Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 36
Capítulo 36. A bonança


Notas iniciais do capítulo

Vergonha define, dois meses sem att, mas só tenho uma coisa a dizer em minha defesa: ser adulta é difícil! Vou tentar voltar ao ritmo semanal, prometo q juro, rsrsrs;



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Capítulo 36. A bonança

Nada aconteceu.

Eu não estava esperando uma explosão nuclear ou uma mudança de vida tremenda, mas esperava algo após o grande plano. Olhei para a cara cínica de Scorp que guardava um dos jogos de xadrez do Salão da Sonserina de volta em sua caixa.

 –Sei que eu sou bonito, não precisa me encarar desse jeito.— Scorp falou, fazendo graça. Dei um sorriso sem dentes para o loiro. Palhaço. – Vamos dormir, querida.

 –Posso saber porque está me tratando como uma de suas garotas?— Retruquei irritado. O loiro deu risada, me abraçando pelos ombros, enquanto subíamos para os quartos.

 –Porque você está agindo como uma esposa traída, mas tudo bem, não teremos mais segredos para você a partir de agora.— Ele informou bem-humorado. Tirei as patinhas dele de cima de mim e o encarei divertido.

 – Sem segredos? Qual a senha do cofre dos Malfoy em Gringotes então?— Questionei animado. Scorp se jogou na cama e levantou o tronco para me falar em seu tom aristocrático.

 –A senha é beijar a bunda do duende-chefe, interessado?— Eu dei risada da resposta, feliz por ver que as coisas voltariam ao normal agora, nada de estresse ou planos infalíveis de três partes, como Tony ama fazer.

 –Porque eu não estou surpreso em saber que os Malfoy são beijadores de bunda de duende? — Falei, quase como uma pergunta retórica, mas tive uma resposta vinda da porta.

 –Sei que estou de volta ao lar quando ouço uma merda dessas! — Eu e Scorp gritamos um “Toooooonnnnnyyyyy”, como duas líderes de torcida ridículas e o marginal fez apenas uma reverência sarcástica para gente. – A quem interessar possa, peguei uma noite de detenção enquanto você ficava de libertinagem com Claire e você... Aparentemente beijava bunda de duende.

Tony completou a frase em dúvida, já tirando e jogando as vestes de qualquer jeito pelo quarto. Olhei dele para Scorp e o caminho inverso, só para saber se estava ok eu perguntar o que eu quisesse agora.

 – Como eu devo proceder no meu interrogatório? Devo fazer a linha elegante e distante ou “Oh meu, Merlin, do que estão me acusando agora, senhoooooooorrrr”? — Terminei minha interpretação do moleque do filme Esqueceram de mim 100. Os dois riram.

 –Não precisa fazer nada, já cuidamos de tudo.— Tony falou, tirando seus sapatos chulezentos e atirando debaixo da cama. Que cara nojento. – Meu plano de três partes foi executado brilhantemente e nenhuma evidência foi deixada para trás.

 –Três partes?— Eu perguntei, interessado. Viu que eu disse que o plano dele sempre tem três partes?

 –Distração, roubo e desaparecimento.— Ele fez um gesto que me lembrou muito aqueles mágicos ridículos de Las Vegas e seus truques igualmente ridículos de desaparecimento.

 – Só teve uma parte que eu ainda não entendi, Tony.— Scorp jogou uma tortinha de abóbora para um companheiro de crime com reflexos felinos. – Como Sev conseguiu entrar na diretoria?

Me deitei de bruços para captar o que pudesse da história, um grande salto desde a última vez. Me contentarei com pouco, por hora, apenas porque não quero estragar o fluxo da discussão dos dois.

 – Tenho uma ideia de como ele conseguiu, feitiço de desilusão minha bunda!  – Tony terminou de comer o último pedaço de torta e avançou para o meu pobre estoque de Chocoballs. – Os Potter estão usando a Capa da Invisibilidade em Hogwarts!

