Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 52
Capítulo 52. Projetos e planos descabidos.


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, lembram de mim? Pois é, sou aquela autora que deveria ter postado na quarta-feira, mas que não pôde, sinto muito mesmo, mas enfim, eis o capítulo, please, dê uma lidinha nas notas finais, até lá.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/52

Capítulo 52. Projetos e planos descabidos.

Cesc e Tony,

Prestem atenção no despautério: meu pai foi me buscar em King’s Cross estranhamente animado, e eu digo estranhamente porque desde que me entendo por gente o máximo que ele faz para demonstrar excitação com algo é dar um sorriso ladino, pois bem, dessa vez ele estava falante, me levou para almoçar naquele bistrô maneiro na rua direita, ao lado da Escribbulus, me deixou até beber refrigerado, coisa que ele não deixa geralmente, porque minha avó ouviu dizer que essas coisas trouxas fazem os dentes caírem, coisa que eu não duvido, aquelas bolhas que fazem cócegas no nariz são suspeitas, mas enfim, depois ele me levou na Artibol e me deu de presente uma ShootingStar (farei melhor uso que O'Brien, não tenham dúvidas) com o meu nome gravado!

Ok, vocês devem estar se perguntando qual é o despautério, né? Pois pensem que quando eu coloquei os pés em Malfoy Manor, eu saquei que havia algo errado, veja bem, estou começando a aprender os feitiços de proteção da casa, o primeiro deles sendo a identificação de presenças estranhas. E tinha uma. Fraca, mas tinha. E eu questionei meu pai e ele não disse nada sobre isso. Então apareceu minha avó, muito feliz e tal, passada a confraternização, o "oh, querido, como você cresceu, mas está tão magrinho" de sempre, eis que questiono a presença nova que estava sentindo para ela também.

Mas minha vó não me contou o que era, ela me mostrou. Olha, eu ainda a amo muito, acho, mas naquele momento eu a odiei tanto, mas tanto, que fiz o lustre de cristal quase despencar do teto (isso é culpa sua, Cesc, que me passou esse destempero e magia involuntária). Acho que ainda estou odiando ela, perdoem esse rasgo aqui então, porque eu não tenho culpa se o pergaminho é frágil.

De todo modo, estou aqui preso na biblioteca em um não-castigo, apenas “tirando um tempo para refletir sobre os meus sentimentos”, olha, não sei onde minha avó acha essas coisas educacionais, são uma praga, mas ao menos aqui eu consegui achar um maravilhoso livro de um ancestral meu, Armand Malfoy, que está me dando várias ideias...

Estou planejando um projeto novo, um livro, que se chamará “Dor para todas as idades”, começando por bebês nojentos, indo até avós desnaturadas. Graças ao meu tatara-tatara-infinitas-vezes-avô Armand, estou vendo as peculiaridades das torturas para cada estrato da sociedade, será um livro muito útil, de fato.

A propósito, Vega Selene Malfoy é esperada para a primeira semana de julho.

Att.

Scorpius Hyperion Malfoy

P.S.: Mande a carta para o outro, porque não pude fazer uma para cada.

Eu não sei o que pensar da carta de Scorp, ele vai ser irmão mais velho de alguém, pobre Vega! Ele está fazendo todo um drama por causa de uma criança que ainda nem nasceu, quero dizer, não é como se ele fosse virar a ama de leite da irmã, ele mora em uma mansão, então, até onde sei, ele pode nunca nem ver ela até retornar a Hogwarts!

Mas o loiro gosta de fazer drama e de planejar planos e torturas maléficos, o que é preocupante, mas contanto que ele não coloque nada em prática, está tudo certo. Peguei a segunda folha de pergaminho, esperando encontrar algum anexo, tipo um trecho do livro de tortura dele, mas na verdade era uma carta de Tony.

O que significa que ele foi o primeiro destinatário, mas que despautério! Isso sim é um despautério, Hyperion, eu não sou segundo lugar em nada! Comecei a ler a carta de Tony, deixando meu rancor marinar até eu poder escrever minha resposta desaforada para ele.

Caros Scorp e Cesc,

Primeiro devo dizer que isso tudo é muito ridículo, me refiro a ter que ficar escrevendo e enviando cartas, estou muito acima disso, logo devo dizer: já acabou de enfeitiçar a minha pena, Fábregas?

