Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 50
Capítulo 50. A final, afinal.


Notas iniciais do capítulo

Prestem atenção nas notas finais.



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Capítulo 50. A final, afinal.

— Vocês têm noção do que é isso? - Sev estava ficando histérico e infelizmente não é tão divertido de assistir quanto soa. – Meu pai em Hogwarts!

— Nós ouvimos das cem primeiras vezes. - Scorp falou no seu melhor jeito "me importo pouco, cara, quase nada".

— E por que vocês não estão pirando comigo? - Eu ia respondê-lo, mas ele foi mais rápido e me deixou com a mãos levantada e cara de idiota. – Eu sei o porquê, é porque vocês não têm noção do horror que isso significa!

— Potter, fica quieto, pelo amor de Circe, nós sabemos o que significa! - Tony falou impaciente e completou com raiva quando o garoto fez menção de retrucar. – Se você não calar essa boca eu vou te estuporar!

Ele calou, mas precisou tapa-la com a mão, ainda quicando em seu lugar. Eu respirei fundo para não cumprir a promessa de Tony eu mesmo.

— Ele será nosso diretor, Sev, acha que estamos animados com a perspectiva? - Eu falei, sério.

— Eu estou!

— Cala boca, Scorp!

— Ninguém se importa!

— Loiro estúpido... - Esse último resmungo foi de Rebeca. Eu e Tony já havíamos deixado claro por todo o caminho até a passagem do archote torto o que pensávamos da opinião de Malfoy.

Ele sorriu, nada intimidado. Porque isso não mudaria o fato de que Harry Potter estava a caminho - no próximo ano letivo, claro – de ser o próximo diretor da Sonserina!

— Eu ainda estou revoltado, porque, sério, não tinha um sonserino para assumir o cargo? - Falei para todos, com um gesto amplo de mãos. Gente, dois diretores seguidos da Grifinória! Que pouca vergonha é essa?

— Não um confiável. - Tony literalmente rosnou para John. Queria que ele mordesse a jugular do Sr. Azul. – Ou disponível, no caso do Senhor Zabini, claro.

O corvinal completou, mas os L.P's continuaram encarando ele com raiva. Westhampton perde, com frequência, a oportunidade de ficar calado. E depois as pessoas ainda me acham ruim por atirar ele longe e jogar coisas na cara dele, vai entender!

— Quanto a isso, não se preocupem, meu pai tem um "quê" sonserino. - O garotinho Potter falou, soando mais calmo.

— Com certeza você herdou dele isso, então. - Pasmem, quem disse isso foi Aidan! Albus o encarou sério e eu não entendi o porquê. – Foi um elogio.

Sim que foi!

— Só eu estou notando que essa conversa está indo de nada a lugar algum? - Rebeca falou, enquanto encarava as unhas, entediada.

— Sim, tem razão. Suas contribuições são as únicas que estão prestando aqui, não é? - Louise deu o sorriso mais falso que eu já vi e Rebeca retribuiu no mesmo nível. – De qualquer forma, vamos fazer o que viemos fazer.

— Que seria? - Aidan falou, já sacando um pergaminho da pasta. Hoje é a vez dele tomar nota? Eu tenho uma vez? Melhor não perguntar, vai que me colocam na escala?

— Definir protocolos de segurança para a chegada de Harry Potter! - John falou naquele tom de robô prático dele, mas eu precisei completar, só porque sou bem humano.

— Parece que seu pai é uma praga a ser combatida, Sev! - Eu e Tony rimos, porque temos senso de humor e o restante apenas demonstrou sua chatice em diferentes graus.

— Cesc, colabore! - Louise me repreendeu e eu fiz que não ouvi.

— Ok, continuando a mediação, alguém já veio com algo de casa e sim, Aidan, quando digo casa, quero dizer dormitório. - O unicórnio abaixou a mão, porque eu o conheço muito bem.

— Eu tenho uma lista.

— Claro que tem. - Eu disse sem paciência. Infelizmente conheço de mais todos os membros do Ocaso. Westhampton desenrolou seu pergaminho daquele jeito metido dele.

