Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 5
Capítulo 5. Adivinhações e aparências


Notas iniciais do capítulo

Que comecem as armações!



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Capítulo. 5 Adivinhações e aparências

Aff... Cansei!

Adivinha onde eu tô? Um soco em quem estiver tentando adivinhar mesmo. Estou sentado na frente da entrada do Salão Comunal da Corvinal, ou seja, sou uma pessoa altamente desocupada!

Já faz uns vinte minutos que eu tô aqui esperando Claire e nada! Estou me sentindo um lixo, já tô até ouvindo um álbum velhinho do Three Doors Down no meu iphone... Que decadência!

Mas, como miséria de sonserino nunca é pouca, eis que aparecem dois grifinórios com cara de bunda, na minha frente. Já repararam que aparece de tudo nessa entrada da Corvinal? Sonserinos, grifinórios... Menos a Claire!

— Olha só o que temos aqui?- James Potter está tentando dar uma de Paul Dolman pra cima de mim. Graças a Merlin, o verdadeiro já deixou Hogwarts!

Limitei-me a aumentar o volume do meu iphone. Grifinórios têm pouca paciência, daqui a pouco vão embora.

— Meu amigo falou com você! – Frank Longbotton, o patético capitão da Grifinória, falou enquanto chutava meu tênis.

— Achei que simplesmente ignorar daria resultado. Pelo visto vou ter que usar meu dicionário de idiotês pra me comunicar com vocês!

Se você está querendo ingressar em Hogwarts, porque acha que isso aqui é o paraíso, eu recomendo que siga minhas dicas:

Não faça contato visual com grifinórios, eles são selvagens e impossíveis de serem domesticados.

Tente não se engraçar com uma Corvinal, elas tem muitos pretendentes, dentre eles os grifinórios citados acima. O que é mau...

Esteja sempre com sua varinha à mão ou poderá levar uma azaração, mas essa dica só vale se você não for um Lufa-lufa, porque se for... TEM MAIS É QUE LEVAR AZARAÇÕES MESMO!

Longbotton ficou todo irritadinho, o que me fez pegar a minha varinha. Não queremos visitas à enfermaria, não é?

— Qual é, Frank? Tem que tratar bem o cunhadinho... – Hein? O que o Potter quis dizer com isso? Peraí! Eu não acredito que Louise fez isso comigo...

— Me diga que essa é mais uma das suas piadas sem-graças, Potter...

Ele me olhou com um sorriso cheio de dentes tortos e amarelos, tem falhas em toda a parte e ele é meio vesgo e... Ok, é mentira! Mas seria legal que ele fosse assim. Pelo menos Rebeca não ficaria enchendo meu saco com comentários do tipo "Ai, esse apanhador da Grifinória me faz querer ser uma leoa...".

É daí pra baixo. Eu sinceramente não sei o que as garotas vêem nesse cara! Ok, é verdade que jogadores são mais atraentes do que os demais mortais. Falo isso por experiência própria: entrei pro time da Sonserina no final da temporada passada e minha popularidade entre as garotas só aumenta. Mas o Potter tem um pai famoso e isso faz com que ele tenha até fã-clube! Ninguém merece esses adoradores de ruivos...

— Sua irmã não te contou? Ela e Frank estão saindo.

Pelo menos não estão namorando! Nem tudo está perdido no País das Maravilhas. Dei um sorriso sem humor pros dois. Longbotton acha que tá fazendo mesmo um bom negócio se envolvendo com uma Fábregas?

Ele vai sentir dores em lugares que ele nem sabe ainda que existem quando Louise se estressar com a cara dele. Ou quando Tony descobrir que ele tá flertando com sua preciosa... O que vier primeiro!

Merlin, por favor, me permita estar vivo e lúcido pra ver isso! Guardei minha varinha no bolso de trás da calça, uma vez que o meu cunhado troll, não parecia mais apresentar perigo.

Os dois coisos ainda me olhavam curiosos, esperando a minha reação que não veio, porque vocês sabem, eu sou quase um lorde, muito educado e discreto em todos os sentidos.

Pra nossa sorte, as corvinais finalmente resolveram sair. Louise estava tentando convencer Claire de algo, a loira parecia aflita.

— Até que enfim! Achei que ia virar um grifinório. Já ia começar a dar piti por nada a qualquer momento.

Os dois leões ofendidos olharam pra minha cara com desgosto. Nem todo mundo tem senso de humor, né?Louise sorriu pra mim, parecia ansiosa. Eu não presto, por isso...

— Nosso pai vai ficar sabendo que está saindo com caras que eu não aprovo, mais velhos ainda por cima! – O sorriso dela murchou.

Ela fechou a cara totalmente e murmurou um "Boa sorte" pra Claire. Saiu puxando os grifinórios pela gravata. Será que ela tá pegando os dois ao mesmo tempo? 

— Então... – Claire começou a falar com um ar estranho.

— Então o que? Que tipo de amiga é essa que nem me dá os parabéns? – Me fingi de indignado e ela sorriu.

Eu a puxei para um abraço. O que? Nós espanhóis somos muito sinestésicos, gostamos de ser abraçados por garotas que não são nossas irmãs! Ela hesitou um pouco, mas logo relaxou.

— Parabéns... Preciso fazer um discurso do tipo: muitos anos de vida, saúde...

— Só se você quiser que eu durma em pé! – Ela riu, mas não mais aquela risada estilo skatista desbocada que ela dava há algum tempo atrás. Acho que a influência de Louise deixou Claire um pouco mais... Feminina? É, acho que é isso.

