Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 3
Capitulo 3. Entrando na rotina


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse é exatamente o que o título diz, um pouco da rotina de uma Hogwarts em paz...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635649/chapter/3

Capítulo. 3 Entrando na rotina

ZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZ

Gostaram do Zezinhos de cima? Não? Que pena, mas eles vão continuar aí. Na verdade estão aí pra sinalizar que eu estou dormindo... Então ou isso é um sonho ou, como vocês estão presentes, um pesadelo... Calma, calma! Sem estresse! Parei...

Se estou aqui pensando besteira, isso significa que eu estou quase consciente, até porque ninguém pensa tanta besteira quando está dormindo... Ou será que pensa? Ainda bem que eu não leio mentes, isso seria um grande sa...

— CESC! CESC ACORDA!— Não! Porque a vida é tão cruel comigo? Porque estão gritando no meu ouvido? Provavelmente não vou conseguir respostas virando pro outro lado ainda de olhos fechados, mas esse “provavelmente” é uma palavrinha tão idiotinha, afinal, quem precisa de provas que te farão levantar da cama de manhã cedo? Não ligo se podem provar ou não que eu não vou conseguir nada na vida dormindo...

— Estamos atrasados e você vai ficar sem o seu café, mané! – A voz de desespero de Scorp foi substituída pelo latido de Tony... Como ele é poético, rimou café com mané! Peraí... Ele disse CAFÉ?

— Já acordei! Não precisam sacrificar o meu café. – Eu levantei tão rápido que o quarto girou. Droga! Será que eu não vou me acostumar nunca com essa decoração? Acho que eu posso mudá-la algum dia, quem sabe?

—... Viu? Deu pane na criança!— Scorp falou, olhando meio assustado pra mim, como se tivesse me analisando. O que é que eles estavam falando antes?

— Cesc?

— Eu.

— Vai se arrumar!

—Sim, papai! - Tony me olhou estranho, então achei prudente acrescentar um “Eu sei que você não é o meu pai!”- SE CHAMA IRONIA, IDIOTAS! JÁ OUVIRAM FALAR?

Gritei do banheiro. Vejamos se eu não sou um gênio: me arrumei em tempo recorde, escovei os dentes, olhei o relógio e ainda pensei num método para torturar o idiota que quebrou o meu despertador! Esqueci de mencionar que acho que quebraram meu despertador... Ordem invertida, mas enfim, vocês entenderam! Minha política é “matar primeiro, perguntar depois!”. Lógica? Não sei o que é.

— Qual dos dois quebrou o meu despertador?— Saí do banheiro mandando meu olhar 13. Se o olhar 43 é apertadinho, imaginem o 13, de sexta-feira 13... Assustador e nada humano! Aprendi quando tinha cinco anos e fui obrigado a sentar no colo de papai Noel. Deprimente... Mas não vou perder o meu precioso e seu nada aproveitado tempo contando esse trauma de infância. — Vocês querem que eu repita L.Ps?

— Não precisa repetir, nós te ouvimos. Falo por mim, quando digo que não quebrei nada.- E ele iria falar por quem? Pelo Sindicato Andaluz de Trabajadores? Ninguém merece Scorp e suas formalidades... Não antes do café!

— O que é um despertador?— Me corrijam se eu estiver errado, mas eu tenho quase certeza de que já expliquei o que é um despertador... Mas eu vou explicar de novo já que o caminho para o salão comunal é longo.

— Aaaaah... Quer dizer que o treco que canta é o tal despertador?— E eu achando que o Tony sabia alguma coisa sobre cultura trouxa... – Então ele morreu...

—Morreu?

—Morreu.— Ele falou olhando muito interessado no símbolo da Sonserina bordado em sua capa. – Talvez ele tenha sido assassinado...

Eu podia acabar na prisão de muitas formas possíveis depois de ouvir uma declaração dessas, mas isso é coisa do velho Cesc. O novo Cesc, um bom garoto que não vai mais se meter em confusões, não vai fazer absolutamente nada. Vocês leram direito. Vou deixar essa passar.

Já levei uma detenção no primeiro dia de aula, isso somado a um assassinato, vai acabar com o meu futuro. Tecnicamente a detenção seria considerada uma infração maior que o assassinato de Tony, mas como não dá pra evitar a primeira vamos evitar a segunda...

— Tudo bem, mas você tá me devendo um despertador novo.

