Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 40
Capítulo 40. Começando a desembaraçar os nós


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu estou brilhando, postando tão rápido, mas provavelmente capítulo só na próxima semana.



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All that I am
All that I ever was
Is here in your perfect eyes,
they're all I can see

Chasing cars - Snow Patrol

Capítulo 40 Começando a desembaraçar os nós

Estava fazendo a educação musical de Tony, o que consistia em apresentar o top 100 da Billboard na categoria melhores canções pop adulto de anos anteriores, - porque Tony não está pronto para algo mais forte que isso – já tínhamos chegado até a faixa 14, Chasing cars, simplesmente uma das minhas músicas favoritas.

— Ok, Snow Patrol é muito legal, presta atenção. - Tirei o fone direito que estava comigo e coloquei nele. Tony ficou ouvindo a música, marcando o ritmo com a cabeça, enquanto eu só olhava para o teto, no caso o dossel verde escuro da cama dele. Estava tão alto que eu ainda conseguia ouvir a música e por isso acompanhei o refrão baixinho, para não acordar o loiro do outro lado do quarto.

— Essa letra é muito sugestiva... A gente já está aqui deitado na minha cama, só falta esquecer o resto do mundo!— Ele falou, num tom falsamente sugestivo, mas por causa dos fones, alto o suficiente para fazer Scorp soltar um muxoxo de protesto lá da cama dele.

— Ok, quando você começa a querer dar em cima de mim, é hora de eu voltar para minha própria cama.— Desliguei o celular e tiver que dar uma quase corrida, porque Tony tentou dar um tapa na minha bunda enquanto eu levantava. Bati o pé no criado-mudo no processo.

— Porra, Tony!— Dei meu melhor sussurro gritado, mas Scorp não se moveu, então foi baixo o suficiente. O idiota que AMA infernizar a minha vida, começou a dar a risada de porco asmático dele, mas teve o bom senso de abafá-la com o travesseiro. Espero que morra sufocado! — Se Malfoy acordar de mal humor amanhã, você que vai ficar de babá e eu não vou ajudar a desovar os corpos das vítimas dele.

— Vai dormir, rainha do drama! Você finge que não, mas também fica mal-humorado quando passa da hora da naninha!— Joguei meu travesseiro na cara descarada dele e ele devolveu, ainda bem, porque ele não ia gostar se eu fosse buscar.

Entrei debaixo do meu cobertor maravilhoso, porque se tem uma coisa que é boa nessa escola são as acomodações. Quando volto para casa no verão é quase como se estivesse indo para um lugar diferente do lar, porque, querendo ou não, essa tem sido minha cama por três longos anos...

— Cesc?— Eu já estava quase dormindo quando Tony sussurrou meu nome, então mantive os olhos fechados, respondendo apenas um “hum” sonolento. – Estive pensando, esse plano com a Weasley... Será que é o melhor para gente? Quero dizer, e o plano que tínhamos de tentar conseguir as poções usando Aidan, John, Albus... Porque a gente abandonou ele mesmo?

Eu abri os olhos, mesmo continuando a ver tudo escuro. Como nossa janela dá para o Lago Negro, o escuro da noite significa o breu infinito mesmo. Tony chamou de novo, mais baixo do que antes e se não fosse pelo silêncio absoluto do quarto, nem teria ouvido.

— Ainda aqui, só pensando... Não me lembro disso.— Tony não disse mais nada, mas ouvi ele se mexer na cama. Minha “perda” de memória não é um assunto do qual falamos muito, mas eu sei que isso incomoda ele. – Acho que poderíamos trabalhar nisso também, de uma maneira discreta.

— Talvez nossa melhor opção seja John, que já conhece Haardy, ele poderia deixar o interesse em entrar no time da Corvinal bem claro, uma ambição bem forte.—  Me senti incomodado com a mera menção do nome desse idiota, como sempre, mas dessa vez eu tive um estalo.

