Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 131
Capítulo 131. Guerra Civil


Notas iniciais do capítulo

DOIS CAPÍTULOS NO MESMO FDS? Dois capítulos no mesmo fds! Nem lembro a última vez que fiz isso, provavelmente foi em uma short fic, mas enfim, vamos ao jogo!



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Capítulo 131. Guerra civil

Anne-Marie e Cesc saíram para o labirinto com um céu ainda claro, de meio de tarde. O garoto achou estranho a recepção, porque tinha muito mais gente agora, do que aquelas pessoas que ficaram no dormitório Dépayser há alguns minutos.

Alguns alunos de Hogwarts estavam cantando a melhor entrada do labirinto para os dois iniciarem a aventura e outros, de ambas as escolas, já pairavam sobre as sebes de dois metros de altura em suas vassouras, prontos para ver o espetáculo de cima.

Cesc olhou divertido para Roussos, porque estava bem óbvio que Beauxbatons precisava mesmo de uma distração naquela rotina de estudos estafante, olha o interesse das pessoas no jogo!

Aquela era a evidência que o sonserino precisava para provar que o seu plano com os jogadores de Quadribol era mesmo bom: havia espaço para mais um esporte no coração dos franceses!

 O quintanista espanhol acenou para Shawna McLaine, que flutuava mais perto da torcida, com a varinha a postos para amplificar a voz a qualquer momento.

— Eles já saíram da toca? - Cesc perguntou malicioso para a colega de Casa, mas a garota apenas olhou para baixo e depois para ele, divertida.

— Não sei se posso te dar essa informação, capitão... - Shawna falou enigmática e ele só revirou os olhos, porque era bem típico da narradora oficial de Hogwarts resolver fazer mistério justo no pior momento. — O que vocês dois estão esperando para entrar?

O batedor sonserino não precisou - e nem quis - responder a isso, porque Fred chegou dois minutos depois, quando a tensão no ambiente já estava bem grande. Ele havia trazido a fiel e antiga companheira de jogo do capitão - o modelo fora de linha Twigger 90— já que o espanhol havia deixado em casa a vassoura oficial e vencedora do campeonato mundial.

Segundo tinha trazido sua própria vassoura de estimação para a batalha também.

— Anne-Marie, vai querer uma carona? - O grifinório perguntou para a monitora de Beauxbatons, que apenas sorriu misteriosa e transformou seu vestidinho azul em um conjunto esportivo de regata e shorts e os saltos em confortáveis tênis trouxas de treino.

Os torcedores aprovaram o novo visual, principalmente os shorts, que deixavam um par de pernas muito bonitas a mostra. A garota fez uma vênia bem-humorada para os aplausos e depois apontou para a parede verde que dividia a entrada do labirinto em duas.

— Me deixem ali em cima e depois a gente se encontra em baixo, quando acabarmos o reconhecimento de campo. - A única garota do trio falou confiante, então Cesc olhou para seus colegas de equipe com o cenho franzido.

— Então o plano será mesmo o bom dividir para conquistar? - O mais novo da equipe perguntou alongando os braços com movimentos calculados. Anne-Marie usou o garoto de apoio para segurar a perna em seu próprio alongamento.

— Daqui a 10 minutos vou lançar um feitiço para vocês me localizarem e a gente vê se manteremos ou não a estratégia, ok? Mas lembrem-se que nossa prioridade é achar o livro. Provavelmente ele vai estar bem escondido em alguma sebe, o problema mesmo é que todas as plantas são iguais. - Fred falou isso montando em sua vassoura e flutuando um metro e meio, a espera de Cesc se posicionar do outro lado de Anne-Marie.

— Nenhuma planta é igual quando está guardando um segredo: vamos acha-lo. - A menina colocou a varinha entre os dentes e ofereceu uma mão para cada um dos garotos montados em suas vassouras.

Cesc e Fred içaram Anne-Marie, que aproveitou o momento para fazer uma pose de acrobata para seus fãs - uma perna dobrada e a outra esticada como uma bailarina na ponta do pé - até ser deixada no topo da sebe. Antes de seus pés tocarem nas plantas, a garota recitou um feitiço para endurecer a superfície.