Sim, porquê você conseguiu, graças a sua irmã maravilhosa e falsificadora de bilhetes maternos (ainda vou casar com essa garota), as ditas penas de volta, mas ficou fazendo Merlin sabe o quê, que não as deixou prontas para uso!

Na verdade, agora que eu estou parando para pensar, sabemos bem o que você ficou fazendo, seu safado! Se despedindo de Enrique, como se aquele trasgo fosse uma pessoa decente e tudo mais, tsc, tsc, você é uma coisinha barata mesmo, hein? Cai por qualquer par de olhos azuis. Ou verdes, se pensar em Claire e Rebeca. Ou castanhos, se estivermos falando de Lia. Em resumo, você é um descarado e é por isso que tínhamos que ter dado a John a missão de fazer essas penas-correio.

Tendo deixado claro meu ponto, vamos para a pauta de hoje: o livro de tortura de Scorp.

Tenho certeza que a biblioteca Malfoy, mesmo depois do grande expurgo pós-guerra que acabou com muitas relíquias familiares das trevas (um pouco de cultura para você, Cesc, meu caro), ainda possui muitas honráveis referências de torturas, castigos e punições tenebrosas, mas que fique bem claro aqui, ficarei profundamente magoado se não for convidado para ser coautor desse livro!

Sim, quero participar desse projeto, estou pensando em escrever o prefácio e mais três capítulos: um sobre como infernizar lufanos (menos Aidan, que é legal), um de adestramento de primeiranistas e outro sobre métodos eficazes para acabar com a vida de ex-namoradas demoníacas, com exemplos práticos!

Só para finalizar essa carta, Cesc, ainda precisamos daquela permissão dos seus pais para terminar a documentação para a viagem da final do campeonato! Vamos logo, cara, que o prazo é até o final da semana.

¡Que lo pases bien!

Tony

P.S.: Estou ansioso para conhecer Vega, pelas minhas contas ela foi o seu presente de Natal, pena que você não foi perspicaz o suficiente para percebe-la na época, Scorp.

Então serão duas respostas desaforadas, bati com o pergaminho de Tony na mão, indignado. Esse garoto tem uma ousadia que deveria ser estudada e no caso, vou usar o livro dele e de Malfoy para torturar a ambos!

Olhei para a minha janela aberta, Uizlei ainda não tinha voltado da sua viagem a Cornualha para enviar um berrador para Romeo e Marco, aqueles dois acharam que seria muito engraçado encher o meu baú de musgo do fundo do Lago, - sim, eu levei semanas para descobrir isso, porque nem toquei nele até ontem - pensando mesmo que eu não recordaria de ver ambos entrando no trem com as capas sujas de lama fedorenta.

Obviamente que não ficarei só no berrador, o problema todo consiste em eu não poder usar magia fora de Hogwarts, então ele terá que bastar por hora. Para vocês terem noção, minha mãe escondeu minha varinha em algum lugar da casa, só para eu não cair em tentação.

Não vou conta-la que posso pegar a minha preciosa de volta a qualquer momento com um accio sem varinha, porque isso queimaria um ás na manga e ainda me renderia uma notificação do Ministério iguais às que Tony coleciona.

Falando em Tony, o que vou fazer para responder adequadamente a ele e a Scorp? Me encostei na escrivaninha, avaliando as minhas possibilidades. Celular não, e-mail não, fax não, telegrama não, sinal de fogo talvez...

Ah, já sei!

Peguei as duas cartas e sai do quarto, só para depois de alguns segundos entrar intempestivamente no quarto de Louise, na outra asa da casa.

— Hey, ¿qué crees que estás haciendo? [Hey, o que pensa que está fazendo?] – Louise estava deitada na cama, tapando o fone do celular com a mão e me olhando com uma expressão de raiva, bem, com a cara mesmo. – Te llamaré otra vez, adiós. [Te ligo de novo, tchau.]

Ela desligou o telefone e pode ou não ter se levantado, não saberia dizer, porque nesse momento estou vasculhando a penteadeira dela em busca do diário.

— Encontr... Ay! – Ela me deu um beliscão. – ¿Has perdido el juicio? [Você perdeu o juízo?]

— No, pero al parecer lo hace. ¿Qué crees que estás haciendo en mi habitación? [Não, mas aparentemente você sim. O que você pensa que está fazendo no meu quarto?] – Ela me perguntou, pulando para alcançar o diário que eu agora segurava no alto. – Devuélveme esto! [Me devolva isso aqui!]

