Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 135
Capítulo 135. O dia em que eu morri.


Notas iniciais do capítulo

Olá, crianças!

Depois de um breve hiatus para acertar os ponteiros da minha vida, estamos de volta a programação (quase) normal, então vamos recaptular onde estavamos:

Primeiro final de semana de outubro, os alunos de Beauxbatons finalmente ganham permissão para sair da escola.

Enrique e Erick se mudaram a pouco tempo para um apartamento só deles e Enrique contratou uma organizadora de festas.

Enrique prometeu cinco presentes de aniversário para Cesc.

Acho que é só isso, o resto vocês devem conseguir lembrar com a leitura!

Até mais!



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Capítulo 135. O dia em que eu morri.

Enrique estava empolgado e como ele é uma criancinha crescida adorável, basicamente, a empolgação dele estava contagiando todo mundo. Havíamos deixado Beauxbatons no primeiro horário do nosso final de semana liberado, então eu, Louise, Fred, Roxanne, Dominique, Juliet e até mesmo o encosto do Samuel Aizemberg pegamos uma chave de portal para Londres, para curtir um almoço familiar com meus pais e os pais de Enrique em um restaurante trouxa.

Blá, blá, blá, tudo muito divertido e barulhento, coisas entre amigos e família, já sabem, Erick estava envolvido também, então deu aquele pequeno medo de pararmos todos em Azkaban por revelar o segredo bruxo, coisa de praxe, mas assim que o dia foi avançando, com a gente curtindo uma bela tarde nublada na Londres trouxa, o fato de Enrique ficar atendendo o celular toda hora começou a me irritar.

— Não me olhe assim, eu estou resolvendo os detalhes de última hora de sua festa. - Ele sussurrou enquanto colocava a mão para quem quer que estivesse do outro lado da linha não o ouvisse.

Maldita hora que eu o convenci a comprar um celular!

— Ei, Cesc, obrigada de novo por me convidar para sua festa de aniversário, foi muito legal da sua parte! - Roxanne se inclinou para falar comigo, ainda de braços cruzados com sua prima, Dominique, então me inclinei para ser visto por ela também.

— Foi um prazer te chamar, mas ainda estou no aguardo dos agradecimentos de Samuel e Juliet, porque a presença deles sim foi um ato de bondade da minha parte! - Todos riram, menos os dois citados, que me olharam com caras muito parecidas de entojo educado, a de Juliet sendo um milhão de vezes mais bonita do que a do primo, claro.

Não tinha sido pela bondade do meu coração nada, Fred havia insistido para eu trazer os dois, porque ele tinha aquela investigação estúpida sobre a maldita caixa de músicas ter pertencido a algum parente deles, do lado Lestrange, nos seus dias de glória.

E eu meio que sou uma pessoa mais madura agora, posso perdoar Samuel por ser patético e Juliet por ser uma garotinha manipuladora e dramática sim, não tem sentido odiá-los quando nossos pais sempre mentem para a gente ser quem nós somos, mesmo que o mundo não goste, né?

É, então eu juntei as duas coisas, eles estão aqui porque eu sou um cara maduro e Segundo é um pseudo investigador de fatos que ninguém se importa, voltemos para a programação normal, onde eu não devo satisfações para ninguém.

Enrique terminou a ligação a tempo de ouvir a última besteira que Louise falava sobre o Serpentine e depois chamou a atenção de todos daquele jeito de quem se acha o responsável pela turminha bagunceira de crianças.

— Ok, pessoal, foco aqui: temos mais meia hora de passeio, vamos tomar um sorvete, depois vamos voltar lá para a casa dos meus pais para vocês se arrumarem para a festa, ok? - Sim, definitivamente o tio responsável pelas crianças, que ridículo, tô pra ver.

— Quer dizer que sua mãe já terminou de arrumar a festa? - Fred falou se fingindo de sério, isso porque eu tinha comentado com ele o quanto Enrique havia ficado irritado com a mera insinuação da mãe dele organizando suas coisas de adulto.

Weasley palhaço!

Enrique só apontou para Fred, franziu o cenho, mas depois deu um sorriso venenoso, típico de quem vai se vingar dessa afronta logo mais.

— Não vejo a hora de você virar meu estagiário, Weasley, vai ser muito divertido! - Ele disse com um humor meio sádico e Fred, como o bom grifinório que é, literalmente riu na cara do perigo, fingindo toscamente que estava com muito medo da ameaça.

Aparentemente nem todos amadurecem com a idade... Triste descobrir isso em uma tarde tão bonita.

Nós fomos para a tal sorveteria trouxa antes de voltarmos para o QG dos Dussel e, enquanto todo mundo discutia qual sabor ia pedir - e por consequência discutiam qual o melhor sabor de todos - Enrique se aproximou de mim com cuidado.

— Está faltando Zabini e Malfoy, não é? - Ele perguntou como se pudesse ler meus pensamentos, mas pffff, não chegou nem perto do que eu estava pensando.

— E Rebeca também, mas tudo bem, não tinha como traze-los, daria muito trabalho e nem faria sentido, meu aniversário de verdade já passou. - Dei de ombros verdadeiramente conformado. Não sei porque o drama, eu não me importo com essas coisas, sério.

