Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 54
Capítulo 54. Sobre bônus e brindes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Cilessen que recomendou lindamente essa fic, obrigada, moça! Já são 6 no total! *-*



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Capítulo 54. Sobre bônus e brindes

Não ficamos muito tempo no camarote dos Potter depois do convite dos Dussel, afinal, os anfitriões saíram de cena assim que tiveram a chance. Até estranhei não ter tropeçado em nenhum Weasley hoje antes do... Bem, vou passar a chamar de “o grande fiasco ruivo”.

Claro que aqueles que estavam só pela comida permaneceram, tenho certeza que em 10 minutos a festa pesada vai começar por lá, mas agora já estávamos no elevador em direção ao nosso mais que merecido upgrade.

— Qual será o andar? Eu não prestei atenção no nosso par...

— O cartão, senhor Fábregas. - Tony estendeu a mão e meu pai levou apenas meio segundo para entender o que ele queria. O senhor cara pintada passou o brasão Dussel do cartão no do painel do elevador e de repente todos os botões se acenderam em vermelho.

— Viu? É só uma questão d... - Fomos jogados para o lado em um movimento hiper brusco, meu pai segurou na barra de metal dourada ao seu lado e eu me encostei na quina daquela caixa metálica mortal. – É um procedimento padrão.

Tony permaneceu em pé, com as mãos nas costas, em uma posição tranquila. A fresta mínima da porta dupla nos deixava entrever luzes e sombras, o que só servia para ilustrar o quão rápido estávamos.

— Tony, para onde estamos indo? - Eu perguntei assustado e ele se virou um pouco para me responder.

— Para cima, meu caro.

— Pois parece que estamos indo em todas as direções, menos a certa! - Meu pai falou, exasperado com a visível calma e bom humor do meu amigo.

— Trata-se de magia espacial, senhor Fábregas, e também temos as questões de segurança. Nesse exato momento os feitiços de proteção estão verificando se somos ou não uma ameaça.

— E se formos? - Eu perguntei temeroso.

— Seremos cuspidos do estádio, óbvio.

— Por onde? - Meu pai perguntou com muito medo agora e Tony se limitou a olhar para cima. Acompanhamos o seu olhar e encontramos apenas uma escotilha de 20 cm acima de nossas cabeças.

Ah.

— Oh, relaxem, pelo amor de Morgana! Ao menos não seremos queimados vivos! Esse é o sistema de segurança mais simpático que eu já vi.

— Como cuspir alguém pode ser simpático, menino?

— Ao menos oferece a chance de o bruxo escapar aparatando.

— Eu nem sequer sei o que é isso! - Tony se virou para meu pai e fez uma careta, provavelmente constatando de modo tardio que nenhum de nós era capaz de aparatar, na verdade.

— Pronto, chegamos. - Ele falou sorridente. Aparentemente fomos considerados pacíficos o suficiente. Assim que os elevadores abriram a porta, já caímos direto dentro de uma festa em seu auge.

Havia uma multidão elegante e animada conversando por todo o lugar, e tinha também um estrado no canto direito, onde a capitã do Puddlemere pousava ao lado da enorme Taça do campeonato. Milhares de câmeras estalavam seus flashs, enquanto o restante do time se dividia entre entrevistas, fotos e autógrafos para os fãs.

Senti um calor nas costas e quando me virei para ver o porquê, percebi que a porta do elevador havia sumido e em seu lugar havia apenas uma cortina de água inflamada com fogo, projetando o símbolo do Puddlemere United, piscando repetidamente os rostos marrentos do time nas chamas.

Olha, essa era uma parede de fogo muito impressionante! Meu pai parecia pensar o mesmo, apesar de ter se distraído em seguida com uma taça escura sobrevoando perto de seu rosto.

— Eu realmente gosto das coisas ao estilo bruxo. - Vou googlar um AA em Sevilha, nunca se sabe quando seu pai pode precisar de um apoio.

