Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 64
Capítulo 64. Tudo dando certo


Notas iniciais do capítulo

Oie, queria que tivesse melhor revisado, mas foi o que deu para fazer, estou postando o capítulo agora de Madri - ui, como sou chique, mas é só a conexão - do celular, mas acho que o único problema sério do capítulo são oa travessões no lugar errado, porém acho q dá pra sobreviver.



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Capítulo 64. Tudo dando certo.

Ah, o plano de Tracy!

A chinesa ridícula já começava a andar assustadiça pelos corredores, com a demora da revanche de Tony - que estava ainda mais impaciente que ela - então eu estava aliviado que finalmente aquele vestido bomba-relógio que Weasley fez iria finalmente sair de debaixo da minha cama.

Carreguei o pacote inodoro - com o conteúdo devidamente bem transfigurado - com um braço só, aproveitando para cumprimentar educadamente os colegas e torcedores mais animados com a eminência do jogo, em uma semana.

Fiz o caminho do corujal em tempo recorde e fiquei feliz ao constatar que a coruja dos Harmond estava devidamente empoleirada e tranquila no lugar de sempre. Que eu saiba disso diz muito do meu nível de comprometimento com esse projeto.

Amarrei a carta na pata da coruja cinzenta dos montes e dei algumas guloseimas para ela ficar mais inclinada a entregar a correspondência volumosa a dona, no correio matinal do dia seguinte.

Uizlei pousou enciumada em uma das janelas, então fui obrigado a sacar alguns petiscos para ela também, mesmo não tendo nenhuma carta pra mandar pra casa. Ela me olhou satisfeita e resolveu que eu podia manter meus olhos intactos, por hora.

Estava satisfeito com o resultado final da carta, a caligrafia da senhora Chang foi copiada e consertada no pergaminho que tinha o meu conteúdo, apesar de não ter ficado perfeita, o que garantiria a terceira parte do meu plano:

Aquela sensação de algo errado que faria Tracy Harmond desconfiar e verificar o remetente do presente.

Novamente havia colocado o meu símbolo e de John no verso da carta e tive que sorrir em antecipação, porque no baile do final de semana, Tracy Harmond seria sem dúvida nenhuma a bela da festa e o melhor, ainda seria dada como louca.

Coisa que ela já é.

***

Arrastei Lexa para a pista de dança e tive que ficar encarando a pequena presilha vermelha que prendia sua franja rebelde no topo da cabeça, já que ela não conseguia tirar os olhos dos pés, marcando os passos da dança com um irritante “um, dois, três, um, dois, três”.

— Lexa, já disse que eu sou um excelente dançarino, não precisa fazer isso. - Ela nem se deu ao trabalho de olhar pra cima pra me brindar com seu doce desdém.

— Até parece! Prefiro não arriscar pisar no pé do capitão horas antes do embarque para Uagadou. - Estalei a língua na boca, desistindo de tirar a cabeça da avestruz grifinória de debaixo da terra.

Aproveitei para dar uma olhada ao redor do Salão, que estava formalmente arrumado para caber uma festa de gala daquelas. A festa de Hogwarts era concomitantemente com as festas nas outras escolas, isso graças a tecnologia dos Dussel que permitia que a cada olhada para os lados do salão, o baile de uma das sete adversárias se misturasse com o nosso.

Em alguns vislumbres parecia que eu estava novamente no átrio de Minguante e então era só olhar para a esquerda que dava de cara com alunos orientais dançando com uma leveza e sincronia assustadoras.

O efeito todo era possível graças a feitiços feitos em espelhos instalados nos quatro cantos dos bailes de cada uma das escolas, permitindo que a abertura do campeonato fosse em todos os lugares ao mesmo tempo, ao passo que ninguém se tornava a anfitriã da festa sozinha.

Eu nem quero imaginar quanto os Dussel faturaram com esse projeto conjunto.

Lexa pisou no meu pé e antes que eu pudesse fazer uma careta de dor, ela me encarou assustada, me fazendo sorrir dolorido no lugar. Ela riu e murmurou umas desculpas tímidas, já que era um negócio absurdo pisar no pé do outro mesmo olhando para o chão, como ela estava fazendo.

