Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 26
Capítulo 26. Injustiças everywhere!


Notas iniciais do capítulo

Juro que essas férias infinitas são na verdade finitas.



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Capítulo 26. Injustiças everywhere!

Injustiça.

Essa palavra resume toda a minha existência.

Já estou há um dia de castigo e isso está me matando! Que tipo de seres humanos condenam um jovem por um crime que ele cometeu, mas que nem pode ser chamado de crime pra início de conversa, SEM PROVAS?

Meus pais, claro.

Veja só que coisa, em todos os aniversários dela, de casamento, de formatura, do escambau à quatro, minha mãe fala de como foi difícil engravidar, foi in vitro, como foi difícil pra ela o parto, nós éramos pré-maturos, mas deu tudo certo e estamos aqui, eu e Louise, vivinhos da Silva Sauro, seus maiores presentes e de repente, CASTIGO.

Coerência zero.

Acompanhem meu raciocínio: então um pântano aparece do nada no meio da sala de estar dos Torres, nossos vizinhos e eu me torno o maior suspeito e de fato culpado, mas temos provas da minha inocência, falsas, mas tudo bem.

Primeira prova: não posso fazer magia fora de Hogwarts. Isso é lei mágica, todos sabem disso e se eu tivesse feito eu estaria sendo agora encaminhado para Azkaban. Ok, não é pra tanto, mas receberia uma advertência, Tony faz coleções delas, diga-se de passagem.

Segunda prova: havia lama, mosquitos e até névoa de pântano, tornando impossível que um adolescente de 13 anos pudesse fazer essa super produção Hollywoodiana sozinho, em menos de uma hora, tempo entre o momento em que os Torres foram se deitar e que a Sra. Torres levou para ir até a cozinha pegar um copo d’água. O fato da minha pessoa saber desses detalhes é irrelevante, peço que seja retirado dos registros.

Terceira prova: o depoimento de Louise afirmando que me viu voltando para casa sujo de limo é circunstancial, eu poderia ou não ter realmente caído enquanto estava dando uma volta de bicicleta pelas ruas do bairro. Quase de madrugada, ruas desertas e escuras, por que não? Não há evidência de vampiros nessa região, me sinto seguro o suficiente.

Quarta prova: o fato de existir uma Gemialidade Weasley chamada Pântano Portátil não tem nenhuma relevância para o caso e foi uma informação completamente manipulada. Sim, esse negócio existe, sim, eu tinha conhecimento de sua existência, sim, eu poderia ter comprado em Hogsmeade, sim, eu poderia ter trazido em meu malão até aqui, sim, eu...

Dane-se, Louise é insuportável!

Agora estou aqui, preso em casa por todo o feriado e só poderei abrir meus presentes de Natal no verão! NO VERÃO! Agora, isso sim é um absurdo, é bem possível que o que quer que eu tenha ganhado fique obsoleto ou estragado durante esse tempo. Negar presentes no Natal é como... Como... Eu nem sei descrever a enormidade dessa injustiça!

—Você não vai querer mesmo ir ao cinema com a gente, Cesc? – Louise fez sua melhor cara de “que peninha”, mas depois virou para uma de falsa surpresa. – Ah, é mesmo! Você está de castigo!

Nem me dignei a respondê-la, deixei que ela saísse rindo a risada de Maleficent e desejando que ela fique presa na porta giratória ou que ela sente do lado de um cara fedorento no cinema e em última instância, se o deus do Caos estiver a meu favor hoje, que ela encontre um rato em sua Coca-Cola!

Claire foi um pouquinho mais compreensiva, mas nem por isso menos cruel. Ela está indo para o cinema, não está? Pois bem, não me esquecerei disso.

—O filme estará em espanhol... – Falei ainda tirando o excesso de canela das minhas torrijas, minha mãe sabe que eu gosto de pouca canela, parece que faz de propósito! – Você não vai entender nada.

Claire roubou o doce da minha mão e colocou na boca com um sorriso esperto. Mastigou tudo, então engoliu antes de me responder. – Vamos assistir legendado, estará em inglês, porque é um filme americano.

Ela deu de ombros, como se dissesse “até no cinema somos os bons” e eu apenas dei as costas à ela, completamente desnecessária essa falta de empatia com a minha pessoa, ela poderia ficar aqui me fazendo companhia!