O setimanista da Grifinória fez um sinal de positivo para a monitora e depois mandou Cesc ir pela direita, enquanto seguia o caminho da esquerda, ambos sobrevoando o labirinto para tentar achar seus adversários.

Roussos seguiu recitando o feitiço na hera a sua frente, arrancando suspiros de admiração de mais de uma dúzia de colegas impressionados com sua corrida por sobre os arbustos de dois metros que formavam a parede do famoso labirinto de Beauxbatons.

Louise assistiu seu irmão passar voando por cima dela e de Dominique, ambas escondidas debaixo de um feitiço glamour aplicado em cima de um feitiço guarda-chuva. Nique sorriu divertida para a amiga corvinal.

— Eu te disse que Fred e Cesc voariam... - A lufa-lufa comentou risonha, enquanto arregaçava as mangas de seu terninho celeste. — Pronta para a batalha?

— Prontíssima. - Louise continuou sob a proteção do feitiço, assistindo Dominique correr atrás do primo, que nem saberia o que o atingiu no caminho da direita. A garota corvinal olhou para o lado oposto.

— Só falta você, Roussos. Onde você está, garota? - Louise se sacodiu ansiosa, porque tinha ficado com a única adversária que ninguém sabia muito sobre as habilidades.

***

Anne tinha certeza que Anne-Marie iria levar os colegas pela passagem do staff, então estava fazendo o caminho mais longo para o jardim das ninfas com o garoto britânico, que continuava batendo a varinha na perna ritmicamente, já que não podia correr do jeito que ela sabia que ele queria fazer.

— Acho que a essa altura está claro que foram Fábregas, Weasley e Anne-Marie os escolhidos para ir ao nosso território... O quê? Você não ouviu a gritaria com os nomes? - Anne se fez de inocente contra vontade, porque odiava ter que disfarçar sua habilidade para um estranho, mesmo sabendo que era necessário.

Infelizmente não tinha outra explicação plausível para ela saber de uma informação que havia captado da mente de um colega no corredor. O garoto ao seu lado franziu o cenho, mas acenou afirmativamente com a cabeça.

— Isso nos deixa com Bertrand e Weasley pela frente, não sei bem o que esperar da grifinória, mas Bertrand com certeza vai fazer um circo acontecer. - Finalmente estavam chegando no jardim, havia um grupinho de curiosos que, assim que os viu, correu para dentro da estufa. Samuel continuou com seu raciocínio. — Se eu estiver certo, e geralmente estou, ela vai armar o circo e ficar atrás das cortinas.

A garota francesa tentou ler na mente do garoto o que isso significava, mas ele tinha o tipo de mente escorregadia, nublada, típica de herdeiros de grandes famílias, treinados desde cedo para serem cautelosos.

— O que isso significa?

— Que não importa o que veja lá... Provavelmente não é real.

Anne não entendeu o que o garoto britânico quis dizer até ver o estado atual do jardim das ninfas: era um show de luzes indiretas verdes, formando sombras assustadoras nas plantas trepadeiras e o teto, que deixava entrever a luminosidade externa, havia sido enfeitiçado para não deixar o sol clarear nada no espaço.

Algumas dezenas de alunos esperavam a dupla forasteira se familiarizar com o ambiente sombrio, todos de varinhas a postos, com a ponta brilhando como pequenas estrelas em um céu de uma noite de verão no meio de uma floresta tropical. Alguns risinhos dos mais novos podia ser ouvido enquanto Anne e Samuel caminhavam pelo primeiro corredor da estufa.

— Devemos nos separar? - Anne perguntou ansiosa.

— Isso é exatamente o que Bertrand quer: a gente separado, para sobrecarregar os nossos sentidos. Temos que ficar juntos, porque um protege o outro e seremos dois pares de olhos e dois pares de ouvidos. - O garoto falou com a varinha em riste, mas desligada. Não gastaria seu fôlego com um lumus, se os colegas já faziam isso tão bem por ele.

— Não cobriríamos uma área maior assim? - A monitora do dormitório Dépayser estava com a mente sobrecarregada mesmo, porque havia feito questão de decorar a “identidade” das mentes dos adversários para rastreá-las depois, mas não contava com tanta gente no mesmo ambiente.