Ela se afastou, retomando a maneira meio defensiva de antes. Louise merece a morte por fazer as pessoas ficarem mais estranhas do que já são!

— Eu queria falar com você há algum tempo... – Ela olhou pra mim, como se eu pudesse dar alguma resposta a ela agora, mas eu não posso. Levantei uma sobrancelha. O que é que essa garota tá tentando me dizer?– É que, bem, eu...

— CESC, MEU PALHAÇO FAVORITO! – Uma voz estridente e extremamente irritante na maior parte do tempo, ecoou no corredor da Corvinal.

— Tava demorando, né, Rebeca? – Me virei pra falar com a sonserina mais maluca de todos os tempos. Não dá pra ficar sério com ela por perto.

Rebeca veio em minha direção como uma bala. Depois que a irmã dela caiu fora do colégio no ano passado, não sei mais o que é um dia de paz! Ela virou a sensação de Hogwarts e se autonomeou minha melhor amiga.

Eu mereço!

— Que foi, amor? – Eu disse sarcasticamente. Piada interna... De vez em quando damos uma de amigos coloridos e ela detesta ser chamada assim.

— Não fale assim comigo, traste! – Ela me disse enquanto me dava um tapa no braço. Mão pesada! Sorri depois que ela me beijou rapidamente. Rebeca deve ter transtorno bipolar, mas pelo menos nenhuma das personalidades dela é realmente perigosa... Pelo menos não pra mim!

— Você também não me deu os parabéns, né?

— Também? – Só agora ela percebeu que Claire estava falando comigo antes de sua aparição grotesca. Nossa! Claire tá com cara de poucos amigos... Não é só Scorp que não gosta de ser interrompido. – E aí, loira? Tudo em cima?

Se olhar matasse, Claire seria a assassina mais perigosa de Azkaban! Ela fuzilou Rebeca. Aposto que chateada por só poder fuzilar ela com o olhar... Instintivamente puxei minha amiga meio indesejável levemente pra trás de mim. Vai que Claire resolve atacar?

— Ignore Rebeca, Claire. O que é que você tava dizendo mesmo?

— Nada que importe agora... – Ela disse fria. A Claire nunca é fria comigo! Essa inimizade com Rebeca tá passando dos limites...

— Louise disse que você estava querendo falar comigo e agora você diz que não importa? Tô curioso, você vai ter que me dizer... – Falei tentando não parecer mandão, mas o fato é que eu fico meio mandão quando tô curioso.

— Já disse que não importa mais! Agora, se me derem licença, eu tenho coisas importantes a fazer.

Claire nos deu as costas e foi de volta pra dentro da Corvinal. Minha cara? Estou com cara de "Hã? Perdi alguma coisa?". Rebeca me deu uns tapinhas no ombro e ficou maneando a cabeça negativamente.

— Tenso... – Que coisa sábia de se dizer, hein? – Esquece a sardenta por hora, porque eu tenho algo que é do seu interesse!

— Eu não quero mais ficar em detenções... – Eu disse já me preparando para o pior. Se não é Tony que me leva para o buraco, com certeza é Wainz!

— Relaxe que dessa vez, o negócio é bom! – Ela me segurou pela cintura e foi me conduzindo do mesmo jeito que um aliciador de menores conduz as suas vítimas. Ou pelo menos eu acho que é assim... – Acha que eu faria algo pra te prejudicar no seu aniversário?

— Não de propósito... – Ela fez um biquinho magoado e eu revirei os olhos.

— O negócio é legal! Legal de legalizado. – Sim, mana Rebeca... – E envolve a Weasley, eu sei o quanto você adora perturbar a vida da Weasley.

Ela me ganhou! O que posso dizer? É pra perturbar a Weasley e eu tenho a carne fraca pra essas coisas...

— O que é?

Se isso fosse um filme ou uma série de TV, novela ou qualquer coisa desse tipo, essa seria a parte que você veria os dois belíssimos personagens acertando os detalhes de seu plano infalível, sem escutar uma palavra.

Odeio isso, por que os roteiristas não se matam? Pois na minha vidinha medíocre, vocês ouvem o plano bisonho dos dois personagens bonitos, mas imperfeitíssimos, na íntegra...

— Sabe qual é o sonho da Weasley? – Rebeca deu várias voltas, como uma bailarina, com as mãos entrelaçadas, próximas ao coração. Acho que ela é a versão dark de umas das sonhadoras princesas da Disney.

— Virar primeira-ministra? – Ela me olhou meio atordoada, espero que não seja por causa dos rodopios.

— Provavelmente esse é o sonho dela a longo prazo, mas estamos falando do sonho a curto prazo. – Ela disse enquanto se apoiava em mim e tirava a franja dos olhos.

— Não faço ideia então...

— Ai fala sério! Você cansa minha beleza! – Ela me disse enquanto me arrastava pelas escadas. Vamos rezar pra que elas não mudem de direção no meio do caminho, seja lá ele qual for! – A ruivinha quer ser jornalista e está prestes a falar com a McGonagall sobre o jornalzinho dela e adivinha!

Não mesmo! Odeio adivinhações.

— Bora, Cesc, eu não tenho o dia todo!

— E eu tenho? Tá. Ok, que tal: Minerva aceitou!

— Não! A ruiva não mostrou o projeto ainda e o melhor é que... – Ela jogou os cabelos pretos, agora um pouco abaixo dos ombros, pra trás de forma convencida. – Um dos meus informantes conseguiu o projeto do jornal pra mim.