— Tony, eu esqueci tudo sobre a proposta de Haardy, será que ele ainda vai cumprir?— Ouvi ele sentando também. – Quero dizer, não foi só sobre o Ocaso, o episódio de Dolman e as poções, esqueci sobre a proposta que ele me fez também! O que isso significa?

Tony demorou para responder e mesmo que eu soubesse que ele ainda estava sentado, por causa do vulto que meus olhos – agora acostumados com a escuridão – podiam ver, pensei seriamente que ele tinha caído no sono.

— Acho que... Acho que já sabemos quem apagou sua memória, Cesc.

Saber, nós não sabemos, mas conheço quem pode nos ajudar.

***

Estávamos todos reunidos na sala de DCAT e quando eu digo todos, quero dizer a Escola inteira. A sala foi aumentada magicamente, então o grande esqueleto de dragão não parecia tão intimidante hoje, pendurado no teto de proporções exageradas. As janelas estavam fechadas por cortinas pesadas, deixando a luz do candelabro de ferro como a protagonista e alguns archotes como coadjuvantes.

Hoje receberíamos o auror convidado, e aparentemente muito teatral, Edward "Ted" Lupin – sim, o mesmo que foi responsável pelo caso de Dolman – e todo mundo estava animado, afinal, nada de interessante acontece por essas paragens...

Rebeca estava mais animada do que todos os L.P.’s juntos, isso porque Tony estava terminando de contar a Scorp o que conversamos ontem à noite – o loiro saiu do quarto cedo para, oh que surpresa, enviar uma carta para a parentada – e porque o auror convidado não havia saído de Hogwarts muito tempo atrás e isso interessava as garotas do estilo de Rebeca.

— Ouvi dizer que ele é metamorfomago!— Shawna comentou no lado direito da monstra e eu não hesitei em atravessar a possível resposta dela, a voz de narradora de Shawna é apenas muito irresistível para ser ignorada.

— Ele é mais do que isso, minha cara, lembre-se que foi ele quem fodeu com a Sonserina ano passado.— Shawna fez uma careta divertida, mas antes que ela pudesse replicar, Rebeca me deu uma cotovelada desnecessária na minha costela e tomou a fala.

Dolman fodeu a gente, Cesc. Senhor Lupin fez apenas o seu delicioso trabalho...— Eu a olhei descrente e a monstra do meu ódio apenas sacou um onióculos, Merlin sabe de onde, para apreciar seu novo crush com todos os detalhes. – Tive a oportunidade de vê-lo de perto numa dessas festas chatas do Ministério e acreditem, ele não precisa mudar de forma. Não mesmo. De jeito nenhum. Onde ele está afinal?

E porque Rebeca é assim de mandona, o fogo dos archotes diminuiu na grande sala de janelas cerradas, deixando o clima bem mais interessante. Rebeca apertou minha coxa em expectativa e eu só não fiz nada com isso, porque, qual seria o ponto?

O jovem auror entrou pela porta como se não estivesse ciente da comoção que estava causando nos facilmente impressionáveis alunos de Hogwarts. Tenho certeza que os seres humanos de bem não tem que passar por uma situação dessas na Durmstrang, por exemplo.

Eu não entendi porque essa agitação toda, ele era um cara bem comum, com exceção do cabelo em um tom azul elétrico, que contrastava com o escuro do uniforme. Ok, estou mentindo, Rebeca estava certa, ele não era comum, tinha um sorriso torto e um jeito de andar que demonstrava que Hogwarts devia ter sido um lugar bem mais interessante quando ele estava aqui.

Ainda assim, não é como se qualquer um de nós pudesse ter alguma chance com ele agora, então essa fanboyzisse toda continua sem sentido. Lupin parou praticamente no meio do salão, tentando não ficar de costas para nenhum dos lados de sua audiência, coisa que ele logo vai perceber que é impossível.

Não dá pra ser bonito e inteligente na mesma proporção, não é?