— Vai por mim, não vale a pena. - Samuel falou em um tom definitivo, mas a garota loira ainda parecia querer argumentar algo mais, então ele acrescentou outra informação ao diálogo. — Eu conheço muito bem as artimanhas dessa garota... Já mencionei que Bertrand e eu somos primos?

— COMO VAI VOCÊ, PRIMINHO? - Um grande rosto etéreo se projetou no teto escurecido da estufa, a forma fantasmagórica tinha o exato sorriso malicioso de Juliet Bertrand. O quintanista sonserino suspirou impaciente com a aparição cuja a voz era aumentada magicamente.

— Alguma chance de você saber reverter esse feitiço no teto, Beaumont? - Samuel lançou um raio simples para cima, que atravessou a projeção do rosto da prima, como esperado.

— REVERTER O MEU FEITIÇO, GAROTO? COMO OUSA INVADIR O MEU REINO E AINDA QUERER MEXER NOS MEUS FEITIÇOS? -  Anne e Samuel se entreolharam divertidos, porque Juliet era mesmo uma garota dramática, como Heidi havia descrito muito bem. — POR ESSA AFRONTA IMPERDOÁVEL: QUE A IRA DA NATUREZA RECAIA SOBRE OS BARBÁROS!

A ira da natureza, para a surpresa de todos os presentes, era uma chuva pesada e gelada, fruto de algum feitiço climático absurdo que Bertrand convocou. Alguns gritinhos assustados foram ouvidos e Samuel apenas tomou fôlego para gritar algumas verdades na cara da sua prima maluca.

— BERTRAND, SUA GAROTA RÍDICULA, SAIA DA PORRA DA TOCA EM QUE SE METEU! - O sonserino tinha gritado para o nada e por isso mesmo recebeu uma advertência de Emile Beaumont pelo xingamento, proibido pelas normas da escola. — Desculpe por isso.

Emile acenou com a cabeça, protegido pelo seu bem aplicado feitiço guarda-chuva, enquanto assistia o cabelo loiro da irmã ficar empapado debaixo do chapéu pequeno da farda escolar. Anne, assim como o britânico, não gastaria feitiços com coisas inúteis como se manter seca no meio de uma tempestade artificial.

Glacius! - A garota francesa conseguiu empurrar o companheiro de equipe para a relva bem a tempo de ambos escaparem do feitiço lançado pela adversária mais velha e aparentemente mais esperta.

Anne atrelou sua mente na revelada de Bertrand, que agora se movia como uma sombra em meio as samambaias, por trás dos colegas que ainda assistiam empolgados a todo o espetáculo. Samuel havia caído de cara em um canteiro recém-plantado, com a terra molhada pela chuva inesperada formando um grande lamaçal.

— Localizei ela! - Anne falou enquanto começava sua corrida no corredor paralelo ao caminho da garota britânica, que precisava desviar das plantas, enquanto ela tinha que desviar dos seus estúpidos colegas. Usou algumas vezes o feitiço de repulsão para abrir caminho, até perder a sextanista de vista.

— Siga ela, não a deixe escapar! - Samuel rosnou irritado, com o rosto coberto por uma lama escura. Estava irritado, molhado, sujo, arranhado e muito longe de conseguir o que queria, então iria apenas cuidar de neutralizar as duas malditas garotas inimigas. Sorriu com a boca ainda com gosto de terra. — Weasley, bonitinha... Cadê você?

***

Dominique tirou do decote um pequeno colar de pérolas que havia começado a usar em conjunto com sua elegante farda de Beauxbatons, o forçou com a ponta da varinha até que as pequenas bolinhas voassem no ar, cada uma para um lado.

Draconifors! - Cada uma das pérolas se transformou em um dragão pequenino e a garota lufana mandou seu pequeno exército caçar seu primo Fred, sem piedade. — Ataquem-no!

As criaturinhas conjuradas seguiram a ordem, algumas sobrevoando o muro de heras, outras passando através das plantas. Fred rilhou os dentes, porque odiava quando era atingindo por um bom feitiço de transfiguração.

Ele adorava Transfiguração, não era para ela estar tentando queimar todos os fios de cabelo da sua cabeça!