— ¿Qué cosa molesta, chica! Estoy en la necesidad de eso! [Que coisa chata, garota! Estou precisando disso! – Ela parou de pular e cruzou os braços, me encarando emburrada. – Yo te daré en un minuto. [ Te devolvo em um minuto.]

— No puede entrar en la habitación de los otros, sin llamar, como una furia y... [Não pode entrar no quarto dos outros, sem bater, como se fosse uma fúria e...]

— Lo devuelvo en treinta segundos! [Te devolvo em trinta segundos!] – Falei e fui sentando no banco da penteadeira, para mostrar o meu ponto. Escreveria a carta na frente dela, se isso a fizesse feliz. Não parecia fazer, se a expressão enfurecida de minha querida irmã dizia algo.

Pobre Scorp, ao menos ele vai poder impor algum respeito a irmãzinha, coisa que eu perdi faz tempo com essa daqui. Louise olhou rápido para o celular e depois me encarou novamente pelo espelho. Fiz aquela cara de “o quê?” e ela apenas revirou os olhos com isso.

— ¿Dispone de diez minutos, que es el tiempo para convencer a mamá para que me preste su equipo de tenis. [Você tem dez minutos, que é o tempo de convencer mamãe a me emprestar o equipamento de tênis dela.]

Agora que havia notado, ela estava com uma regata rosa e uma daquelas saias que também eram shorts, típicas de uniformes de tênis. Ela bagunçou ainda mais os cabelos repicados, apesar do efeito não ser tão legal como o de quando Claire os cortou, porque nosso cabelo cresce rápido.

— ¿Desde cuando practicas cualquier cosa que implica, bien, el esfuerzo y la coordinación? [Desde quando você pratica qualquer coisa que envolve, bem, esforço e coordenação motora?]

— Nueve y cuarenta y siete, cuarenta y seis, cinco... [Nove e quarenta e sete, quarenta e seis, cinco...] – Ela saiu do quarto contando, me fazendo transcrever a resposta de Tony para Scorp no diário em velocidade recorde.

Parei rapidinho para sacodir a mão, que já estava começando a doer e aproveitei para dar uma olhada no quarto de Louise. Assim como o meu, esse aqui tem sido dela desde que nasceu.

Claro que não era mais aquela overdose de rosa e lilás que tinha sido há alguns anos, mas ainda era um lugar extremamente feminino. Tudo era em tons claros de verde e havia estampas de flores miúdas de vários tipos na cortina, almofadas e até mesmo plotadas na porta do banheiro dela.

É estranho como as pessoas conseguem pegar essas coisas tão diferentes, tipo as diferentes estampas de flores de Louise, e conseguem uni-las em algo que faz sentido, como essa decoração. Parece muito com minha amizade com os L.P’s...

Okay, mas que merda de comparação sentimentalista foi essa? Parei de sacodir a mão e finalmente foquei no espelho a minha frente. Sua borda estava completamente tomada por fotos trouxas, mas que se pareciam muito com as do meu mural.

Tinha várias fotos de Claire e Louise, algumas de pessoas que não conheço e outras das antigas amigas de escola dela. Mas uma foto no topo me chamou atenção. Era uma selfie de Louise encostada no peito de um Longbotton tranquilão e feliz, lá no Natal dos Potter.

Tive vontade de arrancar essa foto estúpida daí, ainda mais que Louise parecia super feliz nela, mal sabendo que esse idiota orgulhoso a iria dispensar sem mais nem menos. Culpo Potter por isso, mas culpo ainda mais Longbotton, que é um idiota sem tamanho.

Voltei, dessa vez para escrever minha própria carta e deixei de lado essa preocupação sem fundamento com a possibilidade de Louise ainda gostar desse babaca, quero dizer, é muito mais provável que ela tenha apenas esquecido de tirar essa foto daqui.

Vocês são uns vagabundos mesmo, hein? Scorp mandando carta primeiro para Tony e só depois para mim, como se eu fosse um qualquer que conheceu na rua e Antony Drian Zabini sendo um filho da mãe de marca maior, como sempre!

Olha aqui, garoto, eu não tive tempo hábil para cuidar das penas, embora eu seja genial, porque não dá para fazer muito com apenas dois dias! Não gostou? Vai lá lamber as botas de Westhampton!