As duas saíram e eu acabei praticamente sozinho em casa, com Perseu dormindo em sua casinha e Uizlei em sua gaiola. O que fazer agora? Minha mãe trocou a senha do wifi e do Xbox, me deixando meio que sem alternativa a não ser zapear na TV.

Não estou afim de assistir TV, no entanto, então vou cuidar das minhas correspondências. Como Uizlei é novata nessa coisa de viagem para países diferentes, vou mandá-la fazer apenas uma entrega e o sortudo da vez será Aidan.

Caro Unicórnio,

Como você está? Soube que saiu da Enfermaria depois de embarcarmos no trem, que droga, Madame Pomfrey sabe como ser inconveniente, hein? Você teve uma contusão e bebeu bastante água, eu sei, mas se quer saber, você teve muita sorte, não teve que ficar vomitando conscientemente o lodo do Lago Negro ou escrevendo no G.E.M.E. mesmo estando obviamente doente.

Falando nisso, peça a Westhampton uma cópia dos nossos estudos da semana que você perdeu, eu particularmente não gostei de tantas suposições, mas fui voto vencido. Consegui trazer um livro para aprofundar aqueles assuntos pendentes à respeito da comunicação, que Madame Pince não saiba que trouxe livros de Hogwarts para Espanha, mas o que eu posso fazer?

Temos novidades a respeito daquela praga loira que foi a razão de tudo acontecer, aparentemente ele está envolvido com o Sr. Dragão, só não sabemos a que nível e as fontes são meio duvidosas. Segue em anexo meu número de telefone, me ligue, para mais detalhes.

Encontrarei com Sev em breve e pedirei para ele nos dar acesso a materiais mais interessantes a respeito de tudo, na volta as aulas, mas sei que isso não te interessa, só quis incluir você, Lufa-lufas sempre tem essa mania de perseguição, não sei porquê.

Feliz Natal e Ano Novo, blá, blá, blá...

F.S.F.

Para quem não entendeu os códigos: G.E.M.E., que sigla mais escrota essa, é o nome de mentirinha do Ocaso, a cópia dos estudos é a cópia da última edição, trouxe um livro “emprestado” para ver a questão das penas de comunicação, a praga loira é Haardy, o Sr. Dragão é Dolman, as fontes duvidosas é (ou são? Se contar com Marco...) Habermas, Sev é Albus e materiais interessantes são os livros da Ala Proibida.

Aidan é um garoto espertinho, ele vai entender tudo. Se ele não entender, será curioso o suficiente para me permitir chamá-lo de burro pelo telefone.

No fim das contas a nossa visita à casa dos Weasleys será bem providencial, porque poderei falar com Albus a respeito de um passe livre à Ala Proibida da Biblioteca. Eu não sei como ele faz, mas consegue ter acesso a lugares e pessoas que eu não tenho. Eu desconfio que tenha a ver com a cara de pau dele mais a fama Potter.

Porque meu trabalho nunca acaba, estou esperando que Westhampton mande ao menos um sinal de fogo falando à respeito de seu progresso com as penas enfeitiçadas do Ocaso, porque ele me garantiu que a casa do avô dele em Wrexham tem tantos artefatos mágicos que ele pode fazer feitiços não detectáveis pelo Ministério.

Eu obviamente não estou apostando muito nisso, é provável que ele vá parar em alguma casa de detenção para menores infratores, mas como Westhampton é um grande mentiroso, é capaz disso até fazer bem pra ele! Vamos aguardar novidades.

***

Estou jogando meu celular sem internet para cima a pelo menos uns vinte minutos, enquanto assisto um episódio especial de Natal dos Simpsons, que provavelmente vi pela primeira vez quando tinha dois anos de idade. Até ouvi a porta abrir, mas meu tédio está em um nível tão grande que acho que entrei em estado vegetativo.

—Voltamos, maninho. – Louise pulou no sofá ao lado do meu e aproveitou a distância curta para jogar um pouco de água do cabelo molhado de chuva em mim. – Se divertiu na nossa ausência?

—Claro, sempre o faço. – Falei só por falar, porque era óbvio que eu não estava feliz.

