Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 120
Capítulo 120. Nada mais importa


Notas iniciais do capítulo

Essa fic ainda existe? Sério? Uau!

Brincadeiras a parte, desculpa pela demora de mais de um mês, o problema todo estava nesse capítulo, já que o próximo está pronto, assim como vários da spin-off, então aproveitem!



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 Capítulo 120. Nada mais importa

Never opened myself this way

Life is ours, we live it our way

All these words I don't just say

And nothing else matters

Há momentos na vida onde a pressão é tão grande, que você se sente como aquele caracolzinho prestes a ser tirado da concha com aqueles garfos de dois dentes que os ricos usam para comer, bem, caracóis, porque é disso que estamos falando.

Okay, Cesc, você não está fazendo o menor sentido, melhor usar outra metáfora. 

Deixa eu pensar... Não, nem isso eu estou conseguindo pensar agora, eu nunca imaginei que fosse me sentir tão nervoso com um jogo! Queria que o treinador Potter tivesse escalado outro batedor no meu lugar, mas aí correria o risco de ser uma daquelas aberrações que eu chamo de colegas jogando e isso sim me deixaria louco!

Olhei para Tony, fechado naquele mundinho radical dele pré-jogo, com muita inveja envolvida.

— Está nervoso? - Sussurrei, então ele me olhou sério, um pouco distraído. 

— Vai passar quando entrarmos em campo. - Ele disse hermético, depois apontou com a cabeça para Lexa, que parecia que tinha visto o próprio fantasma e iria desmaiar a qualquer momento. – Você devia ir lá passar um pouco de confiança para os outros. 

Tony disse com aquele sorrisinho sarcástico, porque ele sabe que eu estou me cagando de medo de Uagadou e que se eu passasse um pouco de confiança para Lexa, meu saldo final ficaria negativo!

Olhei para Enrique procurando um pouco de apoio da parte dele - que iludido eu sou, mas eu ao menos tento - e o traste estava cochilando encostado na parede de armários do vestiário, já usando o exoesqueleto do uniforme.

Procurei qualquer coisa que pudesse me servir como munição para atirar nele, mas não consegui encontrar nada, a sorte foi que James estava por perto, então eu usei o livro de jogadas que ele estava relendo para atingir Enrique bem no meio do peito. O idiota acordou assustado.

— Ei, eu estava lendo! - Potter grasnou ao meu lado e eu dei a ele meu melhor olhar de “não ligo e nunca ligarei”. Ele revirou os olhos e convocou o livro de volta com a varinha.

— Agora, eu posso saber o que eu fiz para merecer isso? - Minha agressão a meu - olha queria tomar vergonha na cara e dizer que é ex, mas acontece que a carne é fraca - namorado serviu ao menos para colocar todos os jogadores com o mesmo foco, embora eu dispense o tom jocoso de Enrique. 

— A partida começa em menos de uma hora e eu não quero meu apanhador titular dormindo! - Enrique me olhou cínico e eu apontei para o grifinório estúpido ao meu lado. – Até James, que vai ficar esquentando banco, está dando uma última olhada nas jogadas, enquanto você fica aí roncando!

— Eu estou aproveitando o silêncio para... Olha, quer saber? Eu não preciso ficar me fingindo de concentrado ou tentando não vomitar o almoço nas minhas botas, porque eu tenho um plano. - Enrique falou pimpão e eu franzi meus olhos para ele. 

— Cancele esse plano, Enrique. Esse plano é uma merda! - Apontei irritado para ele, que arregalou os olhos com falsa inocência. 

— Mas você nem sabe qual é meu plano...

— Eu preciso saber, criatura? Eu te conheci ontem, por acaso? - Ele deu de ombros, então me vi obrigado a levantar para esganar pessoalmente aquele retardado sem cérebro! – Seu plano é uma merda e eu não preciso nem saber qual é para afirmar isso com todas as letras!

Ele me deu aquela risadinha irritante de quem ia fazer a merda fedorenta mesmo assim, então quando eu estava perto de apertar o pescoço dele, treinador Potter e mais uns dois membros do conselho de Hogwarts entraram no vestiário. 

Voltei para o meu lugar, contrariado.