Sobre esse livro de tortura que vocês planejam fazer, eu nem vou dizer nada e certamente não vou visita-los em Askaban, que é onde jogam bruxos das trevas nesses dias. Falando nisso, é bem por causa disso que não mandei a permissão de meus pais ainda, Tony.

Não, eu não vou ser mandado para Askaban, mas infelizmente um dos prisioneiros de lá resolveu escapar na travessia para Olhoaren e minha mãe realmente acredita que Rabastan Lestrange vai para a final da copa inglesa de Quadribol me esquartejar e me comer frito no almoço!

Eu honestamente não sei como minha mãe chegou a essa conclusão absurda e descabida de que somos o centro do universo, mas ela acredita com todo o seu coração trevoso que eu vou ser assassinado caso eu vá no jogo.

Estou tentando há dias convencê-la de que eu vou sobreviver a todos nessa casa e também estou tentando cancelar a assinatura desse maldito jornal sensacionalista espanhol!

Vem cá, os bruxos fazem curso de jornalismo em salões de beleza? Casas de chá? Sala das cópias de repartição pública? Porque só isso para explicar porque todos são tão fofoqueiros!

Me inclinei para olhar lá fora, nem sinal de Louise, então voltei a escrever.

Sobre a irmãzinha de Scorp, cara, isso é tão legal! Merlin sabe o quanto você precisava de uma, porque obviamente os Malfoy pesaram a mão na sua educação, você é uma criança muito estranha, quem sabe eles não acertam na segunda vez, Scorp?

E ter irmã não é tão ruim! Mentira, é ruim pra caramba, mas isso aqui é para te motivar, então ter uma irmã é uma alegria que nunca acaba. Eu disse nunca? Porque é NUNCA mesmo! De todo modo, parabenize seus pais e diga a sua avó para achar um vodrasto para você, porque eu acho que a culpa de você ser tão mimado é dela.

Au revoir, vadias, como diria a falecida Rebeca.

Assim que as letras desapareceram no diário de Louise, me perguntei se “falecida” queria dizer mesmo o que eu estava pensando. Ah bom, deve ser algo perto de cretina, enfim, agora já foi, essa é a parte ruim desse meio de comunicação novo.

Louise veio com um timing perfeito e um temperamento que infelizmente não era condizente. Fechei o diário dela e estendi em sua direção, mas ela preferiu passar direto e se jogar na cama com um grito exasperado.

Coloquei o livrinho vinho de volta na penteadeira e cai fora de lá, porque Louise quando não consegue o que quer, é pior do que Scorp quando consegue o que realmente deseja em seu coração tretoso!

***

A resposta veio a galope duas manhãs depois, em forma de um Tony ansioso na porta de minha casa, sendo deixado lá por uma adorável e elegante Lady Zabini. Um dia descobrirei o que há de errado com ela para ter dito sim ao senhor Zabini.

— Sabe o que é isso aqui?

— São nossos ingressos? – Ele recolheu a mão com o que quer que fosse que ele iria me entregar, deixando morrer o sorriso no rosto.

— Seu ingresso está com você desde o Natal! – Ele falou isso como se não soubesse que criatura maligna eu tenho como mãe.

— MAMÁ, ¿DÓNDE ESTÁ MI BILLETE? [MÃE, ONDE ESTÁ MEU INGRESSO?] – Tony tapou o ouvido, não sei porquê.

— En el mismo sitio que puse su varita, cariño. [No mesmo lugar em que eu coloquei sua varinha, querido.] – Olha, é de uma ruindade sem tamanho, viu.

— Bem, o ingresso é um problema a ser resolvido depois, o que você tem aí? – Ele voltou a sorrir animado, me entregado o que na verdade era uma espécie de crachá.

— Meu pai conseguiu uma credencial de acesso ao estádio para o seu, já que os ingressos estão esgotados há meses. – Ele sorriu seu melhor sorriso tubaranino. Bati com a credencial na teste dele.

— Por que não conseguiu isso antes?

— Ai, idiota, você é muito ingrato mesmo! – Ele disse, ainda massageando a testa, mas eu ignorei, porque com meu pai indo comigo, todos os meus problemas acabaram!

Sim, porque na mente doida da minha mãe, meu pai pode sim deter um fugitivo e salvar o dia. E eu tenho muito interesse que ela continue pensando assim, claro.

***

Eu não estava acreditando na minha sorte: eu, Tony e meu pai estávamos prestes a assistir à final do Campeonato de Quadribol entre as Holyhead Harpies x Puddlemare United.