Houve um silêncio fora de lugar e eu resolvi tirar o olhar de um Homer sufocando Bart com as mãos, só para testemunhar uma estranha conversa de gestos entre minha irmã e Claire. Eu, discreto como sempre resolvi interferir.

—Que diabos vocês estão fazendo? – As duas pararam no ato, como se tivessem sido congeladas. Louise levantou subitamente e fez um gesto enfático para Claire não acompanhá-la. Eu resolvi não apontar a estranheza de tudo de novo.

—Claire quer falar com você, Cesc. – Olhei para a dita cuja, que mexia nas pontas das tranças, como sempre. Não consigo lembrar de muitos momentos em que Claire não estivesse mexendo em alguma coisa...

Louise saiu decidida da sala, deixando uma Claire amuada no sofá. Como Claire é mais razoável, resolvi tentar mais uma vez. – Qual o problema, sardenta?

Ela respirou fundo e levantou o olhar muito determinada. Até me ajeitei melhor no sofá para ouvir o que quer que ela tem pra dizer, sabe como eu sou curioso!

—Eu gosto de você. – Ela falou como se tivesse arrancado um band-aid. Fiquei olhando para ela fixamente, porque seria insensível fingir que não entendi o que ela quis dizer. Obviamente a melhor opção é ficar encarando com uma cara de paisagem, claro, Cesc. – Você me ouviu?

Eu provavelmente não estou fazendo a situação mais fácil, mas eu não fui treinado para essas coisas! Quero dizer, um flerte eu levo numa boa, é só corresponder ou não, não há muito mais coisas em jogo, mas com Claire... Ela é minha amiga! Fiz que sim com a cabeça tardiamente. Como boa Corvinal ela preencheu o meu silêncio com um discurso que parecia que tinha sido ensaiado milhares de vezes.

—Lembra que eu disse que resolveria até o Natal meu problema? Então, você é meu problema! Nossa, isso soou errado, desculpa! – Ela disse, soltando um riso nervoso e colocando uma mecha solta da trança atrás da orelha. – Eu recebi uma carta de Salem... Do Instituto de Magia de Salem, eles estão trazendo de volta os americanos...

Eu acenei com a cabeça, em entendimento. É notícia recorrente nos jornais bruxos que o Instituto de Bruxas de Salem está quase pronto para chamar de volta seus alunos. No período pós-guerra eles estavam com uma população de estudantes grande demais para sua estrutura, o Novo Mundo recebeu muitos bruxos fugidos da guerra no final da década de 90.

Mais recentemente, em tempos de completa paz, eles fizeram um acordo com Hogwarts para que alguns alunos americanos viessem estudar na Europa, enquanto eles contratavam mais professores e melhoravam as instalações.

A Grã-Bretanha estava com uma população reduzida e aceitou de bom grado o acordo. Agora Salem vai voltar a pleno vapor, mas os alunos americanos tem o direito de escolher se vão ou se ficam, caso já estejam matriculados em outras instituições. Não sabia que Claire estava cogitando voltar para lá...

—Está pensando em ir? – Ela não me olhou nos olhos quando deu de ombros. – Quero que fique, se eu puder dizer algo a respeito.

Ela levantou o olhar, por Merlin, levantou um olhar de um jeito esperançoso! Eu gosto de Claire, gosto muito, quão egoísta seria usar os sentimentos dela por mim para fazê-la ficar? - Quero muito que fique, Claire.

Ser absolutamente manipulador, essa é minha sina.

Peguei na mão dela e engoli em seco, eu sei que estou fazendo o certo, Claire sempre foi muito boa pra mim e para todo mundo, desde o início! Desde quando me ajudou a sair daquela confusão com Tony nos corredores do trem na nossa primeira viagem à Hogwarts. Desde que aceitou ser a melhor amiga da idiota da minha irmã. Ela sempre nos entendeu, sempre foi uma boa influência pra mim, especificamente.

E que ela esteja apaixo... Gostando de mim, é um milagre!

Me aproximei dela, olhando nos olhos castanhos quase esverdeados. Claire é definitivamente uma garota bonita, mesmo que as sardas lhe dê um ar de inocência com o qual não estou acostumado. Encostei meus lábios nos dela e ela ficou quieta, esperando, tão diferente das outras garotas com que eu já estive...