— Bem, crianças, o momento que todos esperávamos chegou. - Potter pai disse sério, olhando para todos, depois incluindo os convidados na conversa. – Esses cavalheiros vieram conhecer vocês e desejar um bom jogo, em nome de toda a comunidade de Hogwarts, então se animem! 

Ah bom, porque a pressão já estava pouca...

Os homens de vestes tradicionais bruxas se apresentaram e cumprimentaram um jogador de cada vez, agradecendo pelo trabalho bem feito antes e desejando boa sorte na partida de logo mais. Eles sabiam os nomes de todos, até dos reservas e quando chegaram em mim, passaram algumas instruções generalistas transfiguradas de ótimas dicas para a partida.

Eu sorri simpaticamente e deletei todas da minha mente no segundo seguinte, claro.

Acenamos animados para os senhores até que eles saíssem do vestiário, então voltamos para a nossa cara de insegurança e desânimo, liderados por Connor e sua previsão de um massacre. Para àqueles que perguntam a respeito do nosso pessimista oficial, o senhor Scorpius Malfoy, ele já está muito conformado com a nossa derrota, então olha a todos com um sorriso de canto de boca.

Eu tô tão feliz que Scorp vai para Durmstrang, dizem que lá é terra onde filho chora e mãe - e avó - não vê e se esse for o caso, o pessimismo dele vai ser muito útil quando ele estiver sendo esmagado debaixo da bota dos escandinavos!  

Voltei a me sentar, mas foi só o tempo de ajeitar a bunda no banco e empurrar Tony para chega mais para lá, antes de Jweek adentrar com seu próprio traste Dussel de estimação. Ela respirou fundo, animada e Heitor deu um cumprimento seco para todos, falando algo em seu comunicador dourado igual ao de Blaise Zabini.

— Que carinhas são essas, meninos e meninas? - Ela perguntou com um biquinho falsamente doce e, a despeito de suas maravilhosas habilidades na vassoura, estou começando a achar que essa mulher é louca de verdade. – Estão nervosos, com medo do bicho-papão africano?

Enrique fez menção de respondê-la, mas depois ele pensou melhor e reconsiderou, porque nos últimos treinos, essa mulher se mostrou com uma surdez seletiva assombrosa, ainda mais se vinha com o que ela chamava de "desculpa de bebezão".

Se ela e Heitor tiverem uma criança, acho que não vai passar dos 3 anos de idade, que fique registrado.

— Vocês pensam que eu sou feita apenas de ordens e cobranças, mas eu quero que saibam que eu me importo muito com a saúde mental de vocês. - Jweek olhou para cada um de nós e deve ter chegado a conclusão que ninguém acreditava nisso, porque foi mais enfática. – Me importo de verdade! Heitor, traga o toca... Heitor! O tocador, por favor!

Heitor olhou para ela meio impaciente, porque aparentemente ele não gostava muito de receber ordens e estava muito ocupado com, bem, o restante da festa da final, mas ainda assim deu a ordem para o elfo doméstico, porque o bichinho veio trazendo um tocador de disco maior do que ele.

Jweek deixou ele colocar o trambolho onde antes Frank e Fred estavam sentados e começou a discursar daquele jeito marrento dela, o que, segundo Heitor em uma conversa sussurrada com o treinador Potter, ela não fazia nunca. Nas palavras dele “nunca consegui fazê-la dar uma declaração para a imprensa”.

Aparentemente ela só gosta de discursar para gente, vai entender.

— Olha aqui, pessoal, eu honestamente ensinei tudo que eu consegui ensinar a vocês sobre o quadribol nesse tempo limitado que me deram...

“Quem era bom, ficou ainda melhor e quem não era, a gente ao menos conseguiu fazer ter uma função útil na equipe, então eu estou mais do que satisfeita com os resultados que a gente conseguiu aqui, parabéns para todos nós!

Mas de qualquer forma, hoje é a final, e é um daqueles dias que eu não posso dizer mais merda nenhuma, porque isso só pioraria as coisas e deixaria a mente de vocês mais fodi... Enfim, menos tranquila, então vamos resumir a história e pular para a parte onde alguma coisa do que eu digo serve para algo:

Na última vez que eu joguei uma final de campeonato eu perdi, perdi e não foi bonito, porque era a minha chance de sair da reserva e era também a grande despedida da minha capitã e inspiração, Ginevra Potter, e no fim das contas, vocês sabem bem o que aconteceu.