Só de vingança, inclinei meu par da noite - escolhida para mostrar a todos que não havia rixas entre a Grifinória e a Sonserina na seleção - quase até o chão, bem na hora que o tão esperado espetáculo da noite acontecia.

Vi pela visão periférica que Lexa acompanhava meu olhar mais à frente de cabeça para baixo, então a ajudei a se consertar para ver o maravilhoso efeito de transfiguração pela qual o belíssimo vestido de seda de Tracy Harmond estava passando.

— Ai meu Deus! - Tal qual Cinderela, as vestes da garota foram se transformando em algo completamente diferente do que era antes: o azul claro bonito deu lugar a um marrom sujo, com manchas escuras, que eu sabia muito bem que era sangue.

A textura sedosa e brilhante se transformou em um emaranhado fibroso de pelos e grama, terminando a metamorfose em um encolhimento brusco do vestido de longo, para algo que mal passava das coxas pálidas da menina.

Tracy estava usando um infeliz javali abatido e fedorento agora!

Tony, que estava comendo algo no final da mesa lateral, cuspiu tudo fora, enquanto começava uma risada histérica, que para o desespero de Harmond, encontrou companhia em outros risos.

Por um milésimo de segundo eu fiquei com pena da garota, mas isso logo passou assim que ela transformou sua consternação em um ódio sem precedentes. O grito de raiva que ela deu foi tão alto, que chega a banda que tocava aqui em Hogwarts parou o show.

— ZABINI, EU VOU MATAR VOCÊ! - Tony fez a sua melhor cara de “Como?”, bem parecida com aquela que ele fez quando havíamos queimado as coisas dela no ano passado, a diferença é que dessa vez ele era realmente tão inocente quanto fingia ser.

— Oras e isso por que? - Ele perguntou tão sonso que puxou até uma veia de irritação em mim, imagina nela. Alguns alunos de outras escolas já olhavam estranho para gente e todos os de Hogwarts estavam completamente entretidos com a fofoca.

O diretor Brenam abriu caminho entre a multidão, colocando um casaco sobre a garota - com muito bom senso para um cara tão babaca como ele é - mas isso não aplacou nem um pouco a fúria dela, que continuava gritando para Deus e o mundo que a culpa era de Tony e que ele era o anticristo, não exatamente com essas palavras, mas enfim.

— Me dê cobertura, Lexa. - Aproveitei que Tracy estava se desviando dos braços do monitor da Corvinal para continuar acusando um Tony que só revirava os olhos, para poder finalizar de vez o plano.

— Por favor, não me diga que você tem algo a ver com isso! - Nunca diria tal coisa, não preciso de testemunhas para os meus atos ilícitos. Ajeitei melhor o corpo dela pela cintura para que ela pudesse me acobertar, o que a fez dar um tapa na minha mão.

— Calma, fique quieta. - Ela continuou virada para frente e eu apoiei minha testa no ombro dela, estranhamente Lexa tinha um bom cheiro cítrico na nuca, como alguma fruta tropical que eu não sabia o nome.

Aproveitei que ela suspirou pesado e continuou - agora de braços cruzados e incomodada - olhando para frente, para começar a fazer meu ritual. Nossa, isso soou macabro. Tirei um alfinete do bolso das vestes de gala e comecei a desenhar o meu símbolo com Westhampton no pulso, até um filete de sangue sair do arranhão.

Ok, isso foi mesmo macabro.

A verdade é que eu não tinha nenhuma daquelas fantásticas tintas mágicas que vi nas aulas em Uagadou, então fui com a mais velha e poderosa de todas: o sangue. Uma curiosidade sobre os símbolos ativados com sangue, eles geralmente...

— Cesc! - Lexa me chamou na hora em que eu já estava lambendo o sangue no pulso. O que? Todo mundo faz isso, o sangue tem que voltar para o sistema de algum jeito!
Levantei o olhar e a escola toda estava me encarando. Weasley II estava mais a frente da multidão, ladeado por um Harry Potter e um Edward Lupin muito sérios e Tony me olhava com o cenho franzido. Olhei para a cara de Lexa, tentando entender o que estava acontecendo, mas ela só fez um sinal para que eu limpasse a boca.