— Estava aqui pensando que seria legal visitar Zabini no Brasil no dia do aniversário dele... Novembro, se não me engano, não é? - Ele falou em dúvida e eu confirmei com a cabeça.

— É, e esse é um bom plano, tenho certeza que vai ser o melhor presente que aquele idiota já recebeu na vida! - Falei sorrindo de leve, depois cutuquei Enrique na altura das costelas. — Falando em presente, alguém me prometeu cinco no dia de hoje e nem sequer sinal deles até agora!

— O primeiro é a festa, como você bem sabe. - Ele apontou sonso e eu revirei os olhos, tá é a festa e os outros quatro? — E o último é o sexo.

— Você é tão convencido que chega a me dá nos nervos! É bom esse sexo ser realmente fantástico! - Falei de braços cruzados, ele riu empolgado.

— Vai ser, mas não é como se não fosse incrível sempre e eu sei que você sentiu minha falta, então... - Ele deu de ombros, soando ainda mais arrogante do que antes, então resolvi dar o troco.

— Ah, espera! O sexo é com você? Achei que você tinha contratado algum convidado especial, eu hein... - Falei fazendo pouco caso, me afastando dele, aproveitando que era a minha vez de fazer o pedido do sorvete. Enrique se aproximou gatunamente e sussurrou seu xeque-mate no meu ouvido.

— Romeo vai estar lá em casa e ele tá sempre disponível. - Ele disse sensualmente e eu engasguei com minha própria saliva. Credo, que imagem mental horrível, Romeo na minha cama! — Quer que eu ligue pra ele?

Nem me dei ao trabalho de responder uma merda dessas, quero dizer... Teria sido melhor se Enrique tivesse ficado ofendido com a brincadeira, porque eu não quero vomitar meu sorvete pensando nesse apocalipse zumbi!

***

Finalmente chegamos no apartamento novo do excelentíssimo senhor Dussel e do senhor falso Fábregas, que fica em um daqueles prédios com aparência de moradia britânica antiga, com uma fachada mais larga do que comprida, de pedras claras e bem polidas e colunas ao estilo grego na grande entrada.

O nosso grupo era grande também, mas ainda assim todos couberam com facilidade no hall de entrada, onde um pequeno exército de homens e mulheres mascarados estavam nos esperando de uma forma muito profissional, liderados por uma moça de aparência discreta, exceto pelo chamativo batom vermelho vivo que ela usava.

Aposto meu braço esquerdo que ela é da Sonserina, Enrique e Erick não contratariam uma organizadora de festas que não fosse da nossa laia.

— Boa noite, sejam bem-vindos à festa do senhor Cesc Fábregas, eu sou Malyan Courtie e essa é a minha equipe, que irá servi-los essa noite. - Ela disse simpática, olhando nos olhos de cada um de nós, terminando com Enrique e eu. — Senhor Fábregas e senhor Dussel, queiram me acompanhar, por favor, e os demais convidados... Fiquem à vontade.

Uma moça mascarada - com um vestido combinando com o de sua chefe, só que um pouco menos sofisticado - indicou o caminho escada acima para Louise, os Weasley, Aizemberg e Bertrand, nos deixando a sós com a senhorita Courtie no Hall.

O lugar tinha três paredes negras, a quarta sendo branca com uma leve transparência em um tom fosco, iluminada indiretamente na cor que eu chamo de azul Dussel, já que é a cor dos olhos da família.

Tudo levemente sinistro e... Mágico, vai, admito!
Apesar das cores escuras das paredes, o lugar era bem iluminado e por isso mesmo a senhorita Courtie parecia estar em uma luz muito favorecedora, que a fazia parecer mais experiente do que deveria ser, porque ela não podia ser muito mais velha do que nós.

— Algum problema de última hora? - Enrique perguntou sério e eu só olhei sem querer me intrometer, porque a festa é minha, mas eu não faço a menor ideia do que está acontecendo aqui.

— Não, senhor, pelo contrário, gostaria apenas de mostrar onde estamos colocando os presentes e felicitações ao aniversariante. - A moça sorriu educadamente para mim, nos encaminhando para um corredor ao lado da pequena escada preta por onde os outros haviam subido para onde deveria ser a grande área social do lugar.

Pelo pouco que deu para ver do apartamento, Enrique não tinha poupado seus galeões de herdeiro no Gringotes, porque estávamos muito perto do parque St. James - o suficiente para eu saber que o apartamento tinha vista para todo aquele verde - e só o corredor já demonstrava que o lugar era bem luxuoso.

As cores e a decoração eram discretas e sóbrias, prevalecendo o preto e aquela parede fosca do hall, levemente iluminada em um azul profundo parecendo se estender até o final do apartamento, mas essa sofisticação moderna já era esperada, porque tanto Erick quanto Enrique eram conhecidos pelo bom gosto beirando ao sombrio.

Já a fama do caráter dos dois... Bem, ela era só sombria mesmo, fazer o que?

Courtie destrancou a primeira porta do andar principal com um feitiço discreto e elegante, entrou e esperou a gente passar antes de voltar a trancar o lugar. A sala era o que poderíamos chamar de sala de vídeo, porque tinha uma televisão enorme, um sofá com cara de confortável e parecia ainda não ter sido tocada pela decoração cara dos donos da casa.

— Estava esperando mais personalidade e riqueza, achei o apartamento bem simplinho. - Provoquei e Enrique apenas me encarou com um sorriso sarcástico.