Claro que estão! Isso explica muito... Isso explica TUDO!

 –Filhos de uma Cliodne manca!

***

Não importa o quanto Tony me garanta, e devo admitir que depois de ouvir o plano todo até entendo sua arrogância, ainda estou de sobreaviso. Meu histórico escolar e de vida me dizem que se tem algum jeito de eu ser acusado de algo, a acusação será feita.

Mas enquanto isso não acontece, continuo minha rotina de bom e servil aluno, capitão do time da Sonserina injustamente forçado a me apresentar junto as autoridades, como um presidiário em condicional, que desagradável. John resolveu me acompanhar na minha revista diária, duplamente desagradável.

 –Então, Fábregas, tem interesse? — Pelo tom usado por Westhampton era quase de se esperar que o comprimido de ecstasy viesse logo depois. Olhei para o folheto informativo das aulas de verão no Instituto Uagadou* novamente.

 –Interesse eu tenho, só não tenho pais permissivos. — John deixou os ombros caírem, visivelmente chateado. Ô meu filho, quem recebe todos os “nãos” da vida sou eu! – Ia adorar ter aulas na África, ouvi dizer que eles não usam varinha para nada, sabe o que isso significa?

 –Que os Olivaras não vão abrir uma filial lá tão cedo? — Eu olhei bem sério para o loiro aguado, com meu olhar mais entediado e ele sorriu com todos os dentes de sua piadinha estúpida.

Não vou perder meu tempo explicando para o corvinal sobre as possibilidades de nicho de mercado que um lugar sem um determinado tipo de produto oferece. Um bom vendedor vende até gelo para esquimós, amigos, assim diz meu pai.

 –Não, significa dizer que eles devem ter os conceitos de fluidez mágica muito mais desenvolvidos do que nós, europeus! — Finalizei meu discurso animado, usando o folheto para bater no peito do meu companheiro de Feitiçaria. Ele me olhou com um sorriso enviesado, provavelmente não muito disposto a conceder que eu estou certo em pensar que não tivemos acesso a tudo que podíamos sobre o assunto.

 –Por que acha que estou mostrando isso a você? — Olha, eu estava errado, até que o galesinho tem um cérebro! Ele tomou o pergaminho da minha mão, guardando de volta no bolso interno das vestes.

 –Talvez porque você queira passar três semanas de verão comigo nas longínquas Montanhas da Lua.— Ele agora me olhou ofendido, o que na verdade me ofendeu, quero dizer, eu sou uma super companhia para férias de verão! Antes que qualquer um de nós pudesse falar, a monitora baixinha da Grifinória, que eu nunca soube o nome, nos interrompeu o caminho.

 –Senhor Fábregas, recado para você.— Olhei desconfiado para o papel, mas disfarçando minha aflição. Viram? VIRAM? Os homens me descobriram, serei levado para interrogatório assim como John aqui do meu lado, acho que ainda dá tempo de apagarmos a memória um do outro...

 –O que diz o recado?— Ora, mas que cara de pau de John! Abri o bilhete com uma letra garranchosa que vi a um par de dias atrás e sorri com a mensagem. Westhampton tentou ler por cima do meu ombro e eu simplesmente dei uma cotovelada na altura das costelas dele. – Aucht!

 –Coisas de capitão, meu caro.— Dei meu melhor sorriso arrogante, ajeitando meu distintivo de capitão da Sonserina. Ele me olhou invejoso, só lamento, John, a glória não é para todos. – Se me der licença, tenho um time de Quadribol para gerir.

 –E o jantar?

 –Depois do jantar, claro.

Jantei na Corvinal mesmo, primeiro porque John continuou tentando me convencer a fazer o curso de férias de feitiçaria lá na África, o que é ridículo, não sou eu que tenho que ser convencido e sim meus pais, segundo porque Claire me convidou e eu estava quase que o dia todo sem vê-la e isso não fala muito bem das minhas habilidades como namorado perfeito e terceiro porque a comida da Corvinal é muito melhor do que a da Sonserina, sério!