— Primeiro: reuniões divididas. Explicarei. - Ele disse num tom professoral, mesmo ninguém tendo pedido explicação. Típico. – Disfarçar grupos de três pessoas é mais fácil do que um grupão de oito.

— Mas como faríamos isso?

— Eu já ia chegar lá, Malfoy. Os grupos seriam mistos, em termo de casas. Pensei em mantermos o que já temos mais ou menos estabelecido: Cesc e a irmã, eu, Aidan e Zabini e Malfoy, Wainz e Potter.

— Eu e Malfoy? Você ficou louco? - Rebeca disse irritada e só recebeu um olhar albino conhecedor, por cima dos óculos azuis do corvinal.

Suponho que ele possa fazer isso em ambientes pouco iluminados como esse, mas foi a primeira vez que vi os olhos de John, realmente. Deveriam ser castanhos, mas são tão translúcidos, que você consegue ver os vasinhos vermelhos por trás, dando um toque vampiresco ao garoto.

Medo.

— Ao menos somos da mesma casa, Wainz. E eu e Potter somos amigos conhecidos, então está tudo certo. - Scorp disse tudo em um tom inexpressivo.

— Para mim a divisão está boa também. - Falei, olhando sério para Rebeca, na esperança que ela aceitasse as coisas que não pode mudar, elegantemente. Ela fez um bico enorme e cruzou os braços. Não foi lá muito elegante, mas ao menos ninguém retrucou.

— Já que todos aceitam... A inevitabilidade da decisão. - John olhou especificamente para Rebeca, que revirou os olhos. Malcriada! - Podemos deixar definido que Louise, eu e Albus podemos nos encontrar para...

— Isso está muito terceirizado! - Aidan disse, parando de anotar o que quer que fosse que estava anotando. Já vi que eu seria um péssimo tomador de notas. – Se for uma notícia importante que precisa ser publicada rápido, como essa de HP, vamos nos reunir em três, depois os representantes vão passar para os outros e então o caminho inverso?

— Precisamos das penas do Ocaso. - Tony me disse, olhando sério.

— Nem venha, elas estão na sala do diretor! - Ele me deu um sorrisinho traquinas. - E eu não tenho mais dinheiro para substitui-las, então você vai ter que se conformar.

— Faz os feitiços numa pena normal, então! - Eu dei a ele meu olhar mais desprezível e ele pois as mãos para cima. – Não tem jeito, meu querido, vamos ter que ir atrás das penas originais, está decidido.

— Deixe de maluquice, nada está decidido! - John falou numa ótima imitação de autoridade, no entanto Tony não pareceu muito abalado. – Não vamos nos arriscar de novo naquela sala, tem a senha para entrar, tem os quadros dos antigos diretores que precisariam ser cegados...

— Talvez Cesc possa pedir as penas de volta. Você conseguiu seu baú, não foi, John? - Louise disse, tranquilamente. Preciso relembrá-la as implicações de ser, bem, eu?

— Eles não devolveram os pergaminhos de Weasley também, porque servem de arquivo e nem pararam de conferir a varinha e relatórios de treinos de Cesc, porque ele é esse delinquente que já sabemos, indigno de confiança. - Scorp pontuou, feliz por ser o portador de más notícias.

Eu respirei fundo, porque nem o meu maravilhoso feitiço de apagar histórico de varinhas consegue apagar um Avada Kedavra.

— Mas as penas tratam-se de objetos com um custo! Os pergaminhos de Rose são só pergaminhos, com valor simbólico, mas as penas de Cesc foram caras. - Louise deu uma ênfase no caro, como se ela tivesse pago algo. Coisa que só eu fiz, porque sou um idiota reconhecido. – Pega a nota da compra e a anexa com um bilhete da nossa mãe, niño.

— Por que nossa mãe mandaria um bilhete para... Ah, claro. - O sorriso malicioso de Louise me disse tudo o que eu precisava saber. – Isso pode funcionar.