— Você ainda não viu nada... - Rebateu misterioso, mas eu já estava muito distraído pelo tanto de presentes espalhados pelo chão, sofá e prateleiras.

— Literalmente não vi, mas agora vamos focar no que é importante: de onde veio todos esses presentes? - Falei pegando o cartão de um e vendo uma logomarca de algo que nunca ouvi falar.

— A maioria deve ser de investidores, clubes, parceiros de negócios, gente que quer ser convidado para a próxima festa pra ficar bem conectado com quem é relevante... Fala para ele, Courtie! - Enrique falou arrogante em um nível estratosférico, então me virei para a moça que o encarava com um sorrisinho divertido.

— Ele tem razão, estamos fazendo uma festa para apenas 80 convidados selecionados e isso deixa o métier em polvorosa. - Ela fez um aceno com a varinha no ar e todos os cartões se juntaram na palma de sua mão, inclusive o que eu estava segurando. — Vou pedir para uma das minhas meninas assinalar que presente cada convidado enviou no verso dos cartões de felicitações, não se preocupe.

— Não estou preocupado com isso, quero dizer, 80 convidados? Como conseguiu 80 convidados, se quase todos os meus amigos estão em outros países? - Perguntei verdadeiramente intrigado, porque não importa o quanto eu me esforçasse, não conseguia contabilizar nem sequer 20 pessoas que poderiam comparecer a uma festa no meio do semestre, quanto mais 80 desocupados!

— Por isso fiz questão de trazer os seus amiguinhos de Beauxbatons, teria convidado até mais da escola, porém eu não conheço seus novos colegas e não acho que a presença deles seja realmente relevante, já que você não me pediu para convida-los. - Ele deu de ombros demonstrando pouco interesse no assunto.

— Tá, faz sentido, mas quem é o resto das pessoas que você chamou? - Falei com medo da resposta e ele apenas me deu um sorriso sonso.

— Alguns ex-colegas meus, Heitor e Jweek, alguns colegas dela de Vratsa, uma ou duas ex-colegas das Harpias, algumas socialites e alguns caras da moda e da... Você sabe... Qual foi mesmo o critério da lista, Courtie? - Enrique estava esparramado no sofá tendo empurrado algumas caixas para o chão, sem cuidado. A moça o olhou levemente distraída, com sua postura profissional de mãos nas costas e expressão serena.

— Convidamos gente apenas da juventude da escol bruxa. - Ela respondeu solicita, com seus termos chiques, que eu não faço ideia do que significam. — O plano é estabelecer os senhores Dussel e Fábregas como dois dos melhores anfitriões da Europa, a primeira festa que os dois celebraram juntos foi um sucesso assombroso, embora tenha sido levemente subida de tom, então agora na segunda faremos algo mais... Discreto.

— Discreto significa dizer imprensa fora, mas eu mandei servir uma rodada de champanhe e canapés para eles, embora a maioria nem mereça! - Enrique falou chateado e Courtie o olhou com uma leve condescendência.

— O senhor é um anfitrião nato, mas faltou um pouco de ordem e um toque de personalidade àquela festa, por isso os comentários mais... Ácidos. - Ela disse colocando um pouquinho da língua para fora, em um sorriso vermelho provocativo e travesso, que a fez parecer ainda mais jovem. — Hoje estabeleceremos um padrão e a cada evento traremos uma novidade, ao mesmo tempo que manteremos uma constância na qualidade.

— Foi para isso que eu te contratei, querida, agora que já tiramos as explicações do caminho, você pode nos dar licença? Queremos privacidade para dar uma espiada nos presentes. - Enrique falou de um jeito, que se eu fosse alguém puritano, teria corado.

A mulher deixou a sala com um aceno de cabeça discreto e antes de ver a sola do seu sapato tão vermelho quanto seu batom saindo da sala, fui puxado para o colo de Enrique por... Bem, pelo próprio Enrique, quem mais seria?

— Esperei o dia todo por isso... - Ele sussurrou com um sorriso malicioso e eu até iria responder com uma provocação, mas ele me beijou daquele jeito agressivo dele, que eu já estava quase esquecendo como era.

Mentira, essas coisas a gente não esquece.

Me coloquei melhor entre ele e o braço do sofá onde estávamos, terminando de derrubar um ou outro presente que ele ainda não tinha jogado no chão com seus maus modos. Estávamos há um mês sem nos ver, então usar um Reparo nos pobres presentes avariados era um preço pequeno a se pagar, dadas as circunstâncias.

Enrique já estava se aventurando a destruir todo o meu cuidado em parecer uma pessoa quase elegante, abrindo minha camisa, quando um som de alguém pigarreando nos tirou a concentração.

— Como é bom vê-lo, sobrinho! Como foi de aniversário? - Assim que eu desci do colo de Enrique e me virei para a voz conhecida, pude finalmente ver a cara sacana do meu querido tio ex-djinn.

Ele sorriu ao perceber que o colega de apartamento tinha dado um jeito de me manter discretamente imobilizado para não atirar algo naquele sorrisinho debochado dele.

— Qual a necessidade de você nos interromper desse jeito? - Meu namorado perguntou mal-humorado, recebendo um dar de ombros da criatura. — E por que inferno você ainda não está vestido?

