Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 41
Capítulo 41. Esclarecimentos ainda escuros


Notas iniciais do capítulo

Meus títulos não fazem mais o menor sentido, sinto muito, kkkkkkkkkkk



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Capítulo 41

Estava sentado em uma poltrona qualquer do Salão comunal verde e prata lendo um livro. Era um domingo preguiçoso, sem tarefas acumuladas - uma salva de palmas pra mim, meu povo - e eu não estava nem um pouco afim de socializar. Isso porque gastei todo meu estoque de paciência com a humanidade ontem à tarde.

Veja bem, depois da muito interessante, porém, pouco produtiva aula de Lupin, – e digo isso porque meus colegas continuam sendo péssimos candidatos ao cargo de auror – eu fui obrigado a ouvir sermão de minha namorada pelo “mal comportamento no duelo com Westhampton”, leia isso com a voz da Weasley para entender o quão maçante foi.

Honestamente, eu não me importo com críticas construtivas, vez ou outra é bom parar para refletir como crescer, amadurecer e blá, blá, blá, mas o problema todo é quando só se fala disso 24 horas por dia!

Claire parece que não tem outro assunto, desde que começamos a namorar ela assumiu a responsabilidade hercúlea de me transformar num ser humano decente, o que pode ou não ser possível.

Mas a verdade é que era muito mais fácil lidar com as cobranças dela e de Louise quando éramos apenas amigos, agora parece que somos uma entidade e tudo que eu faço reflete nela e não sei mais o quê. Saco.

A parte mais triste disso tudo é que dessa vez eu não fiz de propósito, foi tudo parte daquele leve descontrole mágico que eu tenho, que me faz ser bom em feitiços ao mesmo tempo que sou imprevisível. Eu tentei falar em meio ao monólogo dela umas três vezes, que eu pensei uma coisa e fiz outra, mas ela me ouviu? Não, ela nunca ouve, porque ela me conhece muito bem...

Por isso que preciso ir para Uagadou e não para o Egito! Preciso aprender mais sobre a magia e não ficar me comportando como o namorado perfeito para meus sogros americanos “no-maj”. Claire que me perdoe, mas nem vou tentar mais sair de férias com ela e tenho dito.

Respirei fundo e me deixei voltar para o meu livro. Cheguei numa parte particularmente inverossímil da história - o homem estava se transfigurando em uma árvore para escapar de seu inimigo - mas então trata-se de uma ficção bruxa e obviamente há precedente para TUDO por aqui.

Galhos se ramificaram onde antes havia dedos, sua pele adquiriu um tom bronze, então um marrom áspero, como o da casca de uma soveira...

—Fábregas.— Fui puxado para fora daquela sensação agoniante de ser transformado em árvore, para cumprimentar quem quer que fos...

Era Dussel.

Acenei secamente para ele e voltei para meu livro, mas ainda assim, consegui sentir seu olhar em mim. Esperei ele sentar preguiçosamente na poltrona em frente à minha e só depois que ele havia se aconchegado nela, como o grande felino que era, pude voltar a minha leitura.

O olhar continuou.

Uma coisa interessante sobre Enrique Dussel: o olhar dele queima.

Suspirei resignado. Não era como se eu merecesse a paz, eu sendo esse molequinho tão filho da mãe. Fora que Enrique Dussel me olhou de um jeito no outro dia, que deu a entender que desconfiava de algo sobre a ligação entre o Ocaso e eu.

Encarei o dito cujo, cheio de paciência, porque sou um anjo - contraditório, sim ou com certeza? - e ele me sorriu com todos os dentes. Acho que nunca tinha visto todos os dentes dele antes.

Devo me preocupar?

— Qual primo você quer que eu cogite colocar no time porque ele é tão especial?— Estou até com saudades de Romeo me pedindo para dar uma chance a Marco todo santo dia. Mentira, não estou não.

Enrique levantou e eu resolvi fechar o livro de vez, visto que o apanhador parecia muito sério. Droga, espero que aquela sensação no vestiário de que ele sabia demais tenha sido apenas uma impressão equivocada minha.

Ele sentou no braço da minha poltrona, o que para mim estava ok - era uma poltrona grande - e me encarou.

— Sabe, Fábregas, eu estive pensando... Eu sempre gostei de ler, mas eu nunca consegui me identificar com os personagens, eu sempre me identifiquei mais com os escritores. Estranho isso, não?