— Olha, Cesc, meus primos! Vamos dar um oi para eles. - Tony disse tudo já se encaminhando para um trio que conversava mais afastado de toda a confusão da celebração.

— Podem ir, vou tentar achar um lugar com sinal para falar com sua mãe. - Dei um aceno afirmativo com a cabeça para meu pai e segui Tony.

Tenho que admitir, meu amigo tem uma confiança invejável, porque no meio desse ambiente um milhão de vezes mais formal que o camarote VIP - cujo um garoto de rosto pintado se destacava como um dedão inflamado - Tony exalava a mais pura arrogância.

— Primos, há quanto tempo! - Os três viraram exatamente ao mesmo tempo, com expressões igualmente ilegíveis. – Vejo que continuam ensaiando os movimentos, sempre achei isso impressionante em vocês.

O mais alto dos Selwyn-Dussel deu mais um gole em sua bebida, o outro inclinou a cabeça levemente, como um gato intrigado e a dama estendeu a mão para que Tony a tomasse.

Que seres esquisitos.

— Drian, criança, como vai? - Tony a cumprimentou com um beijo de leve em sua mão, mas ela não estendeu o gesto para mim, pelo que fui grato. Não quero morrer envenenado. – Como vai a querida prima Caroline?

— Fresca e bela como um botão de rosa. - Não pude evitar o sorriso para a cara de pau de Tony, ele estava em casa aqui.

— Estive com seu pai mais cedo, ele não nos disse que estaria aqui. - Um dos homens disse, mas eles eram todos tão parecidos entre si que não pude afirmar com certeza se era Hector ou Heitor Dussel.

Suponho que o senhor Zabini não havia dito nada, afim de proteger o filho desses alienígenas. Só para me provar que estava errado quanto a teoria extraterrestre, uma garotinha loira chegou de supetão, abraçando Tony pelas pernas.

— Oooooooooiiiiiiii! - Ela prolongou as sílabas, mostrando covinhas adoráveis no sorriso de dentes miúdos. Tinha os mesmos olhos rasgados que pareciam ser a marca registrada dos Selwyn-Dussel.

— Mirela, onde está Trut? - A mulher entojada fez menção de capturar o que deveria ser sua pobre filha, mas antes que pudesse fechar a mão no braço da garota, um vulto rápido a içou do chão.

O movimento foi extremamente fluido e muito familiar. Enrique colocou a garotinha escarranchada em seu quadril, arrancando uma gargalhada gostosa dela e uma expressão mortal da mãe.

— Trut recebeu ordens para buscar a poção para dor de estômago de sua senhora. A propósito, de nada, irmãzinha.

— Não deveria dar ordens ao meu elfo, irmão. - A mulher disse tudo com um sorriso no rosto, mas em um tom que não cabia dúvidas: ela não estava feliz.

— Trut ainda é um elfo dos Dussel depois de tudo. Nos servir é sua razão de ser, minha cara. - Ele sorriu para mim, sendo o primeiro a reconhecer minha presença ali. – E vos servir é a minha, óbvio.

— Achei que os elfos fossem livres agora... - Tony completou a constatação com mais uma mordida em um canapé que eu nem havia visto passar por aqui de tão entretido que estava na treta familiar.

Meu amigo simplesmente parecia estar alheio a tensão entre irmãos que ele mesmo havia destacado há algumas horas atrás em sua grande fofoca do dia. Este garoto é oficialmente uma draga, porque está comendo desde que chegamos no estádio!

— Ah, eles são, mas não diga isso perto deles, as pobres criaturinhas podem ter um colapso. - O ex-apanhador disso tudo tão à vontade com a sobrinha no colo, que nem parecia o mesmo cara estressado de antes no balcão.

Ou o mesmo cara de Hogwarts, para ser sincero.

— Onde estava, irmãozinho, de todo modo? - Enrique parou de fazer cócegas na sobrinha que tentava pegar seu nariz com muita determinação.