Nossa mãe era muito conhecida na nossa antiga escola por mandar bilhetes extremamente convenientes e permissivos. Deus abençoe Louise, sua caligrafia e sua retidão moral extremamente conveniente e permissiva também.

***

Senti mãos ásperas entrando pela minha camiseta e mesmo a essas horas da madrugada o quarto estando muito escuro para identificar o dono delas pela visão, o fiz pela audição.

— Não se preocupe, seus amiguinhos não vão ouvir nada. - Dussel falou, já literalmente montado em mim, o que lhe dava uma tremenda vantagem contra qualquer resistência que eu pudesse ter.

A prova disso foi que ele, logo em seguida, colocou uma das mãos na minha nuca e calou qualquer protesto verbal que eu pudesse fazer também. Eu não protestaria de qualquer modo.

Enrique voltou a me deitar, ainda me beijando e eu apenas apreciei o cheiro já conhecido dele e o movimento de línguas que sempre fazia meu rosto esquentar e meu coração acelerar, mas dessa vez eu estava sendo distraído pelo peso do seu corpo no meu.

Era muito bom.

Ofeguei quando ele desceu a mão para a calça de moletom que eu estava usando.

— Calma, Cesc... - O empurrei pelos ombros bruscamente, porque a voz não era no tom grave e levemente rasgado de Enrique. Mas era uma voz igualmente conhecida.

Era a voz de James Potter.

Sentei na cama assustado e me deparei com meu cortinado aberto, - como eu havia deixado antes de dormir - o vulto de Tony deitado de qualquer jeito em sua própria cama e o bolo de lençóis, que deveria ser Scorp, na outra.

Ninguém mais.

Merda! Foi um sonho? Ou melhor, foi um pesadelo, já que meu coração está batendo a mil por hora e estava demandando muito esforço para que minha respiração voltasse ao normal.

Respirei fundo uma última vez, passei as mãos no rosto, para terminar de acordar, já que os reflexos do toque de outro alguém ainda podiam ser sentidos nas minhas calças.

Droga, precisava de um banho frio.

E de um psicólogo.

***

Não consegui voltar a dormir depois disso - estou traumatizado, pobre eu - então 5 horas da manhã em ponto, lá estava eu com um Scorp e um Tony sonolentos atrás de mim, batendo na porta do dormitório do sexto ano.

Um garoto moreno, com cabelos ainda bagunçados da cama e cara de poucos amigos, nos encarou de cima abaixo, apoiado no vão da porta.

— Habermas, é pra você! - O que será que fez ele pensar isso? Talvez os nossos uniformes e equipamentos de Quadribol? Não sei...

— O quê? - O loiro rosnou ao chegar na porta, mas ao nos ver prontos para um treino surpresa no raiar do dia, ele apenas gemeu a próxima pergunta. – Por que?

— Porque você quer ser campeão. Agora vai lavar essa cara, que temos muito trabalho pela frente hoje.

Esse será nosso último treino.

***

Não sei se era porque o dia estava ensolarado - dessa vez o jogo foi feito no início da tarde de um sábado, para que alguns pais de jogadores pudessem vir - mas eu estava com um bom pressentimento sobre essa partida final, mesmo a Lufa-lufa estando com 20 pontos a nossa frente no placar.

Respirei fundo e dei meia volta, indo conversar com Scorp nos aros, porque ele estava bem nervoso, Draco Malfoy se apresentava em toda sua glória sonserina intimidadora na tribuna dos convidados.

— Hey, presta atenção! - Ele olhou para mim, mas desviou o olhar rápido para a disputa de goles no meio do campo, Romeo tentava passar pelo bloqueio lufano, mas hoje estava difícil. – Precisa cobrir melhor o aro esquerdo, cara, Duran é canhota e sempre vai priorizar esse lado.

O olhar dele desviou do campo para arquibancada pela milésima vez e eu fui obrigado a puxar o rosto dele para mim.

— Cubra o aro esquerdo e esqueça qualquer coisa fora do campo. - Ele tentou tirar o rosto, mas eu fui enfático. – Qualquer coisa.