Ela disse com um sorriso malicioso. Já estávamos próximos, só agora pude perceber, da sala da diretora. Dava até pra ver as gárgulas.

— Informante é? – Sei que tipo de informante... Cheguei mais perto dela, prensando-a na parede. Ela fez que sim com a cabeça, ainda com um sorriso malicioso nos lábios.

Rebeca é um espécime raro de garota, do tipo que não está nem aí pra compromisso. Talvez por isso ela seja uma das mais cobiçada da escola e olha que ela só tem treze anos!

Mas não vão pensar besteira dela, ela não sai com todo mundo e quando ela tá comigo, não sai com mais ninguém! Eu acho...

Eu sei que parece meio inconsequente dar uns amassos próximo à sala da diretora, mas o que eu posso fazer? É tudo culpa da Wainz! E acho que não tem problema, já que a diretora parece gostar de mim!

Ok, essa deve ser a maior mentira que eu já contei, mas o fato é que eu tenho visto tanto a Minerva ultimamente, que ela não vai ter coragem de me dar uma detenção.

— QUE POUCA VERGONHA É ESSA? – Pela voz autoritária e jeito de vó do século XX, você até se arriscaria a dizer que foi a McGonagall que apareceu, mas está errado!

A vovozinha da vez é ruiva, sardenta, 1,60m , com cara de poucos amigos e um péssimo timing...

— É você, Weasley? Achei que fosse a McGonagall! – Rebeca disse enquanto ajeitava a gravata dela. – Não tem mais o que fazer não?

A ruiva tava vermelha, de modo que o cabelo parecia se misturar com a testa. Estranho...

— Se têm tanto medo da diretora, não deviam ficar fazendo sem vergonhice na frente da sala dela! – Rebeca fez uma careta, ou porque a Weasley usou o termo sem vergonhice ou porque ela disse que nós tínhamos medo da diretora, não sei!

Rebeca olhou com desdém pra Weasley e depois se virou pra me encarar, encostei-me à parede pra ver até onde isso ia dar.

— Contamos a ela agora ou a deixamos descobrir sozinha? – Rebeca me disse lançando um olhar travesso pra mim. Dei de ombros. Peguei meu iphone no bolso e liguei a câmera. A ruiva nos olhou curiosa.

— Se a deixarmos descobrir sozinha, qual será a nossa primeira manchete? – Meu monstrinho me mostrou um sorriso, entendendo meu plano. Weasley olhou pra Rebeca depois pra mim, meio atônita e finalmente quando se deu conta do que eu estava falando, fez uma cara digna de manchete. – Diga xis!

A foto ficou muito boa, meu melhor presente de aniversário! A ruiva tá com uma cara impagável, a manchete do nosso jornal vai ser "Se tem algo a esconder, esconda! Hogwarts não é mais segura", com uma foto dela de olhos arregalados embaixo. VIVA A TECNOLOGIA TROUXA!

— Do que vocês estão falando? – Eu acho que me confundi, ela não entendeu direito do que a gente tava falando ou então, simplesmente, a ficha não caiu.

— Temos uma reunião com a McGonagall e adivinha? – Sem adivinhações, Rebeca! Ela tirou uns papeis do bolso interno das vestes, juro pra você que fiquei impressionado! Eu não senti esses papeis, será que eu tenho hanseníase? — Olha só o projeto do nosso jornal.

Rebeca mostrou o papel de longe pra ruiva, que ela não é besta! A diretora, essa sim com um bom timing, chegou pra completar a alegria do meu dia.

— Que reunião é essa aqui na frente da minha sala?

— Queremos te apresentar nossa proposta...

— MINHA PROPOSTA, SUA FILHA DA MÃE!

— Nossa proposta. –Eu acrescentei para uma McGonagall meio assustada com a explosão da Weasley. – Pensamos em reunir esportistas... – Disse apontando pra mim.

— Populares... – Rebeca acrescentou, referindo-se a si mesma.

— E estudiosos...–Disse a Weasley com uma voz meio rouca e uma expressão indecifrável. – Na construção de um jornal que será a cara de Hogwarts.

Eu e Rebeca ficamos com a cara de "Como assim?", mas logo nos recompomos como bons sonserinos que somos. Rebeca conduziu a diretora, dizendo mais ou menos como seria o jornal e enfeitando algumas vezes, demonstrando interesse pelo assunto.

Eu e Weasley ficamos pra trás, quando Rebeca e a diretora subiram as escadas que davam na diretoria. Weasley parou no meio do caminho e eu pensei, desculpe, mas pensei mesmo, "é agora que eu vou morrer!". Ela me olhou com uma cara, que era uma mistura de repulsa e ódio e eu me limitei a inclinar levemente a cabeça.

— O que? – Perguntei inocentemente.

— Você acabou de criar um laço inquebrável com o seu pior inimigo! – Ela disse isso mais friamente do que Claire, o que me fez pensar em duas hipóteses:

Ou eu sou péssimo em lidar com garotas com quem eu não tenho nenhum tipo de envolvimento físico.

Ou eu sou péssimo com garotas que não são da Sonserina.

Das duas, uma... Façam suas apostas!

***

Ok, eu tô com preguiça. Preguiça é pecado e eu ligo MUITO pra essas coisas. Por isso arrumei algo pra fazer. Entendam como quiserem...