Ah bom, acabei de acrescentar vampiro a minha lista de adjetivos.

Limpei minha boca e encarei todo mundo, em especial Fred Weasley II, que era o único que realmente podia me foder na atual conjuntura. Ele me encarou, mas desviou o olhar e eu não soube interpretar muito bem isso.

— Por que vocês estão me olhando? - Se um alfinete caísse no chão agora eu ouviria, tamanho o silêncio.

— Ora, ora, ora... Eu deveria saber que os planos cheios de reviravoltas eram sua especialidade, já que Zabini é mais direto. - Tracy parecia bastante convencida de que havia me pego, se o sorrisinho convencido queria dizer alguma coisa.

Meu Deus, a garota estava fazendo um cosplay de um projeto malfeito de um taxidermista e ainda achava fôlego para ser feliz! Olha, você tem que respeitar uma loucura nesse nível!

— Do que está falando, Tracy, querida? Eu sempre fui a favor do seu relacionamento com Tony, sempre quis que “Trony” voltasse... - Ela fechou o sorriso e eu abri mais o meu. – Com certeza é melhor do que o “Rony” de hoje em dia.

Tony fez uma careta e olhou assustado para a direita, onde provavelmente Rose Weasley estava, mas fala sério, não tinha como ninguém fazer uma associação entre ele e ela, tipo, a garota não era a única com as inicial “R” por aqui!

Quero dizer, James Potter foi atrás da prima, então alguma conexão entre o nome do novo par de Tony - “Rony” - e Rose Weasley ¬foi feita, eu só não sei qual!

— Bem, pessoal, acho melhor continuarmos a festa e esclarecermos esse mal-entendido em outro lugar, para não atrapalhar a noite de ninguém! - O diretor Brenam parecia que acrescentaria algo, mas o auror mais famoso do mundo continuou seu discurso improvisado. – Eu cuido desse caso daqui para frente, afinal são meus jogadores.

O senhor cara de bunda mór não pareceu muito agradado, mas deixou a comitiva partir. Eu, Tony, Fred II, Tracy e Lexa fomos escoltados por Lupin e Potter até a sala desse último, nas Masmorras.

***

Claro que Tony e Lexa foram liberados, não tinham evidência contra eles. Não tinham evidências minhas também, mas eu estava disposto a ficar para ver se o grifinório muambeiro ia se ferrar, porque, mesmo tendo pago pelo serviço dele, não queria que ele se desse mal por minha causa.

Por minha causa não, por causa de Tracy!

Eu e o goleiro estávamos ambos sentados na frente da mesa de Harry Potter, aguardando Tracy Harmond voltar da troca de roupa e com Lupin a nossas costas, parecendo inquieto. Tracy voltou depois de um século, não tão confiante, mas com certeza menos fedorenta.

— Com certeza essa última magia das trevas que Fábregas fez no salão destruiu a carta esquisita que falava do vestido. - RA! Eu sorri docemente para ela, porque o feitiço de desaparecimento da carta funcionou perfeitamente. – Mas foi ele, tenho certeza.

— Ah bom, se você tem certeza... Senhor Potter, isso é ridículo, eu e Segundo vamos fazer uma viagem amanhã e se não há provas...

— Sente-se, senhor Fábregas.
Voltei para o meu lugar e Harmond pareceu um pouco mais esperançosa. Me larguei na cadeira, nem um pouco preocupado, afinal a carta já era. A única coisa que não fazia sentido era a presença de Weasley II, quero dizer, como ligaram ele a Harmond?

— Padrinho, posso falar logo? - Virei para Lupin e ele não retribuiu meu olhar. Potter deve ter feito algum gesto de assentimento, porque o auror em treinamento - agora de cabelo laranja - suspirou pesado antes de falar o que precisava. – Como mencionei antes, vi Fábregas e Fred se encontrando em uma estufa de Herbologia, com um volume suspeito e... Fedido.