Soltei o loiro e já estava para sair dos aros quando um balaço passou assobiando na minha orelha direita e quase acertou Scorp no ombro.

— Campo não é lugar de namorar, meninas. - Theodor O’Brien, batedor da Lufa-lufa, falou divertido e eu estava louco para o balaço voltar só para acertá-lo na cara dele.

Mas nem foi preciso, porque Dussel veio de lugar nenhum e deu uma pesada estrondosa na calda da ShootingStar - vassoura recém-lançada no mercado - do moleque atrevido.

E hipócrita, já que ele era bem conhecido por todos como o cara que sempre deixa todos na mão por causa da namoradinha dele. Veja a que ponto chega a lealdade de alguns lufanos estúpidos.

Ele se desequilibrou tanto da vassoura que ficou dependurado por uma mão, deixando o bastão cair da outra. Não fiquei por perto para ver se ele morreria ou não, que eu não sou idiota.

Madame Hooch não viu nada disso, claro, mesmo com o grito assustado da torcida lufana, e também porque eu e Dussel já estávamos bem distantes de O’Brien para ela marcar uma penalidade.

Aproveitei que o idiota ainda estava se catapultando de volta na vassoura, desci até o solo, peguei o bastão dele e joguei no fosso de sustentação das arquibancadas da Sonserina.

A torcida vibrou e Shawna narrou da melhor forma possível "É o que dizem, meninas, se um cara não sabe cuidar do seu próprio bastão, o que esperar do cuidado dele com as nossas goles?"

Não pude ver a reação de McGonnagal a isso, porque tinha que ir trabalhar, né?

— Onde estava? - Tony estava suado e ofegante e por algum motivo que não pude identificar, estava no meu campo de contenção, perto de Gilly e sua incrível mira de 100 metros.

— Entretendo a nossa torcida, ora! - Ele revirou os olhos para minha resposta e me mostrou a luva cheia de cerdas da vassoura de algum pobre coitado. Eu ri.

— Somos dois então! - Ele voltou para a área dele, me deixando feliz que, mesmo com uma mutretagem de Tony, uma quase catimbada minha e uma óbvia trombada de Dussel, não havíamos recebido penalidade alguma!

"Madame Hooch, a senhora vai mesmo deixar a Sonserina sair impune de tudo? Até de um quase assassinato?"

Esse narrador lufano é tão dramático! E isso porque está ganhando, imagine se... Romeo fez um belíssimo ponto, ISSO! Continuei contendo o contra-ataque da Lufa-lufa, obrigando Duran e Corpman a trabalhar a bola no meio de campo, bem longe de Scorp.

Porque o universo é cheio de piadinhas prontas e sem-graça, a juíza deu uma penalidade para gente justamente por causa de um inocente contato de jogo!

Tony xingou revoltado, porque Lia roubou a goles de Simas limpamente e agora teve que devolve-la com toda agressividade que tinha no seu corpo pequeno. Eu pedi um tempo antes da cobrança do pênalti, para organizar o time.

Pisamos no chão quase ao mesmo tempo, Scorp mais pálido do que o normal, ou seja, como um papel. Heidi deu um abraço nele do nada e o pobre coitado me olhou em pânico.

— Lowen, solta ele e pare de fumar os remédios das mandrágoras de Longbotton! - A menina me olhou com um biquinho, mas continuou com um dos braços no ombro do loiro.

— Ok, Cesc, estamos 10 pontos atrás, qual o plano? - Lia me disse determinada, ainda passando a língua na boca e olhando para baixo com a mão na cintura, inconformada com a injustiça em cima dela

— Virar o jogo. - Todos jogaram as mãos para cima, reviraram os olhos, resmungaram e tudo aquilo que as pessoas ingratas fazem. – Mas a priori, precisamos que Scorp pegue essa goles!

— Essa e todas as outras, ele já aceitou cinco... - Levantei a mão para calar Romeo, porque o intervalo não é infinito para eu ficar ouvindo as idiotices dele e porque Dussel tomou a palavra.