Consegui falar com Habermas e Dussel sobre o treino de amanhã na câmara secreta, ainda no Grande Salão. Expliquei para me esperarem nas masmorras mesmo, segundo as instruções de Longbotton, entraremos por uma passagem no banheiro apertado que tem embaixo das escadarias que dão na sala do diretor Bradbury.

Aparentemente o basilísco de Salazar Sonserina, que se movia através da tubulação, saía para tomar um ar principalmente pelos dutos dos banheiros, assim disseram os Desbravadores da Grifinória, grupo de lesados que se auto intitulam descobridores de passagens secretas e afins. Sua diretora de casa permitiu que eles explorassem a câmara para que nos fornecessem dados confiáveis sobre as instalações temporárias do Quadribol.

Ao meu ver existem grupos de estudos em demasia nessa escola.

Voltei para as masmorras e me joguei em uma poltrona com vista para o lodo do Lago Negro, acho, porque não dá para ver muito e Lily, que escrevia freneticamente em um pobre e, até que se prove o contrário, inocente pergaminho, me encarou de sua posição incomum, sentada no chão usando a mesa de centro como mesa de estudos.

 – Soube que vão treinar na câmara secreta amanhã, quero assistir.— Eu a olhei com meu melhor sorriso complacente, sem querer estourar os balõezinhos de sonhos juvenis dela.

 –Pois vai ficar querendo.— Mentira, amo destruir sonhos juvenis. Lily levantou subitamente a pena do papel e me encarou com uma expressão que até seria assustadora em uma pessoa, mas que em um filhote de unicórnio fica apenas engraçada. Uma gota de tinta caiu dramaticamente no pergaminho nesse meio tempo que ela me olhou. Poético.

 – Isso por que “não seria justo com os nossos colegas que também querem fazer parte do time no próximo ano”?— Ela falou em um falsete, com um sotaque que bem poderia ser de um espanhol bêbado. Fiz menção de responder, porque sim, era exatamente por isso, mas ela não deixou. – Foi uma pergunta retórica.

Lily aumentou a carranca, dando um quase rosnado ao ver a mancha de tinta arruinando um de seus deveres que já deveria estar pronto há séculos.

Por alguma razão desconhecida, recentemente alguns colegas têm mostrado interesse em entrar no time da Sonserina, pedindo dicas e conselhos, não apenas Lily e Marco Habermas. Nada contra, sou todo a favor da livre concorrência, mas para isso não posso favorecer ninguém, né? Nem mesmo minha protegida.

 –Ainda tinha uma resposta perfeitamente boa e válida.— Informei sem emoção. Ela fechou um dos punhos com raiva, ameaçando o teto ou algo assim, por todo esforço em vão que consistia no seu pergaminho garranchado, agora arruinado. – Quer uma ajuda para remover essa tinta daí?

 –Quero sua ajuda para entrar no time!— Ela quase gritou, logo em seguida fazendo biquinho enquanto tentava tirar a mancha com a unha. Que saco, Lily sabe como ser insistente! Tomei o pergaminho da mão dela. – Hey!

Executei um simples feitiço corretivo no que eu sabia ser a mancha acidental, mas tive que tomar um cuidado enorme para não apagar as outras manchas que Lily deveria chamar de letras.

 –O que deveria ser isso aqui mesmo, Lily? — Devolvi o exercício, que eu espero que seja de runas antigas, para a dona emburrada. – Precisa de uma mãozinha para terminar de escrever esse aetts*?

 –Não são aetts, são o meu catálogo de plantas que podem ser usadas como emulsificantes em poções para queimaduras.— Eu olhei cético para ela. Aquilo estava mesmo em inglês? E era mesmo para Bradbury? – Eu não preciso de ajuda, eu preciso não ter que fazer isso!