O olhei sem entender e ele se ajeitou melhor, praticamente se aninhando no meu braço. O olhar dele estava apenas algumas polegadas acima do meu, o que passava para os transeuntes uma sensação de falsa intimidade.

— Eu gostei do Ocaso na primeira vez que eu li e droga, eu não devia ter gostado, quero dizer... — Ele deu um riso meio incrédulo, como se o que ele estivesse falando fosse absurdo, mas absurdo mesmo era todos os meus sentidos estarem em alerta desde o momento que ele falou o nome do Ocaso. — Essa porcaria me fodeu feio, não foi?

Eu desviei o olhar para a lareira, que agora estava praticamente apagada. A primavera já havia chegado de vez, até mesmo nas Masmorras, mas de repente o ar caiu uns 10 graus. Meu Deus, o Ocaso fodeu com ele sim, eu havia esquecido.

— O Ocaso nem existia quando você resolveu se meter com o que não devia, Dussel.— Tentei usar a sensatez, mesmo sabendo que não iria dar em nada, afinal ele teve meses para chegar a essa conclusão sozinho e não chegou. O sorriso dele diminuiu até sobrar uma versão sem dentes e com pouco humor.

— As coisas estavam melhorando depois que Dolman foi chutado de Hogwarts, você vê? As pessoas iriam esquecer o assunto, não havia mais o que falar, mas então...

— Então nada mais do que a verdade foi dita. "A verdade vos libertará", como diz o ditado.— Ele franziu o cenho e eu acrescentei tardiamente.–  É um ditado trouxa.

O apanhador fez um leve esgar de desdém com o lábio superior, mas não disse mais nada sobre, ao invés disso, resolveu voltar a sua abordagem que ainda não fazia nenhum sentido para mim.

Ele vai tentar destruir o Ocaso por causa do lance da revelação de Dolman? Vai nos chantagear? Queria ter perdido mais tempo estudando as psicopatias dos meus companheiros de time, isso teria sido útil agora.

— Como ia dizendo, gostei do Ocaso porque me identifiquei com quem escreveu, com os pensamentos, com o humor... Até mesmo com o motivo fodido pelo qual me colocaram na boca dessa ralé daqui.

Não pude conter um revirar de olhos, não tenho paciência para preliminar de chantagem. Fode ou sai de cima, Dussel!

— Você vai chegar a algum ponto, ou é só um papo sem propósito?

— Como assim, Cesc? Nós somos amigos, não? Amigos conversam.— Deixei minha sobrancelha direita levantar automaticamente.

— Amigos, você diz.— Sondei, tentando entender se estava sendo ameaçado e/ou chantageado. As chances de não ser nenhuma das coisas agora era remota.

— Amigos, você sabe, como você é amigo de Malfoy, de Zabini, de Wainz, de Westhampton... Como é o nome daquele japonesinho da Lufa-lufa com quem você anda mesmo?

— Vejo que alguém está com muito tempo livre, o que é estranho, já que quase todos os setimanistas estão se vendo loucos com os NIEMS...

— Pro inferno com os NIEMS, eu sou rico! Até onde me consta, posso limpar minha bunda com a folha de respostas dessa prova de merda!— Ele disse parecendo ofendido de verdade, o que foi muito estranho. O apanhador arrogante passou a mão no cabelo - um pouco mais comprido do que o padrão da alta sociedade bruxa dita, mas ainda dentro do limite do decoro - tirando o da frente dos olhos azuis calmamente, se recompondo. – Mas como eu ia dizendo, amigo, é sempre bom saber com quem se pode contar.

— Sei... — Ele aproximou o rosto perigosamente do meu e começou a brincar com o cordão do capuz do meu moletom dos Falcons. Pobre Scorp, não é mais o psicopata número um da minha lista.

— Sim... Espero que saiba que quando você estiver em apuros ou precisando de alguma coisa, qualquer coisa, pode contar comigo. Me conte tudo em primeira mão, não hesite em pedir a minha opinião e principalmente, não faça nada que eu não faria.

Olhei para ele, não estou feliz em dizer, intimidado. Tentei colocar algum limite a essa ameaça velada.

— Dussel, se você pensa que...— Ele colocou o dedo indicador na minha boca e porque é doido de pedra, ficou o admirando, como se fosse algo incrível.