— O pai me chamou para falar com os donos do All-Star de Sweetwater, acho que ele quer vê-lo agora, Heitor. - O homem fez que sim com a cabeça e saiu sem dizer mais nada. Mirela riu mais um pouco, quando Enrique a colocou no chão de um jeito divertido.

A mãe dela a puxou para perto, como se estivesse salvando a filha do próprio diabo encarnado. O outro irmão pousou os olhos em mim e eu de repente fiquei muito autoconsciente.

Se o outro que saiu era Heitor, esse deveria ser Hector, o que com 16 anos contratou um advobruxo contra o pai. Peguei uma taça de água para disfarçar meu desconforto com seu olhar, que nem de longe era tão bom quanto o de Enrique.

— Não fomos apresentados formalmente, criança, sou Hector Selwyn-Dussel.

Meu Merlin, o homem usa ambos sobrenomes, que coisa mais estranha! Dussel olhou divertido para mim, mas falou com Tony, na verdade.

— Que gafe horrível, Zabini! Hec, Hel, esse é Cesc Fábregas, o capitão campeão da Sonserina.

A mulher fez apenas um gesto de reconhecimento com a cabeça, já o homem pareceu ficar incomodado com o apelido dado a ele, mas logo desviou seu olhar do irmão, encarando a mim interessado.

Bebi mais um gole de água.

— Então você é o capitão que conseguiu tirar nosso time da vergonha e devolvê-lo a seu lugar de merecimento? - Uou, ele abriu um sorriso com covinhas que mudou completamente sua expressão. Ok, Enrique, então você não é o mais belo da família, não é?

— Infelizmente não posso dizer que fiz tudo sozinho. - Ele atenuou o sorriso, bebendo mais um gole de sua bebida, ainda me olhando.

— Cesc está sendo humilde, Hector, ele fez um ótimo trabalho como capitão. - Olhei sem entender para Tony, que fazia uma bandeja de doces finos descer ao seu alcance.

— Humildade nunca foi uma característica atribuída a minha pessoa. - Falei olhando para a cara pintada e descarada de Tony.

Helena Dussel pediu licença a todos e saiu em direção a um casal no canto oposto, levando a sua loirinha a tiracolo. Todos acompanhamos o seu ondular até o outro lado do salão.

O outro irmão fodasticamente bonito de Enrique chamou a atenção de todos de volta para ele, com o tom grave marca registrada da família.

— De fato, Drian, sinto que devo agradecer a seu amigo o título e o inacreditável feito de pôr um pouco de juízo na cabeça do meu irmãozinho, mesmo sendo tão visivelmente mais jovem que ele.

Ele falou tudo com um tom e olhar tão carinhosos para o irmão caçula, que por um segundo acreditei que toda aquela treta que Tony havia contado era mentira. Isso até Enrique pegar a mim e a ele pelo braço, nos arrastando sem cerimônia.

— Irei mostrar o lugar para Tony e Cesc, se não se importa, Hec. Nos vemos mais tarde. - O tom era duro e o passo apressado, então, assim que já estávamos a uma distância considerável, Tony se pronunciou.

— Relaxa, Dussel, Cesc já sabe de toda a história.

Ele parou perto da fonte de chocolate, o que não me deixou escolha a não ser pegar um espetinho de frutas vermelhas para molhar no doce marrom brilhante.

— Sua saída não foi nem um pouco sutil, Enrique. - Falei com a boca cheia e bem mais calmo do que estava sob o olhar do mais velho dos irmãos Dussel.

— Não tinha a intenção de ser sutil, Morgana sabe que Hector não o é.

— O cara estava sendo apenas simpático! - Eu disse, colocando uma amora coberta de chocolate na boca e gemendo com o gosto. – Tão bom...

Enrique olhou para a minha boca, mas depois voltou a me encarar ainda enfezado. Tony riu, não sei porque.

