Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 14
Capítulo 14. Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Só lembrando que todas os termos e locais que aparecem nos capítulos foram pesquisados, possivelmente adaptados, então, estou mantendo algumas coisas bem parecidas com as da série, um trabalho danado, pra vocês matarem as saudades de Hogwarts, mesmo que só um pouquinho...



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Capítulo 14.

Eu admito, eu estava errado. Não, melhor! Tony estava errado todo esse tempo. Lufa-lufas podem sim ser pessoas decentes. No fundo, no fundo eu sempre soube que isso era possível, afinal, lá fora, no mundo real, as pessoas não se definem por Casas como aqui na escola, mas ainda assim... É bom fazer parte de um grupo e não do outro cujo mascote é um texugo.

Apesar de que texugos são engraçadinhos, com suas máscaras de bandido e tudo mais...

—Eu realmente acredito que o professor Longbotton deveria ser o diretor de nossa casa, mesmo tendo sido da Grifinória – Aidan Hataya, meu novo amigo da Lufa-lufa estava argumentando algo completamente sem sentido pra mim.

—Você só o quer como diretor porque ele é famoso! O que de bom ele possivelmente faria por vocês? – Ele me olhou como se de repente eu tivesse criado dois chifres na testa.

—Tá brincando? Pra começar ele daria um jeito naquele estúpido do Pirraça! Ninguém me convence de que não foi algum engraçadinho que o persuadiu a ficar empilhando as armaduras do primeiro andar na frente da entrada da Lufa-lufa.

Eu dei risada disso. Esse trote do Pirraça já estava acontecendo a dois dias. Nem mesmo o Barão Sangrento conseguiu convencê-lo a parar com isso, não que eu o tenha visto tentar, de qualquer maneira.

—Ele ganhou um chapéu novo, você viu? Talvez sua resposta esteja aí! – Ele me olhou estreitando os olhos já naturalmente estreitos. – Verde limão, mantendo o formato de sino!

Fiz o formato com as mãos, deixando Aidan ainda mais irritado, eu ri de novo.

— Não falaria isso se o poltergaist estivesse atazanado a sua casa! Fora que...

—Fábregas! Fábregas, preciso falar com você! – Weasley chegou se esgueirando e cortando a fala das pessoas, mal educada como sempre.

Aidan já ia saindo de fininho, mas eu segurei ele pelas vestes. Se eu tenho que aguentar Weasley, ele também vai ter que aguentar. Os lufanos são ou não são fiéis?

—Como posso te ajudar ruiva?

—Você leu o Hogs News dessa semana? – Ela abraçou os livros parecendo ansiosa pela minha resposta.

—Ainda não. – Ela já ia desatar a falar. – MAS! Mas... Está na minha lista de prioridades! Tipo... – Olhei pra Hataya desesperado por ajuda. – Tipo antes do meu dever de poções e atrás apenas da carta que eu vou escrever pra minha mãe!

—Boa, Cesc! – Nossa Aidan, assim nem parece que eu estou mentindo... Dai-me paciência, Senhor!

—Abrimos uma nova sessão no jornal, de respostas a perguntas dos alunos chamada...

—Eu nem quero saber! – Fiz um gesto enfático, porque... Weasley é péssima para nomear as coisas, já sabem.

—Pois então, recebemos uma pergunta de um aluno que se identificou como Batedor Irado, que está com problemas com garotas... – Ela falou fazendo aquele gesto para que eu continuasse a história.

Eu e Aidan ficamos esperando ela continuar, completamente perdidos. Sério.

—Bem... Não há muitos batedores na escola então... – Ela colocou a mão no meu ombro, eu olhei para aquilo como se fosse uma mão desencarnada. – Se precisar mesmo de conselhos, eu posso ajudá-lo.

Aidan, aquele cretino, começou a dar risada. Não importa de onde venha, só me associo com gente errada.

—Hey! Por que eu tenho que ser esse batedor perdedor? Tem pelo menos mais 7 possíveis candidatos a esse cargo!