Mas se querem saber, eu não me arrependo de nada do que foi feito naquele jogo, porque Potter voltou para sua família em uma peça e eu saí daquele campo de cabeça erguida, então, de alguém que já esteve naquilo que vocês consideram como sendo o que de pior pode acontecer hoje, eu lhes digo:

Perder nem de longe é tão ruim quanto não tentar.”

Jweek olhou para mim e deu uma piscada, porque ela havia dito isso para o nosso grupo de batedores várias e várias vezes. Ela nos disse que nunca na vida havia se arrependido das coisas que fez e disse, porque enquanto vivesse, podia dar um jeito em seus erros, mas se arrependia profundamente de tudo que ela não tinha feito.

Batedores nunca se conformam com pouco e sempre tem trabalho a fazer, se não deixarmos nenhum canto sem ser coberto, sempre poderemos sair de campo de cabeça erguida. Olhei para minha equipe, principalmente para Tony, que eu sabia que iria fazer tudo o que pudesse para defender o nosso time e acabar com Uagadou e me enchi de uma calma inspiradora.

Não tínhamos mais com o que nos preocupar, nada mais de planos e ansiedade, porque o grande dia finalmente chegou.

— Já que me falta as palavras inspiradoras para terminar esse discurso motivador, vou deixar que uns senhores muito bem versados falem por mim. - Jweek estalou os dedos de um jeito meio afetado e Heitor sorriu para ela, porque provavelmente aquela era uma imitação dele bem caricata. 

A melodia baixa e tranquila começou a tomar conta do vestiário - confesso que fiquei surpreso por uma pessoa como Jweek Rosier escolher uma música calma para um momento como esse - mas alguns segundos depois, Lexa estava balançando a cabeça no ritmo dos acordes de guitarra.

— Metallica... - Ela suspirou satisfeita e encostou a cabeça na parede, de olhos fechados, mesmo que nenhuma palavra tivesse sido cantada ainda. Era uma música com uma abertura bem longa.

— Metallica, porque vocês precisam saber que hoje, nada mais importa. - Assim que Jweek concluiu sua fala, a voz grave do vocalista começou a cantar uma música que falava de acreditar uns nos outros, acreditar em si mesmo e não dar ouvidos para quem está vendo tudo de fora, porque nada mais importava.

Essa música é tão Hogwarts, que se não tivesse sido escrita a uma caralhada de anos, eu diria que tinha sido feita para esse exato momento de nossas vidas, porque traduzia nossas preocupações bobas com Uagadou e a necessidade de nos lembrarmos que nós podíamos fazer isso, ganhar o campeonato, apenas fazendo as coisas do nosso jeito.

E nada mais importa. 

A canção ainda ecoava nos nossos ouvidos, quando Heitor fez sinal para que seguíssemos para o corredor final do estádio. Aparentemente não fomos os primeiros a fazer isso, porque do outro lado da nossa fila estavam os africanos, com seus mantos negros já postos e apenas um pouco de cor representada nas costas das capas de voo. 

Eles pareciam sinistros e tinham a vantagem de poder nos ver sem serem visto e de se comunicarem entre si, coisa que os nossos patrocinadores finalmente consertaram ao distribuir comunicadores como os dos organizadores dos eventos mágicos para toda a equipe titular. 

Os nossos comunicadores eram mais discretos do que os dourados de Blaise Zabini e Heitor Dussel, com um feitiço glamour aplicado, inclusive era o mesmo feitiço que eu estava usando nesse exato minuto na minha luva-varinha, ou melhor, luvarinha*, como chamou Tony em sua grande sabedoria mitológica. 

Tá, já sei, já sei! Eu disse que não iria usar a luvarinha no jogo, porque isso seria meio que trapaça e blablabá, mas acontece que minha mãe a escondeu em um esconderijo melhorado - ela odiou a luvarinha, disse que eu parecia um marginal mágico com ela, olha só que mulher desalmada - e o jogo acabou sendo a única oportunidade nessas férias prolongadas de usar meu novo brinquedinho!