— Cara, não é só a final da liga britânica, é um jogo entre uma das maiores rivalidades de toda a Europa! – Tony falou pulando de um pé para o outro, como se não pudesse se conter de alegria.

Ele estava tentando explicar o porquê de estar com metade do rosto pintado magicamente de verde escuro e a outra metade de azul-marinho. Uma faixa dourada ligando um lado a outro finalizava o look “estou aqui pela treta”.

Eu que sou a favor dos looks temáticos também, estava completamente caracterizado. Caracterizado de branco e cinza-chumbo, cores do Falmouth Falcons, meu time do coração, claro.

Foi uma longa jornada até conseguir fazer meu pai entender que, assim como Tony estava ali só pela treta - por isso as cores dos dois times - eu estava nessa só pelo Quadribol. E Quadribol de qualidade para mim significa Falmouth Falcons, dane-se o resto.

— Então será um jogão? – Meu pai perguntou simpático, achando graça de todas as pessoas que conseguiram estar mais ridículas que Tony, ainda espalhadas pelos terrenos pantanosos ao redor do estádio de Ikley Moor.

— Jogão?!? Tio, não é só a final da liga, nem a maior rivalidade da Europa em campo, é simplesmente a despedida de Ginevra Potter do Quadribol! - Tony estava eufórico, como um lobisomem se alimentando na primeira noite de lua cheia. – Eu não acredito que verei isso com meus próprios olhos, eu amo meu pai!

Ele falou o final suspirando com a constatação. Devo dizer que apesar de todos os meus problemas com o Sr. Zabini, ele meio que deu uma bola dentro hoje.

Deixa eu explicar, o pai de Tony, há cerca de cinco meses, assumiu a Coordenadoria de Segurança em Eventos Mágicos do Ministério – a CSEMM. Eles trabalham em colaboração com os aurores, preservando a integridade de todo mundo envolvido ao mesmo tempo que fazem parecer que está tudo lindo, lindo, apesar das possíveis crises.

Maquiadores da verdade, como o mundo bruxo adora.

E esse será o maior evento esportivo bruxo dos últimos anos, porque Ginevra Potter não é pouca merda, ela é um pinico cheio! Não só foi uma das melhores artilheiras do Holyheads Harpies, como também é a digníssima esposa de Harry Potter, claro, lógico e evidente, meus caros.

Eu não estudo com os filhos dele há três anos para ainda me dar o luxo de subestimar a fama dessa família, então sou grato pelos ingressos e a credencial de meu pai conseguidas pelo senhor Zabini. Quero só ver como Hogwarts vai ficar quando O Homem – com letra maiúscula e tudo – chegar para colocar ordem na casa. Na minha Casa, infelizmente.

Mas falemos de Ginevra Weasley, um assunto muito mais bonito e agradável: ela é também embaixadora do jogo limpo no Quadribol - um grande blergh para esse fato - e agora, depois de duas décadas no esporte profissional, irá se aposentar.

É claro que eu, Tony e todo o mundo bruxo achamos que 37 anos é muito pouca idade para uma artilheira que ainda tem uma média de 70 pontos por jogo, pendurar a vassoura, mas entendo que ela queira se aposentar no auge.

Os Potter têm que cuidar da manutenção da lenda de que são perfeitos, não é mesmo?

Parei com as minhas viagens mentais para ouvir a tagarelice rápida de Tony. Além de ter que aguentá-lo, o tempo quente junto com o clima do pântano, estava dando uma incômoda aura úmida a todo lugar e fazia eu sentir um desconforto físico extremo.

Ainda bem que não sou eu que vou jogar nesse clima filho da mãe.

—Tony, a gente pode subir para as tribunas agora? – Eu o interrompi, tentando desgrudar um pouco a camisa do meu corpo suado. Não sabia que Yorkshire podia ser tão quente, sinceramente, espero que esteja mais fresco lá em cima.

— Claro que não! Não seja ridículo! Estou esperando Potter passar por aqui, ela prometeu que entraria pela frente e falaria com os fãs. - Isso explica porque o resto dos torcedores estão aqui fora também, inclusive os torcedores do Puddlemare, só que eu não entendi uma coisa:

— Tony, você não precisa disso! – Falei já perdendo a paciência, uma harpia gigante passou por mim, quase arrancando meu braço. Odeio torcedores que exageram nos adereços.