Ok, definitivamente ele não precisava dizer isso.

Encarei Segundo e ele fazia uma careta para o nada, como se não pudesse se defender disso, mas no caso, ele pode, NÓS PODEMOS!

— E daí? É proibido agora dois alunos terem um projeto de Herbologia em conjunto? Aquilo que o senhor me viu carregando foi adubo para o nosso trabalho de crédito extra!

— Só se estivesse plantando algo venenoso e mortal, porque nós todos sabemos que...

— Garota, porque você não foi tomar um banho ainda? Aproveita e se lava internamente, porque tenho quase certeza que você está podre por dentro. - Ela estava pronta para retrucar, mas eu fui mais rápido. – É por isso que ninguém gosta de você, até sua vozinha quis te pregar uma peça hoje!

Tracy fechou a boca, sem contra argumentar, no lugar sorriu como se tivesse ganhado na loteria. Mas o quê?

— Que merda, Fábregas, você é o quê? Um vilão de história infantil? - Segundo havia coberto o rosto com as mãos e eu fiquei sem entender nada, o que eu disse de errado?

Tracy fez o gesto universal de “lavo minhas mãos” e eu ouvi a porta se bater atrás da gente, provavelmente Lupin fofoqueiro filho da mãe indo finalmente cuidar da vida dele. Não dizem que lufanos são leais? Leais uma porra!

— Senhorita Harmond, está dispensada, pode voltar para seu dormitório ou para festa, o que achar melhor. - Ela fez menção de falar algo mais, mas Potter a olhou duro o suficiente para ela sair.

Mas a ousadia é tanta que ela bateu no meu ombro e sussurrou, deixando seu fedor de coisa morta chegar até minhas narinas - estou quase certo que não inteiramente vindo do javali - bem humorada.

— Ninguém falou de quem era a carta... - Como assim não falou? Eu tenho certeza que ela... Que. Merda! Tracy riu da minha cara e voltou a sussurrar antes de Harry Potter se levantar realmente para tirá-la de perto de mim a força. Era bom mesmo, porque era capaz de eu fazer uma besteira com essa garota. – Mas obrigada pelo presente, vovó.

A porta bateu de novo e eu nem me dei ao trabalho de encarar Potter ou Segundo, não depois de jogar a porra do plano mais elaborado que eu já fiz na vida na lixeira, por causa dessa minha mania irritante de não prestar atenção nas coisas e falar demais!

— E agora, garotos... - Potter soou cansado e vi Fred II se mexer desconfortável na cadeira ao meu lado. – O que eu faço com vocês?

***

O silêncio reinava na cabine onde estava eu, Fred II e a monitora do sexto ano da Grifinória designada para ser a nossa babá na viagem para Uagadou. A garota de sobrenome Walker nos olhava por cima de seu livrinho roxo sem título, com uns óculos grandes enfiados no nariz, parecendo bem desconfortável.

Voltei a olhar para a janela, afinal, estava indo para Uagadou somente para refletir acerca do meu péssimo comportamento, já que eu e Segundo estávamos oficialmente suspensos dos jogos e atividades relacionados a seleção.

Suspirei pesado. A paisagem na janela era de campos verdes e ocasionais montanhas e mesmo tendo soado incrível viajar voando para os jogos fora de casa - levando a seleção, a comitiva oficial da escola e a imprensa britânica – e tirar a responsabilidade de hospedagem dos anfitriões, depois de um tempo a vista se tornou mais do mesmo.

O Ministério da Magia havia feito um circo, enchido todo mundo com essa palhaçada de como diabos iríamos todos para Uagadou, até revelar na manhã de hoje nosso meio de transporte. Seria o expresso? Iríamos com uma chave de portal? Nas costas de Hagrid? Não! Vamos todos em uma engenhoca enorme, pesada, mas até que muito charmosa, chamada dirigível.

Olha, eu provavelmente teria ficado mais empolgado em outras circunstâncias, porque a geringonça era maneira pra caramba – havia ficado camuflada no lago esse tempo todo – mas no caso, eu ainda estava no aguardo do restante da minha punição, porque, veja bem, não há precedentes em nenhum esporte de um capitão que não entra em campo, logo...