—Quantos escreveriam “mas se for um perdedor da Lufa-lufa que responde nessa sessão, nem se dê ao trabalho”?– Aidan me olhou acusadoramente. O termo “perdedor” é praticamente uma assinatura dos sonserinos aqui na escola. A qual é! Eu não sou amigo de um Lufa-lufa agora? Por que eu escreveria isso?

—Bem, talvez se trate de um cara que tenha tesão por batedores, sua lista aumenta exponencialmente aí! – Falei desafiadoramente.

—Tesão por batedores? Mas ele deixou bem claro que tem problemas com garotas! – Weasley disse impacientemente.

—O que uma coisa tem a ver com a outra?

—Talvez esse seja o problema que ele tem com garotas... – Aidan completou inutilmente, se divertindo com a conversa bizarra.

—Fábregas, você sabe o que significa a palavra tesão? – Weasley perguntou estranhamente.

—Claro que sei, significa admiração, né? – Aidan deu uma risada escandalosa que tapou com as mãos. Por isso que eu não ando com gente da Lufa-lufa!

—De certa forma, só que... Você sabe, fisicamente. – Ela corou forte. – Uma atração física intensa.

—Ahhhhh! Que bom que eu não disse a diretora que eu tinha o maior tesão por ela então... – Weasley e Aidan deram bastante risada agora. Que feio essas pessoas que ficam rindo da dificuldade dos estrangeiros com algumas palavras bobas. – Eu apenas confundi a...

Eu fui interrompido por gritos de surpresa vindos da Grande Escadaria. Nos entreolhamos e Weasley tomou a dianteira, correndo na nossa frente em direção ao som. Fofoqueira! Eu e Aidan a seguimos de perto.

Quando chegamos na base das escadarias, no térreo, vimos o motivo do susto. Várias das escadas estavam presas em ângulos estranhos, entre andares, dando para paredes e quadros, com alunos confusos tentando saber como sair delas. Mas o mais estranho de toda a situação era que todas as 142 escadas da Grande Escadaria de Hogwarts estavam anormalmente quietas.

Paradas.

Weasley parecia emudecida, olhando para a galeria de quadros e degraus completamente caótica, de um jeito diferente do usual. Aidan não sofria do mesmo mal dela e já estava perguntando a um colega de Casa o que havia acontecido.

—Pararam todas ao mesmo tempo, como se alguém as tivesse congelado! – O garoto moreno respondeu a Aidan.

—Na verdade foi mais como se a bateria tivesse acabado. Acho que a diretora esqueceu de pagar a conta de magia desse mês.

Nós três olhamos para a grifinória louca do quarto ano, que parecia estar achando tudo aquilo muito divertido. Weasley parecia bastante tentada a azarar a colega de Casa sem noção. Conheço muito bem o sentimento...

—Isso não faz sentido algum! Não é como se esses feitiços pudessem se desbotar com o tempo! A escola foi construída com a magia dos quatro fundadores! Cada degrau, cada pedra e vitral impregnado com magia elementar...

—Diga isso para a Grande Escadaria, ela não parece muito “impregnada de magia elementar” nesse exato momento... – Falei com ironia, apenas a título de provocação. Também estava bastante impressionado com o fato.

Antes que Weasley pudesse retrucar, a diretora apareceu junto com outros professores, vindos do corredor do quarto andar, pra colocar ordem na bagunça.

—ATENÇÃO TODOS, ATENÇÃO! PEÇO QUE TODOS OS ALUNOS SE ENCAMINHEM PARA AS SUAS RESPECTIVAS AULAS UTILIZANDO AS ESCADARIAS LATERAIS. EM CASO DE DÚVIDAS DE COMO PROCEDER, PEÇAM AJUDA AOS MONITORES.

O burburinho que tinha parado com a fala da diretora recomeçou com força total. Olhei para a cara de Weasley e ela me olhou ainda parecendo esperar mais alguma instrução que com certeza não viria nesse momento.