— Shiiii, não precisa me agradecer pela ajuda, Cesc, amigos são para essas coisas.

Ele levantou, ainda sorrindo e saiu do meu campo de visão, provavelmente indo tomar chá com o diabo, ambos rindo malevolamente da minha cara.

Acho que o diabo rindo de mim é o resumo da minha vida.

***

Nem sequer tive coragem de contar aos L.P.’s sobre a “não ameaça” de Dussel, quero dizer, essa é uma daquelas coisas que nós temos que lidar sozinhos. Não estava nada feliz com isso, principalmente porque o idiota trapaceiro do meu apanhador não havia mostrado suas verdadeiras cores na conversa, então não sei dizer até onde a chantagem dele pode chegar.

É nessas horas que eu queria ser um lufano.

Mentira.

Romeo estava descendo a leve inclinação que havia entre o Castelo e a borda do lago, ainda bocejando e Lia tentou lhe dar um chute quando ele se aproximou do restante do time, porém ele se desviou a tempo.

— Ninguém é obrigado a te esperar, seu trasgo!— Ela falou irada, me distraindo definitivamente dos meus devaneios. Nenhuma surpresa aí, sonserinos não são criaturas matinais.

— Não culpe a mim, culpe o seu capitão que não sabe que o dia não começa antes das 6h! Ainda mais em uma segunda-feira.— Ele jogou os braços para cima, em exasperação. –Meu Merlin, acho que nunca fiz nada nesse horário em toda a minha existência.

— Disso eu não duvido e por mais interessante que sua lamúria possa parecer, nós temos trabalho de verdade a fazer.— Rimou! Olhei para as caras inchadas de sono e amassadas do travesseiro que meu time ostentava. Meu time! Amo como soa. Sorri para isso. — Mas primeiro... Bom dia.

Todos me encaram como se quisessem a minha cabeça e eu não os culpo, não de verdade, tirá-los da cama tão cedo foi uma crueldade sem tamanho, mas a minha vida está uma desgraça só, então preciso descontar em alguém.

Um dos responsáveis por isso estava com o braço apoiado em uma Heidi que ainda coçava o olho e fazia biquinho, para terminar de acordar. Ele sorriu pra mim. Estou cogitando mata-lo, ninguém sentiria falta de Enrique Dussel...

— Cesc, vamos cortar pra parte que você diz o que temos que fazer e nós fazemos?— Tony me perguntou em um resmungo mal-humorado. Respirei fundo, apreciando a vista bucólica e ar refrescante de início da manhã da boa e velha Escócia.

— Vamos dar uma volta no Lago. - "Oh, meu Merlin", "Puta que pariu!", "Pelo amor de Mordred, Fábregas!", eu apenas continuei sorrindo sadicamente. O Lago pareceu bilhar de alegria com a perspectiva de ter companhia, refletindo o brilho do Sol em sua superfície sem fim, quase como um mar de água doce. — Falta um mês para o jogo e eu ainda estou vendo a barriguinha saliente de Romeo.

— Caralho, que perseguição! Eu tenho ossos largos!— Todo mundo riu disso, até porque era verdade, ele era grande, não gordo, mas ninguém lhe daria razão. — E você vai correr dessa vez ou vai ficar só olhando, Capitão?

— Estava pensando em ir montado em suas costas, o que você acha?— Ele me deu dedo nada discretamente e eu tive que rir, porque tinha um amassado riscando bem o meio do rosto dele, o que deixava seu desrespeito hilário. – Vamos andando, suas lesmas muquentas, nós não temos o dia todo!

Eles foram resmungando, mas foram, todos em um passo cadenciado. Eles não iriam gostar do que viria a seguir, porque essa será a nossa rotina de treinos pelas próximas semanas. Algo me diz que – a treta com Haardy e as poções talvez, Cesc? – vamos ter que ter muito fôlego pra esse jogo.

A escola estava calma, o céu ainda não estava totalmente claro e havia uma névoa saindo do Lago, quase como um caldeirão fumegante. Sorri para Hogwarts, era mesmo um lugar muito lindo quando não estava ocupado destruindo nossos sonhos e esperanças.

E se tem algo que os sonserinos perderam ultimamente foi a esperança de voltar a erguer a taça do torneio de Quadribol intercasas de Hogwarts. Então essa era a hora perfeita para eu voltar a usar toda nossa ambição para “atingir os fins que antes colimaram”.