Para vocês terem noção da injustiça, até durante as provas práticas no Ministério eu tive que usar a outra varinha, vamos chama-la de “a varinha sem graça”, porque além dela ser muito da esquisitinha e sem adornos, ela ainda faz os meus feitiços parecerem meio bostas, quero dizer, esqueçam os 10 pontos para a Sonserina pelo leviosa maneirinho no primeiro ano, com ela eu sou só um cara normal.

Eca, odeio gente normal!

— No que está pensando, capitão? - Jweek perguntou enquanto ajeitava rudemente o peitoral do meu exoesqueleto. Misericórdia, que mulher brava! Nem a vi chegando.

— Que minha varinha nova é uma porcaria, ainda bem que já dei um jeito nisso! - Sacudi a mão da luvarinha com malícia - Jweek sabe da minha nova luvarinha, porque é amiguinha de Erick - e ela abaixou minha mão com agressividade.

— Você trouxe essa porcaria para o campo? - Ela sussurrou daquele jeito gritado e eu fiz uma careta. Poxa, por que as pessoas teoricamente mais sábias detestam a luvarinha - meus pais, Jweek e Heitor Dussel - e só Erick e meus amigos gostam?

Melhor não saber a resposta.

— Eu não vou usá-la, se é isso que está pensando. - Falei seriamente, porque eu não sou um trapaceiro! Ela fez o gesto universal de uma arma de fogo apontada para minha cabeça, ah sério, que mulher louca!

— Pra quê uma pessoa coloca uma arma de fogo na mão se não for com a intenção de atirar? - Olha, eu não tenho tempo para esses enigmas! Delicadamente tirei o dedo dela da minha têmpora e a apresentei ao meu adorável bastão de jogo. 

— Essa aqui é a única arma que eu vou usar hoje, okay? Okay! Se você quer ajudar o bom andamento desse jogo, porque não vai lá checar com Enrique qual é o plano dele, que eu tenho certeza que vai ser uma merda para todos os envolvidos, hum? - Sugeri cínico, com minha frase final coincidindo com o exato momento que as câmeras adentraram no gargalo do estádio de Ikley Moor.

Jweek colocou a mão sobre os lábios e me perguntou disfarçadamente.

— Enrique tem um plano? - O burburinho dos torcedores com o que deveria ser as nossas primeiras imagens no telão não foram o suficiente para me impedir de ouvir a pergunta dela.

— Para você ver o tamanho do problema! - Falei divertido e misterioso, mas sabia que as câmeras estavam apenas arquivando gravações para o futuro, já que os discursos de todos os jogadores estavam sendo exibidos agora.

Cada um de nós gravou cerca de cinco minutos o que significava para gente ter chegado a final, e, para ser sincero, eu não faço ideia de como ficou a edição disso feita magicamente - estava ouvindo sotaques britânicos intercalados com africanos agora - nem o quanto dos discursos foi aproveitado, mas pela reação da galera, acho que a coisa ficou boa.

— Anne, preciso do corredor livre para os jogadores. - Heitor falou sério, depois deu algum sinal dentro de sua própria linha direta de comunicação. Jweek acenou afirmativamente, segurando meus ombros para um último conselho. 

— Vocês já ganharam, garoto, só de estar aqui já ganharam, porque apenas os nossos corações acreditavam que isso era possível, a razão discordava completamente. - Ela falou com um toque risonho, depois bateu de leve com o punho fechado no lugar onde fica o brasão prata da escola no meu exoesqueleto. – Hogwarts é coração, Cesc e já que vocês conseguiram chegar até aqui... Traga a vitória pra casa, capitão. 

Jweek deu mais duas batidas com o punho no lugar do brasão, no lugar onde fica o meu coração, depois deu um daqueles tapas horríveis dela bem na minha bunda, que infelizmente não tinha nenhuma proteção extra, obviamente.

— TRAGAM A VITÓRIA PRA CASA, HOGWARTS!  ESTAMOS CONTANDO COM VOCÊS! - O time reagiu a essa gritaria final de Jweek fazendo o clássico sinal de rock’n’roll enquanto saia do corredor dos jogadores.

Sejamos justos: essa garota foi a nossa melhor treinadora!

Tony começou a se mexer inquieto atrás de mim e àquela adrenalina pré-jogo começou a arder nas minhas veias, sorri para a sensação, porque finalmente a final iria começar! Um barulho no final do corredor nos fez virar para trás,  até mesmo os uagadenses, só para poder vermos as outras seleções desfilarem enfileiradas entre a gente.