— Você é inocente a esse ponto? Tony, você contou a ele a parte em que meu irmão tentou colocar fogo na Mansão Dussel comigo e minha mãe dentro?

O QUÊ?

— Isso nunca ficou provado e você sabe que não fico espalhando fofocas, principalmente quando se trata da minha família.

Novamente, O QUÊ? Que mentira deslavada, ele fez isso hoje mesmo!

— Enrique, essa é uma acusação muito séria, o cara é seu irmão! - Dussel apenas pegou um morango do meu espeto e colocou de vez na boca, lambendo os dedos de chocolate no processo.

— Eu sei que é, por isso mesmo que estou te avisando, ele é perigoso.

— Já disse isso a ele, todo mundo se encanta com a aparência externa de Hector e quando vai ver, está morto numa vala. - Tony disse tudo sem tirar os olhos do bombom de caramelo com mirtilo que estava desembrulhando. – Veja como foi trágico o fim dos tios dele, primos de minha mãe, no caso.

Franzi o cenho e Tony sorriu divertido quando finalmente levantou o olhar para mim.

— Achei que tinha dito que os irmãos da mãe da primeira senhora Dussel haviam morrido antes dele sequer nascer! - Mostrei o óbvio, porque se tratando de lógica, Tony era bom com as complexas e ridiculamente absurdo com as simples.

— Mas o pai dele, de onde Hector herdou todo o seu charme, não. - Olhei para Dussel, afinal era de sua família que estávamos falando.

Mas ele não negou nada.

***

— Ei, vocês gostariam de ver alguns protótipos esportivos que temos jogados no depósito daqui? - Olhei para Tony e ele estava com o sorriso encantado de manhã de Natal, Enrique tinha virado o seu super-herói da noite para o dia. – Talvez possa até rolar uns brindes...

— Esse tipo de coisa nem se pergunta, cara!

Resolvi puxar assunto, assim que saímos em um corredor lateral, escondido das pessoas por um espelho de fundo falso. Ainda podíamos ver a festa, mas o som era abafado e certamente eles não podiam nos ver.

— Então, Enrique, como vai a vida de adulto? - Os ombros dele ficaram subitamente tensos, mas ele usou o mesmo tom tranquilo que estava usando a noite inteira para me responder.

— Ainda estou de férias, apenas curtindo a vida, mas acho que o velho está tramando algo para mim.

— Você já disse a ele que tem outros planos? - Perguntei e Tony completou meu raciocínio com sua própria pergunta.

— O trio das trevas vai gostar de ter você se metendo nos negócios?

— Para ambos questionamentos, uma única resposta: meu pai não se importa com nada disso.- Ele falou meio irritado, parando em uma porta negra de aço fundido. Encostou a mão no metal e ela ficou igualmente negra.

— Você é um mimetista! - Enrique sorriu divertido, nos deixando entrar na sala escura.

— Claro que não, Tony, isso é lenda urbana! - Assim que colocamos o pé no lugar, as luzes se acenderam, mesmo que não houvesse nenhuma tocha, lâmpada ou nada que o valesse.

A luz parecia apenas estar lá.

— O que é um mimetista? - Eu perguntei, porque Tony ainda olhava suspeito para Enrique.

— Uma lenda para crianças impressionáveis, como Zabini aqui.

— Um bruxo que consegue absorver e se adaptar a outras matérias.

— Isso existe mesmo?

— Como um ser vivo poderia se adaptar a uma coisa inanimada como o metal, Cesc? - Enrique perguntou impaciente, vasculhando algumas prateleiras cheias de volumes estranhos.

O lugar era um grande depósito desconcertantemente branco e vertical, o tipo de sala que deixa sua carne pinicando por baixo da pele, de tanta agonia. Dussel nos conduziu pelas prateleiras no mesmo aço escuro da porta, parecendo procurar algo específico.

Ele parou em frente a prateleira 457 e subiu escadas invisíveis, até o terceiro pavimento. Jogou um pacote para mim de la.