A maioria de nós não estava vestindo o moletom da Sonserina, entretanto a postura arrogante já informava ao mundo quem éramos, mas o mais importante, reafirmava o que queríamos voltar a ser e isso basta pra mim.

Ouvi Tony rindo, o que me fez voltar dos meus devaneios megalomaníacos – estava cheio deles hoje, pelo visto - olhei e vi Romeo o empurrando em direção ao Lago. Meu amigo conseguiu driblá-lo e aproveitou para acelerar o passo, depois virou para o artilheiro lento, provavelmente para provocá-lo mais um pouco.

Streck riu dos dois, ao meu lado. Tirei um tempo para analisá-lo. Ele estava mais calado do que o normal, mesmo para os padrões dele. De todos do time, ele é o que eu menos tenho contato. Acenamos para os aurores que deviam estar finalizando o seu turno na orla da Floresta Proibida e eles pareceram surpresos com nossa presença. Pobres estagiários.

— É bom voltar ao ar livre, não é?— Olhei para essa tentativa de falar de Daniel Streck com bons olhos e por isso fiz que sim com a cabeça. – Juro por Circe que pensei que ia ficar louco enclausurado naquelas paredes!

— Nem me fale, o Castelo é grande, mas a falta de um céu de verdade pode enlouquecer qualquer um. — Depois disso caímos em um silêncio amistoso.

Lia foi em direção a borda do Lago, se abaixou para pegar alguma coisa e depois acelerou para perto de Tony. Ela esfregou lama na cara dele e saiu correndo. Romeo o segurou para dar vantagem a ela e acabou se sujando também no processo.

Eu e o restante do time rimos da cena. Streck maneou a cabeça, como se não pudesse acreditar no que estava vendo.

— O que foi?— Ele levantou a cabeça, mas não me encarou. Continuou olhando para frente.

— Nada, só pensando.— Não precisei fazer a pergunta, apenas soltar um bufo de exasperação. Custa dizer o que você está pensando? Esse é o propósito de um "o que foi?"! — As coisas estão diferentes. Queria que pudessem ficar assim para sempre...

Ele não disse mais nada e não precisou. Fiquei com essa sensação estranha na boca do estômago, como se ele estivesse tentando me dizer alguma coisa. Como se ele fosse dizer "Queria que pudessem ficar assim para sempre, mas não podem".

Espero estar errado sobre isso.

***

— Acho que devíamos contar a Weasley sobre o Ocaso.— Rebeca parou de falar sobre o caso de Alexia McCartney - cujo verme do namorado colou fotos dela de lingerie na porta das estufas hoje de manhã - para ouvir Tony. Estávamos todos muito focados em como contatar a garota para ouvir sua versão dos fatos, quando ele soltou essa pérola.

— Ai meu Merlin, ele tá sob a Imperius!— Scorp falou com as mãos no rosto, lembrando muito o garotinho daquele filme que sempre é esquecido em casa no Natal. Minha mãe chama de clássico, eu chamo de velho.

— Não estou sob a Imperius, idiota, só acho que Weasley como aliada será menos dor de cabeça do que como adversária! Apesar de que...

— Ai, o contínuo espaço tempo está se quebrando, Tony está possuído!— A lombriga albina declarou dramaticamente. Aidan olhou de Scorp para Tony, assustado. Ele puxou a carteira para mais longe do último, como se a maldição imperdoável realmente pudesse ser passada pelo ar. Tony revirou os olhos por causa da interrupção.

— Scorpius, fica quieto!— O loiro tinha se levantado para checar as pupilas de Tony com a varinha, não sei se de brincadeira ou não. Mas Rebeca estava falando sério com ele agora. – Tony, seu energúmeno, isso aqui tudo foi montado contra Rose Weasley, não podemos simplesmente chamar ela pra ser parte do time!

— Sim, nós podemos!— Louise retrucou, do outro lado da sala, fazendo Rebeca franzir o cenho. — Já concordamos que o Ocaso vai muito além da vingancinha de vocês contra Rose.

— Cesc, peça a sua irmã para parar de falar do que ela não sabe, antes que ela perca a oportunidade de manter seus dentes bonitos.

Eu coloquei as mãos nas têmporas, tentando não entrar na pilha das discussões delas, mas tava ficando difícil.

— Louise...