— Malfoy, se acalma, você sabe que pode pegar essa goles. Se for Duran ou Corpman cobrando, vai ser no aro esquerdo ou central, se for Simas, ele vai tentar te fazer cantar o aro, não cante. - Ele respirou fundo, jogando o cabelo negro meio comprido para trás. – De qualquer forma, quando pegar a goles, joga para mim.

— Seu trabalho é pegar o pomo, temos três artilheiros para cuidar da goles, Dussel. - Eu falei irritado, mas o descarado apenas me olhou por sob os cílios.

— Não se preocupe, capitão, eu consigo lidar com dois... - Eu franzi os olhos em ameaça e ele riu. – Trabalhos.

— Ok, façamos o que ele disse e além disso, vou colar em Corpman, porque ela é a rainha das sobras com contra-ataque, sobras essas que Heidi está dando demais!

— Minha mão está escorregando. - Ela passou as ditas cujas na calça do uniforme e eu revirei os olhos. – Mas eu vou cuidar disso, capitão.

— Os três palhacinhos aí vão me dar cobertura com uma Cabeça de falcão e do resto da jogada eu cuido. – Romeo fez uma cara de poucos amigos para a arrogância de Dussel, mas topou a jogada tradicional, só porque ele sempre é o cabeça da formação em flecha.

— Enquanto isso, acerta Spark em um lugar não letal, Tony. - Lia disse no seu melhor tom “somos legais, não estrague nossa boa imagem”, o que é sempre muito ridículo vindo dela, ela tem uma péssima imagem, só para começar.

— Tipo onde? – Tony perguntou, sabendo bem que qualquer parte do corpo é fatal com um golpe vindo do bastão dele.

— Tipo a mão, se quisermos só algo extremamente doloroso. – Heidi falou com um sorrisinho sapeca. – Os ossos são fáceis de quebrar e há um inferno de monte de nervos nela, sei por experiência própria.

— Além disso, você não vai mata-lo com isso, parece perfeito para mim! – Lia completou, mostrando a doçura de garotas que eu tenho no time. Eu a encarei desgostoso. – O quê? Não é como se fosse uma coisa super importante!

— A mão não é importante? – Tony perguntou, em um tom divertido e maligno ao mesmo tempo, como se realmente estivesse cogitando essa sandice. O que há de errado com essas crianças?

Romeo fez um barulho de sucção irritante, chamando a atenção de todos - provavelmente desalojando algum pedaço de comida da falha entre os dentes da frente - e respondendo da pior maneira possível, claro.

— Não é o coração. - Disse, dando de ombros.

Eu desisto desse time.

***

Talvez os lufanos estivessem certos no fim das contas e toda a perseverança, trabalho duro e companheirismo fossem recompensados com a vitória e não o caminho da marginalidade...

Ainda bem que não somos marginais então, porque... VENCEMOS O JOGO!

Se me perguntarem como foi tudo, nem saberei explicar direito, só sei que num minuto Madame Hooch encerrava o fim do tempo que eu pedi, no outro, Scorp pegava a goles e meus artilheiros abriam caminho para Dussel fazer uma maldita Pancada de Finbourgh!

Depois de Romeo, Heidi e Lia abrirem o caminho dele, o setimanista - que agora nunca mais pararia de se gabar na vida - se aproximou da área, arremessou a goles para o alto e quando a bendita deu aquela parada no ar antes da queda, ele a acertou com sua vassoura, usando habilidades de artilheiro e batedor combinadas.

Foi bem impressionante, ainda mais para um apanhador.

Mas o momento de glória vivido por Enrique, passando pela frente da torcida da Sonserina, recebendo a vibração vinda da arquibancada verde e prata, quase nos custou o campeonato, porque Spark - com a mão quebrada e tudo, graças a Tony - avistou o pomo.

Todos estavam muito longe do macarrão malcozido - que eu recentemente descobri que é americano - então parecia certo o fim daquela partida. Enrique deu uma guinada de 180º na vassoura, levando nas costas toda uma casa consigo.