Olhei para frente irritado, porque ainda estava furioso com a expressão decepcionada de Longbobo, eu teria preferido um sorrisinho satisfeito no lugar disso, mas o fantasma da Ópera nunca coopera com minhas expectativas. O que me consolou mesmo foi saber que Louise fez toda uma comoção dizendo que estava doente, implorando para alguém trocar de lugar com ela na comitiva, já que ela havia sido uma das cinquenta crianças sortudas que iriam para a África.

Convenientemente John se voluntariou, tendo ele um passe para o jogo de Castelobruxo x Ilvermorny, que aconteceria em mais alguns dias – tempo mais do que suficiente pra ela se recuperar - e, apesar do interesse de outros em mudar o destino de sua viagem também, o galês era o único que já possuía a permissão do Ministério de Uganda em mãos, assim, de última hora.

Olhei para a cara cínica de minha irmã na Enfermaria antes de embarcar, só para ouvir um “Teria feito a troca com John mesmo que você ainda fosse jogar, mas agora ao menos vou ter a satisfação de ter Frank achando que eu desisti porque não iria para África só por ele.”

A idiota emendou um “Não que eu me importe com o que ele pensa, claro.”, que eu fingi que não ouvi, já que ela fungou e desconversou dizendo que ao menos ajudaria um casal fofo a se reencontrar – de fofo John e Sharam não tem nada – e me disse para eu usar meu tempo livre pra escrever para Claire, em Salem.

E esse era o segundo motivo para eu estar tão frustrado aqui, nessas vestes oficiais, no maldito dirigível oficial de Hogwarts, indo apenas cumprir tabela já que não só eu não jogaria, como ainda assistiria Hogwarts perder de lavada, já que a escalação do time ficou assim:

Scorp nos aros, Potter de apanhador, Lia, Sienna e Frank de artilheiros e Tony com O’Brien na dupla de defesa. Traduzindo:

O goleiro inexperiente, o apanhador medíocre, duas garotas e um zumbi contra um time de artilheiros composto por caras acima dos 16 anos, o pior batedor do time – sério, Potter, com Ginns logo ali! – e Tony.

Eu estou com muita pena de Tony, sério, ele provavelmente será o único que não passará vergonha ou será massacrado, apesar de que ele não está ligando muito. Ao ouvir quem estaria com ele no jogo, Tony deu de ombros, como se dissesse “é bom que eu nem tenho que tentar”, apesar de saber que ele vai jogar bem de qualquer jeito.

Scorp também está em uma situação confusa de dar pena, porque ele ainda tinha esperança de que Potter voltasse atrás nessa sandice de suspender Segundo, mas ao ver que não, teve que se fingir de feliz, porque Rebeca estava se gabando para todo mundo por estar saindo com o goleiro titular da seleção de Hogwarts.

Ele me disse tudo isso correndo, antes de Walker escoltar a mim e a Fred para a pequena cabine/ prisão, que consistia em algumas poltronas, sofás elegantes e desconfortáveis e uma carrancuda mesa de reunião no canto, para que os negócios e assuntos dos adultos fossem tratados com uma bela taça de vinho de fadas.

Eu teria ficado feliz só com o vinho – que não era o dos Malfoy, mas estava valendo – ou a perspectiva de me enfiar na minha cama “oficial” e só levantar quando estivesse morto ou tivesse algo para enviar para Salem, o que viesse primeiro, mas infelizmente tinha que ficar aqui olhando para o teto, já que todos sabem que dormir não é bem um castigo para um adolescente comum, logo o quarto foi uma prisão descartada.

A prova disso é que Fred havia tapado o rosto com um dos braços e dormia tranquilamente no sofá da frente, a garota monitora estava lendo seu livro chato, quase cochilando também , mas eu, claro, era o único que não parecia propenso a dormir em hipótese alguma em uma cadeira que parecia feita para alguém com um cabo de vassoura enfiado no rabo.