— Eu queria ver você tentar me parar, Wainz!— Não era como se Louise quisesse a paz, não é? Eu bati palmas para chamar a atenção de todos.

— HEY! Parem de galinhagem vocês duas! Foco!— Todos me olharam com atenção e só um pouco de irritação por parte das duas aludidas, então me virei para um John indiferente, no meu lado esquerdo. — O caso de McCartney, eu e John faremos um pergaminho personalizado, que será destruído quando ela acabar de nos contar sua versão, certo, John?

— Certo, chefe. - O mesmíssimo sarcasmo usado pelo meu time quando me chamam de Capitão, isso é impressionante.

— Quanto a Weasley, cabe discussão...— Senti uma bolinha de pergaminho bater na minha orelha e virei para o meu agressor. – Mas que merda, Severus!

Em sua defesa, Albus não riu disso, suponho que tenha jogado apenas para chamar minha atenção. Ele, assim como Scorp, era uma pessoa prática, uma pessoa de resultados.

Quando precisamos de um lugar novo para sede, ele tratou de investigar possíveis salas abandonadas pra gente, mas devido ao teor de nossas conversas, optamos por desbloquear uma das passagens secretas antigas de Filch.

Era um risco a se correr, mas quando o Mapa estava nas mãos de James, o stalker mor, nós não fazemos reuniões presenciais como essa.

— Acho que não deveríamos chamar Rose para o Ocaso, vocês não a conhecem como eu.— Sinto que não rezo o suficiente para agradecer essa bênção. — Começaria com ela tentando colocar ordem na casa, se autodenominando líder e terminaria com ela vetando todas as nossas ideias mais contraventoras!

— Discordo, ela se mostrou muito interessada quando...— Pisquei meio desorientado. Quando foi isso? Era uma sensação estranha tentar agarrar algo que você sabe que é real, mas não consegue alcançar. Todo mundo estava me encarando com curiosidade agora. – Em todo caso, acho que temos assuntos mais importantes para tratar do que a megalomaníaca da Weasley. Sem ofensas, Albus.

— Tipo o quê?— John me perguntou, ainda demonstrando impaciência, ele diz que sim, mas ainda não superou o nosso duelo em DCAT. Rancoroso.

—Tipo a ideia de alguns mostrarem interesse nas poções, agir com sutileza e deixar as informações caírem nos ouvidos certos, para podermos descobrir quem está envolvido e o quão grande é o esquema de Haardy com as poções.— Tony assentiu com a cabeça, provavelmente isso sendo o que ele queria falar antes de ser interrompido por Scorp.

— Acho que posso deixar um interesse subentendido quando Haardy...

—Você não, Louise.

—NÃO. -Eu e Tony falamos ao mesmo tempo, mas ele foi um pouco mais enfático na negativa, provavelmente com motivações diferentes da minha.

Louise não gostou nada disso, claro.

— E eu posso saber o porquê vocês imaginam, deliram, acreditam, pensam que eu vou obedecer?— Albus sorriu para mim, provavelmente lembrando da vez que disse quase essas palavras exatas pra ele.

— Não é por nada mais além do fato de você ser minha irmã. — Ela levantou uma sobrancelha questionadora e eu me vi mais uma vez nela. Que coisa assustadoramente horrível! – Haardy desconfiaria e o melhor cenário seria ele te ignorar.

— E o pior seria ele tentar te pegar em uma armadilha.— Tony me olhou buscando por concordância e a dei, mesmo sabendo que seus motivos não eram de cunho prático como os meus. Achei que ele já tinha superado essa queda por Louise, que coisa mais besta. — Haardy é muito esperto e escorregadio.

— Eu também sou muito esperta e perfeitamente capaz de entrar em um time.

— Ninguém disse o contrário. — Ela tinha acabado de cruzar os braços e agora estava franzindo o cenho, bem provável que esteja tentando identificar alguma ironia no tom de Tony, mas ele estava falando sério.

— E quanto a mim? Meu irmão e Haardy são amigos de longa data, talvez ele se sinta inclinado a me ajudar. — Nem me lembre, Albus, como alguém como Potter pode ser amigo de alguém como Haardy? Isso depõe muito contra ele.

— Pra mim já está claro que vou ter que tentar, já que sou da Casa do homem.— Louise deu a John um olhar bravo e por isso ele completou o argumento depressa. — E porque meu irmão é um grande amigo dele e todo mundo sabe que eu sou louco por Quadribol.