— O que é? - Tony nem sequer deixou eu abrir e já estava se encarapitando no meu ombro para espionar. Tirei de dentro da caixa um pomo, só que não era dourado, era azul escuro metalizado. A coisinha abriu suas asas finas, então eu o soltei e observei seu subir ligeiro.

Dussel me mandou um olhar divertido lá de cima, onde estava apoiado na estante, parecendo flutuar e Tony perguntou de novo.

— Então, do que se trata?

— É um Pomo Electric.— Me xingou todo! Ele riu da minha cara e da de Tony, que ainda não sabíamos do que se tratava. A graça dele era só ser azul?

Respondendo minha pergunta, o pomo piscou no ar um brilho azulado bonito e então zuniu brilhante pelo recinto. Tentamos acompanhar seu movimento, mas foi quase impossível. Ele sumiu de novo.

— Ele tem esse sistema que o faz brilhar de tempos em tempos, de acordo com o feitiço programador.

— Qual o propósito disso? Seu pai desenvolveu um produto só para facilitar sua vida, seu preguiçoso?

— Claro que não, Zabini, a proposta desse protótipo é dar mais ação na disputa dos apanhadores. - Bem, isso fazia sentido. Algumas vezes os dois apanhadores em campo ficam sem ter o que fazer até o pomo dar as caras.

— Então o bichinho brilhará e vocês...

— Brilhará e dará um arranque iluminado com o triplo de sua velocidade normal, fazendo os apanhadores de besta ao longo da partida.

— Parece divertido, falta o que para ser aprovado? - Enrique silenciou Tony com uma das mãos e a outra usou para executar um movimento fluído de varinha.

O pomo voltou a brilhar, estava passando pela sessão 512 nesse exato momento. Dussel esperou como uma cobra prestes a dar o bote e então se jogou, agarrando a coisinha, quando esta chegou perto o suficiente.

— Merda! - Eu senti meu coração cair aos pés, ele literalmente saltou para a morte!

— Mas que diab...

Porém não morreu.

Teria sido legal se tivesse morrido e menos surpreendente também, porque ao invés disso, ele estava voando com a ajuda do pomo! Na verdade, a coisinha azul o arrastava velozmente por todo o recinto, fazendo as pernas dele balançarem de uma maneira engraçada sob as vestes.

Eu e Tony rimos e quando finalmente o pomo o levou para próximo do chão, um aceno de varinha foi o suficiente para congelar o bichinho. Dussel pousou na sua maneira felina e elegante de sempre.

— E esse efeito serviria pra quê no jogo?

Ele se aproximou da gente, passando as mãos pelos fios que saiam do seu meio rabo de cavalo formal, atirando o pomo paralisado de volta para mim.Coloquei ele de volta em sua caixa com o logo dos Dussel.

— Bem... Esse é o motivo para ele ainda não estar no mercado. - Olhou de mim para Tony, enquanto recuperava um pouco o fôlego e engolia em seco. – Precisa de uma ou duas calibragens.

— Como assim? Está perfeito! - Tony pegou a caixa da minha mão e a sacodiu perto da orelha, tentando ver se o pomo acordava de novo. – Eu pagaria para ver um jogo onde um apanhador terminaria arrastado por um pomo azulado!

— Sei que pagaria, mas a liga não quer conta com isso ainda.

— Poderia tentar vender para a loja doida dos Weasleys... - Disse muito prestativo, mas Enrique apenas estalou a língua nos dentes desdenhosamente. Ele tomou a caixa da mão de Tony com um leviosa preciso, fazendo meu amigo soltar um muxoxo irritado.

— Hey! Você não ia nos dar brindes? - Dussel retomou sua caminhada entre os corredores, então eu e Tony aceleramos o passo para ladeá-lo.