Talvez seja isso exatamente o que eu preciso: alguém diferente. Alguém que não alimente meu fogo e sim me acalme, porque calmo e doce é exatamente como o beijo de Claire é e isso é bom, certo?

Sim, é bom.

***

—Então vocês estão namorando? – Louise nos olhava como se estivesse vendo dois filhotes de pufoso, iria fazer um gesto obsceno para ela, mas Claire estava segurando a minha mão de fazer gestos violentos, infelizmente.

—Você vai ficar se vangloriando, não é? – Minha namorada, hahaha, que coisa legal de dizer, falou divertida para a melhor amiga, eu preferi ficar calado, para não estragar o clima de visível e doce paz.

—Eu sou o cupido dessa história, eu disse que ele retribuía, mas era obtuso demais para falar alguma coisa! – Dane-se a paz, Louise não me dá outra alternativa.

—Você não tem nada melhor pra fazer não? Por que não vai procurar uma maquiagem preta para o seu namoradinho, Louise? Um rímel, talvez? – Sim, fiz questão de ouvir algo que Rebeca disse apenas para usar neste momento. Ela ficou irritadinha, a minha irmã pôia.

—Que coisa chata! Por que você fica dizendo que ele é emo? – Ela não colocou, mas as mãos estavam na cintura metaforicamente falando. Louise é uma garota barraqueira.

—O que você acha, Claire? Digo a verdade pra ela? – Claire sorriu docemente e fez que sim com a cabeça. Tá vendo? Perfeita pra mim! – Seu namorado é melancólico, isso nos melhores dias, tenho medo de provocá-lo demais e ele cortar os próprios pulsos...

Louise fez uma cara estranha, que eu prefiro interpretar como “talvez haja verdade em algo aí”, mas depois ela fechou completamente a cara. Claire escondeu o rosto em meu peito, para que a amiga não visse o seu riso de concordância. Todo mundo sabe que Frank Longbotton tem um quê contemplativo/ sorumbático e para completar ele não admite ser emo, o que o torna um emo, de fato.

—Você é tão palhaço, espero sinceramente que Claire te conserte um pouco. – Aff, até parece, ela gosta de mim do jeito que eu sou, azar o seu. – Além do mais, acho que diz isso porque não o conhece, que tal dar uma chance à ele?

—Que tal dar uma chance à Rebeca? – Ela me olhou surpresa e eu pude sentir Claire um pouco tensa em meus braços. Qual é! Essa briguinha delas é sem sentido. – Você nunca deu nenhuma chance para meus amigos, Tony que o diga, você o trata super mal.

—Tony é um ridículo, ele GOSTA de me irritar. E Scorp é uma cobra, não confio nele! – Eu olhei para ela ofendido, como espera que eu dê uma chance aos amigos dela se ela pensa assim dos meus? – E Wainz eu não vou nem comentar, você poderia encontrar companhias melhores em Azkaban...

—Sabe quando eu vou dar uma chance a Longbotton? Quando nevar em Sevilla! – Ela me olhou triste, que menina hipócrita! – Mas admito que você parece se encaixar perfeitamente com aquela corja dos “wannabe heroes”.

—São pessoas legais, Cesc, acho que se você desse uma chance poderia até... Gostar deles, quem sabe? – Fiz uma careta de nojo, mas Claire apenas me deu um selinho que desarmou meu semblante honesto. Desculpa, sardentinha, mas não vai rolar. Ela pareceu perceber meus pensamentos. – Não vai tirar pedaço tentar.

Olhei para Louise e ela olhava com aquela cara de encantamento que já estava realmente me irritando. Ela piscou para mim, palhaça. A parte ruim de ter pedido Claire em namoro agora, é que ela volta para os E.U.A hoje e me deixa com sua ridícula amiga que se acha A CUPIDO, me atazanando.

Estou quase arrependido disso.

***

Claire foi embora ontem, mas nem tive muito tempo para refletir a ausência dela porque meus avós chegaram logo em seguida para o Natal, cadê a pipoca, gente? Três velhinhos cheios de veneno e tempo disponível, amo o Natal na casa dos Fábregas!