Tinha sido uma má ideia abandonar a vassoura para duelar com a prima no solo, Fred sabia disso agora. O garoto mergulhou no chão de pedra para tentar desviar de um sopro de fogo de um dragão em miniatura, esfolando os cotovelos da farda no piso duro do labirinto. Xingou baixinho, porque tinha certeza que estava com os cotovelos bem arranhados por dentro da roupa também.

— Maldita seja, Nique! Finite Incantatem!— Uma chuva de pérolas caiu sobre si quando os dragões se transformaram de volta em suas formas originais. Fred levantou bem a tempo de ver Dominique no final do corredor em que estava. Se desviou de um raio roxo da varinha da prima, antes de lançar um contra-ataque. — Herbivicus!

O jato de luz verde saído da varinha de Fred fez crescer a hera sob os pés de Dominique, que acabou levando um tombo feio, pernas para cima e tudo. Fred ainda usou um Imobilus para garantir que a garota não sairia do lugar. Pegou a varinha da prima no chão, com um sorriso convencido.

— Muito bom, Nique, estou orgulhoso com sua performance, agora... Onde está o livro? - Se aproximou do rosto da garota imobilizada contra a hera, puxando-a na posição sentada. A menina lhe deu língua e depois caiu na risada com sua própria rebeldia boba. — Muito engraçado, priminha. Que tal então... Rictusempra!

Dominique agora se contorcia no chão sem conseguir parar de rir, o corpo ainda estava preso no feitiço e podia ver a sombra de Fred acima de si, parado como o grande estúpido que era, mas nem podia lhe dizer nada, porque sua barriga estava ficando dolorida das gargalhadas e o fôlego estava quase acabando.

— Pronta para falar, priminha?

— VAI A MERDA, FRED!

***

— COMA BOSTA, AIZEMBERG! - Roxanne atirou não uma, mas duas bombas de bosta por cima do ombro, enquanto ironicamente se abaixava atrás de um carregamento de fertilizante feito de fezes de fardas mordentes.

Tinha conseguido se esconder muito bem usando um feitiço de desilusão e os corpos dos colegas como escudo, mas Aizemberg fora inteligente o suficiente para utilizar um feitiço rastreador para localiza-la.

Roxie não conhecia aquele tipo de magia, mas agora estava brilhando laranja como uma maldita árvore de Natal. O Finite Incantatem não adiantava, então continuou se movendo pela escuridão do cenário de Bertrand chamando toda a atenção para si.

— BERTRAND, ACENDA AS LUZES! - Os colegas comemoraram sua corrida iluminada como celebrariam se fosse a passagem da tocha olímpica e, mesmo com tantos gritos de incentivo, ainda ouvia o riso sádico de Aizemberg atrás de si.

— Com medinho, Weasley? Achei que os grifinórios eram os reis da coragem desmedida, será que... - O sonserino se desviou de um raio azul lançado a esmo, por sobre os ombros, pela sextanista de cabelos crespos volumosos a sua frente. — Ah, é por essa ousadia mesmo que eu gosto de carne de leão no café da manhã!

O garoto voltou a correr, seguindo o borrão laranja que havia enfeitiçado há cinco minutos. Um vulto trombou com ele vindo do nada, quase o fazendo cair com o impacto. Esperava que fosse sua estúpida prima, Juliet, mas reconheceu os cabelos loiros e o porte elegante de Beaumont, mesmo na escuridão.

— Precisamos sair daqui, elas não tem a informação! - Anne falou ansiosa, tentando fazer o britânico a sua frente entender a enormidade do problema que tinham em mãos.

— Quê? O que? Do que demônios você está falando, garota?

— Eles transfiguraram o livro, só Fred sabe a informação, ele anotou tudo em um bilhete, Bertrand apagou a memória dele e nós temos que... - Anne parou de falar tudo que tinha descoberto associando as informações da mente de Bertrand e de Weasley, por causa de um clarão que retirou o feitiço sombra do teto da estufa.

Vários alunos fizeram o mesmo que a dupla, gemeram com a luz inesperada cegando os olhos de uma maneira dolorida, mas somente Samuel puxou a companheira de missão para baixo, para não serem alvos tão fáceis para a prima sádica.