— Não esse! Isso é um protótipo caro, em fase de testes. - Ele olhou para mim no seu lado esquerdo e depois para Tony, no direito, com um sorriso ladino. – Estamos negociando com a liga americana, se for aceito, do Uruguai ao Canadá, todos os apanhadores profissionais ou não vão ter um brinquedinho novo para caçar.

— Por que não aqui? - Ele se virou completamente para Tony, me impedindo de ver a reação de ambos, por causa de seus ombros largos. Havíamos parado entre os corredores 1079 e o 2079, era uma sala enorme, mas ao menos era perfeitamente simétrica e crescia mais para cima do que para os lados.

Olhei para trás e percebi que a porta estava exatamente na mesma distância que estava quando Dussel começou a fazer seu showzinho com o pomo. Que bizarro!

— Não é não, Cesc? - Olhei para Tony com a minha melhor cara de "hã?" e ele revirou os olhos, sem paciência. – A liga europeia aceitaria mudanças, se elas fossem propostas, não é?

Dei de ombros, como diabos eu ia saber isso? O mundo bruxo ora aceitava o macabro no dia a dia, ora recusava as novidades. Não fazia sentido nenhum, assim como o raciocínio de Tony.

— Não aceitaria não, por isso o cercaremos, ganhando os outros mercados primeiro.

— Tá, que seja, por que paramos? Você vai nos mostrar outra coisa incrível, mas que NÃO vai nos dar?

Dessa vez eu pude ver a expressão de Enrique e mesmo com os cabelos com alguns fios soltos, ele parecia tão entojado quanto os irmãos, fazendo aquele esgar de lábios. A semelhança era assombrosa agora, mesmo sem os olhos rasgados.

— A caixa atrás de você. - Tony virou e avistou um caixa comprida e gravada com o mesmo símbolo estampado no moletom que eu usava. – Essa é uma encomenda especial que eu talvez possa dar a um de vocês.

Tony destravou a mala meio encantado e eu me aproximei para ver o que tinha dentro também.

— Ai meu Merlin! - A voz de Tony embargou, mas não poderia culpá-lo, o que repousava no veludo cor branco era a coisa mais linda que eu já pus os olhos.

— Tem força magnética entre o bastão e o balaço, por isso o batedor precisa imprimir uma força absurda nas rebatidas. - Dussel sorriu convencido para mim, porque Tony estava tirando o objeto brilhante da caixa, como se fosse um bebê recém-nascido. – É para o treino dos batedores e venda casada para os fãs dos Falmouth Falcons.

Meu amigo segurou o bastão chumbo e branco cromado, com o símbolo dos Falcons brilhando apenas quando ele virava o bastão a favor da luz.

— Eu. Estou. Apaixonado.

— Sabia que ficaria. - Enrique colocou a mão na cintura e olhou de mim para o Tony apaixonado, de uma maneira divertida. – E então, quem vai levar essa belezinha para casa?

Tony ainda nem tinha me deixado pôr as mãos no bastão brilhante e pela cara dele de imploro, ele não deixaria tão cedo.

Droga!

— Seu primogênito se chamará Cesc, tá me ouvindo? - Ele fez que sim com a cabeça.

— Darei meu primogênito para vocês dois criarem como se fosse de vocês!

Ai, Tony!

Nem quis olhar para a cara de Dussel, mesmo sentindo que ele me encarava com aquela mirada derretedora de ossos. Tony estava alheio a isso, ninando o fruto da sua troca bizarra, o leve brilho cromado refletindo na sua pele escura.

— Vai ter mais brindes não vai? - Arrisquei um olhar inocente para Dussel, torcendo para que ele ignorasse essa declaração de Tony sobre o nosso "lance". Ele simplesmente trocou a expressão irritada por uma maliciosa.

— Vai ter mais brindes sim, capitão.

***

Tony carregava sua maleta de joias, satisfeito, o dia definitivamente já estava ganho para ele, mas ele ficou feliz quando Enrique nos apresentou um case - dessa vez um para cada - contendo protetores de corpo revestidos com pele de Megalodons.