O professor de Feitiços, metade duende, metade bruxo, o que sempre me intrigava, assim como Hagrid e sua concepção bizarra, começou a mover as escadas que estavam mais próximas dele, no terceiro andar, liberando os alunos ansiosos.

Eu continuei parado no lugar observando os feitiços que ele estava fazendo, muito mais interessantes do que os que ele fazia em aula, provando que o velho Fílio Flitwick ainda tem uns truques na manga, quem diria?

—Vamos, Fábregas! Temos aulas de poções agora. – Weasley falou mandona como sempre.

— Pode ir indo, quem tá te segurando? – Falei tentando fazer leitura labial pra ver que feitiço o baixinho estava usando exatamente, ele parecia estar regendo uma orquestra. Caso a força que move as escadas não volte, eu voto pra deixarem o velho mestre fazendo esse trabalho aí, muito legal!

—Professor Bradbury não gosta de atraso, você sabe muito bem disso!

—Acho que ele vai abrir uma exceção por conta dos acontecimentos do dia, não acha? Que culpa eu tenho de ter ficado preso em uma das escadarias? – Falei inocentemente, Hataya apenas maneou a cabeça, já tendo entendido como a minha mente funciona, coisa que Weasley não fez em séculos de convivência.

—Mas você não... Argh! Deixa pra lá! – Ela saiu andando, dando um agarre de jiboia no pobre Bebidas e Poções Mágicas, de Arsênio Jigger, enquanto seguia para as escadas da asa oeste, que dá nas Masmorras.

—Bem, eu vou me mandar para lá também... História da Magia no quarto andar. – Aidan disse desanimado. – A gente se vê por aí?

—Claro... Boa sorte na aula. – Falei meio distraído, ainda tentando entender o que diabos aconteceu aqui!

***

Quando eu finalmente arrastei as minhas correntes até as Masmorras, a maior parte da turma já estava começando a trabalhar na poção que estava no quadro. Bradbury levantou a cabeça de suas anotações e me olhou doido para reclamar. Só que hoje ele não pode.

A vontade era de me jogar no chão e rir até vomitar, mas obviamente eu não posso fazer nada disso também, então apenas me aproximei da minha carteira, a que eu divido com Rebeca e sentei. A dita cuja já estava pronta pra guerra, com o cabelo preso no alto e olhar compenetrado. Ela está obcecada em ser a melhor da turma esse ano e isso me assusta.

—Ok, chefe, no que posso ser útil? – Wainz me deu um olhar de morte, pior do que o do professor.

—Ser útil? Você? – Garota cruel. Ela ainda está irritada comigo por ter aceitado a proposta de Louise. Diferente de mim, ela não está tendo progresso na Grifinória. – Por que não tenta pegar o bile de tatu lá no estoque?

Olhei para o quadro e vi escrito Poção para Queimadura. Dei uma checada rápida na nossa mesa e percebi que realmente só estava faltando a bile. Olhei para a confusão na porta do estoque. Bem a cara de Bradbury não colocar ingrediente suficiente na mesa de ingredientes só para causar um leve caos.

—Filho da mãe... –Sussurrei baixinho pra mim mesmo, mas Weasley com sua audição quase canina, me olhou feio lá da frente da sala. Eu não mereço isso.

Fui até a muvuca e comecei a usar meus cotovelos para passar pelo bolo de grifinorios e sonserinos que pareciam mais interessados em discutir e implicar um com outro do que pegar o material. Consegui chegar até a frente e pegar a bile dentre todos os outros ingredientes igualmente nojentos daquele estoque. Merlin, eu odeio poções com todas as minhas forças!

Voltei para o meu lugar e entreguei o frasquinho para Rebeca. Nem um obrigado eu recebi. – Vai anotando aí. – Me jogou um pergaminho agressivamente.

—Vai ser a sim agora, Wainz? Vai me tratar como lixo? – Ela levantou os olhos muito azuis e me encarou seriamente.