Os primeiros foram os franceses, arrogantes, mas bonitos para caralho, em suas vestes elegantes de vários tons de azul, mostrando que há beleza na derrota sim, ao menos se você se parece com um super modelo de cuecas ou lingerie!

Depois foram os japoneses, com seus trajes tecnológicos com detalhes anatômicos em dourado. Eles cumprimentaram a nós e a Uagadou com sua leve reverência marca registrada e sorriso simpático, então eu retribui o gesto. 

Bacana da parte deles!

Os terceiros a passarem foram os jogadores de Ilvermorny liderados por seu capitão surfistinha e sua infindável fila de substitutos e então vieram os latinos, com toda aquela marra já tradicional. 

Castiel Ferraz passou olhando especificamente para Tony, sussurrando algo que eu não pude ouvir, mas tudo bem, porque meu amigo apenas revirou os olhos para o mau perdedor trapaceiro de Castelobruxo.

Quem está na final, vadia?

Por fim começaram a passar os semifinalistas, Salem foi a primeira e desfilou dignamente. Spark até parou para parabenizar seus ex-colegas de casa e estendeu a mão para mim, em um gesto de cortesia. Aceitei o gesto, porque não tinha ressentimento algum contra ele, ele é americano e jogou por seu país, ponto, não há nada mais a ser dito.

Por fim vieram os escandinavos nas suas vestes vermelhas com pele de algum pobre animal nos ombros. Eles eram os únicos que não estavam de uniforme de jogo e pelas caras feias e olhares retos para a frente, era verdade o que disseram sobre eles não terem aceitado muito bem a derrota para Uagadou, disseram que eles estavam chamando o jogo de “ a final dos mais fracos”.

Bem, azar o deles, porque ainda é uma final oficial, todo mundo que está aqui hoje jogou limpo!

Heitor apareceu novamente com sua expressão séria, ouvindo e acenando para alguma voz dentro de sua cabeça,  até que finalmente deu a ordem para Hogwarts montar nas vassouras.

— Hora do show, pessoal! - Falei no meu tom mais centrado, apenas para testar os comunicadores uma última vez antes de tirar o pé do chão.

Iniciamos a corrida rumo a boca iluminada da saída dos vestiários e quando finalmente peguei velocidade para montar na minha  Arrowy Misty 3.2 - dessa vez tive que deixar minha Twigg em casa - fomos recebidos pela eletrizante ovação de todo o estádio de Ikley Moor!

Okay, isso é tipo um daqueles sonhos que você tem durante as horas mais próximas da manhã, naquele fim de sono onde aquela realidade maravilhosa e impossível é quase tangível! 

O estádio estava todo iluminado pelo pôr do Sol e os aros Sul estavam brilhando com as cores principais de Hogwarts - hora verde, hora azul, amarelo e vermelho - em bonitos tons metálicos, já os aros do Norte estavam negros, com faixas de uma estampa colorida e geométrica, exatamente como nos uniformes de Uagadou.

Eles, os africanos, ainda não tinham entrado em campo, então pudemos ver nós mesmos refletidos nos padrões dos feitiços da torcida, assim como pudemos ver todas as seleções ao redor de uma grande superfície dourada. 

A música épica do nosso desfile, que estava tocando, parou e se transformou em algo tribal e do centro do palco cor de ouro, os jogadores de Uagadou surgiram de pé, como soldados do capeta, cheios de marra. A tal superfície espelhada se desdobrou em quatro montanhas, que cresciam e os aproximavam de nós sem esforço algum.

Ouvimos nos nossos comunicadores a ordem para os reservas irem para a tribuna e eu aproveitei a deixa para acionar o meu comunicador.

— Você só pode estar brincando comigo, Heitor! Uagadou é a dona do show? Sério? - Rosnei furioso, mas não foi nada comparado ao urro gutural que soou acima de nós.

O estádio todo se calou, porque, vindo do céu, entrando na boca torta de tornado de Ilkey Moor vinha apenas o maior dragão Rabo-cornéo húngaro que devia existir na face da Terra! Ouvi Heitor respondendo só com metade da atenção nele.