Louise ainda não estava muito convencida a deixar esse plano pra lá, então ela apenas virou para o outro lado, com um "hunf" meio indignado. Eu revirei os olhos para essa criancice.

— Devo tentar também? Não acho que alguém da Lufa-lufa se envolva com essas coisas, então vai ser um tiro no escuro.— Aidan disse e eu fingi imitá-lo, no clássico tom "nhem, nhem, nhem", só pra gastar o fato de que a leal Lufa-lufa jamais desceu do pedestal de honradez em que se colocou. Aidan riu.

— Então está certo: Aidan, Albus e John vão tentar os fornecedores.— Scorp foi tomando nota em seu pergaminho.

— E por que não você, garoto?— Rebeca perguntou, desdenhosa. Scorp levantou os olhos do pergaminho para poder encará-la.

— Pelo mesmo motivo de Louise. E você? Por que não tenta, garota?— Scorp questionou com rapidez, ela o olhou com um quase sorriso mordaz.

— Por causa de Cesc também, mas principalmente porque meus interesses no Quadribol são puramente platônicos.— Bem, isso estava claro pelas unhas compridas e eterna cara de entojo dela. Imagina se Rebeca ia fazer algo que a fizesse suar voluntariamente.

No sexo ela deve pedir pra parar pra retocar a maquiagem que nem uma pornô. Mas isso é irrelevante, então não disse em voz alta.

— Muito indignante que a mera associação comigo desqualifique pessoas para um cargo. — Falei só por falar, afinal de contas é indignante mesmo. E mais relevante do que o jeito como Rebeca transa. Por que eu ainda tô pensando nisso?

— Voltando ao que é importante de verdade, ouviram falar que Salem está chamando de volta os estudantes?— Aidan perguntou animado, parecendo que tinha lido minha mente sobre o lance da relevância e eu o olhei como se ele fosse uma sujeira grudada no meu sapato.

— Aidan, isso é mais velho que as calçolas de McGonagall!— Albus disse impaciente, falando por todos nós.

O lufano revirou os olhos, ainda com um sorriso divertido no rosto, o que fez o ato perder todo o propósito.

— Eu sei disso, deixa eu terminar de falar! Eles já estão com quase a capacidade normal da escola, mas agora estão recrutando alunos específicos: jogadores de Quadribol.

— E isso é relevante pra gente porquê? Não é como se fosse nos atingir diretamente, Hogwarts não tem mais tantos alunos americanos e certamente não tem jogadores de Quadribol. - Louise levantou, já ajeitando a roupa para sair. — Fora que não poderia me importar menos com as competições internas de Salem, nem Claire, que é de lá, se importa!

— Bem... Você está duplamente errada, minha cara.— Aidan fez uma cara de quem estava feliz de, pela primeira vez, saber algo que ninguém mais sabia. Aproveite a atenção, meu amigo.

— Como assim?— Rebeca estava realmente curiosa agora, provavelmente porque queria saber qualquer que fosse a verdade que faria Louise estar errada.

— Temos um jogador americano aqui: Connor Sparks, o incrível capitão da Lufa-lufa e... — Eu vou ignorar a arrogância implícita na fala de Aidan pelo bem da conversa. Ele continuou, feliz como pinto no lixo. — E ele deu a entender que os americanos estavam bem interessados nele, tipo, dando bolsa de estudos, livros, uniformes, mordomias...

— Ainda não vi porquê isso nos interessaria.— Louise já estava completamente pronta para sair e fica mais chata do que o normal quando contrariada.

— Nos interessa porque ele deu a entender que o investimento não é apenas para um campeonato interno de Quadribol...— O quê? Ah meu Merlin, ele vai dizer! Pelo sorrisinho de Aidan... Socorro, ele vai dizer! – E sim para um intercolegial.

Oh Circe! Com essa até Louise sentou de novo. Albus, por outro lado, levantou quase na mesma hora.

— O que estamos esperando? Mexam-se, nós temos investigações pra fazer.

Que Dumbledore nos proteja, mas se tivermos um intercolegial de Quadribol com as melhores escolas do mundo - Salem, Durmstrang, etc. - eu juro que vou matar alguém, se for preciso, para estar no time de Hogwarts!

— Bom trabalho, Aidan.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai... Esse quarto ano vai ser cheio de emoções.