—Vou te tratar assim até você convencer a vadia da sua irmã... – Algumas cabeças viraram pra ouvir melhor o que ela estava dizendo. Até Bradbury pareceu um pouco interessado, olhando por cima dos óculos quadrados. –A gente fala sobre isso depois, ok? Vamos trabalhar.

Cheguei bem perto dela e falei baixinho, só pra ela ouvir. – Você não vai gostar do que eu vou te dizer depois, sem testemunhas.

Ela se afastou rapidamente um pouco corada e parecendo um pouco menos furiosa. Mas é bom que ela recupere essa fúria mais tarde, porque nós dois vamos ter uma conversa BEM séria.

Nós não trocamos mais uma palavra a aula toda. Eu escrevi o relatório da poção e levei até a mesa com o vidrinho com o líquido de cor alaranjada que Rebeca produziu. Bradbury pegou o frasco, olhou contra luz e depois guardou na caixa com as outras poções já entregues.

—Sr. Fábregas, se eu te pedisse pra fazer uma poção sozinho, qualquer uma, o senhor conseguiria?

Respirei fundo, porque com seres humanos como Michael Bradbury você tem que fazer tudo no máximo de sua racionalidade.

—Possivelmente. As que já fizemos, do nosso ano.

—Eu vou me forçar a acreditar nisso, porque seria péssimo suspender o capitão da casa que eu dirijo. – Não respondi nada a ele, qualquer coisa pode ser usada contra mim no tribunal. – Recebi seu recado. Reservei o campo pra amanhã das 15 às 18hs, está bom assim?

ESTÁ ÓTIMO!

—Claro, professor.

—Bom... Espero que a gente ganhe a Copa esse ano.

—Eu também.

Quando a aula finalmente acabou ainda estava meio em choque com o acontecido, nunca, NUNCA na história desse planeta, Bradbury foi algo próximo do tolerante comigo. O. QUE. ESTÁ. ACONTECENDO. NESSA. ESCOLA?

Sai andando meio distraído em direção à Grande Escadaria, por força do hábito, quando fui parado por Tony.

—Ainda está quebrada!

—Ah! É mesmo... Você viu o que aconteceu? – Ele fez que não com a cabeça, Scorp estava se aproximando. – Bradbury reservou um horário no campo amanhã pra gente, um horário decente!

—Sério? Por que?– Resolvemos sair pela entrada do viaduto e fazer o caminho mais longo até o Grande Salão para o almoço. A escada oeste deveria estar um inferno de cheia agora.

— Eu não faço a menor ideia... – Parei no meio do viaduto, com direito a vento bagunçando cabelo e vestes, como num clássico de cinema. Scorp e Tony me olharam estranho. – Falando em estranheza... O que deu em você para escrever pra coluna idiota da Weasley pedindo conselhos amorosos?

Terminei minha frase dando um soco no braço de Tony. Mas que palhaço! Essa criatura lazarenta não tem mais dignidade não?

—OUTCH! Do que é que você tá falando, bisonho? – Ele me disse indignado massageando o lugar que eu o acertei. – Que porra de coluna é essa?

Scorp segurou Tony pra que ele não avançasse em mim. Mas que audácia desse moleque! Ele que fez a idiotice aqui.

— Pediu conselhos no Hogs News com o codinome de Batedor Irado! Você está usando ácido?

— EU NÃO FIZ NADA DISSO!

Scorp soltou um “Ops” suspeito e empurrou Tony um pouco mais forte do que o necessário.

Depois saiu correndo.

Eu e Tony nos entreolhamos por dois segundos, que foi o tempo pra percebermos o que aquele Loiro Platinado filho de uma químera manca havia feito. Ele já estava quase entrando no castelo a essa altura, aquelas perninhas magrelas correm que é uma beleza.

Scorp, o rei da trollagem ataca novamente!