Sim, eu gosto de drama, me processem!

Ele não teria alcançado Spark naquela distância nem se estivesse montado numa novíssima WingedBeast, quero dizer, Tony teria que ter acertado o capitão da Lufa-lufa no coração mesmo para termos esse resultado.

“Sim, Cesc, mas como vocês ganharam o jogo?” . Pois tenham paciência, que sou um ótimo narrador e um dia chegarei ao ponto. Enfim, ganhamos porque o pomo de ouro - como todos estão cansados de saber - só faz o que quer e o que ele quis foi voar na direção de Dussel.

Analisando em perspectiva, foi bem engraçado ver nosso apanhador correr em direção a Spark e ao pomo e então ver a esferinha dourada dar meia volta, passar por ele, o fazendo dar aquela parada de dois milésimos de segundo com a expressão “mais que merd...” só para depois acelerar a vassoura de novo, porque o senhor “Cotado pelos EUA para jogar na seleção” estava vindo logo ali.

Meu Merlin, acho que foram os 15 segundos mais longos da minha vida!

E tinham que ser mesmo, porque durarão a vida inteira! Depois que Enrique Dussel capturou o pomo, a escola veio abaixo - não literalmente, devo salientar, porque ela está morrendo e nunca se sabe - com a torcida invadindo o campo em peso, para comemorar a nossa vitória.

O interessante é que não haviam somente sonserinos com a gente, todos queriam um pouco da nossa vitória e eu fui puxado por tanta gente desconhecida, que, sinceramente, foi por pouco que eu não peguei a varinha para azarar uns.

Mas enfim, depois de cumprimentarmos o diretor Brenam e receber das mãos do homem a Taça de Quadribol de Hogwarts - com o nosso símbolo devidamente gravado nela - a festa foi transferida para as Masmorras, sendo só as serpentes celebrando agora.

— Me solta, Cesc, eu tô pagando calcinha! – Uma Lily rindo histericamente nos meus ombros, abusava do meu pobre ouvido com sua voz de taquara rachada.

Era bem possível que ela estivesse mesmo pagando calcinha, já que aquela saia do uniforme não era a melhor veste para se usar quando se é carregada como um saco de estrume de fada mordente, mas fazer o que?

— Você vai me agradecer um dia, Starky nem sequer é um ser humano, Pottinha! – A mini bruxa estava dando mole para aquela doninha esquisita e provavelmente cleptomaníaca que dorme no quarto perto do meu. – Minha vassoura, por favor, seus esquisitos!

Um grupinho de quartanistas, que estava tirando fotos de todas as vassouras, bastões e tudo que podiam pôr as mãos na tentativa de registrar os objetos que deram a vitória para a Sonserina, jogaram minha Twig de volta.

Me encaminhei para a escadaria da ala feminina, assistindo Romeo engolindo uma garota do quinto ano - coitada - que não era a sem graça Weasley, Heidi sem a blusa do uniforme sendo jogada para cima e mais um monte de bizarrices que só uma Taça de Quadribol faz com uma Casa até então respeitável.

Não vi Lia em canto nenhum, mas Dussel estava sentado no meio do Salão Comunal, com a Taça aos seus pés e duas garotas do sétimo ano sentadas em seu colo. Que bom que eles esqueceram do acordo, algo me diz que foi para o melhor.

— Você não pode subir no dormitório feminino! – Lily gritou rindo, me fazendo sacudi-la para ela parar de se mexer tanto no meu ombro e com certeza eu não reclamaria caso ela parasse de bater na minha bunda também.

— Está errada como sempre, minha cara, eu posso tudo! – Montei na minha vassoura e subi até o corredor feminino, largando ela lá. A garota ruiva se escorou na parede ainda rindo.

Ela havia tomado muito Hidromel, o que era, na verdade, ridículo, Lily não tem nem 12 anos! Mas então, o povo da Sonserina, sem diretor ou qualquer coisa que o valha, não era lá o grupo mais responsável do mundo.