— Posso te acordar todo dia, se você quiser...— Tony falou enquanto comia uma panqueca... Nojento!

— E quem vai te acordar? Não, obrigado. Um despertador, por favor!— Abaixei para pegar meu copo de suco de abóbora e bem... É oficial, esse negócio vicia! Quando levantei a cabeça, constatei outra coisa que também é oficial: em Hogwarts só tem maluco!

— Oi! Meu nome é Rose Weasley!— O que é que é isso? Ninguém tinha mencionado que eu tinha que ser sociável com os colegas de outra casa! Ok, ok. “Temos que ser sociáveis com todos!”. Hipócritas...

A grifinória, que eu tenho quase certeza que pintou o cabelo pra combinar com o uniforme, ficou me olhando com um sorriso que qualquer um diria que era simpático, mas os meus experientes olhos me disseram que tinha um leve toque de superioridade.Fechei a cara e levantei uma das sobrancelhas em resposta a isso.

— E essa é Sarah Longbotton, viemos conhecer os garotos que levaram detenção no primeiro dia de aula.

Eu não disse? Superioridade! Me respondam uma coisa, quem em sã consciência sai de sua confortável cadeira do outro lado do salão pra conhecer dois arruaceiros? Resposta: Rose Weasley e Sarah Longbotton.

Acharam que eu ia dizer outra coisa, né? Pois não disse. Se eu fosse professor eu só perguntaria o óbvio, porque obviamente as pessoas o ignoram. Chega de devaneios! Voltemos à visita...

— São aqueles ali. O magrelo e o de cabelo preto, lá no fim da mesa. Eles estão prontos pra sessão de autógrafos.— Tony me surpreende às vezes. Só às vezes, quando ele passa de deficiente mental para cruel e ameaçador deficiente mental. Isso merece uma tese de mestrado...

— Não são não. Eu estava na sala e vi que foram vocês dois. Me digam uma coisa, como estão se sentindo depois da detenção? Não me levem a mal, mas é que...- Blábláblá... Céus! Alguém me mate! Como um ser humano pode falar tanto? Antes que vocês falem “Você fala muito!”, eu peço para que analisem todos os meus diálogos e vejam como falo relativamente pouco.

Essa garota tá falando que quer ser repórter e que a mãe dela disse que ela tem que correr atrás do que ela quer e que vai pedir a diretora para fazer um jornal... Aí eu te pergunto: quem? QUEM LIGA? Eu não.

Comecei a encarar, não ela, porque já percebi que ela não tem noção nenhuma, mas sim a amiga dela que parecia estar desconfortável com tudo isso. Encarei e automaticamente a garota adquiriu um tom escarlate.

— Rose, vamos!—A garota de olhos azuis esbugalhados murmurou baixinho, mas com certa urgência na voz. Adoro o efeito que eu causo nas pessoas.

—Ah, tá!— Ela olhou pra amiga meio elétrica ainda por causa do papo interessantíssimo que nós batemos. – É melhor a gente ir, não quero chegar atrasada nas aulas! Vocês deviam correr também.

Ela foi se afastando pomposamente do lugar em que estávamos. Afastou-se tão ridícula quanto a palavra que eu usei para defini-la anteriormente. Aff... Já ia começar a expor minhas conclusões para os dois bestas boquiabertos na minha frente, quando ela gritou já da porta do salão.

— NÃO SE ESQUEÇAM DE ME AVISAR QUANDO FOREM FAZER ALGUMA IDIOTICE!

— Pode deixar! Tudo pra te ver feliz, ruiva!— Disse Scorp, fazendo uma voz de falsa animação. Nós três começamos a rir da maluca ruiva. Espero sinceramente que ela não grude na gente e que também a diretora não permita a criação de um jornal. Já pensou? Isso aqui vai virar série americana, estilo Gossip Girl! Quem merece? Eu não!

— Cesc, ainda temos que ir buscar nossas varinhas. — Tony falou despreocupadamente enquanto passava geleia de uva em uma torrada.

— É. Vamos.— Levantei de repente, colocando a mochila sobre um dos ombros. Provavelmente eu vou ficar corcunda, mas eu já dei as minhas impressões sobre a palavra ‘provavelmente’, então... —Você vem, Scorp?