— Esta casa es muy pequeña, cariño! [Essa casa está muito pequena, querido!] – Minha avó paterna, acha que uma casa com quatro quartos é pequena para quatro pessoas, sendo que duas delas passam a maior parte do ano fora, só porque ela está tendo que dormir no meu quarto e eu no ático, o que nem é tão mal assim...

— La casa tiene el tamaño adecuado, tata Carlota, es muy grande la mayor parte del tiempo. [A casa tem o tamanho adequado, vovó Carlota, ela é muito grande na maior parte do tempo.] – Minha mãe falou com toda a paciência do mundo, pela milésima vez. Vó Carlie na verdade não parece gostar de ter que morar em outro lugar e ter que deixar o trono de rainha do lar para minha mãe. Bem, isso na verdade já rola à 15 anos, mas fazer o quê se os Fábregas são muito teimosos para seu próprio bem? Mesmo as que viraram Fábregas por casamento...

—¿Cómo puedes decir eso? Su hijo está durmiendo al aire libre! [Como pode dizer isso, seu filho está dormindo ao relento!] – Eu abracei minha vó querida, o que fez minha mãe franzir os olhos pra mim, mas depois sorrir angelicalmente. Hoje ela não pode me atingir. Minha avó Lali saiu da cozinha com um avental de “melhor vó do mundo”, só para render mais a briga.

—Ora, Carlota, lo recubrimiento del ático han pasado años que fue hecho, Cesc está perfectamente bien allí! ¿Prefieres estar subiendo las escaleras en lugar de dejar que un niño de 13 años hace? [Ora, Carlota, o revestimento do ático já foi refeito a anos, Cesc está perfeitamente bem lá! Preferiria ficar subindo as escadas ao invés de deixar um menino de 13 anos fazer?] – Vó Lali é gente fina e mesmo que não fosse, estaria perdoada porque cozinha bem demais!

—Es tranquilo, abuela, hago todo para su comodidad! [Está tranquilo, vó, faço tudo pelo seu conforto!] – Louise fingiu que estava vomitando, enquanto vô Benício mostrava à ela pela enésima vez, seus cartões postais da época que ele deu a volta ao mundo. Bem feito!

Veja bem, não importa o quanto Louise esteja certa a respeito do meu puxa-saquismo exagerado, todo mundo sabe que os presente da vó Carlie são os melhores, tenho que garanti-los mesmo que sejam apenas para ser abertos no verão.

Ainda não estou acreditando nisso...

Pelo menos isso serviu para eu passar uma fantástica cantada em Claire: “Você é um presente que eu vou poder usufruir antes do verão!”, ela amou, porque eu sou demais, claro.

Caveira tocou o tema do filme Psicose, o que deixou toda minha família em alerta, olhei o visor e vi que era um número desconhecido.

—Alô.

—Hey, Cesc! Nossa, essa ligação para Espanha vai sair cara! Que tal ligar a sua lareira no sistema de comunicação e baratear a minha vida?

—O que eu ganho com isso? – Aidan riu do outro lado da linha, tá parecendo bem saudável para o meu gosto. – O que você quer?

—Você me mandou ligar, achei que queria ouvir o som da minha voz!

—Deixe de palhaçada, fala logo porque ligou.

—Queria saber de que praga loira você estava falando. E o rei dragão também pode ser traduzido, se não for muito incômodo...— Revirei os olhos para como Aidan é besta. Peguei uma maçã de um cesto no balcão e fiquei assistindo os preparativos do Natal daqui de casa. Logo, logo iriamos sair para ver o belén vivente, um presépio feito com atores reais. Eu já sei até as falas, mas ai de mim ousar falar que não quero ir.

Contei a Aidan tudo que ele precisava saber dos acontecimentos pós-lago e acrescentei mais alguns minutos, recompensados por uma senhora Hataya mandando Aidan desligar o telefone aos gritos, estou fazendo meus próprios presentes de Natal, minha gente!

***

O Natal foi uma coisinha sem graça, com exceção da comida, claro. Mas sem presentes, fica muito difícil curtir o aniversário do menino Jesus, meus avós que me perdoem. Provavelmente efetuei minha reserva em uma suíte no inferno com esse pensamento, pobre eu.

Mas tudo bem, porque meus melhores amigos para sempre, amém, chegaram hoje de manhã aqui em casa e nós estamos nos divertindo tanto, mas tanto, que nem tenho palavras para descrever o nível da minha diversão nesse momento...