 –Ai Potter, sinto te dizer, mas as coisas não vão ficar mais fáceis com o passar dos anos...— Lia disse isso enquanto se sentava desleixadamente no sofá, cruzando as pernas quase por cima da cabeça da minha pet ruiva. – O ano letivo vai acabando e a ruindade dos professores vai ficando mais e mais clara.

Ajeitei melhor a almofada nas costas para poder passar as pernas pelo braço da poltrona. Lia observou atenciosamente meu movimento com um sorriso sem dentes. Bem, ao menos Lily tá aqui para me defender.

 –Ei, Thiollent, você faz parte do time da Sonserina! Não foi uma pergunta. — Lily fez Lia calar sua resposta com um movimento de mão. A morena a olhou de um jeito indignado, mas a ruivinha não viu nada, porque estava muito concentrada em continuar a fazer seu trabalho que certamente receberá um Deplorável de Bradbury. – Você poderia me ajudar a treinar para entrar na equipe no próximo ano!

 –Agora é para eu responder?— A morena venenosa fez a pergunta para mim, como se de alguma forma eu fosse o domesticador e tradutor de Potters. Olhei para Pottinha que ainda olhava a outra com uma fingida cara de inocência.

 –Essa é uma ótima ideia, Lily, mas acho melhor você treinar com Scorp. Posso ver com Gooding um horário para vocês usarem a câmara, vocês e todos os outros alunos da Sonserina que se interessem, claro.

Lily bufou indignada, jogando a trança por cima dos ombros e olhando Lia como se as duas tivessem um fardo compartilhado.

 –Ele não é exasperante?— Lia sorriu, dessa vez com sinceridade, demonstrando que Lily tinha um estranho poder de fazer as pessoas a olharem com condescendência.  – Ele tá querendo que eu treine com a concorrência!

 –Teoricamente somos todos concorrência, Potter!— Lily olhou com uma sobrancelha arqueada, como se estivesse convidando Lia a continuar seu argumento. – Não acha que eu vou dar mole para você roubar minha vaga de artilheira, não é?

 –Não quero ser artilheira, quero ser apanhadora!  – Ixe, é concorrência direta de Scorp mesmo. Thiollent me olhou por cima da cabeça de Lily, com um sorriso travesso.

 –Você conta a ela ou eu conto?— Dessa vez quem arqueou uma sobrancelha fui eu, do que diabos ela tá falando? — Lily, querida, Cesc já prometeu a vaga de apanhador para Scorp, se você tiver sorte, entra no time no quinto ano, quando ambos se formarem!

Eu não preciso dizer o que isso fez com Lily, não é? Para um unicórnio, a garotinha sabe agir como uma fúria, o que divertiu Lia para valer, essa garota me paga! Lily pegou seu estúpido pergaminho de Poções e saiu batendo pé para o dormitório feminino das primeiranistas, não sem antes me dizer que iria pedir ajuda a James, que era muito melhor do que qualquer um de nós e se bobear até do que todos nós juntos!

Coitada.

 – Ora, por favor!— Thiollent falou com seu melhor tom desdenhoso e eu apenas apontei um dedo silenciador para ela, não precisava que ela viesse tentar jogar mais lenha na fogueira.

 –Isso, Lily, peça ajuda a seu irmão, tenho certeza q...— Ela lançou da escada, um feitiço explosivo muito bem executado, que atingiu a almofada em que eu estava apoiado e não meu braço, graças a meus super reflexos de batedor. — Está satisfeita agora, Thiollent?

 – Ela é uma garotinha irritante, como o irmão mais velho. Você não devia se preocupar com nenhum dos Potter.— Minha artilheira se levantou, vindo felinamente em minha direção. Já estava sentado na ponta da poltrona, pronto para levantar, mas a dita cuja apoiou a mão nos meus joelhos. – Não devia se preocupar com nenhuma Sullivan também.

Lia falou isso quase sussurrando e não pude deixar de notar que nossos colegas fofoqueiros observavam toda a ação pelo canto do olho, como se houvesse algo muito interessante na lareira ou talvez no Lago Negro.