— Eu estou vestido. - Erick respondeu com falsa inocência, mas deixou entrever seu cinismo quando viu que nem eu, muito menos Enrique, caímos nessa. — Não estou despido, então há verdade no que disse.

— Deixa eu adivinhar: seu presente de aniversário para mim consiste em não dar as caras na minha festa, acertei? - Falei zombeteiro, apontando para o roupão cinza chumbo dele, de algum tecido que deveria ser caro, porque Erick não deve usar nada remotamente acessível para a população comum.

— Você sabe que não posso me dar ao luxo de ficar longe da minha própria festa, então não, não é isso. - Ele falou debochado, materializado uma xícara de chá em uma das mãos. Ok, habilidades de conjuração impressionantes, como sempre. — Obrigado, mas como eu estava dizendo, suponho que Courtie tenha explicado a natureza dessa festa.

Que merda, ele ainda está lendo minha mente!

O desgraçado sorriu para a constatação e eu fiz um gesto obsceno, antes de dar uma resposta a sua não pergunta.

— Vocês querem ganhar fama de anfitrião, já soube dessa maluquice. - Falei fazendo pouco caso e Erick apenas me olhou com desprezo por cima da borda de sua xícara.

— Não é maluquice, é um passo importante para nos colocar onde devemos estar, querido sobrinho. Infelizmente a grandeza tem que começar de alguma parte... - Revirei os olhos para essa Esfinge ridícula e Enrique só riu da minha impaciência com essa criatura das trevas que diz que é da minha família.

— O que Erick quer dizer é que dar a alta sociedade o que ela precisa, vai facilitar um monte de coisas na nossa vida. - Meu namorado me disse com bom humor e depois completou com uma piscadinha. — Nós temos um plano.

— Não tenho dúvidas de que é horrível. - Falei com sinceridade, depois dei um peteleco na orelha dele. — Vem cá, seu idiota, como acha que virar um festeiro vai te ajudar a colocar seus produtos para crianças no mercado?

Meu Merlin de ceroulas furadas, só eu tenho cérebro aqui?

— Pois isso tudo faz parte do plano! Não, espera, deixa eu... Não, deixa eu falar! - Ele me disse controlando o riso e tapando minha boca para eu não falar umas verdades para esses dois retardados.

— Foi ideia de Helena!

Que?

— Sim, a Dussel fêmea é ardilosa, foi ela quem enxergou uma necessidade da alta sociedade e deu uma função profissional para algo que já era esperado de nós. - Erick finalmente deixou sua xícara em cima de um dos embrulhos grandes apoiados na mesinha ao lado de sua poltrona e me olhou seriamente. — Toda geração precisa de personagens símbolos de uma opulência que dita os cânones sociais e por que não nós para interpretar o papel?

— Bem, sim para essa frescura toda, porque Helena acredita que esse é possivelmente o melhor momento da imagem Dussel enquanto família e por isso devemos aproveitar! - Enrique falou empolgado e eu o olhei confuso.

— O que a imagem da sua família tem a ver com você dando festa para um bando de riquinhos desocupados? - Falei com o cenho franzido e ele me olhou ofendido. — Sem ofensa, claro, vocês dois são riquinhos bastante ocupados, pelo visto.

— De acordo com Helena, sem as provocações e os problemas familiares que nos deixavam em evidência em todos os jornais e ajudavam a alavancar as nossas vendas, precisamos investir na imagem pessoal de cada membro da família! - Ele falou com cuidado, como se tivesse decorado essa parte para uma prova particularmente difícil. — Ela tem se destacado como mãe e empresária poderosa, Hector tem feito várias patentes importantes e Heitor e Jweek tem aparecido em todas as publicações da Europa com o seu relacionamento pouco usual...

— Só falta nosso querido Enrique. - Erick apontou sonso e o aludido confirmou com a cabeça.

— Sim, só falta eu! E aparentemente não importa o quão genial sejam meus produtos, se as pessoas ainda me enxergarem apenas como o pobre caçula Dussel maltratado pelos irmãos bem sucedidos, ninguém vai me levar a sério!

— Não sei se concordo com esse raciocínio, você não precisa dar festas para provar que é bom em alguma coisa. - Falei meio irritado de que Helena tenha insinuado isso para ele, essa é uma ideia absurda!

— Mas não é sobre festas, Cesc! É sobre o que essas festas podem gerar em um futuro próximo e como eu me encaixo na sociedade. - Ele falou enigmaticamente e eu o olhei sem entender, de novo. — Fique você sabendo que eu não gastei um centavo com nenhuma dessas celebrações, tudo tem saído da Conta M da empresa.

— Conta M? - Perguntei desconfiado.

— M de Manipulação, Heitor e Helena tem um senso de humor estranho para nomear as contas, enfim. De qualquer forma, eu estou sendo patrocinado para oferecer às pessoas um ambiente informal onde elas possam... Negociar.

— Negociar o quê exatamente? Olha, essa coisa de gente rica é muito confusa, você tá metido nisso aí, Erick? - Virei para meu tio brincando com a faixa de seu roupão confortável e inadequado para uma festa.

— Estou metido até o último fio de cabelo. - Ele respondeu sorridente.