— Ele está mort... CACETE! – Tony deu um soco no meu braço de combate. – Merda, Tony!

—Agora que estamos quites, vamos lá dar uma sova naquela lombriga albina que chamamos de amigo.

—Bem, não podia ter falado melhor.

***

No fim das contas a gente apenas fez Scorp mastigar a meia suja de Tony, nós nunca conseguimos ser violentos com o loiro. Estranhamente ele sempre escapa da nossa fúria... Terminamos de almoçar, com Rebeca sentada o mais diametralmente longe possível da gente, o que não passou despercebido por ninguém.

—Ela está te evitando... – Tony disse enquanto terminava sua crumble de ruibarbo. Ele sempre se demora nas sobremesas.

—É melhor mesmo! Não sei o que foi pior, ela falar naquele tom comigo ou chamar minha irmã de vadia... – Scorp me olhou com aquela cara de nada que antecipava o seu bote.

—Uma grande ironia se você me perguntar... As vadias deviam se proteger! – Eu olhei pra Scorp, dizendo tudo que tinha pra dizer a ele com O olhar. – Você me entendeu! As garotas deviam se apoiar! Girl power e tudo mais...

—Rebeca chama todo mundo de vadia, ela já ME chamou de vadia... – Tony disse dando de ombros.

— Mas você é uma vadia! – Ele me olhou feio, eu ignorei. – O caso é que ela não pode falar daquele jeito só porque as coisas não aconteceram do jeito que ela queria.

—Se eu fosse você eu dava um gelo nela! – Claro que sim, Scorp, mas nem todo mundo tem a sua habilidade de ser a sua própria calota polar, fonte de todo o frio do mundo.

—Ela só está irritadinha porque não está conseguindo achar alguém para o... Vocês sabem o quê. – Tony disse abaixando a voz na última frase. – Scorp está falando com o Cicatriz Jr., eu estou avançando na conversa com uma sextanista que conheci na biblioteca ontem de tarde e você...

—Segura aí! O que você estava fazendo na biblioteca ontem?

—Primeiro as prioridades, Scorp. Quem é ela? – Falei seriamente, Tony se aproximou, pra evitar que fossemos ouvidos, mas acabou chamando mais atenção do que gostaríamos.

—Sigaud. – Laetitia Sigaud? Olhei procurando na mesa da Lufa-lufa a garota de cabelos escuros que parecia ter a idade de Pottinha, com seu nariz arrebitado e porte mignon, típico das francesas. A achei falando com uma das Weasleys, a loira que é meio francesa/veela. Weasleys estão em todos os lugares, meu Deus, são como pragas!

— Tem certeza que ela é confiável? – Voltei minha atenção rapidamente para outra parte do salão, pra mesa vermelho e dourada para disfarçar. Encontrei o Potter mais velho me encarando desconfiado. Seboso!

—Ela é inteligente. – Voltei meu olhar pra Tony. – Mas não colocaria nem minha meia mais fedida no fogo por ela...

—Precisamos ter cuidado. – Scorp disse, enquanto se levantava da mesa. – Não dá pra saber ao certo em quem confiar...

—É que nem um condenado jogo de campo minado! – Os dois me encararam perdendo toda a referência trouxa. – Precisamos avaliar muito bem o terreno, qualquer passo em falso e... Estamos fora do jogo.

Essa ideia de Louise pode ser tanto a nossa melhor jogada, quanto um grande tiro no pé. Estou rezando para acertamos a mão dessa vez. Por enquanto o plano está dando certo: Weasley está bem distraída e parou de vez de atazanar Haardy e já temos como publicar livremente o quer que queiramos.

Infelizmente, a segunda parte do plano é a que está empacada, sabemos quase a mesma coisa que sabíamos antes sobre Haardy: que ele é popular, esperto e que por isso conseguiu mordomias que nós mortais só podemos “sonhar com.” Oh, vida cruel.