— Não, vou direto pra sala. Não quero me atrasar...— Automaticamente eu e Tony olhamos pra ele, incrédulos. Como ele pode ser tão egoísta? — Alguém precisa tirar vocês das detenções, não é?

Se saiu bem loiro! Dei um tapinha no ombro de Tony pra ele levantar. O idiota parecia um gato de rua lambendo a geleia da torrada. Porque que ele não comeu a geleia pura?

Nos separamos de Scorp e fomos de volta em direção às masmorras para buscar nossas varinhas com o professor Bradbury.

— E aí? Já sabe o que vai fazer nesse final de semana?

— Isso é uma cantada? Por que se for, eu vou logo avisando que...

—Eu preciso responder, Tony? É claro que não é uma cantada! Só queria saber o que vocês bruxos fazem no final de semana em um internato!— Deus, dai-me paciência! Tony é muito burro mesmo...

—Ah! É que do jeito que você falou... Com esse sotaque... Enfim, algumas vezes os alunos podem ir a Hogsmeade, o vilarejo próximo ao colégio.

— Sério? E o que tem de bom lá?

— Não sei e não vamos descobrir tão cedo! Só são permitidos alunos mais velhos.

— Mais velhos quanto? Eu vou fazer onze, quando vou poder ir?— Tony me olhou de cima abaixo com cara de desdém.

— Não nesse final de semana... E nem nos próximos!— Ele se controlou pra não rir. Que traste!

— Com quem eu falo para reverter essa situação? — Perguntei, me sentindo ofendido. Que absurdo essa descriminação de idades! Eles acham o que? Que só porque somos mais novos somos irresponsáveis? Ultrajante...

— Fale com a Excelentíssima senhora diretora!— Ele disse como se tivesse falando “Você nunca vai ser o Bill Gates!”. Moleque sem noção.

—Pois eu vou reclamar com ela!

— O que o senhor quer reclamar comigo?- Uma voz feminina cortou o silencio que eram os corredores das masmorras. Viramos lentamente pra trás e demos de cara com a musa inspiradora das minhas canções! Que canções que eu tenho? Nenhuma! Entenderam? Não? Deixa pra lá...

— Bom dia, diretora McGonagall!— Poxa, agora ficou bonito! Falamos juntos que nem coral de igreja! Que alegria...

— Bom dia meninos. Não deviam estar na aula agora?— Ela falou calmamente e apesar de eu ter dito calmamente, ela tinha uma expressão de que ia usar aqueles corredores como cena de um crime. Por favor, Deus! Que ela seja Tonyvora!

— Estaríamos se não fosse o professor Bradbury, que ficou com as nossas varinhas ontem, agora estamos tendo que ir a sala dele buscar...— Tony vai se sair muito mal em redação! Ele não sabe resumir!

— Porque os alunos mais novos não podem ir a Hogsmeade? — Cortei logo o monólogo dele. Não temos tempo a perder e com certeza a diretora também não. Ela ficou me olhando um pouco assustada por conta da mudança de assunto, mas eu continuei encarando ela como se estivéssemos falando sobre isso o tempo todo.

— Bem... — Ela consertou os óculos no rosto, aparentemente não só os carros velhos que precisam de tempo pra pegar no tranco. Parei! Sem mais gracinhas sobre a idade dos outros. Se eu tiver sorte, vou chegar à idade dela, só que mais bem conservado, claro! Agora é sério, parei... — Falei isso no discurso de abertura do ano letivo, mas vou repetir: os alunos do primeiro e segundo ano não poderão ir a Hogsmeade, porque não possuem maturidade suficiente, senhor..

— Fábregas! Ok, é justo a senhora pensar isso, mas e os alunos que possuem essa idade e são responsáveis? Não merecem ir?

—Regras são regras, senhor Fábregas! O senhor deve começar a se acostumar com elas. E espero que não esteja se referindo a você e ao seu amigo, que até onde sei, ficaram de detenção no primeiro dia de aula! Agora se me dão licença, tenho assuntos importantes a resolver.

Como é cruel! Acho que essa história da detenção vai me acompanhar até o dia da formatura, não, melhor, pro resto da vida. Vou estar sentado num bar, com a cara toda enrugada e vai ter um filho da mãe que vai chegar e dizer “você não é aquele garoto que levou detenção no primeiro dia em Hogwarts?”. Que tragédia será minha vida daqui pra frente...

—Chegamos!