— Não tem nada de confuso, basta você saber que há negociações, acordos e relacionamentos que precisam ser discutidos fora do radar da mídia e da concorrência, fora uma ou outra facilitação que será paga em forma de favor, quando colocarmos, por exemplo, uma pessoa A ou B em contato com patrocinadores, viúvos ricos ou seja lá quem ela quiser encontrar.

Ele falou dando de ombros e eu o encarei impressionado.

— Então essas pessoas que estão aqui são...

— A maioria delas são apenas chamarizes, servem para dar valor e fama a festa. Quem nos interessa mesmo são as almas desesperadas do outro lado da porta. - Erick sorriu irônico ao falar e eu levantei uma sobrancelha para isso. — Nós fazemos as festas para todas as pessoas que não podem participar delas. São eles que irão fazer qualquer coisa para estar onde estamos.

— Isso é diabólico. - Sorri, finalmente entendendo o plano. — E onde Courtie entra nisso?

— Ela é uma grande amiga de Jweek, simpática, porém ardilosa até a alma e entende muito bem quais os fios devemos puxar para conseguir o resultado que queremos das pessoas. - Enrique falou lisonjeiro e Erick concordou.

— Ela é uma garota valiosa, entende de pessoas e suas necessidades e isso é tudo o que você precisa saber, por hora - O ex-djinn falou levantando da poltrona como se fosse a algum lugar, mas no fim das contas ele apenas assistiu de pé a entrada da mulher de quem estavam falando. — Ah, aí está, senhorita Courtie!

Ela o olhou com uma expressão enigmática, de cima abaixo, provavelmente condenando silenciosamente o fato de Erick ainda estar parecendo que iria maratonar alguma série da Netflix.

Ou ao menos parecendo a versão de uma revista de luxo disso.

— Desculpe interromper a reunião, mas estou aqui para avisar que quase metade dos nossos convidados já chegaram. - Ela dessa vez olhou desgostosa para Erick, para quem enfatizou a última parte da fala. — Seria deselegante manter a festa sem nenhum anfitrião por mais tempo.

— Não seja por isso! - Erick estalou os dedos com diversão e em menos de um piscar de olhos estava com uma roupa de festa extravagante, negra com filigranas douradas, que... Olha, provavelmente é ouro.

Ele tem sorte de parecer exótico e não brega nessas vestes espalhafatosas.

— As pessoas esperam isso de mim, Cesc e você sabe... - Ele sorriu maliciosamente respondendo meu pensamento, então me preparei para a merda de frase de efeito que ele iria soltar agora. — Eu sempre adorei dar ao povo aquilo que o povo quer!

Está vendo? O rei da ironia, senhoras e senhores. Erick fez sinal para Courtie passar na frente, depois ele a seguiu e eu olhei para Enrique, que já se preparava para levantar.

— Vamos, garotinho, temos uma festa de aniversário para curtir. - Ele falou com um leve toque de malícia e eu retribui o gesto.

Sim, esses três podiam estar com planos megalomaníacos por baixo dos panos, mas eu irei curtir mesmo minha festa independente disso, porque sou um cara maduro, bondoso e em resumo...

Eu mereço essa festa!

***

A festa estava realmente muito bem feita e Erick e Enrique eram a epítome da dupla de amigos descolados, ricos e influentes, o tipo de coleguinha com quem as pessoas querem muito lanchar juntos na escola.

De vez em quando Enrique voltava e lembrava que tinha namorado, me dava algum selinho besta, enquanto me apresentava a algumas pessoas importantes e tá, eu até gostei de conhecer alguns jogadores dos Falcons, mas assim que o senhor popular os encaminhou para falar com um par de garotas bonitas e sorridentes no outro ambiente, eu o chamei para falar sério em um canto.

— Ok, mister simpatia, vamos ao que importa nessa festa: cadê meus presentes? - Não quis soar tão interesseiro quanto realmente sou, mas Enrique não se ofendeu, só sorriu para mim, animado.

— O primeiro presente é a festa! - Ele fez um gesto amplo para belíssima recepção com uma excelente música de fundo, bebida e comida a vontade, tudo isso emoldurado por uma vista impressionante da London Eye brilhando elegantemente sobre a orla do Tâmisa.

Respirei fundo para essa resposta repetida pela milésima vez!

— Já estabelecemos isso, mas você prometeu mais! - Apontei com os olhos em fendas e ele revirou os olhos para minha reclamação.

— Ok, vamos ao segundo: o presente de Louise. - Ele disse simplista, procurando minha gêmea do mal entre as pessoas distintas, que pareciam estar vivendo o melhor momento de suas vidas.

— Eca! Vamos ao terceiro, que pode ser literalmente qualquer outro! - Falei com uma careta de nojo e o traste manteve o disparate de me olhar repreensivo. Finalmente ele localizou a obtusa da minha irmã e apontou arrogante para que uma das garotas mascaradas a trouxesse até nós.

— Confie em mim, você vai gostar muito disso aqui. - Concluiu confiante e eu o olhei com uma leve dose de desprezo.

— Só se for alguma pegadinha para Louise, aí sim eu vou gostar! - Falei pouco animado com a perspectiva, Enrique só gosta de fazer pegadinha com quem eu não quero que ele faça, tipo Pottinha.

Leve saudades dela, inclusive, como será que está minha pequena aprendiz de arruaceira?