— Bom dia a todos!— Um coro composto por quase todos os alunos da escola cumprimentou educadamente o homem, digo quase, porque Tony se limitou a fazer uma dança, só com a cabeça, acompanhando o ritmo da resposta dos nossos colegas. Rebeca suspirou sonhadora ao meu lado. – É um prazer imenso estar de volta aqui nessa sala, gostaria de agradecer a professora Savage pelo convite.

A nossa professora de DCAT, Selena Savage, uma mulher negra de cabelos começando a ficar grisalhos, mas sempre arrumados em um penteado estiloso - que geralmente consistia em uma trança lateral apenas em metade da cabeça -  acenou orgulhosa para o seu ex-aluno.

— É realmente bom tê-lo conosco, senhor Lupin, acho que tem muita gente interessada em seguir a carreira de auror por aqui.— Alguns risinhos foram ouvidos pela sala, porque quando ela diz “interessada”, tenho certeza que ela quer dizer “me pentelhando loucamente”. — Fique à vontade, a turma é sua.

— Obrigado. Agora, antes de começar qualquer coisa, gostaria de saber quem tem alguma perg...— Antes que ele pudesse acabar a frase, dezenas de mãos levantaram no ar. Lupin trocou um olhar divertido com a professora. – Vejo o que a senhora quis dizer.

O cara foi passeando pela sala, escolhendo algumas mãos aleatoriamente e respondendo perguntas típicas do tipo “Em quantos anos se forma um auror?”, “Quais as áreas mais interessantes para se especializar?”, “Qual foi a missão mais difícil que você já teve que fazer?”, o homem parecia incansável e inabalável em seu bom humor, foi respondendo uma a uma às perguntas cretinas.

Quando ele se aproximou o suficiente da gente, levantei de repente a mão, isso nunca falhou em chamar atenção. Tony me deu um olhar de questionamento, quase nenhuma mão havia sido levantada na nossa Casa. O professor apontou para mim e eu pude ver, pela minha visão periférica, a expressão de alerta na cara da professora Savage.

— Existe uma técnica específica para executar um escudo não-verbal com uma mão e ataques com a varinha usando a outra?— Perguntei no meu melhor tom de bom aluno e ele parou um instante, com o cenho levemente franzido. Ficou ainda mais atraente desse jeito.

O quê? Sei disso porque Rebeca aumentou o aperto na minha coxa, um pouco mais e terei que amputar a perna.

— Bem... Nos treinamentos da Academia a gente aprende os feitiços de defesa mais efetivos e simples de executar, porque temos que contar primeiro com a nossa agilidade, mas...— Ele parou para pensar novamente e a turma toda ficou em silêncio, esperando o restante da resposta. – Mas nunca vi ninguém que pudesse segurar um escudo fixo enquanto ataca.

— Então está dizendo que não dá pra fazer?— Soei decepcionado, mesmo não estando de verdade, já estava esperando essa resposta. Lupin é um auror novato e eu estou justamente tentando ir para Uagadou para aprender com os melhores em feitiços não-verbais, mas não é como se eu não tivesse tempo para me exibir um pouco com uma pergunta mais complexa.

 – Gosto de pensar que na magia tudo pode ser feito, senhor...

— Fábregas. Ok, mas na África a magia sem varinha é bem comum e feitiços não-verbais são supersimples, o que significa dizer que é bem possível, caso se dedique a isso, não?— Rendi um pouco mais a conversa, só porque a monstra ao meu lado levantou a mão, provavelmente com uma pergunta sem noção do tipo “O senhor tem namorada?”.

Pobre Rebeca, ele sorriu ainda divertido para mim e cruzou os braços de uma maneira falsamente questionadora. De coisas falsas eu entendo, muito tempo convivendo com a senhorita Wainz aqui.

— Então feitiços não-verbais são supersimples? — Ele falou de um jeito que deixava clara sua opinião. Antes que eu pudesse responder que eu não tinha culpa se alguns bruxos preferiam gastar toda a magia em sua boa aparência, como era o caso dele, John resolveu que estava na hora de nos agraciar com a arrogância corvinal.