***

—I. Hate. Everything about you. Why. Do I. Lov...— Pottinha sentou na cadeira em frente à minha, sem ser convidada, interrompendo a primeira vez que eu faço um dever de poções sozinho na vida!

—...

—O quê?– Ela puxou meus fones de ouvido com violência- Ai, isso dói, Lily!

—Honestamente, não sei como você consegue energia pra carregar seu celular aqui.– Tomei meu fone da mão dela e enrolei folgadamente pra que não estragasse ou fizesse nós, não é como se houvesse uma loja de acessórios para celulares em Hogsmeade...

—Achar eletricidade é fácil, difícil, ou melhor, impossível é achar sinal...–Ela me olhou irritada.

—Sim, mas como você consegue?

—Na sala de Estudo dos Trouxas é claro! Eles tem um pequeno gerador de energia lá. Como acha que os eletrodomésticos funcionam nas aulas?

—Eu sei lá! Quem para pra pensar nessas coisas?– Eu paro. Por isso que posso usar meu celular aqui, diferente do resto dos alunos inúteis. Tudo bem que só uso para músicas e fotos, que eu tenho que revelar lá no Beco Diagonal, gastando 30 sicles apenas pra adicionar 5 segundos de movimento, o que é um roubo, já que só precisa de algumas gotinhas de poção re...

Lily está me olhando irritada de novo.

—Você ouviu o que eu disse?– Fiz minha melhor cara de inocente.

—Claro.

—E o que foi que eu disse?

— “Você ouviu o que eu disse?”– Pottinha revirou os olhos diante da minha cara de pau. - Diga de novo, se é tão importante pra você...

—Pode ajudar com meu exercício de Herbologia?– Fiz uma careta involuntária pra ela.

—Só tem duas matérias que eu sou medíocre nessa vida: Herbologia e Poções, então, por que hoje virou o dia do "faça coisas inúteis que não te servirão pra nada no futuro"? - Ela me olhou impaciente.

—Vai me ajudar ou não?

—A biblioteca tá aí pra isso.– Ela me olhou com seu melhor olhar pidão. - Se fosse dever de Feitiços, DCAT, Transfiguração, até HM eu ajudaria de boa, mas Herbologia...

—Qual é? Você supostamente já fez esse exercício!

—Supostamente.– Ela não gostou da resposta. Argh! Agora quem tá ficando exasperado sou eu! - Por que você não pede pra um dos seus irmãos ou pra um dos seus 800 primos?

Ela fez uma careta.

—Hum... Eu pediria a Rebeca, mas ela tá tão irritada que poderia arrancar a minha cabeça!– Não foi isso que eu perguntei, Pottinha.

—Cadê o Jason ou o Artie?

—Estão ocupados com os assuntos deles...–Dei a ela meu olhar de "não acredito no que estou ouvindo!".

—E eu não estou ocupado por acaso?– Ela me olhou meio cabisbaixa.

—Eu sei lá! Você parece sempre estar fazendo algo bobo, ou... Sei lá, você tá sempre por aí. – Ela completou meio insegura.

—Lily, acho que você está estranhando não ter os dois idiotas disponíveis o tempo todo, né?– Ela deu de ombros. –Aqui eles tem a própria Casa, os próprios amigos, os próprios assuntos...

—Eu também tenho os meus próprios assuntos! - Ela me disse ofendida. Eu a ignorei.

—Pode marcar um horário com um deles pra ajudar você com as tarefas...– Ela me deu um olhar estranho. - Ou pode se arriscar a levar um T de Trasgo com minha ajuda.

Ela sorriu, mais animada.

—Passa essa porcaria de dever pra cá!– Lily se mudou toda felizinha para a cadeira do meu lado. - "Quais as propriedades das bubótuberas amadurecidas?"

Eu e Lily nos entreolhamos. Ok, Deus, onde está o cometa da extinção quando se precisa dele?


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Notas finais do capítulo

Reparem não, mas é bem a cara de um espanhol de família católica fervorosa misturar o criacionismo com o evolucionismo, hein?