A aula de Astronomia estava um saco. Primeiro porque hoje era teórica e segundo porque de todas as coisas que os bruxos poderiam explorar na Astronomia, estamos estudando a influência do clima na perfeita leitura dos astros! Quem fez o conteúdo programático desta bendita matéria?

Podia estar adiantando qualquer dever de qualquer outra disciplina, já que essa era uma aula sem futuro, mas não, prefiro ficar fazendo bolinhas de pergaminho e as atirando na cabeça do lufa-lufa à minha frente. Ele tá se irritando...

— DÁ PRA PARAR? – Ele olhou indignado pra mim e eu tive que controlar o riso e me sentar numa posição mais respeitável.

— O que está acontecendo aqui?– Professor Piece veio na nossa direção meio chateado pela interrupção. Fiz um feitiço com um aceno de varinha pra me desfazer das provas do crime, enquanto o professor olhava pro meu coleguinha irritadinho que tentava explicar o porquê do surto dele.

— Você podia ao menos tentar fingir que presta, a diretora está de olho na gente agora... – Rebeca disse isso de num tom quase inaudível, o que me fez olhar pra ela. Ela estava olhando pra frente, com cara de paisagem e enrolando uma mecha de cabelo em um dedo.

Eu tenho que admitir, a cara de paisagem da Rebeca é a melhor! Ela foi a única que topou fazer essa aula como minha dupla ou pelo menos é a única que topou e ainda consegue manter o respeito dos professores apesar disso. Ela me olhou com um olhar cansado e acenou com a cabeça. Pela sombra na cadeira, dava pra ver que o professor estava atrás de mim. Fiz uma careta de dor, já sabendo o que vinha a seguir: detenção.

— Em minha defesa digo que não sei de nada.

— Eu o acusei de alguma coisa, senhor Fábregas?

— Não. – O velho estava me olhando com uma cara nada amistosa e sinceramente, eu já cansei dessas caras pra cima de mim! Qual o problema dos seres humanos essa semana?

Primeiro Louise me abraça, depois Claire me dá um gelo, Weasley me ameaça e pra terminar, Rebeca tá dando uma de responsável. Era melhor quando Rebeca me abraçava, Weasley me dava gelo, Louise me ameaçava e Claire dava uma de responsável...

— Então por que o senhor está se defendendo?

— Costume eu acho...

Fui salvo pelo sinal, Rebeca deu a volta na cadeira dela e me puxou pela mão para a saída. Agora entendi porque nós sempre nos sentamos perto do corredor... Dei um tchau para o professor e assim que ele se virou fiz um gesto obsceno para o perdedor da Lufa-lufa. Ele fez uma cara impagável.

— Para de rir! – Rebeca me disse isso enquanto apertava mais forte a minha mão.

—Qual é o motivo desse estresse, minha bruxinha?– Ela me olhou com um olhar mortal e eu abri ainda mais meu sorriso. Tenho culpa se eu adoro mostrar meus dentes perfeitos?

— Você é muito irresponsável, lembre-se do que eu disse ontem.- ela disse muitas coisas ontem - Pro plano dar certo, nós temos que parecer responsáveis pra diretora.

— Parecer é difícil... – Eu disse massageando as têmporas. De fato, toda vez que eu tento parecer alguma coisa eu acabo falhando miseravelmente.

Rebeca parou na minha frente e segurou os meus braços.

— Não é não, você só precisa de um pouquinho de boa vontade, quer ver? – Eu fiz que não com a cabeça e ela fez que sim com a dela e apontou pra trás de mim, empinando o nariz. – Pareça apaixonado.

— Quê?

Apesar de não ter conseguido entender, eu olhei pra trás pra ver do que ela tava falando. Claire estava vindo em nossa direção. Achei prudente cumprimentá-la casualmente, leia-se, do meu modo.

— HEY! – Me meti na frente dela e ela quase morreu de susto.

—Hey! Acabaram os lufa-lufas da escola e você resolveu tirar a paz dos corvinais? – Ela me disse tentando parecer tranquila, mas ela estava meio incomodada. Deu pra ver pelo jeito que ela segurou o livro mais forte contra si mesma.

— Você tá agindo estranho e eu preciso saber se eu tenho alguma coisa a ver com isso. – Ela corou levemente e desviou o olhar pro chão. – Pra saber pelo que eu devo pedir desculpas...

Eu disse isso de uma forma bem baixa. Me arrepio só de me imaginar pedindo desculpas, mas pelo menos minhas palavras pareceram surtir efeito. Claire olhou pra mim e pela primeira vez em muito tempo ela sorriu com sinceridade.

— Você não tem que se desculpar. Meu humor não está muito bom ultimamente, mas acho que vai melhorar depois do Natal...

Ela disse isso de uma maneira meio pensativa e eu tive que dizer:

— Devo perguntar?

— Não. – Disse, como se tivesse voltado de outro mundo. Minha cara deve estar muito estranha agora porque ela começou a rir. – Não esquenta com isso, é coisa minha.

Ela disse enquanto me dava um soco de leve no ombro e tive que sorrir. Parecia que finalmente as coisas estavam dando certo pra mim. Parecia...

Assim que Claire se afastou, Rebeca voltou e se apoiou em meu ombro esquerdo. Cruzei os braços automaticamente. Ela se limitou a me olhar de soslaio e dar um sorrisinho sem vergonha.

— Você fica tão fofo apaixonadinho... – Ela disse enquanto segurava meu queixo como se fosse minha avó. Tirei meu rosto rudemente da mão dela. – Relaxa, campeão! Não precisa se irritar!