Minha irmã querida finalmente atravessou o que em dias normais devia ser uma sala de proporções absurdas e decoração discreta, mas hoje era um espaço aberto, convidando a noite londrina para dentro do apartamento.

— Mandou me chamar, Enrique? - Ela perguntou diretamente para ele, mas franziu o cenho para nós dois.

— Sim, mandei te chamar para te entregar o seu presente de aniversário. - Ele falou com pouco entusiasmo, mas não o suficiente para não chocar Louise com sua boa atitude.

Boa e suspeita atitude, vamos combinar.

— Achei que você tinha deixado bem claro que essa festa era só de Cesc. - Ela falou confusa, me procurando com o olhar por confirmação.

— E é só minha mesmo, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. - Falei só para esclarecer, porque depois de anos com um aniversário dividido entre um tema que eu adoro e outro que eu detesto, já estava mais do que na hora de ter uma festa só minha!

— Ok, deixa eu aceitar logo esse presente antes que vocês mudem de ideia! - Ela falou divertida, estendendo as duas mãos como se esperasse um grande embrulho, mas Enrique apenas flutuou um envelope preto pouco impressionante em suas mãos. — O que é isso?

— Abra, que você vai descobrir. - Ele falou impaciente e eu resolvi completar com um sorrisinho inocente, apontando para o presente com todo o meu charme de pessoa boa.

— Se for legal, é meu e dele, viu? - Avisei ampliando o sorriso e Louise apenas rasgou o envelope para finalmente ler o que tinha dentro, com um sorriso debochado.

Ela tirou alguns papéis de dentro do tal presente, tomou seu tempo para ler do que se tratava e então começou a abrir um sorriso enorme, a medida que ia entendendo o que dizia aquele monte de texto.

Eu obviamente continuo sem saber de bosta nenhuma, claro.

— E então? - Enrique perguntou sem muita empolgação, mas minha irmã parecia verdadeiramente encantada.

— Eu não acredito que você... Como você soube... Como você... Como você descobriu sobre isso? - Ela sacodiu o envelope junto com as folhas e Enrique apenas deu de ombros, com falsa modéstia.

— Eu perguntei a Rasvan e ela me disse, dentre um monte de coisas estúpidas, que você estava pesquisando como entrar nesse meio aí e bem... Coincidentemente uma das melhores amigas de minha mãe seguiu essa carreira. - Ele concluiu com um sorriso simpático e minha irmã abraçou os papéis com força, sem saber se tinha ou não permissão para abraçá-lo.

Resolvi acabar de vez com a dúvida.

— Do que exatamente vocês estão falando? Carreira de quê? - Tá, não era a dúvida do abraço, mas essa é mais importante.

— Consegui para ela um curso intensivo de iniciação à diplomacia bruxa. - Enrique falou com simplicidade e eu o olhei com ceticismo.

— Você acabou de inventar isso agora, não foi? O que diabos é diplomacia bruxa? - Tanto Louise quanto Enrique me encararam com o mesmo nível de impaciência, mas eu não tenho culpa se as únicas profissões divulgadas no mundo bruxo são: auror, inominável, professor, curandeiro e ministro da magia!

— É a área que lida diretamente com os chefes de estado trouxas. A maioria é informado da nosso existência no momento em que assumem o cargo e têm a mente apagada assim que o deixam. No caso, nossos diplomatas garantem que o sigilo bruxo será respeitado e que nenhuma ação contra a nossa existência será tomada. - Ele explicou didaticamente e Louise complementou, segurando com força seus papéis contra o peito.

— É um trabalho de grande responsabilidade, os diplomatas precisam se certificar de que a paz será mantida e que os trouxas não nos verão como ameaça . - Ela falou sério e eu franzi o cenho.

— Mas não era você que odiava tudo que era trouxa? Agora quer trabalhar no mundo “deles”? - Falei sarcástico, fazendo aspas irritantes com as mãos e ela só me encarou com mal-humor.

— Não tenho nada contra minha herança trouxa, Cesc e realmente acho que a melhor maneira de valorizá-la, é utilizando todo meu conhecimento do mundo trouxa para manter o mundo bruxo a salvo! - Ela conclui com paixão e eu dei de ombros.

— Bem, ter uma irmã diplomata parece algo muito legal, então estou feliz com o presente: foi meu e de Enrique, viu? - Falei, fazendo gracinha, então a obtusa só me olhou com um sorriso travesso.

— Se é assim, vou abraçar você, porque eu ainda tenho medinho do seu namorado! Muito, muito obrigada pelo presente, meninos! - Louise me pegou desprevenido, então não pude recusar o abraço rápido, mas bem apertado que ela me deu. — Esse foi um dos melhores presentes que eu já ganhei na vida!

Depois de dizer isso daquele jeito animadinho dela, ainda abraçando o envelope, a ridícula da minha irmã saiu do meu alcance, provavelmente sabendo muito bem que se continuasse ali, eu teria azarado ela pela audácia de me abraçar em público.

Olhei irritado para Enrique.

— Satisfeito?

— Sim. Você só está chateado agora porque não gosta de sentimentalismo, mas tenho certeza que vai me agradecer depois de perceber o quão útil foi o meu presente. - Ele falou calmamente e eu continuei o encarando com os olhos em fendas.