— Do que você está falando? Eu preciso disso pra VIVER! - Meu pai riu do posicionamento dramático do meu amigo, mas eu não tô achando nem um pingo de graça na burrice dele.

— Mas a gente estuda com os filhos dela! – Ele me olhou como se eu fosse o Barão Sangrento em suas roupas de baixo. – Lily, Albus, James... Esses nomes te dizem algo?

— AH, MEU SANTO SALAZAR! – Ele bateu as mãos no rosto como se eu tivesse dito os segredos do universo. Meu Deus, eu não mereço. Ele se recuperou da surpresa, rápido como só ele. – Mas não seria a mesma coisa pedir a eles...

— Seria sim.

— Não seria.

— Definitivamente seria.

— Definitivamente não.

— Absolutamente.

— Absolutam...

— Crianças, vou pegar os passes de vocês na bilheteria, como Zabini disse, certo? – Meu pai falou sabendo o quão longo poderia se tornar uma disputa minha e de Tony. Fiz que sim com a cabeça, feliz por também ter conseguido uma credencial. – A gente pega seu autógrafo Tony e depois sobe, Cesc. É um momento único para seu amigo, hijo.

— Momento único vai ser quando eu começar a desmaiar aqui de calor. - Tony me olhou como se não desse crédito aos meus claros problemas de saúde. Gente, extremo de calor e frio mata! Tudo bem que os pântanos de York não são o que você pode chamar de extremo de alguma coisa, mas ainda assim, o desconforto não conta? Conta.

— Você é um garoto forte, vai sobreviver. – Meu pai disse me dando tapinhas no ombro. Que homem mais desnaturado! O pior é que ele é o “policial bom” comparado a minha mãe, então ainda tenho que achar graça das piadinhas dele.

— Eu te odeio, Tony, estou com calor. – Disse assim que meu progenitor estava longe o suficiente para não me ouvir. Meu amigo idiota tentou enxergar através dos torcedores, agora em sua maioria do Puddlemare se encaminhado para o estádio.

—Já sei, já sei, também te amo. - Ele me disse sem olhar pra trás. – Tá vendo alguma coisa?

— Só o meu nível de respeito por você cair vertiginosamente.

Foi só eu terminar de falar que a multidão a nossa frente explodiu em gritos. Não gritos legais de terror, mas sim aqueles barulhos irritantes que fãs excitados fazem.

— Ah, meu Merlin, ah, meu Merlin, isso tá acontecendo, ela tá aqui! – Tony falou com a voz já sumindo enquanto se embrenhava na multidão, tentando chegar mais perto de sua “ídola”. Olha, ele conseguiu cair mais alguns pontos na minha escala.

—“Ah, meu Merlin”, digo eu. – Falei pra ninguém em particular, já que estava numa solidão em meio a uma multidão. Quem diria que Tony teria essa coisa tosca de fã justo por Ginevra Potter, dentre todos os jogadores de Quadribol do universo? – Me espera, seu pária.

Finalmente cheguei onde ele estava, um ponto estratégico onde podíamos ver a senhora Potter numa espécie de palanque móvel do lado de toda a família ruiva, marido e filhos, levando a multidão a loucura com isso.

— Olha o tanto de gente, você nunca vai conseguir um autógrafo dela daqui!

Consegui ver melhor Pottinha, meio que escondida atrás dos irmãos, Lily definitivamente não gosta desse assédio todo. Já James Sirius estava em casa, muito confortável e pimpão, acenando como o bom palhaço que ele é.

Eu sei que metade da atitude é fingimento e metade é o ego mesmo, que mal cabe nele de tão grande. Já Albus estava indiferente e focado em filmar todos com uma câmera trouxa, eu na vida, claro. Por isso que gosto tanto dele. Ou nem tanto, na maioria das vezes ele é só irritante.

— Vamos, Cesc! Precisa me ajudar a chamar a atenção de Lily! – Ele me disse enquanto começava a procurar algo nos bolsos.

— Como exatam... – BOOOMM, já sabem, péssimo em onomatopeia, ainda não cuidei dessa falha minha, sinto muito. Mentira, sinto nada, porque tenho coisas mais importantes para me preocupar!