— Não enche! – Que garota insuportável, começou a rir de mim. Segurou meu braço e nós começamos a andar na direção oposta a de Claire. Um desatento até diria que parecíamos um casal, isso se não reparasse na minha cara enfezada e no sorrisinho irônico estampado na cara da Wainz.

— Tá ligado que é hoje que...

—MEU DEUS, QUEM É VIVO SEMPRE APARECE! –Gritei isso com a quase intenção pura de interromper a chatice de Rebeca e só uns 2% com a intenção de demonstrar minha alegria em ver os L.Ps. Rebeca não gostou.

Só pra me contradizer, Nick-quase-sem-cabeça passou na mesma hora e gritou um "E os que não são vivos também aparecem". Aí Rebeca gostou.

— Nossa como ele é gozadinho... ENTENDA COMO QUISER, NICK! – Vocês já viram um fantasma irritado? É estranho...

— Até os fantasmas, Cesc? Aonde você vai parar com o seu mau humor? – Tony disse, me abraçando por um lado.

— Acho que ele já chegou ao fundo do poço, olha só a companhia dele! – Scorp apontou pra Rebeca enquanto me abraçava pelo outro.

— Que lindo! As górgonas estão unidas outra vez... Essa é a minha deixa!

Rebeca disse isso, nos deu as costas e saiu. Nós ficamos a vendo ir e assim que ela virou o corredor, Tony disse sua primeira pergunta sábia do dia:

— O que são górgonas?

— São três monstros da mitologia grega trouxa... Cá entre nós, os bruxos gregos têm muitas histórias sobre monstros que ninguém nunca viu. – Scorp nos contou essa última parte como se fosse um segredo, tapando a boca com uma das mãos. Quantos bruxos gregos ele acha que vai encontrar por aqui?

— Ok, monstrinhos, novidades?

— Soube do Stuart? – Scorp disse enquanto ajeitava o relógio digital, ele ainda não se acostumou muito com a tecnologia trouxa.

— Não e nem quero saber. – Eu disse apaticamente. O que eu tenho a ver com essa criatura pelo amor de Deus?

— Soube da reunião da diretora com o time? – Tentou Tony.

— Não. Fale!

— Pois é. A velha disse que não ia se arriscar a escolher o melhor jogador do time como capitão. Não depois de Dolman e a CPI dos wiskies de fogo...

— Que CPI? – Perguntei interessado.

— Sem informações sobre o caso. – Disse Scorp, passando a mão na frente do rosto, mudando a expressão de tranquilo pra sério. Eu sempre quis fazer isso, mas eu perco a passada...

Ok, vocês devem tá estranhando esse jeito da gente falar, mas foi ideia de Tony. Ele e Scorp disseram que não vão poder se comprometer com o jornal, ambos alegaram falta de tempo, mas ao menos toparam ser meus informantes. Desde ontem eles só falam desse jeito comigo.

—Continuem...

— Ela disse que era pra nós, jogadores, aparecermos no campo às 16h, pra decidirmos o capitão através da democracia, seja lá o que isso signifique na mente distorcida da Mc...

— Ela também falou pra nos prepararmos para convidados especiais na reunião.

— Quem, Scorp? – Tony agora ia a nossa frente andando de costas para o nosso caminho. Perguntei isso para Scorp porque, com certeza, ele deve saber de alguma coisa.

— Ela não revelou... – Olhar de desgosto meu, Scorp levantou as mãos em sinal de rendição. – A velha é ardilosa, sabe fazer mistério.

— Ok, Scorp. Valeu pelas notícias... – Tony balançou a mão freneticamente no ar. – Valeu também, Tony.

Ele sorriu e virou bem a tempo de se desviar da garota com quem eu vou casar... Caso a minha vida um dia venha a depender unicamente disso!

— Aí está você! – Disse meu pesadelo ambulante e respirante.

— Que desagradável... – Weasley ignorou essa fala de Tony.

— A diretora disse que vai decidir ainda hoje quem será o editor-chefe do jornal. Já sabemos quem será a escolhida... – Ela disse de maneira superior.

— Não sei se Rebeca vai ser uma boa chefa... –Eu disse fingindo refletir, mas na verdade minha intenção era irritá-la, pro meu azar ela estava de bom humor.

— Que seja... Espero que pare de chamar Wainz pelo primeiro nome, não é adequado no ambiente de trabalho.

— Estamos numa escola, – Scorp fez um gesto abrangente com a mão. – cadê o seu ambiente de trabalho?

Eu e Tony rimos da expressão de raiva da ruiva. Nossa! Raiva, ruiva... Tudo muito parecido.

— Vocês três são patéticos... Só mesmo com um golpe pra eu trabalhar com você, Fábregas. – Ela praticamente cuspiu meu nome! Que nojenta.

— Golpe de sorte você quis dizer, não? – Disse Tony em minha defesa. Awn! Lembrem-me de comprar um biscoito canino pra ele... Meus monstrinhos!

—HA. HA. HA! Não. Olha, quer saber de uma? – Nos três fizemos que não com a cabeça, mas a ruiva continuou a falar. – Não vou ficar perdendo o meu tempo com vocês, até as cinco, Fábregas.

Assim que ela deu as costas pra gente eu comecei a fingir que estava em prantos.

— Eu não quero me encontrar com ela!

— Não é um encontro... A diretora vai tá lá também. – Scorp tentou me consolar, colocando a mão em meu ombro.