— Nenhum dos dois sai daqui sem a minha permissão! -  Juliet apontou os fachos de luz verde para si com um aceno de varinha, mostrando sua figura intacta: cabelos penteados, vestes sequinhas e maquiagem perfeita.

Não havia passado tanto tempo assim com a família do lado da sua mãe, mas algum instinto antigo fez Samuel Aizemberg prever o exato feitiço que a prima usaria a seguir. Antes que ela conseguisse falar, o sonserino usou um feitiço de repulsão para deslizar agressivamente Anne Beaumont até o lado de fora das estufas.

A garota francesa provavelmente estaria toda roxa amanhã, mas era o preço a se pagar pela vitória.

Colloportus!— Juliet lançou o feitiço fazendo as portas se trancaram quase no mesmo segundo em que Anne passou por elas. A monitora bateu as costas na parede do corredor do palácio, fazendo o quadro preso acima de sua cabeça tremer. Olhou para a porta trancada, ainda ouvindo a voz teatral de Bertrand reverberar pelas frestas da estrutura de vidro. — Não devia ter feito isso, priminho...

— Que família descompensada!  - Anne não ficou para ver o estrago que Bertrand faria no seu pobre colega de classe, se levantou com uma careta dolorida, porque ainda tinha muito trabalho a fazer.

Tinha um certo Fred Weasley II para caçar!

***

Cesc aterrissou precariamente no chão de pedras coloridas em um mosaico bonito no labirinto da famosa escola francesa. Usou a luvarinha para apagar as chamas da vassoura com uma mão, a outra varinha sem cerne mágico usou para fazer um Protego meia boca contra as investidas de Heidi.

— Como ousa, sua ingrata? Você sabe que Twig tem um valor sentimental para mim! - Cesc falou para sua artilheira filha da mãe e ainda pôde ouvir um risinho da garota dobrando a esquina.

— Prometo que vou aparar as cerdas, capitão, ela vai ficar como nova! - A voz risonha de Heidi soou pelas paredes de vegetais do labirinto e Cesc tratou de sair da sua posição defensiva para começar a caçar aquela garota sem coração.

— Não precisa, Heidi! Prometo que assim que eu colocar as mãos em você, vou cortá-la em pedacinhos e distribuir pelos postes trouxas daqui até a Escócia!  - Cesc falou, completando com uma risada no final ao ouvir a gargalhada de fada da garota. — Aproveite em quanto pode rir, sua morta ambulante!

Retribuiu um dos Incendios que Heidi tão cortesmente havia tentado acertar nele e em sua vassoura favorita pelos últimos cinco minutos, mas acabou ouvindo uma voz taciturna soar alto através das heras verdes e bem aparadas de Beauxbatons, ao invés da voz provocante de sua artilheira.

— FÁBREGAS, CUIDADO COM AS PLANTAS DA ESCOLA, LEMBRE-SE DAS REGRAS. - A voz do vampiro Leiris era inconfundível, mesmo com o eco estranho formado pelo feitiço de ampliação de voz.

— Hey! Onde você estava quando Heidi Lowen tentou me carbonizar há trinta segundos?

— NÃO CULPE O MENSAGEIRO! OS FEITIÇOS DE LOWEN NÃO ESTAVAM PERTO DE ACERTAR AS HERAS DO COLÉGIO. - Dessa vez Leiris se fez visível, então Cesc fez um aceno falso de cumprimento a autoridade do colega, juiz desse território a pedido de Emile Beaumont, que percebeu que não poderia vigiar os dois lados da partida sozinho.

— Não, eles só estavam perto de acertar e queimar a minha carne sem valor! - O espanhol resmungou para si mesmo e continuou o caminho exatamente igual ao anterior - mosaicos bonitos e coloridos, heras verdinhas e bem aparadas - a pé, tendo grudado sua pobre vassoura queimada às costas. Nem sinal de uma artilheira piromaníaca a frente. — Para que lado agora?

No arabesco dourado, pegue a direção oeste para atravessar a hera e a leste para ir para o outro lado do labirinto.

“Marduk, é você?”, obviamente o sonserino não esperava uma resposta, mas sorriu para a implicação. Se fosse mesmo o feitiço de tradução e localização de Uagadou lhe dando dicas sobre a escola francesa, havia algo de muito errado - ou muito certo - com aquele encantamento agora.