Uma série de Fogos Espontâneos Weasley começaram a estourar nos nossos pés, causando um pânico geral e abrindo uma grande clareira ao nosso redor. Tony agarrou meu braço e me puxou para perto da alegoria dos Potter, mesmo contra todo o fluxo de gente correndo para perto do estádio e longe do pântano. Ninguém corre para um pântano num momento de crise, só Tony!

— LILYYYYYYY, ALBUUUUUUUUUUS, AJUDA A GENTE! – Tony acenava loucamente para os Potter enquanto eu apenas tentava me proteger dos golpes da multidão louca e respirar quando dava.

Vi rapidamente que Lily nos reconheceu, até porque logo em seguida estávamos sendo trazidos para cima junto dos nossos colegas de escola e seus pais famosos. Harry Potter, em pessoa, estava falando com um grande veado feito de fumaça prateada, seu famoso patrono, ao mesmo tempo que passava informações por comunicadores trouxas.

Uau, eu tô vivendo a história, amigos!

— Vocês dois estão bem? – Esqueça a história, Ginevra Potter está falando comigo. Beleza, ela tem idade para ser minha mãe, mas ainda assim, NOSSA, ela é impressionante, não tanto pela aparência de “ruiva arrasa quarteirões”, mais pela força que só a presença dela demonstrava.

— Parecem Fogos Espontâneos Weasley, mãe, não vão parar com as pessoas pisando neles assim. – Albus disse desviando das mãos dos aurores que tentavam mantê-lo dentro do feitiço de proteção.

Sabia muito bem que os homens estavam preparados para lidar com, sei lá, o fugitivo Lestrange, mas não com o filho teimoso do chefe e super-herói deles. Albus se aproveitava de sua situação de filho do escolhido para conseguir as coisas e isso não é nenhuma novidade para ninguém.

A senhora Potter fez um aceno de cabeça para eles, que pararam de tentar conter o garoto. Albus olhou feio para o par de aurores responsáveis pela segurança pessoal da família, como se dissesse “vão fazer o trabalho de vocês em outro lugar!” , só que, bem, ele é o trabalho dos caras.

 – Fique com seus amigos, Al, vou falar com seu pai.

Tendo dito isso, a senhora Potter saiu apressadamente, sendo a única que realmente conseguiu chamar atenção do Potter Sênior. Eles pareciam um inferno de dupla de ataque, mais do que um simples casal.

Fiquei feliz que só ele estava indo para Hogwarts.

Albus nos puxou para mais perto de onde um James Potter tentava conter uma Lily tresloucada.

— MENINOS, VOCÊS ESTÃO BEM? – Potter finalmente deixou ela se soltar e chegar perto da gente. – O que diabos aconteceu lá embaixo?

— Cara, eu não sei, foi uma loucura só, acho que ouvi o nome Lestrange sendo dito, sei lá! – Meu olhar devia parecer apenas incrédulo, mas não era com a situação e sim com a mentira deslavada de Tony. – Só sei que estávamos vendo vocês passarem e de repente alguém jogou uma bomba. Foi SUPER perto da gente!

Todo mundo parecia muito envolvido com o caso, menos eu que estava tentando me controlar para não enforcar Tony ali mesmo, veja bem, eu SEI quem é o responsável por toda essa confusão!

— Cesc, isso no seu rosto é sangue? – Albus me perguntou. Eu passei a mão na testa só pra constatar que algum idiota em pânico havia me arranhado.

— Droga! Por que essas bostas só acontecem comigo? – Potter me olhou de um jeito estranho, como se não pudesse acreditar no meu drama, apesar de que quando Albus falou, ele pareceu preocupado. Só porque precisava desviar o foco da minha raiva para alguém antes que eu colocasse Tony numa encrenca bem séria, resolvi falar bem alto pra todo mundo ouvir. – Que merda de segurança é essa que deixam bombas entrar num estádio?

As pessoas obviamente não pararam para responder minha pergunta, até porque não tem uma resposta certa pra isso agora. A verdade é que a resposta certa é: o filho do chefe da segurança do evento trouxe esses malditos artefatos PROIBIDOS para o estádio.

Não se preocupem, Tony não vai ouvir pouco. As bombinhas de brincadeira dele podem até não machucar ninguém, mas o pânico generalizado numa multidão desse tamanho machuca. Dessa vez o senhor Antony Drian Zabini passou dos limites do que significa ser Sonserino.