— E são muito simples! Eu e Cesc já conseguimos vários feitiços! – Vários significando dois: accio e o leviosa. Lupin olhou para o corvinal parecendo realmente impressionado.  – Cesc é ele, no caso.

Eu revirei os olhos inconscientemente e apesar de ter certeza que essa é uma ação silenciosa, Lupin voltou a olhar para mim. Dei a ele meu melhor sorriso inocente.

— Isso é realmente impressionante garotos, me lembro de ter feito o meu primeiro não-verbal apenas no sétimo ano...— Ele sorriu saudoso, o que já estava começando a me irritar um pouco, principalmente porque não parecia que ele estava incomodado por ter sido superado magicamente por dois pirralhos de treze anos. Ele não era da Lufa-lufa não, era? Aff, um defeito enfim. — Bem, eu tive uma ideia! Porque os dois não vem aqui e me ajudam a demonstrar alguns feitiços escudos, talvez até possamos tenta-los no modo não-verbal, já que acham tão simples.

Retiro o que disse, ele está chateado sim. Ainda há esperança dele ser um rancoroso lá no fundo.

— Vamos lá! Não se preocupem, eu vou ensinar tudo.— Minha mãe disse que eu me acho muito dissimulado, mas que na verdade é muito fácil ler minhas expressões, então isso explicaria porque o professor Lupin estava me dando tapinhas consoladores no ombro.

— Você me paga, Westhampton!— Eu sussurrei para o garoto pálido de óculos azuis na minha frente, ele deu um sorrisinho de canto, feliz por ter seu ego insuflado. Missão da minha vida agora: acabar com a graça dele.

Sim, porque eu não queria ter que fazer uma demonstração da minha genialidade na frente de toda Hogwarts e não, não tem nada a ver com minhas emissões involuntárias de magia. Isso aconteceu há séculos!

— Ok, pessoal, quem conhece um feitiço escudo?— Dezenas de mão subiram de novo. Ficou acertado que começaríamos com um simples protego, John atacando e eu defendendo.  “Não precisa tentar um não-verbal na primeira vez”, Lupin disse, “claro, professor”, eu respondi muito simpático.

E é claro que eu não o obedeci.

A coisa boa de ser colega de estudos de John Westhampton é que depois de um tempo, você começa a identificar certos trejeitos dele. Por exemplo, o jeito como ele flexiona levemente para baixo o pulso esquerdo – ele é canhoto como Tony – na hora de executar um Arresto Momentum, coisa que ele está fazendo nesse exato instante.

Meu plano de defesa consistia em montar um escudo não-verbal – ou tentar, já que nunca fiz isso antes – e impressionar toda a audiência, mas o que minha magia temperamental fez foi um efeito absurdo de repulsão, que jogou John do outro lado da sala, em cima de alguns primeiranistas da Grifinória.

A parte Sonserina da escola adorou o espetáculo, vibraram como se Dussel tivesse pego o pomo novamente, mas a professora Savage não estava tão satisfeita. Lupin foi ajudar o corvinal a se recompor.

— Não foi culpa minha, eu fiz apenas um escudo!— Coloquei a varinha para cima em rendição, bem a tempo de ver um Westhampton levantar irado. Só que em câmera lenta. Lupin demorou alguns segundos antes de perceber o que estava acontecendo, mas quando o fez, tratou de retirar logo o feitiço.

— SEU TRAPACEIRO, VOCÊ USOU UM FEITIÇO ESPELHO!— John não tem nem um pingo de espírito esportivo e eu fiz uma careta para acusação injusta, porque eu juro que não fiz de propósito!

— Espelho pode ser considerado um tipo de escudo, se você parar para analisar...