O que estava dizendo, senhor Fábregas?—  Devo ter sussurrado um nada em algum momento, mas isso pouco importa, porque o dragão representando Hogwarts veio em nossa direção com nenhuma amarra visível.

Ele encarou as montanhas da lua com uma ira invejável, o frame daquele momento - montanhas x dragão - estava refletido nos painéis da arquibancada e a única coisa que eu queria na minha vida era poder tatuar essa imagem na minha testa!

Um grande apagão se seguiu a isso, não um apagão do tipo “sem luz” e sim um do tipo “o que foi que aconteceu?” e de repente as montanhas haviam sumido, o dragão e as seleções também e só restava pairando sobre o campo do jogo entre Hogwarts e Uagadou, nós, eles e o juíz da partida. 

— Capitães, preparados? - O capitão africano retirou o capuz e fez que sim com a cabeça e eu repeti o gesto. O juiz fez o sinal dos três segundos, então Frank assumiu a sua posição para a disputa da goles.

Bem, a nossa seleção vinha para essa partida com o que tínhamos de mais forte no momento: Frank Longbotton liderava a artilharia com o apoio de Lia pela direita e Lexa pela esquerda. Para completar o time, Fred II nos aros, eu e Tony nos balaços e por fim, Enrique no pomo. 

Eu sabia todas as possíveis combinações de Uagadou na minha cabeça, mas quando vi a escalação ser anunciada no pré-jogo, só precisei lembrar de dois nomes que poderiam me dar dor de cabeça nesse jogo:

A apanhadora Warsan Shire e Sharam Diniz.

O apito inicial soou e eu fiz questão de caçar a posição de minha grande amiga angolana no campo, fiz menção de dar as coordenadas a Tony para não segui-la através de gestos, quando me lembrei tardiamente dos comunicadores.

— Tony, mantenha as garotas debaixo das asas, Frank pode se virar sozinho. Deixe Sharam em paz, por hora. - Reforcei as instruções que havíamos treinado nos treinos práticos e Tony acenou em confirmação, porque nos primeiros minutos ele fica muito tenso para falar alguma coisa.

— Obrigado pelo voto de confiança, capitão! - Longbotton fez essa piadinha irritante através do nosso canal direto e eu já estava prestes a lembrá-lo que ele acabou de perder a disputa inicial da goles no dia que a gente mais precisava dele, quando uma vaia copiosa da torcida me interrompeu. 

Tentei procurar no campo o que havia acontecido - eu não era o único perdido - quando vi Shire jogada na rede de proteção, com sua vassoura quebrada e fora da partida.

A APANHADORA DE UAGADOU ESTÁ FORA DA PARTIDA! 

Nem deu tempo de eu entender a enormidade da coisa, quando vi os jogadores africanos indo para cima de Enrique e o treinador Potter queimando um dos nossos tempos técnicos de dois minutos para interromper a confusão. 

Ah, mas que porra, Enrique, você tinha que foder com o jogo, não é? 

***

Potter pediu para nos unirmos nos aros de Fred e começou a passar as instruções pelos comunicadores. Enrique olhava a todos com aquela cara de “qual o problema, gente? O que foi que eu fiz de errado?”

— Calma, pessoal, tranquilo! Vamos deixar a ira para depois do jogo, agora temos que focar em trabalhar com o que temos.— Harry Potter falou calmamente, mas todo mundo tinha algo a dizer sobre essa merda colossal que o traste do meu namorado tinha feito. 

— E o que temos? Ele acabou com o jogo, treinador! Acabou com as nossas estratégias de meses nos segundos iniciais!  Agora tá tudo bagunçado, a gente não faz ideia do que Uagadou vai tentar! - Lexa falou tão alto, que pudemos ouvi-la pelo comunicador e por cima da balbúrdia da torcida. – Ele nos deixou cegos!

— Pera lá, Prutt, Enrique também nos deu uma vantagem, nós temos 150 pontos e isso muda tudo.  - Lia ponderou com cuidado, porque de fato Enrique só havia feito isso para tirar a nossa maior preocupação do jogo:

A invicta pimentinha de Uagadou.

— Eles perderam a estratégia e nós também, agora eles provavelmente irão fazer de tudo para colocar uma vantagem no placar ou derrubar Enrique. - Fred falou sistemático e nós ficamos sem entender.

