bolsa dele, então não tenho onde colocá-lo lá em cima. 

— Por que não faz um reducto? —  Continuei encarando ele, até ele responder sua própria pergunta idiota sozinho.– Ah sim, você não pode falar o feitiço, é verdade. E por que Tony ou Scorpius não fazem? 

— Estou bem confortável aqui. 

— O lugar é bom para esticar as pernas. - Tony demonstrou sorrindo cheio de dentes, continuando a provocação que Scorp estava fazendo com Enrique. 

— Guarda logo essa merda e vamos arranjar uns assentos decentes, Cesc! - Olha que coisa, agora ele tá nervosinho, na hora de comer o chocolate alheio era só alegria. 

Não tenho energia para duas viagens, quando for levar, vai ser para ir embora de uma só vez. 

Ele leu minha mensagem e depois fez uma avaliação rápida do meu estado, para ver se não era só preguiça minha. Nem era, estou realmente cansado, tanto que vou levar o baú para o dormitório do time e não para o das Masmorras, que é onde ele fica normalmente. 

— Posso levar para você, não é como se fosse acontecer alguma coisa por agora... - Ele olhou para a tela e voltou a se levantar, fazendo o seu tão sonhado reducto. Olhou a parte de cima das arquibancadas, agora completamente lotada, com desgosto. Complementei meu pedido com um sorrisinho cínico. 

Deixe tudo no dormitório das Masmorras, faça o favor. 

Ele cerrou os olhos irritado, mas resumiu sua indignação a um “Abusado” dito em um resmungo. Me coloquei mais confortável para ver a tabela do campeonato e tive que concordar, era uma bosta de localização mesmo! 

Mas dava para ver que os líderes das chave eram as invictas Uagadou e Durmstrang, a escola europeia jogando seu último jogo dessa fase hoje. Depois vinham embolados na chave deles, com uma vitória cada, Salem e Mahoutokoro, os americanos com a vantagem já que iam jogar contra a fraca seleção francesa. 

A nossa chave estava bem mais difícil, porque havia a matematicamente eliminada Ilvermorny e a classificada Uagadou, mas Hogwarts e Castelobruxo iriam decidir a última vaga em um confronto direto. 

Os narradores estavam certos em falar que os próximos jogos seriam incríveis, embora estivessem certos em dizer também que era uma maluquice sem fim sortear de novo os adversários nas semifinais, como se fosse um campeonato novo. 

A sugestão partira dos representantes de Salem, que provavelmente sabem que se passarem para a próxima fase será em segundo, o que pelo curso normal das coisas, o fariam pegar a primeira colo... 

Um barulho alto e seco balançou as estruturas do castelo, fazendo a projeção falhar até desligar e a estrutura de madeira da arquibancada fazer estalos assustadores. Todos levantamos rápido, meio desordenados, porém os tremores ficaram ainda piores no piso de pedra. 

O estampido parou, mas um outro som estranho, que eu não soube identificar, foi ficando mais e mais intenso. 

O caos tomou o salão, então os monitores de cada Casa começaram a gritar ordens para que saíssemos do castelo com calma e os professores seguiram para onde parecia ser a fonte do problema.  

Eu e os LP’s tínhamos nos colocado na ponta mais interna do salão ao escolhermos aqueles péssimos lugares na arquibancada, então ficamos no final do plano de evacuação. 

— O que acham que está acontecendo dessa vez? - Assim que Tony terminou de falar com sua voz enrouquecida, os gritos começaram do lado de fora. 

Parecia um déjà vu daquela noite traumática no Lago Negro, só que agora éramos empurrados de volta pela multidão a nossa frente para o fundo do salão. Sem minha voz, fiz o melhor que pude para criar um campo de força ao redor da gente, porque as pessoas podiam mesmo machucar a perna de Tony em seu pânico. 

Scorp se colocou em uma posição ofensiva, com a varinha na mão, pensando, assim como eu, que se tratava de uma ameaça externa novamente, mas a medida que as pessoas se colocavam atrás de onde estávamos, algo mais surgia através dos portões do Salão Principal. 

Uma água escura veio serpenteando pelo piso de pedra do Castelo, cujo os archotes pareciam quase tão assustados quanto nós, bruxeleando incertos, colocando todo o lugar em uma penumbra sombria. 

— O que está acontecendo? - Scorp perguntou em um sussurro, porque parecia que esse era o único tom de voz possível em um ambiente tão fantasmagórico. Uma voz vinda de lugar nenhum de um de nossos colegas finalmente nos deu um palpite para trabalharmos. 

— Acho que... Acho que o Lago invadiu as Masmorras. - Olhei para Tony que encarava a água já chegando em nossos pés. Pensando na conformação de nossa sala comunal e alguns quartos com janelas para o fundo do lago, não pude pensar em nada mais do que isso. 

O que está acontecendo? 


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Notas finais do capítulo

Então, alguém pode me dizer o que está acontecendo? Hihihi, tim, tim, devil, tim, tim.

Bjuxxx



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