— Eu acho um presente útil, já disse que vai ser bom ter uma diplomata na família, mas eu quero os presentes que me deixam feliz! Cadê meus presentes que vão me deixar feliz? - Acho que soei como uma criança birrenta até para os meus próprios ouvidos. Mas quer saber? Dane-se, porque eu quero os meus presentes!

Esse traste que eu chamo de namorado olhou para o relógio, maneou a cabeça como se estivesse sopesando as possibilidades e pareceu finalmente tomar uma decisão.

— Ok, já tem gente o suficiente: vamos lá! - Ele sacou a varinha e fez um aceno que não causou nenhuma alteração perceptível no ambiente, então o encarei com uma sobrancelha cética levantada. — Antes de mais nada, deixa eu te dizer que esse presente de agora pode parecer extravagante, desnecessário e talvez incrivelmente sem noção, mas saiba que ele é exatamente o tipo de coisa que as pessoas esperam de nós.

— Ah não, cara, mais uma etapa dentro de seu plano de ser o maior festeiro dos ricaços? Eu já estou começando a ficar de saco cheio disso e você e Erick mal começaram! - Falei com mal-humor e ele apenas me abraçou de lado, me encaminhando para o centro da sala.

— Não se preocupe, é a última coisa do tipo que iremos fazer essa noite, então só preciso que você me prometa uma coisa: não importa o quanto esse presente pareça absurdo, haja como se fosse algo legal! - Ele sussurrou essa última instrução para mim antes da música parar e todas as atenções se voltarem para nós.

Eu não disse mais nada depois, porque, né, todos os olhos estavam na gente e, embora eu quisesse muito esfregar a cara de Enrique no asfalto para ele parar de agir como a Kim Kardashian bruxa, eu não era tão ruim a ponto de estragar tudo que ele tinha organizado com tanto esmero.
Mas ainda estou puto da vida com tudo isso, que fique bem claro.

— Pessoal, antes de mais nada, gostaria de agradecer a presença de todos aqui nessa pequena recepção. É sempre bom receber amigos, ainda mais quando temos um motivo tão bom quanto o aniversário de uma pessoa querida para celebrar. - Ele falou lisonjeiro e eu o olhei com um sorriso quase carinhoso. Ele deu uma piscadinha porque percebeu o meu sarcasmo por debaixo da máscara de namorado dócil. — Gostaria de propor então um brinde a meu namorado, Cesc Fábregas, que a maioria de vocês conhece apenas como o capitão vencedor da seleção de Hogwarts, mas que eu garanto, é muito mais do que isso. Um brinde à Cesc!

Como esperado em uma festa bruxa bem planejada, as taças surgiram na mão de todos os convidados, que se juntaram nesse tal brinde a minha saúde, celebrando meu aniversário, blábláblá, mesmo a maioria dos presentes nem sequer sabendo quem eu era direito.

Bebi o conteúdo da minha própria taça todo de uma vez e me surpreendi ao perceber que Enrique havia servido o que provavelmente devia ser um champanhe de verdade para menores de idade.

Que novidade, ele infringiu uma lei trouxa e bruxa.

As taças daqueles que imitaram meu exemplo e beberam tudo até o final seguiram o mesmo caminho da minha, desaparecendo assim que foram esvaziadas. Enrique esperou todos os convidados se acalmaram e pararem de falar, antes de prosseguir com seu discurso de anfitrião playboy.

— Bem, agora gostaria que vocês se afastassem um pouco do centro... Isso, obrigado, mascarados, assim está perfeito. - Ele coordenou pacientemente seu exército de funcionários e quando finalmente a sala estava com o centro muito mais livre do que antes, ele fez um novo aceno elegante de varinha. — Isso aqui é para você, garotinho, espero que goste do seu presente.

Ele sorriu e eu quase pude ouvir o “terceiro presente” dito naquele tom de voz metido dele. Bem, era sim o terceiro presente, mas se formos parar para contar que o primeiro foi a festa e o segundo foi umas aulas esquisitas para a mais esquisita ainda da minha irmã, que...

Espera! Que. Merda. É. Essa. Que. Eu. Tô. Vendo?

Todos os convidados fizeram um suspiro coletivo quando o presente, escondido sob um excelente feitiço glamour, surgiu brilhante no centro da espaçosa sala de estar do apartamento.

Bem, ainda bem que a sala era espaçosa, porque o que quer que seja esse negócio que agora era meu, tinha o tamanho de um... Carro?

— Garotinho, essa é a primeira carruagem bruxa Dussel, totalmente movida a magia, sem a ajuda de criaturas mágicas. - Enrique falou animado, apontando para o veículo negro com rajadas prateadas na lateral das portas e eu fiz que não com a cabeça, ainda embasbacado. — Sim, juro que ela é a primeira e o que é melhor: é também a primeira carruagem do mundo que tem tecnologia de aparatação remota!

— O quê? - Eu falei meio chocado, ainda tentando entender que o meu namorado tinha me dado uma espécie de carro bruxo no meu aniversário de 15 anos de idade!

Tem tanta coisa louca nessa frase, que eu nem sei por onde começar!

— Pois é, ela é perfeita para qualquer pessoa que por algum motivo não possa aparatar por magia própria, então estamos falando de possibilidade de aparatação, voo ou corrida feita por meio de magia simples e fácil de acionar, que pode...