— Muito bem, senhor Fábregas, é o bastante. Menos 10 pontos para a Sonserina, vá se sentar.— John pareceu um pouco mais vingado, porém isso não significa dizer que ele vai me deixar em paz. Que ao menos ele tivesse quebrado alguma coisa para fazer valer a pena o transtorno...

Mundo injusto.

— Você não podia ficar quieto, não é? Tinha que nos envergonhar na frente da visita.— Rebeca resmungou de braços cruzados quando eu voltei para o meu lugar ao lado dela.

Olhei para Edward Lupin, que estava aguardando no centro da sala enquanto a professora escolhia alunos mais “apropriados” para serem duelistas voluntários. Ele olhou para mim e sorriu.

E eu realmente fiquei feliz por ter envergonhado a nossa Casa, dane-se o que Rebeca pensa.

***

Acabei de observar o exato momento em que uma das corujas castanhas da escola entregou um bilhete a James Potter durante o correio matinal. Ele franziu o cenho, leu rápido, guardou no bolso interno das vestes e depois de disfarçar voltando a comer seu café da manhã, olhou pra mim.

Levantei uma das sobrancelhas pra ele, em confirmação. Vinte minutos depois o senhor Weasley-Potter estava entrando em uma das salas abandonadas do quinto andar, com um ar entre o curioso e apressado.

— Não tenho muito tempo, Fábregas, então seja breve.— Ele fechou a porta atrás de si e eu dei um sorriso debochado como saudação.

— Bom dia, Potter.— Ele ficou na porta me olhando, provavelmente esperando que eu dissesse o que eu queria. Demorou uns 15 segundos para ele revirar os olhos e responder ao meu cumprimento.

— Bom dia, Fábregas, dá pra se apressar? Eu tenho aula prática de Tratos agora.— Ô coitado, vai ter que sair correndo para chegar até o lado externo do castelo, onde as aulas voltaram a ser ministradas. Deus sabe que eu não quero que a Grifinória perca pontos por minha causa - mentira, seria esse meu sonho? - mas de qualquer forma fui breve.

— Acho que sei quem apagou minha memória.— Potter parou de conferir seu inseparável Mapa do Maroto e passou a me olhar com uma cara de deficiente mental tão, mas tão ridícula, que me vi obrigado a complementar a história logo. – Foi Martin Haardy.

Ele me encarou ainda do outro lado da sala e então começou a se aproximar, até se apoiar em uma das carteiras empoeiradas ao meu lado.

— Isso é impossível. – O ruivo disse no seu melhor tom condescendente. Ele franzia de leve o nariz quando usava esse tom.

— Por que? Ele é um aborto por acaso?— Potter revirou os olhos e respirou fundo, eu apenas cruzei os braços e me apoiei melhor na carteira, para poder ouvir sua explicação “genial”.

— Martin nunca faria algo assim, Cesc, eu o conheço.  – Eu não disse nada, então ele deve ter pensado que eu estava aberto a ouvir sobre a amizade dele com “Martin, o perfeito”. – Conheço o cara desde a época em que não éramos muito mais do que bebês, te garanto que ele nunca faria isso com você.

— Ele ofereceu entregar o jogo de março pra gente.— Potter me olhou surpreso – vitória -  e eu completei. — Essa foi uma das coisas que eu “perdi”.

— Quem te contou isso?— O apanhador não parecia com tanta pressa agora e eu sorri internamente. Potter se distrai com tanta facilidade... Dei de ombros para a pergunta dele. Isso importa? – Foi um dos seus amigos? Aqueles que você achou que estavam pregando uma peça em você?

Virei completamente sério para ele dessa vez, ninguém põe em cheque a lealdade dos sonserinos.

— Não espero que acredite em mim ou em meus amigos, Potter, só estou te dizendo o que eu sei.— Ele cruzou os braços e baixou a cabeça como se precisasse de espaço para pensar. Fiquei calado, não seria eu quem falaria que ele chegaria atrasado na aula com esse comportamento Longbottense.