— Apenas fique quieto, Cesc, o pessoal já está colocando as coisas em ordem. Foi só algum fã inconsequente. – Potter saiu em defesa do pai e seu grupo de aurores adestrados, mas eu devo dizer: bota inconsequente nisso! Ele acenou para uma aurora, pedindo por um curandeiro, como se o meu arranhão fosse muito sério. – Vocês dois estão aqui sozinhos?

— Que pergunta mais idiota, é claro que... MERDA! – Procurei meu telefone no bolso, por sorte Caveira ainda estava intacto. – Doze ligações não atendidas, BOSTA DE DRAGÃO!

Retornei à ligação do meu pai que atendeu quase me deixando surdo.

— CESC, DÓNDE DEMONIOS ESTÁS? [N/a: Onde diabos você está?]

— Pai, não grita! Estamos bem, não foi o prisioneiro de Askaban nem nada, estamos bem! – Eu respondi com o fone afastado do ouvido, só pro caso dele não ter entendido a primeira parte da minha resposta.

— Bem aonde? Onde vocês estão? Estou indo buscá-los! – Ele disse, agora em inglês, naquele tom decidido que só os pais têm e que usam quando não cabe discussões.

— Estamos seguros, vamos te encontrar aí nas bilheterias... – Falei, passando a mão na testa pra tentar limpar o sangue um pouco mais, porque agora o arranhão estava ardendo por causa do suor. – Fique onde está pra gente não se desencontrar.

— Esperem um pouco, deixem as coisas se acalmarem mais. Vou esperar vocês aqui. – Ele me disse, visivelmente mais calmo, as coisas funcionam assim na minha família, se a gente diz que tá bem, é porque estamos bem mesmo.

— Tá bom, pai, tchau.

— Tome cuidado, garoto. – Ele desligou o telefone, provavelmente pensando seriamente em cair fora daqui o mais rápido possível. Mal sabe ele que esse tipo de coisa é uma segunda-feira no mundo bruxo.

— Vamos, Tony. Meu pai tá esperando a gente nas bilheterias. – Falei sério, ignorando tudo mais ao meu redor. Inclusive o olhar curioso de James Potter e os cuidados do curandeiro cheio de espinhas e um crachá onde se lia claramente: em treinamento.

Eu já tive traumas suficientes para toda uma vida com curandeiros.

— Como assim? Não saio daqui sem o meu autógrafo de Ginevra Potter! – Ele me olhou como se eu estivesse louco. Ah, vá, Zabini, acha mesmo que vou deixar você conseguir o seu prêmio depois de aprontar essa? Alguém tem que te educar e se não for o capiroto do seu pai, que seja eu, então!

— Autógrafo? Meu pai vai provavelmente levar a gente de volta pro hotel! – Falei exasperado com a idiotice sem limites de Tony!

— Cesc, não vá! Papai já colocou as coisas sob controle a essas alturas! – Pottinha não precisa me dizer nada disso, eu sei que se tem uma coisa que o mundo mágico é craque, é em cimentar as loucuras que se passam por aqui com uma camada de normalidade falsa.

Na verdade, Quadribol é tudo sobre isso. Gente morrendo, sumindo e o esporte continua sendo extremamente popular, eu que o diga, amo esse jogo!

— Isso e nada pra meu pai é a mesma coisa. – Falei emburrado. Mas que droga, Tony! Não acredito que ele colocou tudo a perder por causa de um autógrafo! – Bora, Tony.

— Espera, Fábregas. – Potter chamou, quando eu já estava prestes a descer as escadas de saída do palanque. James estava fazendo uma careta como se não pudesse acreditar no que estava dizendo. – Liga pro seu pai. Diz a ele para encontrar com vocês na entrada dos camarotes VIP. Vocês podem assistir ao jogo com a gente.

O QUÊ?

— ISSO!!! – Tony teria acabado com anos de rivalidade abraçando Potter, mas eu o salvei de si mesmo dando um tapa na cabeça dele.

— Ok, Potter, nós topamos. – Disse dignamente, porque afinal de contas, era do camarote VIP que estávamos falando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... A querida Moony me lembrou que sexta-feira foi o aniversário de um ano da fic, como sou idiota, nunca consegui agradecer pelos 100 comentários, 200, 250, mas ao menos posso agradecer a tod@s por me acompanharem por um ano inteirinho, MUITO OBRIGADA!

Não fiz bônus, nem nada, mas ao menos temos atualização dupla, então, deixem o coment aqui e rumem para o próximo, nos vemos lá.

Bjuxxx