— Batedor nenhum consegue quebrar ossos com esses aqui. Já os uso há três anos.

— Não é ilegal isso? - Cruzei os braços e Enrique me encarou arrogante.

— Fique a vontade para falar com os advobruxos do meu pai, o conselho de Hogwarts bem que tentou. - Cara de pau, mas bem, ele estava nos dando e uma dor fantasma no meu ombro do último jogo contra a Grifinória me fez aceitar sem questionar mais nada. – Os Habermas são nossos novos fornecedores, a propósito.

Me lembrei de uma conversa que tive com Romeo sobre isso antes do Natal, tinha aquela sensação nublada que Lupin me informou que teria sempre que fosse algo que voltasse do feitiço de esquecimento de Bradbury.

Sorri para a lembrança, era inútil, mas era bom tê-la de volta, mas Enrique retribuiu como se eu tivesse flertando com ele.

Seguimos mais fundo em outro corredor, até o senhor herdeiro nos mostrar e dar mais um brinde de sua interminável coleção. Tratava-se de um novo modelo espinha de peixe para vassouras de competição, que levava para outro nível os bancos invisíveis das vassouras.

— Para caso vocês tenham que fica mais de 12 horas sentados de novo. - O dispositivo se desdobrava formando um grande encosto, que daria uma excelente sustentação a coluna. Sabia que assim que instalássemos o banco nas nossas vassouras, ele ficaria invisível também.

— Muito atencioso da sua parte. - Tony aceitou mais esse case, sem saber muito bem como segurar. Dussel riu disso.

— Me lembrem de diminuir seus pacotes quando formos registrá-los na segurança.

— Para não sermos cuspidos como ladrões? - Perguntei, já sabendo a resposta.

— Um dos sistemas de segurança mais simpáticos do mundo! - Enrique disse orgulhoso e eu olhei cético para ele, aparentemente essa doença mental é um problema que afeta todos os bruxos puro-sangue! – Ao menos é jogado no pântano, minha mãe que sugeriu, ela tem o coração mole.

— Naquele pântano nojento? - Dussel sorriu de um jeito estranho, mirando minha boca. Eu hein, qual a associação que ele fez na mente entre um pântano fedido e eu?

— É melhor do que no concreto, que é onde eu sugeriria... - Por que não estou surpreso, Tony? Enrique olhou para ele com os olhos franzidos, mas depois abriu um sorriso predatório. Medo.

— Tony, você gostaria de um último brinde?

— Claro!

— Só precisa nos dar dez minutinhos a sós, tenho uma coisa importante para falar com Cesc.

— Claro. - Tony respondeu muito sério e profissional, como se estivesse em uma negociação de verdade. Levantei uma sobrancelha para isso.

Dussel jogou uma caixa do mesmo tamanho que a do pomo azul e Zabini sem noção capturou-a no ar.

— Um contador e medidor de rebatidas? Você ganha até meia hora com isso. - O quê? Tony virou meu cafetão agora? – Mas se passar disso, eu volto com o pai dele e você vai para Askaban, meu senhor.

— Não se preocupe, te devolvo logo. - É, definitivamente Tony é meu cafetão.

Assim que ele saiu, me virei para um Enrique com aquele sorrisinho satisfeito no canto dos lábios.

— Nem pense que esse acordo significa algo, é comigo que você tem que tratar. Também quero aquele contador!

— Relaxe, Cesc, para você tenho coisas muito melhores guardadas... - Ele se aproximou de mim e eu deixei que ele tomasse meus lábios, mas o cortei antes que ele tentasse colocar a língua na minha boca.

— Convencido.


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Notas finais do capítulo

https://fanfiction.com.br/historia/700876/Contos_eroticos_de_HOH/capitulo/4/

História do namoro de Louise e Frank, vamos ver um pouco mais da gêmea do mal, porque não?

Bjuxxx