— Que ménage à trois!– Tony disse isso sem a menor intenção de me consolar.

— Ok, vamos mudar de assunto, pra não perder o apetite... Como foi a aula de Astronomia pra você, Cesc? – Perguntou Scorp interessado, ou estava fingindo, não sei.

—Um tédio e pra vocês? Aprenderam a... Seja lá o que devemos aprender nessa aula?

— Não tente parecer interessado Cesc, você é um péssimo ator! – Tony tá com o modo maldade ligado.

— Vamos almoçar, você tá acabando com o meu humor, Zabini.

— Vamos mesmo, eu só comi quatro tortinhas no café... Eu tô morrendo de fome!

— Não coloque as tortas no diminutivo, Tony! Você vai continuar parecendo um morto de fome. – Scorp disse isso para um Tony envergonhado. Ele tem comido mais do que eu! É pra se envergonhar mesmo.

— Droguinha... – O garoto falou parecendo meio chateado, mas logo ele começou a dar risada. Tony não regula bem...

***

— Ok, como eu ia saber que era proibido?– Tony falou ainda com a boca cheia. O que tinha de nojento tinha de engraçado! Como alguém que está no terceiro ano de Hogwarts não sabe que é PROIBIDO entrar num salão comunal que não é o seu? – Eu fui convidado!

— Não importa se você foi convidado por Merlin em pessoa! Se você não for monitor ou não pertencer a casa é terminantemente proibido a... –Scorp ia completar o discurso dele imitando a McGonagall, quando Rebeca sentou apressadamente a seu lado. – Ok, explique!

— Não tenho que explicar nada a você, Malfoy! – Ela disse estranhamente mais irritada do que o normal. Scorp virou o rosto dela e depois fez uma cara também estranha.

— O que houve com você?

— Contratempos... Não é fácil ser popular!

— Parece que você levou um belo tapa na cara, Wainz! Que foi? Andou tentando roubar o namorado dos outros? – Scorp adora provocar Rebeca, ele sabe como ser insuportável com ela.

Mas Rebeca é uma sonserina, simplesmente deu um sorriso falso pro Scorp e se inclinou por cima dele pra falar comigo.

—Acredita que foi sua amiguinha que fez isso comigo? – Ela apontou indignada pra marca vermelha no rosto. Olha só, da até pra ver os dedos desenhados! Um, dois, três...- Sim, Cesc, dá pra ver os cinco dedos desenhados, pare de apontar, por favor!

— Foi mal! – Sabe quando você faz as coisas inconscientemente? Pois é. – De que amiguinha estamos falando? Eu tenho muitas.

Na verdade eu não tenho não, mas como ela foi irônica, acho que desta forma eu tenho muitas.

— Sullivan! Sabe o por quê?- Eu fiz que não com a cabeça. – Só porque eu estava cantarolando uma música trouxa...

— Que música? – Perguntou Tony interessado.

— Vocês não conhecem... – Ela disse desconversando e enchendo uma taça com suco de abóbora.

— Canta pra gente com sua voz divina. – Scorp disse sarcástico. Rebeca colocou a taça com força na mesa quase acertando a mão dele.

Youre the only one I wish I could forget, the only one Id Love to not forgive and though you break my heart, youre the only one. [Você é o único que eu desejo poder esquecer, o único que eu amo para não perdoar e apesar de você quebrar meu coração, você é o único.]

A voz dela foi morrendo no final, Scorp olhou pra mim confuso e Tony meneou negativamente a cabeça.

— Essa é a música que tem como refrão "Eu não quero ficar sem você, eu não quero um coração partido"? – Tony perguntou, já sabendo a resposta. Ele gosta de Beyoncé e sempre a ouve quando tá tomando banho. Não tenho orgulho de dizer que ele a conheceu através de mim.

— Ela não me deixou chegar ao refrão, pelo visto ela conhece também... – Rebeca disse inocentemente. Põe inocente nisso!

— Você sabe de alguma coisa da Claire, monstra? – Perguntei já sabendo que sim. Depois de tantas indiretas pra pobre loira, tava na cara que Rebeca sabia.

—Eeeeeeuuuuu? – Ela falou como se estivesse muito ofendida, mas depois deu risada. – Ai gente, isso é tão pré-escola que eu tive que zoar com ela.

Rebeca disse pondo a mão no rosto enquanto ria.

— Depois que ela te bateu, o que é que você fez? – Scorp estava gostando demais do sofrimento alheio... Medo!

Rebeca parou de rir automaticamente e o encarou mais séria do que o normal.

— Fiz o que tinha que fazer: azarei ela!

— Você o que? Ah droga... Rebeca! – Ninguém merece... Depois ela diz que eu tenho que me comportar!

— Ela mereceu! – Ela disse tentando se defender inutilmente.

— Você também... – Lembrou Scorp, como quem não quer nada. Levou um soco no ombro dado por nossa ninfa do mal. A garota tem a mão pesada, então até que justifica a careta de dor do loiro.

— Ok povinho, vou tentar remediar a situação. – Falei enquanto levantava, os três me olharam sem entender. – Tenho certeza que ninguém viu isso, não foi Rebeca? Então vou tentar manter tudo em sigilo.

Ela deu de ombros, começando a se servir. Tem sorte de comer pouco porque se não esse atraso seria mortal.

— A princesinha está repousando na enfermaria. – Ela disse maldosa.

— Ao menos ela está viva... – Disse Scorp, despretensiosamente.