— O que? Como?- Acho que liguei o automático, até me esqueci do que estava fazendo. Andando tentando recuperar um pouquinho da minha dignidade!

— Olha só que espirituoso! O professor Bradbury não teve a decência de nos esperar pra entregar as varinhas pessoalmente!— Pois é. Elas estavam flutuando junto a um bilhete do dito cujo.

Caros alunos retardatários,

Não pude esperar vocês chegarem do seu inadiável compromisso matinal. Espero que não tenham perdido muitas horas de sono com a pequena punição que lhes apliquei. Já me adiantei e mandei um recado para o professor de História da Magia, avisando sobre o vosso atraso. Como diretor da Sonserina, não posso permitir que dois novatos esvaziem a ampulheta de pontos da nossa honrada casa, sendo assim, vão correndo pra sala antes que eu me encarregue de fazer vocês limparem o lago com um coador de café! Acreditem, eu posso fazer isso!

Ass.: Prof. Bradbury.

— É mole? Quando eu digo que só tem maluco! Nos ameaçando por bilhete. Podemos usar isso contra ele no tribunal e...— O bilhete pegou fogo na mão do Tony. Coisa de serviço de inteligência secreta! — Bem... Acho melhor corrermos, Tony!

—Concordo!

***

Chegamos à aula de História da Magia e pasmem, um fantasma estava dando aula.

—Bizaaaaarro! Cantarolei baixinho no ouvido do Tony antes de me sentar do lado dele. O cara ou ex-cara estava tão compenetrado no assunto que nem percebeu a nossa chegada. Aparentemente ele era o único que estava interessado na aula. Não sei porque, História é uma matéria muito legal!

5 minutos depois...

Meu Deus! Que fantasma insuportável! Como ele consegue fazer uma guerra entre elfos e bruxos ser sem graça? J.R.R Talkien teria transformado num clássico, estilo Senhor dos Anéis!

Bate sino! Bate sino! Não, não estou cantando a musiquinha de Natal, aliás não gosto do Natal criado pelo marketing, é quase uma lavagem cerebral com água verde e vermelha!

Uhuu! Hora do almoço! Quem foi o desalmado que colocou uma manhã inteira de História da Magia? Essa é uma pergunta boa, vou fazer em voz alta.

—Quem foi o desalmado que colocou uma manhã inteira de aula de História da Magia?

— Na verdade foi uma determinação do Ministério da Magia feita há cinco anos. Devido a grande guerra ocorrida há 19 anos, mais um formidável capítulo foi adicionado a nossa história e para não termos que estudar mais um ano só sobre a fascinante história de Harry Potter, o...

— Rose, por favor! Vamos?— O moreno que sempre anda com ela pediu num tom de súplica.

— É Rose, ouça o seu namorado!— Eu disse tentando encerrar o assunto, mas como tudo na minha vida, essa missão foi mal sucedida também!

— Ele não é meu namorado, bobinho! É o meu primo Albus Potter. É, ele é filho de Harry Potter sim.

— Bom pra ele, mas agora, se não se importa, precisamos ir. Temos um compromisso inadiável com...

— O banheiro!- Cortei Scorp para o bem da nação, afinal de contas, ninguém questiona o que a outra pessoa vai fazer no banheiro. Todo mundo olhou surpreso pra minha cara. Eu sei que eu sou bonito!

— O que vocês três vão fazer no banheiro?— Agora foi o cúmulo! Essa ruiva não sabe a hora de parar!

— Não é da sua humilde conta no Gringotes!- Pois é, parti pra grosseria. Ninguém pode me culpar por isso... — Au revoir!

Abri caminho entre o bando de desocupados, tanto da Grifinória quanto da Sonserina. Será que só eu estava com fome? Segui para almoçar com um Tony comentando o quanto eu era mau e essas coisas de sempre...

— Em falar em maldade, o que vamos fazer esse final de semana?— Perguntei animadamente, precisava me animar mais. Não é porque não vamos para o vilarejo mixuruca que temos que ficar no tédio!

— Você quer fazer uma maldade esse final de semana?— Tony me perguntou um pouco perturbado.

—Quem falou em fazer maldade, Tony?

—Você!

—Eu? Eu nunca falei que queria fazer maldade alguma e... Dá pra parar de fazer isso, Scorp? Você não está acompanhando uma partida de tênis!

— Os trouxas partem os tênis?