Cesc fez um feitiço de orientação que havia aprendido na escola no ano anterior e sua varinha apontou para a direção norte, às suas costas. Virou para a direção apontada e se o norte estava a sua frente, o lado oeste era a parede a sua esquerda.

Caminhou até encontrar a parte do padrão de mosaico de pedrinha que tinha um arabesco dourado como o Marduk havia dito e, assim que encontrou, entrou em um portal mágico: fresco na pele e sem nenhuma folha ou espinho lhe machucando.

Nenhum sinal de Heidi nesse corredor, então avançou para o próximo arabesco, fez isso mais duas vezes antes de ter o braço atingido por um Alarte Ascendare, que nem sequer era para ele!

O garoto foi içado pela mão enfeitiçada acima das paredes do labirinto e já estava imaginando a queda dolorosa que teria - Merlin, dessa vez conseguiria a façanha de quebrar algum osso - quando teve sua descida freada por uma Louise assustada.

Ainda assim, mesmo com a ajuda da irmã, Cesc caiu de bunda no chão. Olhou para sua gêmea e depois para Anne-Marie, que tinha uma parte da blusa rasgada e manchas escuras em um lado do rosto. A monitora - que agora parecia uma guerrilheira sexy de videogame - apontou para sua adversária no extremo oposto do corredor.

— Ela está com o livro! Está com ela! VAMOS ATRÁS DELA! - A garota francesa passou por ele como uma fúria, correndo atrás de uma Louise que já tinha dado no pé assim que percebeu que o irmão não tinha se machucado com a queda.

Cesc se levantou meio atordoado, mas depois de uns trinta segundos seguindo de perto Anne-Marie caçando sua gêmea, percebeu o plano engenhoso da irmã: em um labirinto de paredes iguais para todos, mantenha o seu tesouro consigo.

— Maldita seja você, Louise, e seu cérebro anormalmente grande!

Enviou um Pericullum para os céus, com toda a intenção de chamar a atenção de Fred através do sinal luminoso. Era provável que o grifinório tivesse se envolvido em algum duelo ele mesmo, porque o prazo dele para o time se reunir e traçar uma nova estratégia havia estourado há muito tempo e nem sinal de vida dele.

***

Puta que pariu, parecia que estava estrelando algum filme absurdo de terror sobre duas assassinas loiras e bonitas e Fred, infelizmente, era a vítima!

O garoto revirou os olhos para seu próprio lamento mental, principalmente porque seus colegas pairando confortáveis em suas vassouras não estavam ajudando em nada, rindo e denunciando sua posição a cada curva do caminho!

Sua derrocada havia iniciado quando foi atingido pelas costas por um feitiço de Anne Beaumont, enquanto ainda tentava arrancar alguma informação de Dominique. A fama de leais não era injustificada, parecia que os lufanos não revelavam segredos nem depois de mortos!

Provavelmente deviam ser ainda mais fiéis como fantasmas!

Sua sorte foi que a monitora francesa havia escolhido o Filipendo como feitiço de ataque, então ele foi jogado para longe e, enquanto ela libertava e ajudava sua prima a se pôr de pé, ele engolia sua dor no braço e tentava traçar uma estratégia para duelar com duas garotas ao mesmo tempo.

Fred até tentou colocar o ombro deslocado de volta no lugar - não era para Leiris garantir que não haveriam feitiços que pudessem machucar alguém naquele território? - mas ouviu a voz furiosa de Dominique só a alguns metros de distância de onde ele se encontrava agora.

— É hoje que você morre, priminho: ouvi dizer que você tem algo que a gente quer muito! - Dominique apareceu na esquina do corredor de Fred como uma lunática e Anne veio logo atrás, as duas com os chapéus precariamente presos nos cabelos loiros bagunçados e selvagens.

Os garotos montados em suas vassouras uivavam animados com aquela cena, deveria ter uns vinte escurecendo o céu amontoados naqueles metros quadrados disputados.

Anne tentou um Accio para trazer o bilhete com as informações de onde o livro estava transfigurado no jardim das ninfas, mas Fred apenas deu risada da tentativa - apesar de sua situação precária - antes de empreender uma fuga nada elegante.