— Olha aqui, seu loiro nojento, pare de se meter onde...

Deixei a mesa na paz: Scorp tentando se defender da fúria de Rebeca, enquanto Tony tentava desviar das coisas que ela estava jogando. Como vocês podem ver, só me relaciono com gente de bem.

Fui em direção a enfermaria, um caminho que eu já decorei, infelizmente. Fiz o caminho num tempo curtíssimo, mas tendo em vista que da ultima vez que eu estive aqui eu estava mancando... Bom, cheguei.

Abri a porta vai-vem e dei de cara com madame Pomfrey. Eu ia cumprimentá-la com um "Achei que tinha morrido! Que bom que não.", mas acho que ela não iria gostar muito... Limitei-me a dizer "Boa tarde". Ela também não gostou muito disso. Velha maluca!

Cheguei perto da única cama ocupada e vi que Louise estava do lado dela. Preciso urgentemente fazer alguma coisa! Cadê os lufa-lufas desse lugar?

— Ah, olha só quem chegou: o príncipe encantado! – Nem ouvi esse relincho, me ajoelhei perto da cama, Claire me olhava meio curiosa. Ela parecia bem, só um pouco pálida.

— Você tá bem? – Perguntei rápido, tentando ignorar as coisas que Louise dizia, porque ela tem um vocabulário de marinheiro que eu vou te dizer...

— Claro! Precisa mais do que um feitiço de pele pra me derrubar. – Claire disse tentando parecer relaxada.

— Sua pele parece bem pra mim... Pelo visto Rebeca é ruim com feitiços. – Eu disse na tentativa de amenizar as coisas pro lado da dita cuja.

— Não, ela é muito boa! A sorte é que madame Pomfrey também é muito boa no que faz... – Louise disse com um humor do cão.

— Ela está arrependida. – Eu disse, mas... Nossa! Nem eu acredito nisso. Claire riu sem humor e Louise revirou os olhos. Qual é? Eu sou tão mau ator assim? Na verdade eu acho que essa reação foi por causa do roteiro e não do ator.

— Não precisa tentar limpar a barra dela, Cesc, eu não vou denunciá-la. – Claire disse calmamente e Louise concordou malignamente.

— Nós vamos nos vingar! – Minha gêmea disse com seu melhor sorriso diabólico estampado no rosto.

— Ótimo! Fico feliz que não vá denunciá-la, estou num projeto com ela e seria terrível se a reputação dela se sujasse...

—Me admira que ainda esteja limpa... – Olhei pra Louise com cara de poucos amigos. – Que é? Você sabe muito bem que eu só falo a verdade!

—Guarde sua verdade pra quem quer ouvir, irmãzinha.

— Eu falo pra quem eu quiser! – Ela disse dando um sorriso de criança traquina.

— Ok, Claire, vou ter que te deixar mais uma vez na indesejável companhia da minha amarga irmã,– Claire prendeu o riso ao ver a cara de indignação da Lou. – mas se precisar de alguma coisa é só chamar.

Disse, me levantando e dando um beijo na testa dela, ela sorriu e limitou apenas a murmurar um "Ok". Louise me acompanhou até a saída e eu não pude deixar de olhar torto pra ela. Por acaso ela é a anfitriã da enfermaria ou algo do tipo?

Assim que saímos, ela me fez parar e me segurou pelos ombros. O divertido disso tudo é que deu pra reparar que eu sou quase dois palmos mais alto que ela, mas prossigamos...

— Você às vezes me envergonha, irmão! – Que bonito! Por que eu estou sendo ofendido?

— Você às vezes não me envergonha, mas este não é um dos momentos! Me diz, o que eu fiz pra te envergonhar dessa vez?

— Como pôde vir até aqui pra pedir pra Claire não denunciar a vaca da Wainz?

— Eu não... – Ela tapou a minha boca! Eca, onde será que andou a mão dela?

— Veio sim, não finja que não! Tem sorte da Claire não ter percebido isso, porque ela realmente acha que você se importa com ela.

— Eu me impor...

— Vai embora! – Ela disse cruzando os braços autoritariamente.

— Você não manda...

— AGORA! – Eu é que não vou ficar discutindo com a louca da Louise, só tenho pena de Claire que tem que aguentá-la como melhor amiga.

Dei uma última olhada pra trás, a tempo de ver a besta fera meneando negativamente a cabeça, parecia decepcionada.

— Mulheres...

— Falando sozinho, Fábregas? – Virei já com a varinha em mãos, apesar de não ter reconhecido a voz. – Calma! Amigo...

O garoto de cabelos escuros bagunçados começou a se aproximar lentamente com as mãos pra cima. Parecia que queria domar um cavalo selvagem. Otário...

Abaixei a varinha, não porque me senti seguro e sim porque reconheci o cara. É o Potter mais novo, o que dizem que é a cópia do pai.

— Que é que você quer, Artie?

— É Albus! – Eu sei. Haha!- Poderia guardar a varinha? Você tá me deixando meio nervoso...

Eu poderia responder um "Problema seu!", mas ao invés disso eu como boa pessoa que sou, cruzei os braços e fiquei esperando ele falar. Eu não guardei varinha nenhuma. Ele cruzou os braços e ficou olhando pra mim. Acho que ele está esperando eu guardar a varinha... Eu vou quebrar a cara desse moleque!

— Prossiga, Potter, nós não temos a vida toda! – Ele pareceu se tocar e descruzou os braços. Começou a gesticular e a falar ao mesmo tempo, como se isso fosse me ajudar a entendê-lo. Não tá ajudando...