Já estava me preparando para falar algo espirituoso e gritado na intenção mesmo de infernizar a vida dos meus companheiros de viagem, quando Potter irrompeu porta a dentro, me olhando com a cara de pateta usual dele.

O barulho da porta deu um susto na monitora, que deixou o livro cair no chão, mas o outro grifinório nem se abalou, continuou dormindo. Olhei recriminador para o primogênito da família de ouro, mas ele nem se dignou a me corresponder, no lugar disso abriu um sorriso ridículo para a menina envergonhada.

– Didi, meu amor, você pode nos dar licença um minuto? – A voz de Potter pingava mel e eu olhei verdadeiramente enojado para o rubor que surgiu na cara da monitora, quero dizer, ela podia ser mais patética?

– Sabe que eu não posso fazer isso, Jam... Err... Potter, estou aqui justamente para não permitir que...

– Eu sei, linda, mas não vou deixá-los sair, quero apenas dizer umas verdades para os dois. – James me olhou com uma cara enfezada e eu me segurei para não enfiar a mão nas fuças dele, porque era só o que me faltava, receber bronca dessa criatura.

Walker acenou afirmativamente, muito séria, com certeza feliz por ter alguém que nos gritasse por ter ferrado com a escola desse jeito. Não sei Segundo, mas eu já estava cansado de levar sermão, na verdade.

Assim que a garota saiu pela porta, brindada com um sorriso afetuoso de Potter, Fred II se ajeitou na cadeira com uma cara de quem nem ferrando estava dormindo. Levantei uma sobrancelha para isso.

– Ok, Fábregas, cadê minha capa? – Olhei para James confuso e depois para Weasley II, que já havia se levantado para perto da porta.

– Está no meu quarto em Hogwarts, devidamente protegida. - Ele me olhou incrédulo e o primo jogou as mãos para o céu, se largando de volta no sofá. – Achei que o mais sensato seria não trazer um artefato mágico ilegal para uma viagem bem vistoriada como essa. Em Uagadou tem revista e feitiços detectores, se eu não me engano tem até prisão!

Claro que nada disso era verdade, eu havia deixado a capa com Sev em Hogwarts, o garoto me disse que James estava na dúvida se devolvia ou não a capa para o pai, já que Harry Potter é besta, mas nem tanto, ele havia notado a ausência dela e desconfiava dos filhos em primeiro lugar, óbvio.

Bem, James Potter não parecia lá muito interessado em devolver o artefato mágico, o que só prova que ele e Sev não se conhecem mesmo e ambos são mais dissimulados do que parecem. Não tenho dúvidas de que o mais velho dos irmãos de duas caras iria contar uma lorota de que devolveu a capa para o pai só para ficar com ela todinha para si.

E para mim, porque ele não é nem besta de achar que eu ia cair nessa!

– Porra, Fábregas, assim você ferra com meus planos!

– Nem venha com essa, você deveria ter ido pegar a capa na minha mão depois da festa! – Ele me olhou irritado, já que depois da festa eu havia ficado preso na sala do pai dele ouvindo um discurso inflamado sobre a falta de responsabilidade, comprometimento com a escola e decência, já que o javali morto quase deixou o traseiro de Harmond de fora. – Se quer mesmo desaparecer, eu posso te ajudar, as janelas estão aí para isso.

Weasley II riu pelo nariz, aproveitando a deixa para olhar através de uma janela enorme que emoldurava a mesa de reuniões.

– Eu devia jogar vocês dois pela janela, onde já se viu pôr tudo a perder por causa de... Por que diabos vocês fizeram isso mesmo?

– Isso pouco importa, o relevante aqui é saber porque inferno seu pai colocou O’Brien pra me substituir! Voldemort transformou o cérebro dele em mingau foi? – Fred riu de lá do outro lado da cabine e Potter revirou os olhos, depois de conferir se Walker já estava ou não voltando.

– Infelizmente Ginns estava muito envolvido com o lance lá de Haardy, ele não estava trabalhando diretamente com Bradbury, mas fez vista grossa para as merdas do capitão, sendo ele o vice da Corvinal. – Ah bom, isso eu não sabia... Mas não era importante, de qualquer forma e antes que eu verbalizasse isso, o apanhador continuou. – O conselho achou por bem não colocá-lo para jogar nesses primeiros jogos, caso Hogwarts passe para a segunda fase, ele terá uma chance no time...