— Está me pedindo para deixar de confiar em um amigo de infância para acreditar na palavra de Malfoy e Zabini.— O encarei seriamente e ele segurou o olhar. Pude ver no fundo dos olhos castanho-esverdeados que ele realmente acreditava mais em Haardy do que em mim e isso de certa forma foi... Decepcionante.

— A palavra deles vale muito. Pelo visto vale mais do que a sua, já que você prometeu me ajudar e agora que conseguiu o que queria, está procurando desculpas para pular fora.— Ele se afastou da mesa com força, produzindo um barulho irritante de atrito no chão. Continuei exatamente na mesma posição, assistindo ele andar de um lado para o outro, se valendo de todo o sangue-frio dos grifinórios.

Sabia que duvidar da palavra dele era um movimento arriscado, mas eu confio no pouco que sei sobre James Potter, ele nunca volta atrás em suas promessas, mesmo aquelas feitas a um sonserino que não confia.

— Ainda vou te ajudar.— Ele olhou para mim, mas desviou o olhar logo em seguida. Mordeu os lábios como se não acreditasse muito no que ia dizer. – Vou checar isso, ok? Vou checar com Martin, só não... Só não faça nada impensado. Se ele for inocente nisso tudo, não seria justo você fazer alguma coisa contra ele.

— Esse “se” é um tiro muito longo, Potter. Ele não é inocente.— Ele me olhou desconfortável. Pobrezinho, não quer magoar o precioso Martin. Daria um soco nele, se não precisasse tanto de sua ajuda.

— Deixe isso comigo, por favor.— Eu levantei as mãos em sinal de rendimento, não é como se eu quisesse lidar pessoalmente com Haardy. Se James - que teoricamente estava sem tempo por causa dos NOMS - quer lidar com aquele verme, eu não vou impedi-lo. Contanto que ele seja imparcial sobre isso.

— Ok. — Respondi sucinto. Ele me olhou em dúvida. – Já disse que ok, Potter, o que você quer mais?

Ele me olhou sem dizer nada por um tempo, fez menção de se aproximar, mas pareceu mudar de ideia no último segundo. Franziu o cenho e se dirigiu a porta, antes de sair, sem se virar, ele finalmente me respondeu.

— Não quero mais nada, aviso se souber de algo. E a propósito... Esqueça Lupin, ele não gosta de pirralhos encrenqueiros.

Não pude ver o rosto dele quando ele disse isso, porque o grifinório saiu sem esperar resposta, o que para mim está bom também. Não posso me dar ao luxo de ficar em mais uma detenção ou perder um aliado que – apesar de ser idiota e boca grande – pode ser bem útil futuramente.

Respirei fundo e contei até dez para não ir atrás dele cobrar satisfações. O que diabos ele quis dizer com isso?

Olhei ao redor, procurando respostas, porém a antiga sala de aula abandonada só parecia bem deprimente e combinava perfeitamente com o meu humor atual.

Sinceramente, espero apenas que Potter não se deixe influenciar tão facilmente pela lábia de Haardy ou então aquele loiro aguado irá fazê-lo se virar contra mim.

Mas fazer o que? Ninguém pode realmente dizer que está vivendo, sem se arriscar um pouco. E Potter sem dúvida é meu maior risco até agora.

Ao menos eu posso deixar esse assunto nas mãos dele, deixar que ele se distraia com alguma coisa útil, enquanto penso em como administrar a “parceria” com a Weasley e com a possibilidade de quem quer que tenha apagado minha memória saiba do Ocaso.

Olha, às vezes acho que a minha vida é um fone de celular embolado, porque eu estou sempre cheio de nós para desatar, vou te dizer.


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Notas finais do capítulo

Chasing cars, pq sim, essa música é muito amor!

Edward - Ted - Lupin, pq sim tb, o amo com a força de mil sóis. Ele é o filho de dois dos personagens mais maravilhosos de HP e quem não concordar será sumariamente avadakedavrado.

Bjuxxx



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