— Mas eu tenho 15 anos, eu não posso dirigir essa coisa e... Eu não sei se eu entendi exatamente o que é isso, tipo... Você me deu um carro? Sério? Um carro? - Perguntei atônito e ele deu risada, sendo acompanhado pelo restante dos convidados.

— Na verdade o design foi inspirado pelos veículos trouxas sim, mas não se preocupe, não é tão difícil de usar. Vem, vamos ver de perto. - Ele me segurou pelo ombro e eu meio que hesitei, não porque estivesse com medo daquele troço e sim porque tinha muito medo do que eu poderia fazer com aquilo!

Enrique colocou um pouco de força para eu me aproximar do carro, abrindo a porta sob o olhar atento de todo mundo. Me lembrei do que ele tinha me pedido alguns segundos antes de me colocar nessa situação absurda.

Ok, posso fingir que esse presente não me chocou completamente, sério, eu posso fazer isso por ele. Não é porque eu ganhei uma coisa potencialmente problemática que eu preciso fazer uma merda, né?

Eu sou um cara maduro e vivido, meu bottom de dias sem malignidade preso ao meu uniforme de Beauxbatons tá aí para comprovar!

Entrei pelo lado esquerdo e depois de aceitar as provocações porque o carro seguia o modelo inglês de motorista no lado direito, me fazendo ter que me mudar desajeitadamente para o outro lado, finalmente pude ver como era o negócio por dentro.

Tinha o exato tamanho que tinha pelo lado de fora, nenhum feitiço de aumento de lugares acontecendo, então lembrava um daqueles carros ingleses pequenos, com lugar para duas pessoas, mas o fundo era menos espaçoso que a frente, ia afunilando como um rabo metálico, ou seja, só cabiam duas pessoas mesmo.

Coloquei as mãos naquele volante que mais parecia saído de um simulador de nave espacial, porque se tratava de um grande Y prateado e olhei para Enrique, ansioso, porque não havia nem sinal de uma chave para eu dar a partida e meu instinto de loucura queria muito que eu desse a partida naquele carro.

— E agora?

— É um artefato mágico, Cesc, então você precisa apenas saber os comandos básicos: o volante muda a direção, esse botão aqui é para ativar o disfarce anti-trouxas, esse aqui para... Eu não lembro bem... Mas quer saber? Não é importante, porque tudo que você precisa saber é que essa alavanca aqui ativa o feitiço espacial tipo o do Nightbus, então vai te salvar de atropelar as pessoas e esse aqui... - Ele se inclinou para o fundo do carro para abrir o baú que ficava atrás dos bancos, apertando um botãozinho com o elmo Dussel gravado. — Abre o frigobar!

O frigobar abriu e tinha compartimento para poções, sucos, bebidas alcóolicas e o que quer que eu precisasse levar para, sei lá, acampar no bosque da Chapeuzinho Vermelho, mas eu tive que gesticular para o volante com pouca paciência, porque, né, tava faltando ele me dizer só um detalhizinho de nada...

— Tá, mas como liga, criatura? - Eu falei exasperado, fazendo o povo continuar a assistir a gente como se fossemos a melhor atração de circo que eles tinham visto em séculos. Enrique fez uma careta de leve, mas depois disfarçou dando um toque na minha mão no volante.

— Assim.

Ele havia empurrado a minha mão e o carro - vou chamar de carro, isso aqui não parece nada com uma carruagem! - respondeu ao toque nos jogando bruscamente para a frente. Droga, essa merda é sensível!

Olhei com os olhos arregalados para um Enrique se apoiando no painel para não quebrar o nariz no acidente que eu já ia causar. Bem, agora eu me lembrei, não vi cinto de segurança nessa engenhoca também!

— Tem certeza que foi uma boa ideia você me dar isso de presente? - Perguntei sincero, porque, sério, eu não faço ideia de como meus pais vão reagir, como a justiça bruxa vai reagir e como faz para parar um carro voador em queda livre, porque é isso que vai acontecer se ele me deixar dirigir essa coisa!

— Ahn... Sim? - Ele falou em dúvida, me dando um sorriso amarelo. — Ora, garotinho, sua desconfiança é ofensiva, é claro que foi uma boa ideia! E quer saber? Você só vai aprender a dirigir sua carruagem nova tentando!

Assim que ele terminou de dizer isso, a criatura retardada do meu ódio empurrou o volante Y para frente de novo, nos fazendo acelerar com força dessa vez - os convidados mais curiosos e próximos de nós precisaram sair correndo para não serem atropelados - em direção a sacada com vista para a London Eye.

E é isso, foi assim que eu morri no (quase) dia do meu aniversario.


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Notas finais do capítulo

Ah bom, retornei e espero que seja para ficar! Eu ainda não esqueci de minha meta de bater os mil comentários ainda nessa vida, então faltam 52!

Estou devendo os bônus de Mircy e de Moony, que são em celebração a cada vez que fechamos uma dezena de comentários, então se vocês quiserem conferir quais foram os outros ganhadores, temos Malyan e seu bônus amorzinho com Teddy e o bônus de Lily Almeida com sua pp Bella Thompson interagindo com Fred II, James e Frank, ambos os bônus podem ser encontrados na fic Contos!

Então pronto, aguardo o comentário de vocês, lembrando que só faltam 2 para o bônus da quinta dezena de dez para os mil comentários de HOH!

Bjuxxx