— Você é o único sonserino nascido trouxa, certo? Certo. Então, o que eu pensei? Se tem alguém que pode cuidar da minha querida irmã caçula naquele lugar que chamam de Sonserina, esse alguém é um nascido trouxa... – Hein?

Recapitulando: Potter precisa de uma babá para a irmãzinha dele e achou que eu seria o candidato perfeito. Que alegria! Espera aí, a irmã dele foi parar na Sonserina? Como é que eu não fico sabendo de uma coisa dessas?

Isso nos leva a uma pergunta simples: o que eu estava fazendo no momento da seleção da pirralhada? Ah, lembrei!

Hum... Er...Deixa pra lá. Continuando:

— Nós não estamos ficando mais novos aqui, Artie! Então, por que você acha, imagina, fantasia, delira...

— Eu ainda não acabei! – Ele falou parecendo bem nervoso agora, com a minha leve inclinação para recusar essa maravilhosa oferta. Ele tá pensando o que? Que será uma honra cuidar da filha do todo poderoso Harry Potter?

— Então acabe. E NÃO ME INTERROMPA DE NOVO! – Esse negócio de ser interrompido é mesmo irritante...

— Eu ficaria te devendo uma... Não tem nada que você precise no momento?

Vejamos... Hum... Hum... HUM! Já sei, como não? Que ideia fandardiga, como não pensei nisso antes? Não importa, pensei agora!

— Ok, Artie, temos um acordo!- Eu falei todo animado, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Ele ficou animado também, mas meio segundo antes de apertar minha mão, ele recuou como se tivesse visto fogo.

— Peraí, o que foi que você pensou? – Ele segurava o braço como se eu fosse arrancá-lo dele e forçá-lo a firmar o acordo. Não existe mais confiança no mundo?

— Calma Potter! Não é nada demais... – Falei tentando me aproximar, ainda com o braço estendido. – Eu não vou abusar de você!

Ele me olhou meio surpreso, mas pelo menos pareceu relaxar com meu bom humor. Qual é? Não tá difícil arrumar garotas, Aliás... Nem garotos também. 

— Diga o seu preço, Fábregas. – Potter Jr. me disse, todo se sentindo, braços cruzados e cara de mau. Tive que me segurar pra não revirar os olhos. Grifinórios...

— Só preciso que você seja meu informante no...

— Ah não! Eu já disse a Rose que não ia dá, então...

—QUAL É O SEU PROBLEMA? Não sabe que as frases têm começo, meio e fim? COMEÇO, MEIO E FIM. ENTENDEU, POTTER? – Ele me olhou com aquela expressão assustada de novo, igual a de quando ele achou que eu ia molestá-lo. Corajosos? Sei...

— Você devia se acalmar, tomar um remédio ou algo assim... Merlin! – Ele colocou a mão no coração, tentando se acalmar. Quem sabe assim ele aprende a parar de interromper as pessoas? – Sério, cara, assim você vai acabar morrendo cedo...

— Ok, Potter, você disse que não dá, então não dá. Mas isso é realmente uma pena... – Ele me olhou meio curioso, então eu continuei. – Não pra mim, claro! Eu posso achar um lufa-lufa qualquer que adoraria ser meu informante... Sabe como é, né? A troco de uma vida semi-feliz...

— Sei... – Ele disse pesando minhas palavras. Ele tá em dúvida!

— Mas pobre Lívian. Vai ficar sozinha... E o pior é que eu ouvi dizer que têm uns caras do sétimo ano que adoram pegar os novatos e... – Potter segurou meus braços, tentando desesperadamente me fazer parar de demonstrar o que aconteceria com a irmãzinha dele. Como eu sou mau!

— Ok. – Ok, o que? Mas que saco ele me interrompeu de novo! Tirei meus braços da mão dele. Que viado! Assim não dá pra ser feliz... – Desculpe por interromper de novo, mas é que... Eu aceito!

— Aceita o que? – Me fiz de desentendido, só pro Potter achar que eu não tô mais interessado nos serviços dele. Ele tem que ver quem manda aqui.

— Aceito ser seu informante. – Ele disse contrariado e eu tive que rir.

— Qual é, Artie, não vai ser tão ruim assim!- Disse, enquanto o abraçava pelos ombros. Ele me olhou surpreso. – Quer ser anônimo?

— Seria bom. Rose me mataria se soubesse...

— Ótimo, melhor ainda! Assim ninguém vai desconfiar de você. Que bom negócio esse que eu fiz, Artie!

— É, mas não se esqueça da sua parte do acordo! A Lily tem que tá segura e feliz. – Feliz? Ninguém falou em felicidade, mas tudo bem. Eu posso usar um Laetificat nela e tudo fica beleza. 

Ele disse isso enquanto se afastava de mim. Eu poderia ficar ofendido com essa atitude. Potter saiu sem nem me dar um tchau nem nada... Tô me sentindo usado!

Ok, não tô não! Afinal de contas eu consegui um informante que além de famoso, é influente! Ele tem acesso a realidades que eu não tenho, tipo: Grifinória, Corvinal e Lufa-lufa, só pra começar. Que dia produtivo e olha que ele nem tá perto do fim ainda!


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Notas finais do capítulo

Eu sempre me divirto planejando o que esses garotos vão aprontar. Acho que assim é melhor para a sociedade, pelo menos é tudo ficção! O que estão achando? Me deixem saber a opinião de vocês!