— Quem te disse que eu escrevi o segredo em um bilhete mentiu, Anne, eu escrevi a localização do livro no meu corpo e se você quiser tê-la, vai ter que me pegar! - O grifinório viu a expressão da garota mudar de confusão para fúria assim que leu a verdade na mente dele.

Fred não ficou para ver se a francesa conseguia ficar mais vermelha de raiva do que aquilo, até porque Nique lançou uma série de pulsos mágicos em sua direção, que nem deviam ser feitiços reais!

A dor no ombro deslocado era grande enquanto corria, mas a diversão era maior! O grifinório corria tão rápido quanto a força de sua gargalhada e isso parecia enfurecer ainda mais as suas perseguidoras.

— Vou mata-lo, Fred! Sua morte vai ser o maior assunto no próximo Natal da família!

***

— Chega de se esconder, Samuel, se não eu não vou te mandar presente de Natal esse ano! - Juliet falou irônica, porque não se lembrava a última vez que tinha ajudado a mãe a enviar presentes natalinos para seus parentes.

Samuel se manteve parado, camuflado dentro do espelho d’água que desaguava fora das estruturas do palácio, provavelmente em alguma fenda no meio dos montes Pirineus. A água era fria como gelo e estava respirando apenas por um tubo fino que havia conseguido conjurar enquanto escapava do Tarantallegra de Roxanne Weasley.

Tinha sido atacado com feitiços das mais diversas matrizes: de azarações a pegadinhas, de feitiços elementares a encantamentos estéticos, Samuel sabia que só estava vivo porque a poeira do último feitiço da prima tinha lhe dado tempo para achar esse esconderijo precário.

Deuses, onde estava Anne Beaumont com a informação que precisavam?

 ***

Cesc se recriminou por estar perdendo uma corrida no labirinto para duas garotas que se exercitavam apenas na aula de educação física, Louise ainda tendo o agravante de ser uma vergonha nessa classe e em qualquer outra atividade que envolvessem esforço corporal.

O batedor - campeão do Torneio de Hogwarts e do Campeonato intercolegial de Quadribol - intensificou o ritmo de sua corrida, aumentou as passadas e ultrapassou Anne-Marie na primeira curva e, antes da segunda, já havia descolado a vassoura das costas, montado nela e demorado só mais alguns segundos para capturar sua irmã pela cintura.

Os dois atravessaram uma parede de sebe em alta velocidade, justamente por causa do fator que tinha feito a famosa Twigger 90 sair do mercado há décadas: ela empenava para um dos lados sempre que atingia uma certa velocidade.

Os Fábregas aterrissaram no corredor seguinte com alguns arranhões, a garota corvinal ainda tentando se afastar do irmão se arrastando pelo chão. Anne-Marie finalmente chegou no local da queda dos gêmeos espanhóis, recuperando a bolsa da adversária com um Accio simples e bem executado.

Retirou o precioso livro com uma fava de baunilha marcando uma das páginas de dentro da bolsa - com o fundo aumentando magicamente - com um sorriso no rosto e um suspiro de satisfação evidente.

— Bela tentativa, Fábregas, mas a vitória é nossa! - A monitora francesa mostrou o livro para os colegas torcedores pairando no alto, que vibraram com o final da partida.

Cesc ajudou a irmã a se levantar do chão, a abraçando e tirando algumas folhas presas no cabelo escuro da garota. Louise odiava perder, mas tinha que admitir, aquele jogo foi bem divertido, apesar de tudo.

— Ok, ok, bela vitória a de vocês! Mas fico me perguntando... O que foi que aconteceu com a minha equipe lá no território de vocês? - Louise falou ainda apoiada no ombro do irmão, porque seu tornozelo esquerdo estava prometendo uma vingança por esse último esforço estúpido.

***

Juliet desfez todos os feitiços de iluminação e devolveu, com acenos de varinha elegantes, todos os objetos que haviam tirado do lugar na sua batalha contra o primo por parte de mãe ao lado da monitora do Dépayser.

As ninfas assentiram satisfeitas com o fim da bagunça no seu local de trabalho.