— Eu vou voltar lá...- Ela disse, se jogando pra frente e tropeçando nos próprios pés. Que patético.

— Queria que seu irmão pudesse ver is... PUTA QUE PARIU! – Eu praticamente saí da minha pele quando Lena apareceu do nada, no fim do corredor mal iluminado, com sua cara de menina amaldiçoada.

Me encostei na parede para recuperar a normalidade dos meus batimentos cardíacos, enquanto a garotinha de cabelos longos, franja e fita verde no cabelo negro, cutucava a amiga com cara de desprezo.

— Que coisa trágica. A propósito, Cesc, Dussel mandou te entregar isso. – Meu medo voltou com força total, jurava que era um bilhetinho ridículo, mas acabou se mostrando apenas o pomo da vitória. Sorri aliviado. A bonequinha do mal sorriu também – Pode voltar pra festa, cara, eu cuido dela.

Eu acenei de acordo, mas antes de vê-las sumindo em uma das primeiras portas do corredor vazio, resolvi tirar uma dúvida com a senhorita Melanie Stone.

— Lena, Dussel te disse alguma coisa quando te entregou isso?

— Ah, ele me disse um monte de coisa, mas nenhuma que fosse do meu interesse. – Ela deu de ombros e eu revirei os olhos.

Encarei aquela esfera dourada - que significava tanto -  nas minhas mãos e antes que eu me arrependesse de novo, chamei a garotinha morena que conduzia Lily para um lugar seguro.

— Toma. – Ela pegou o pomo inativo no ar, mostrando ótimos reflexos. – Entregue a Lily quando ela acordar, diga que vou querer de volta assim que ela capturar o dela.

Lena me deu um sorrisinho traquinas e eu soube, sem sombras de dúvidas, que Pottinha nunca veria aquele pomo na vida.

Sonserinos...

***

Resolvi que covardia não me caia bem, então segui em direção ao dormitório do sétimo ano, que sei que pertence a Enrique Dussel e mais dois amigos. Vamos acabar logo com isso. Fiz menção de bater na porta, mas ela estava apenas encostada.

Entrei sem falar nada, só para encontrar o dito cujo lendo um livreto que foi sumariamente jogado por cima dos ombros ao me ver chegar.

— Onde está Lia?

— Ela encontrou companhia melhor que a nossa. - Enrique deu de ombros com um sorriso falsamente sentido e eu soube que ele estava mentindo.

E eu fiquei nervoso de estar a sós com ele. E fiquei excitado por estar a sós com ele. Porque sabia que não seria só mais uma sessão de amassos como das outras vezes e que não haveria horários de aula ou companheiros de quarto para interromper.

E eu não fazia ideia de como proceder nessa situação. Se na minha primeira vez com Lia, eu estivera perdido, agora eu nem sequer sabia o caminho para chegar nesse nível aí.

Dussel colocou a mão no queixo como se estivesse avaliando por onde começar e eu estava avaliando quantos segundos de vantagem conseguiria se corresse dele agora.

Ah, não façam essas caras, eu sou covarde para certas coisas sim e daí?

— Cesc, feche a porta. - Eu não fechei, apenas mordi os lábios, ainda segurando a dita porta. Enrique suspirou pesado. – Você ainda pode ir, se quiser.

Olhei para a minha bota do uniforme de Quadribol, indeciso. Eu não queria ir, mas também não sabia por quanto tempo queria ficar. Ele fez tudo muito difícil, despistando Lia desse jeito.

E porque Enrique Dussel era quem era, sabia que ele não me daria outra oportunidade para sair, então eu respirei fundo, olhei para cima e...

— Tarde demais, capitão. - Ele fechou a porta por mim.


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Notas finais do capítulo

IMPORTANTE:

Para quem gosta de cenas +18, segue link desse bônus, nessa spin-off que reunirá todas as cenas mais quentinhas daqui:

https://fanfiction.com.br/historia/700876/Contos_eroticos_de_HOH/capitulo/2/