Segurei Thiollent pelo ombro e a empurrei de leve, enquanto levantava da poltrona e não, não demorei alguns segundos perdido nos olhos cor de caramelo derretido dela, muito bonitos para serem reais.

 –Treino amanhã às 16 horas, Thiollent.— Ela sorriu, ainda me encarando de perto, se aproveitando da diferença de altura para me lançar um olhar sugestivo por sob os cílios compridos. – E até lá... Você pode ir se ferrar!

Empurrei ela para o lado e lancei um olhar raivoso para os quartanistas desocupados parados próximo as escadas que dão para o dormitório masculino. Honestamente, não sei qual é o problema com Lia, mas estou começando a achar que ficar com ela foi a pior coisa que eu poderia ter feito pela nossa amizade.

***

Longbotton sussurrava para si mesmo algo que provavelmente foi escrito por um poeta fálido morto pela sífilis, tudo muito apropriado para um belo fim de tarde, como sempre. Dussel me encarou aborrecido, mas o que diabos eu poderia fazer em relação a isso?

 – Ok, Longbotton, qual a entrada para câmara?— Perguntei, prático. Ele encarou todo o meu time mal-humorado com um sorrisinho debochado. Ah, a coragem e estupidez Grifinória... Ele fez um feitiço com a varinha, similar ao feito na entrada do Beco Diagonal, quando se chega pelo Caldeirão Furado.

 – Qual o feitiço, Longbotton?

 – Qual a pressa, cunhado? – Ele me disse, abaixando um pouco a cabeça para passar pela entrada ovalada e escura da câmara. Que grande momento para o capitão da Grifinória sair do seu estado semidepressivo e vir para o lado engraçadinho da força. – Primeiro você segue reto e vira a primeira à esquerda, depois a direita, direita e aí segue sempre na bifurcação do meio. Bem óbvio, não?

Nenhum de nós respondeu, mas ouvi um Habermas sussurrar que preferia quando o capitão rival estava meio morto. Viu? Não sou o único. Chegamos ao átrio principal em um silêncio pouco natural, meus colegas de time geralmente são muito tagarelas, mas eles estavam intimidados com a câmara.

Não era para menos, o lugar era... Opressor. Olhei para Tony rapidamente e ele apenas me deu um olhar de soslaio, porque, eu lembrando ou não, já conhecíamos o lugar. Frank nos deu passagem para admirar o espaço. Assim que tivemos um vislumbre melhor, Tony franziu o cenho para um brasão da escola meio fora de lugar, pairando acima de um bruxo de boca aberta no final do longo aposento.

 – Não quero nem saber quem foi o gênio que decorou isso aqui.— Tony resmungou, indignado.

O lugar era obviamente sonserino, cheio de estátuas de serpentes e uma aura sóbria e elegante, mas agora tinha flâmulas de todas as Casas, armários de vassouras, entradas para vestiários, uma fonte de água e os típicos aros de Quadribol.

Todo um minicampo, só faltou as arquibancadas para estar completo. Dussel se aproximou de um Longbotton parecendo muito contente consigo mesmo, macabramente.

— Agora já pode cair fora.  – Meu, que desgraceira, cunhado olhou para mim por cima do ombro de Dussel, nada intimidado com a postura do apanhador.

 –Achei que poderiam gostar de ter um jogador de verdade por aqui...

 – Cai. Fora.— Reforcei o “pedido” anterior. Frank apenas riu despreocupado e meio melancólico, como sempre, dando as costas para um time sonserino de Quadribol. Não, não tem nada a ver com coragem e sim com burrice mesmo. – E quanto a vocês, peçonhas, de volta ao trabalho!

Todos começaram a se movimentar pelo campo, numa corrida de aquecimento. Fui acompanha-los, porque se tem alguém aqui que está completamente fora de forma, esse alguém sou eu.