— Não! O que? Pra mim já chega! Desisto... Não dá pra conversar com vocês dois!— Haja paciência! Não sei como os nascidos trouxas aguentam passar sete anos aqui! Aprendemos sobre eles, mas eles não sabem nada sobre nós! Na verdade não existem eles nem nós, porque eu faço parte dos dois grupos... Mas... Vocês entenderam!

— O que você tava falando sobre o final de semana?— Scorp perguntou baixinho. Maldade minha estourar com eles... Quantas vezes eu já fiz perguntas idiotas? Nenhuma! Eu sou uma pessoa observadora, mas vou dar um desconto a eles mesmo assim.

— Tênis também é o nome de um esporte trouxa e quando eu falei em maldade me referia à maldade da diretora McGonagall, que nos odeia!

— Ela odeia todo mundo, não liguem não!— De onde Claire surgiu?

— Olha só! A que devemos a honra de suas presenças?— Scorp disse num tom zombeteiro, simplesmente abri um meio sorriso para Louise e Claire, as nerds que fingiram que não nos conheciam ontem.

— Só estamos indo para o mesmo lugar que vocês... E a propósito, a diretora é muito justa nesse sentido. - Disse Louise no seu ar convencido de sempre.

— Imagina se décadas e décadas como diretora da Grifinória não iam fazer ela puxar o saco dos leões...— Louise olhou indignada pra Tony, que por sinal, tinha muitas informações úteis sobre Hogwarts.

— É a mesma coisa de dizer que pais têm filhos preferidos, Tony! Que absurdo...– Eu falei com ironia extra.

— Eles não tem mesmo, Cesc!

—Você tem irmãos Claire?

—Não.

—Então não fale do que não sabe!— Eu sou o preferido do meu pai e Louise da minha mãe. Simétrico assim. Seria triste se os dois pais preferissem o mesmo filho... O pior é que acontece, senão não teriam tantos casos de irmão passando a perna no outro.

Pelo menos Claire pareceu pensar no assunto. Minha irmãzinha, por sua vez, preferiu me chamar de idiota convencido... Velhos hábitos nunca se perdem.

Depois do almoço rumamos para a aula de feitiços. Tony disse que seria uma droga. Só feitiços bestas do tipo levantar penas... Eu levanto pena usando a mão, pra que precisamos aprender isso mesmo?

— Se animem hoje é uma pena, amanhã pode ser...

— Duas!— Respondi insatisfeito.

— Qualquer coisa que quiserem!— Disse Scorp emburrado por ter sido interrompido. – Não sejam tão pessimistas. O mesmo feitiço que você usa para uma pena, você pode usar para carregar uma pedra de uma tonelada!

— Ainda sim é chato... E qual é desse baixinho em cima dos livros? Acho que ele já devia ter se aposentado!

— Seguindo seu critério, quase todos os professores de Hogwarts deveriam ter se aposentado e acho que até alguns alunos...— Scorp falou olhando para um aluno da Corvinal que era feio de doer!

— Não tenho culpa se sou humanista!

—Hunf... Sei...

— Por favor, senhor...

—É comigo?— Como eu sou sortudo! — Fábregas. - Respondi cheio de vida, leia-se quase bocejando.

—Senhor Fábregas, pode demonstrar o feitiço que acabei de ensinar?

— Como quiser professor.— Murmurei um desanimado “Wingardium Leviosa” com uma das mãos apoiadas no queixo e a outra fazendo o movimento besta que o velho ensinou. A pena que estava na minha frente foi subindo até o teto. Nossa, que interessante! Uma pena que flutua!

Onde vamos ver isso outra vez? Num galinheiro quem sabe? Será que só eu estou achando isso um tédio? Acho que sim, porque tá todo mundo me olhando como se eu tivesse feito uma grande façanha.

—Parabéns, senhor Fábregas! Dez pontos para a Sonserina!— Olha só! Quem diria? Ganhei dez pontos por atender ao pedido do professor e ainda por cima com má vontade! Desse jeito vou conseguir compensar todos os pontos perdidos pelo Zabini futuramente.

Aposto que pensaram que eu era convencido só por ser, né? Sou convencido porque sou bom! Nossa até eu achei que essa foi demais... Vou parar de falar essas coisas, prometo!

— Tá vendo só? Você é bom!— Scorp disse virando pra me cumprimentar.