A sextanista ouviu Samuel sair de dentro do espelho d’água as suas costas. Sorriu para o garoto sem fôlego que, mesmo tendo passado tanto tempo molhado, ainda tinha manchas grossas de lama espalhadas pelo rosto e pescoço.

— Minha equipe ganhou, Aizemberg, mas tenho que dizer, garoto... Nossos antepassados Lestrange ficariam orgulhosos com sua engenhosidade. - A menina estendeu a mão para o primo, com o qual não falava muito e o sonserino aceitou o gesto, se deixando levantar de seu esconderijo nos últimos minutos.

— Acho que todos eles questionariam a nossa sanidade por nos envolver em uma loucura como essa, mas... Confesso que me diverti bastante. - Samuel falou satisfeito, finalmente usando alguns feitiços rápidos para secar o sobretudo do uniforme e limpar o rosto sujo de lama. — Embora deva dizer que alguns dos seus truques eram totalmente dispensáveis, quero dizer, o que foi aquela cabeçorra ridícula no teto?

— Você gostou? Vou usar como recurso narrativo na peça de boas-vindas da nova Hogwarts! - Juliet falou animada e Samuel apenas lhe dirigiu um olhar sarcástico.

— Que parte do “ridícula” você não entendeu?

— Não se preocupe, primo, vou te reservar um lugar na primeira fileira do espetáculo, afinal... Família é para essas coisas! -  A garota concluiu com um sorriso cínico.

***

— Tira a calça dele você, família serve para essas coisas! - Anne falou para Dominique, nervosa com a situação, porque Fred já estava sem camisa e sapatos, devidamente imobilizado no chão, mas de alguma forma ainda permanecia com a anotação escondida, o que significava dizer que o garoto tinha dado um jeito de anotar tudo embaixo das calças, antes de ter sua memória apagada.

— Preciso lembrar às duas senhoritas que o jogo já terminou? Ou vocês não ouviram Leiris anunciando a vitória da minha equipe? - Dominique e Anne se entreolharam e deram de ombros dispostas a libertar o garoto - ele já tinha sido torturado o bastante sendo despido contra a vontade na frente de um monte de colegas zombeteiros - mas uma terceira parte da equipe chegou para dar sua opinião.

— Deixa comigo, meninas! Eu faço esse sacrifício de arrancar as calças do nosso excelentíssimo senhor Fred Weasley II! - Heidi falou maliciosa, já segurando a barra da calça do grifinório largado de qualquer jeito no chão.

— O jogo acabou, senhorita Lowen e tirar a roupa de um colega é definitivamente contra as regras da escola. - Emile Beaumont havia surgido sabe Merlin de onde, só para ser um verdadeiro estraga-prazeres!

— E quanto a bandeira? Fred ainda não devolveu o exemplar, eu só estou exercendo meu dever cívico de retornar um livro precioso da biblioteca ao seu lugar! - A sonserina tentou inocentemente, mas Emile fez que não com o dedo, de uma maneira afetada.

— Boa tentativa, senhorita, mas creio eu que o senhor Weasley II possa ler a anotação em seu próprio corpo e retornar o livro a biblioteca sozinho. - Emile concluiu a ordem em um tom bem-humorado, mas depois dispensou bravo os colegas que ainda pairavam sobre a cena como moscas varejeiras. — Não há mais nada para ver aqui, pessoal, podem retornar aos seus dormitórios para se trocarem para o jantar. Vamos, vamos!

Heidi fez um biquinho chateado, porque realmente não tinha nada mais a ser visto e, assim, sairia do jogo sem nem o prêmio de consolação...

De novo! Que vida cruel...


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Notas finais do capítulo

E aí? Divertido? Bem, nesse exato minuto HOH está a sete comentários de chegar aos mil, será que a gente bate com dois capítulos? Antigamente eu teria certeza que sim, mas agora vocês estão todos muito preguiçosos, então vamos a promoção dos mil comentários:

Cada comentário até o milésimo vai poder fazer um pequeno pedido na fic e o milésimo vai poder pedir um bônus!!! Sim, eu sei que devo algumas coisas, mas juro que esse bônus eu vou escrever, hahaha

(E quando eu digo que eu vou, mas vou mesmo, dessa vez para valer, eu vou lá e faço mesmo)

Bjuxxx



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