***

Voltamos para as Masmorras ainda com aquela energia e adrenalina pós-treino, Heidi veio narrando animada uma jogada das Harpias, implorando para eu adicionar no repertório, o que eu posso ou não fazer, veja bem, mas eu não devo satisfações a ela.

 – A diretoria é quem decide as jogadas, mulher!— Meu relações públicas oficial respondeu simpático. Ela colocou a mão na cintura, enfrentando Tony daquele jeito atrevido que as garotas da Sonserina dominam há séculos. – A plebe só aceita.

 –Essa coisa de diretoria não existe, Tony. – Heidi olhou para mim, exigindo meu veredicto. Dei de ombros, não existe mesmo. – Cesc! Diga a ele!

 –Tony, dir...

 – Cesc, Cesc!— Tenha santa paciência, meu nome está em liquidação, por acaso? – Vocês estão voltando do treino agora? Como ficou o campo? Já conseguiu a permissão para eu treinar lá?

Essa última parte ela falou com um tom mais baixo e sério, ela sendo Lily, aquela que até algumas horas atrás estava com raivinha de mim. Eu não entendendo as garotas dessa Casa. E nem de lugar nenhum, para ser sincero.

 – Já falou com James pra treinar com ele? Por que não pede para o meu cunhado Emodoll um passe para o campo? Tantas possibilidades...— Eu disse para ela, com um falso suspiro. Lily me olhou séria, depois abriu um sorriso tão falso quanto meu suspiro e segurou meus braços.

 –Sabe que não posso ficar com raiva de você, não é?— Olhei para ela, cético. O que devo responder a isso? — Sério, não posso, porque tecnicamente já estou brigada com James, então...

Ela bateu na própria testa, como se fosse muito boba mesmo, misericórdia, Lily é mesmo uma cobrinha dissimulada. Procurei Tony para compartilhar o conhecimento que, vá lá, não é novidade, mas ainda assim me surpreende, mas ele estava muito ocupado numa conversa discreta com Habermas.

 – Lily, sua manipuladorazinha cara de pau, vai treinar quando eu disser que pode. Nossa! É uma delícia ter esse tipo de poder!— Constatei encantado para mim mesmo. Ela me olhou fazendo biquinho e cruzando os braços. – Vou negociar um horário para você e os outros gurizinhos que queiram entrar no time treinarem juntos e fique feliz!

Antes que a ruivinha pudesse revidar, Tony me puxou pelo braço, me afastando dela meio que contra a minha vontade. — O que foi, cara?

Ele me olhou com uma expressão incrédula e bastante alterada, quando chegamos perto da janela que dá para o Lago Negro, longe o suficiente dos ouvidos curiosos que são muitos por aqui, ele me largou.

 – Cesc, cara...— Ele parecia mais maluco que o normal, o que é muito para alguém como Tony. — Adivinha quem não se recorda de ter te enviado uma carta sobre Haardy no Natal?

 – Alguém me enviou uma carta no Natal?— Tony me ignorou, no lugar de responder ele pegou meu rosto e virou em direção a lareira, onde um grupinho de sextanistas conversavam animadamente. – Quem? Dussel? Não? Carmi...

 – Romeo, Cesc!— Ele soltou meu rosto agressivamente, oucht, como eu poderia saber?  —  Romeo Habermas, assim como você, teve a memória apagada, isso não é... Interessante?

Olhei interrogativamente para o loiro esquisito que estava aparentemente bem integrado em sua própria turma, sem nenhum vestígio de crise existencial pairando sobre ele. Romeo ria abertamente de alguma piada estúpida contada pelo colega de quarto.

Habermas também havia perdido a memória? Ok, “perder” é o eufemismo do ano, alguém roubou nossas lembranças e essa é a primeira pista que temos em séculos! Céus, finalmente as coisas estavam voltando aos trilhos.

 –Interessante nem começa a definir o que isso é, Tony.


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Notas finais do capítulo

Uagadou - Instituto de magia africano.
aetts - Escritos de runas antigas.

Até a próxima, crianças.



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