— Não inflem muito o ego dele, se não ele vai ficar insuportável.— Rebeca falou com um sorriso no canto dos lábios. Dei uma simples risada seca pra ela. Ainda não me esqueci que por causa dela quase adicionei mais uma detenção ao meu histórico escolar, até então imaculado.

Ela tem sentado ao meu lado em todas as aulas, mas foi a primeira vez que ela me dirigiu a palavra hoje. Garota estranha essa Rebeca Wainz!

Mais uma aula encerrada! Viva Cronus, o deus do tempo! Agora teríamos finalmente a última aula do dia, que não podia ser mais chata do que as anteriores.

— Você deve ser o nascido trouxa mais desanimado que Hogwarts já viu!- Por que Scorp é tão mau?

— Me desculpe se eu sou um macaco que não se impressiona com bananas! Eu como banana todo dia e...

— Sua metáfora seria verdadeira, se você fizesse magia com frequência e você não faz!— Tony falou cortando a minha onda. Ele tem razão, mas a minha mente brilhante não se contenta com pouco. A diretora do meu antigo colégio disse que eu tenho problema de déficit de atenção, porque tudo parece desinteressante pra mim.

Apesar de não ser oficialmente um gênio, eu sempre fazia cursos avançados só pra não cair no tédio. Resultado: perdia noites de sono pra ganhar um B menos. Pobre eu!

— Aposto que dessa aula você vai gostar!

— Vai apostar o que Tony? Um despertador novo?— Ele fez uma careta. Não, eu não esqueci o meu despertador, espertinho!

— Mal humorado...— Ele falou baixinho, quase que eu não ouvia...

— Eu ouvi isso ,Tony!

—Bom pra você que não é surdo!— Com essa ele merece um murro! Saí correndo atrás dele e ele gritando. Como é escandaloso! Não pode morrer calado que nem peixe?

—JÁ CHEGA, VOCÊS DOIS!- Não dá pra acreditar, Tony se escondeu atrás da professora! Ele só me surpreende... Pra pior! Me recompus e fui para o lado esquerdo de Malfoy, a minha vassoura estava no chão do meu outro lado.

— Cada ano que passa essa escola piora!— Ela falou, olhando pra mim. Eu acho que foi pelo menos, porque eu estava muito ocupado olhando com cara de paisagem para a minha mão esquerda. Essas pessoas que acham que me ofendem... Umpf...

— Hoje vocês vão ter a primeira aula de voo. Como metade dos alunos são da Sonserina, creio que a maioria de vocês já deve ter tido contato com uma vassoura.

— Crença errônea, eu não uso vassoura nem pra limpar meu quarto!— Cochichei discretamente para Scorp, ou pelo menos eu achei que tinha sido discreto...

— O que vocês dois estão conversando aí? Querem compartilhar com a turma?

— Querer, eu não quero...— A professora me olhou com uma cara de ódio mortal e eu tive que dar outro rumo ao meu discurso. – Mas posso contar, se esse for o seu desejo!

Baixei a cabeça em demonstração de respeito. Sou muito respeitador, respeito principalmente mulheres de cabelos curtos e calças de couro.

— Por favor, compartilhe com a turma sua observação.— Levantei a cabeça e pude ver que atrás da professora a ruiva maluca e seu bando de leões adestrados estavam rindo da minha situação. Pelo visto ela está com raivinha de mim, que medo!

— Não foi nada de mais, só estava dizendo a Malfoy que eu não tive nenhum contato com vassouras anteriormente.

—Sério?— Ela mudou o olhar severo para um curioso. – Você é um nascido trouxa? Interessante... Mesmo depois da guerra nunca tinha ouvido falar em um nascido trouxa na Sonserina. Não um sem nenhuma ligação com o mundo bruxo, você deve ser o primeiro.

— Quem disse que não tenho ligação com o mundo bruxo?

—Você tem?

—Não. — Ela revirou os olhos como se eu fosse um lunático, só fiz a pergunta porque fiquei curioso com a afirmação dela de dizer que eu não tenho parentes bruxos... Que prepotente! Vou relevar porque todo mundo aqui parece ansioso com essa aula de voo.

— A vassoura é um dos mais populares meios de transportes bruxos, claro que deve ser utilizado em ambientes livres de trouxas, mas a sua fama se deve também ao mais famoso esporte do nosso mundo: o Quadribol.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostando? Deixem-me saber o que estão achando!