—Posso assumir um dos controles agora?– Scorp apertou o botão do play de novo e tanto ele quanto Tony continuaram jogando no MEU videogame como se eu não tivesse dito absolutamente nada. – É oficial, vocês estão viciados.

—Não seja ridículo, acabamos de começar!– Scorp falou sem nem tirar os olhos da tela e Tony nem isso fez, mudo estava, mudo ficou.

—Estão jogando há quatro horas! - Levou um tempo, mas Scorp deu uma pausa no jogo.

— Quatro horas? Impossível!– Olhei sério para a cara dele, Tony parecia pausado também porque ficou congelado, esperando o jogo recomeçar.

— Eu quero jogar! – Falei tentando tirar o play 2 da mão do loiro, Tony é obviamente mais forte e motivado do que ele, então eu nem me arrisco. Só que Malfoy tem uns golpes bem rasteiros... – Vocês dois são muito egoístas!

—Você está de castigo! É por sua causa que nem sequer podemos sair de casa!– Scorp falou se defendendo do meu ataque, quase enfiando o cotovelo ossudo no meu olho. Maldito!

— Você não podia ter esperado um pouco pra se vingar da sua inimizade? É isso que acontece quando não se tem um estrategista decente envolvido na história.– Tony disse, satisfeito que ninguém se metia com seu controle play 1. Certos problemas a gente simplesmente evita.

Parei de lutar com o loiro para dizer umas verdades a Tony. – Nem estrategista, muito menos decente você é! Honestamente, nem sei em que categoria a sua burrice se encaixa!– Ele largou o controle para ajudar Scorp contra mim. INJUSTIÇA!!!

—JÁ CHEGA VOCÊS DOIS! Ninguém vai jogar mais nada! Pronto, acabou o jogo! - Scorp se levantou e desligou o jogo diretamente na tomada, filho de uma Morgana desdentada! –Vamos falar de coisa séria!

—Do namoro relâmpago de Cesc? Porque estou pensando em interná-lo na ala de pacientes com danos permanentes do St. Mungus... Desde quando você gosta de Claire?– A melhor defesa é o ataque. Então eu me levantei, consertei minha roupa e voltei para o meu lugar.

—Pior você que está namorando uma garota que nem gosta! - Ele colocou a mão no coração, ofendido.

—Pior Scorp que nem namorada tem! – Eu dei risada com Tony, porque Scorp corou.

—Estava me referindo a carta de Habermas!– Scorp falou meio irritado. Levantei para buscar a dita cuja. – Precisamos definir o que faremos daqui pra frente.

— Preciso ver com meus próprios olhos. – Mencionei algo sobre a carta na vinda de Santa Cruz, ponto de encontro bruxo, onde busquei os garotos com meu pai já que nossa lareira não cabe seres humanos. Não pude entrar em detalhes, porque não queria que meu pai ouvisse muita coisa.

Entreguei a carta a Tony e Scorp se posicionou para ler tudo sobre o ombro dele. Me joguei na cama e fiquei esperando o veredicto.

—Definitivamente mal escrita.– Tony disse com desdém, entregando a carta para Scorp terminar de ler. Eu revirei os olhos.

—Isso é irrelevante! E a informação que ele disse, o que você achou? – Às vezes acho que Tony só veio ao mundo para me irritar! Scorp terminou de ler e enrolou o pergaminho desse jeito organizado dele.

—Isso é muito grave. Se Habermas estiver falando a verdade, os frutos podres foram tirados, mas a árvore infectada continua lá em Hogwarts!– Que metáfora adequada, Malfoy! Tony, se apoiou na minha escrivaninha e cruzou os braços, na falta da varinha ou bastão para girar. Ele baixou a cabeça, refletindo. Como eu já estava nessa a mais tempo que eles resolvi falar o que penso.

— Temos que achar o fornecedor dessas poções.– Tony levantou e olhou pra mim daquele jeito concentrado dele, modo "plano em andamento". – Streck e até mesmo Haardy são só peixes pequenos, tem alguém naquela escola que realmente está usando a ambição de alguns idiotas para faturar.

Scorp concordou comigo com a cabeça, mas Tony torceu a boca em leve desacordo.