Puta merda, eu não gosto do cara, mas isso é muito injusto! Ginns foi suspenso do time da Corvinal, foi forçado a passar as férias lá com o pai, ajudando em uma casa de recuperação de bruxos viciados em Poções e Essências das Trevas e ainda isso?

O pouco que conheço de Connor Ginns e dos corvinais em geral, posso dizer com certa propriedade que ele estava mais esperando Haardy ter corda o suficiente para se enforcar sozinho, do que acobertando os crimes do cara. Assim como Tony, Ginns é bom no que faz e não precisa de nenhum artifício ilícito para melhorar performance.

– Caras, olha is...

– Ok, Potter, entendi, seu pai é um covarde que deixa os velhos babões do conselho mandar na vida dele, mas...

– Olha aqui, seu...

– Gente, sério, vocês precisam ver isso!

– Mas isso não vem ao caso, já que a merda está feita, quero saber agora porque ele não colocou Lexa ou Romeo, que são mais fortes e resistentes fisicamente, pra jogar contra a dupla de batedores mais velha do campeonato! - Havia ficado feliz e orgulhoso ao ver que Sharam havia sido escalada na posição de batedora para a seleção de Uagadou, mas infelizmente era como reserva dos grandões que nem parecem adolescentes!

– Não vou ficar te explicando cada decisão do meu pai, nós temos...

– CARALHO, DÁ PARA VOCÊS DOIS ME ESCUTAREM? – Eu e James finalmente encaramos um Fred debruçado em uma das janelas. – Vocês tem que ver isso!

Walker havia voltado do País das Maravilhas com o grito de Weasley II, mas ela nem se deu ao trabalho de reclamar com ele, porque nos acompanhou para ver algo muito interessante do lado de fora do dirigível.

Sorri ao ver o que havia deixado Fred tão inquieto, principalmente porque vi umas madeixas compridas e familiares chicoteando no vento de altitude das Montanhas da Lua. A seleção completa de Uagadou e mais uma centena de outros alunos pairavam em suas vassouras, todos vestidos com aquelas capas com capuz de voo densas da escola, parecendo um bando de dementadores macabros.

A mensagem brilhando nos céus acima deles dizia “Bem-vinda, Hogwarts!”, mas o que se lia ali era outra coisa...

– Estamos fodidos. – Pela primeira vez na vida tive que concordar com Weasley II, porque sim, estávamos fodidos e mal pagos, Uagadou não era o tipo de rival que alguém com juízo gostaria de ter.


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Notas finais do capítulo

Então, minha gente, por causa dessa viagem, duas coisas ficaram meio difíceis:

1. Pode ser q eu não consiga postar o cap 65 a tempo, embora eu esteja tentando.

2. Não poderei responder os comentários do 63 e do 64, mas isso não significa dizer q eu não os queira ou q não vá ler. Lerei daqui e responderei quando voltar de viagem.

Como houve algumas dúvidas simulares nos comentários, vou responder logo.

Sobre o plano e execução do resgate da capa e o do vestido: quando eu coloco exatamente o raciocínio de Cesc escrito tem duas funções na história, se não é mostrado a execução, é pq deu tudo certo e a razão do plano ter acontecido não foi ele em si e sim algo no processo de planejamento.

Quando o projeto é todo falado antes e depois é executado, o q acontece é a grande merda q vimos hoje.

Prometi a mim mesma q todo plano mirabolante de Cesc seria contado para vocês, os mistérios e surpresas ficam a cargo dos imprevistos, como algumas leitoras notaram, Cesc é como um amigo e ele não esconde nada.

Eu acho q esse modelo não estraga a história, quero dizer, a surpresa não foi o vestido e sim a boca grande do garotinho idiota q estragou tudo, enfim, essa nota ficou gigante, desculpa, mas espero q tenha ficado mais claro isso, vocês não perderam nada com o negócio da capa.

Bjuxxx