— Dolman não falou quem era o fornecedor em depoimento à aurores, como a gente vai chegar perto desse cara?– Ele perguntou, me fazendo passar a mão na cabeça exasperado, que droga! Ele tem razão.

— Vamos continuar na cola de Haardy, temos muita gente que pode ajudar, colocamos todo o Ocaso atrás dele e se ele realmente estiver envolvido com algo, descobriremos.– Scorp falou assumindo pela primeira vez na vida o posto de otimista do grupo.

— Eu diria mais, somos o público-alvo desse fornecedor! Diferente dos aurores, ele fornece para nós, alunos, jogadores...– Eu falei, agora recebendo apoio dos meus dois melhores amigos. – Westhampton pode fingir interesse, você Scorp, pode fingir interesse também, Aidan e até mesmo Albus, em última instância e aí a gente pega esse cara no ato!

Finalizei minha ideia. Os dois concordaram com a cabeça, mas Tony ainda parecia querer falar mais sobre o assunto.  –E o jogo?

—Que jogo?– Perguntei, sem entender do que diabos ele estava falando.

— Contra à Corvinal. Se Haardy vai usar as poções contra a gente, teremos que trabalhar com a possibilidade de podermos perder feio para ele. Como fica o acordo?

Esse bendito acordo! Parecia tão promissor na época...

— Baseei todas a estratégia de jogo contra a Corvinal no fato de que Haardy iria manter a palavra dele, mas não estou certo de que fará isso. – Scorp me olhou com uma cara de “Sério? Você é inocente a esse ponto?”, que saco! Na hora que ele tinha que falar pra eu não topar esse acordo ele não falou!

Pensando bem... Acho que ele falou sim.

—Sabíamos que era arriscado desde o início. – Tony me defendeu, mantendo o apoio que ele me deu na época do infame acordo de ajudar Haardy a se safar das garras de Weasley e seu jornalzinho de quinta.

— Não pode deixar Dussel sozinho, Cesc! Se Haardy não cumprir a parte dele do acordo, há uma grande chance de ficarmos de fora da final. – Scorp falou meio desesperado, me lembrando a idiotice de uma estratégia que consiste em deixar o meu apanhador completamente desprotegido, já que o apanhador adversário supostamente não deveria tentar pegar o pomo.

—Eu sei disso! Mas honestamente, acho que há uma grande possibilidade dele tentar cumprir o acordo. Ir pra cima da gente com toda a força, logo no início, fazer um placar elástico... As poções ajudariam! – Falei numa última tentativa de salvamento da minha estratégia estúpida. Tony que deveria ficar do meu lado, resolveu virar a casaca.

—As chances disso acontecer são pequenas. E até mesmo alguém tão arrogante quanto Haardy sabe disso. – Ai, Tony, volte a ser o estúpido de antes, assim você está acabando comigo. Eu realmente acho que Haardy é arrogante o suficiente para cumprir o acordo, apesar do jeito que ele falou comigo naquele dia no corredor, meses atrás...

—Mas ele fará. É inteligente, talvez faça apenas para que a gente mantenha a nossa estratégia e...

—Não entre nisso! Não tente adivinhar o que ele vai fazer, todas essas hipóteses... Mantenham a cabeça no jogo, vocês dois! – Scorp foi enfático e contra esse argumento não posso mais. Tentar ganhar de um corvinal em um jogo de manipulação, estratégia e blefe é um desafio grande até para um sonserino.

—Faremos ele cumprir com sua palavra, Cesc. Vamos tirá-lo do jogo logo no início. Definitivamente. Não daremos a ele todas essas opções... – Usar a mesma estratégia que James Potter usou contra mim? Tenho que admitir que a ideia de acabar com a raça de Haardy sem dó nem piedade parece extremamente atrativa...

—Daremos a ele apenas amor duro? – Perguntei já sentindo o sangue de Haardy nas minhas mãos, não me olhem assim, ele merece! Tony sorriu para mim, um sorriso ladino, com sua aura destrutiva bem aparente.

—O melhor tipo de amor que existe...


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Notas finais do capítulo

Não sei se gosto ou desgosto desse capítulo, mas consegui colocar duas cenas que estavam escritas a séculos, conseguem adivinhar quais?