— Se eles derrubarem Enrique, o jogo não acaba! - Lexa lembrou agitada e Fred estalou a língua nos dentes, com a afirmação. – Por que eles o derrubariam? Só por vingança? 

— Sem um apanhador em campo qualquer jogador ganha permissão para pegar o pomo e encerrar a partida, essas são as regras do campeonato. - Fred falou conclusivo e todos olhamos para Enrique. Que merda, hein? Agora você está fodido!

— Você sabia disso? Sabia que iria virar alvo? -  Tony perguntou sério e Enrique deu de ombros.

— Sabia que ela era impossível de parar e para ser honesto, confio mais na sua capacidade e na de Cesc de me defenderem, do que na minha de vencê-la em uma corrida. - O pior é que meu estúpido namorado era sincero, um ogro, mas com o coração no lugar. Revirei os olhos para o voto de confiança do idiota.

— Certo, então: Tony, você foi promovido a guarda-costas de Enrique, eu vou tentar cuidar do resto e os nossos dois objetivos principais agora são, manter nosso apanhador no jogo e não levar goles nos aros. - Falei conciso e todos acenaram o entendimento.

— Você nem precisava falar a segunda parte, é para isso que eu estou em campo, capitão!  - Fred disse com sua arrogância grifinória e todos sorrimos levemente aliviados, porque ao menos tínhamos um plano, capenga, mas um plano.

Nossa equipe voltou a sua conformação de antes da paralisação e Uagadou ficou com a posse da goles. Assim que o juiz apitou o recomeço da partida, Tony e Enrique voaram para fora do burburinho, em um plano de voo praticamente vertical em direção a boca do tornado de Moor.

— O quanto você está bravo comigo, garotinho?— Enrique soou descarado no meu canal direto e eu sorri ao rebater um balaço raivoso em direção a Sharam.

— Não sei, vai depender do resultado final da partida. - Falei sério, porque nesse exato momento, a única coisa que eu queria é que esse jogo acabasse logo. – Mantenha a cabeça em cima do pescoço, por favor.

— Copiado, boa sorte aí embaixo.

Eu sabia que o mais seguro para Enrique e Tony era se manterem bem no alto, porém Ikley Moor não foi projetado para esconder os jogadores entre as nuvens como a maioria dos estádios de colégio, logo, eles ainda estavam muito expostos.

A estratégia de Uagadou ficou muito clara no minuto seguinte ao apito, quando os dois batedores foram enviados para caçar o nosso apanhador, deixando a linha dos dois times se enfrentarem cara a cara.

— Tony, eles estão esperando que eu os siga e feche o cerco em cima de Enrique, eu não vou, vou ficar aqui para ajudar os artilheiros abrirem vantagem no placar, porque, caso Enrique caia, precisamos garantir o máximo de goles possíveis no aro. - Era uma estratégia cruel, mas tinha que ser feita.

Aguardei a resposta de Tony e quando já estava quase desistindo de esperá-la, ele falou comigo.

— Faça o que tem que fazer, eu dou meu jeito aqui em cima. - Soprei o ar dos pulmões tenso, porque eu acabei de deixar meu melhor amigo enfrentando dois batedores na tentativa de proteger meu namorado.

Okay, preciso transformá-los em x e círculos na prancheta do jogo, antes que eu pire com as milhares de possibilidades da nossa estratégia dar errado. Me aproximei de Lia por trás, rebatendo um balaço errante, que não iria parar de tentar acertar os jogadores só porque os batedores de Uagadou desistiram deles!

— O que está fazendo aqui, capitão? - Lia me perguntou surpresa, provavelmente esperando ser abandonada pelo bem maior. Acionei o comunicador no canal aberto para todos.

— Vamos no quatro contra três, pessoal, vamos fazer um placar bem elástico!  - Apresentei a nossa nova estratégia aloprada e ganhei algumas respostas animadas dos meus artilheiros. 

— É isso aí, capitão, se precisar de um quinto homem, pode me chamar!— A malandragem de Segundo fez todos nós rir, o que foi uma sensação boa em um jogo tão tenso. 

— Vou lembrar disso, Weasley! - Respirei fundo quando vi Lexa arrancar um rebote de uma das artilheiras de Uagadou na força. Sorri para isso. – Vamos para cima deles, Hogwarts!

***

Sinceramente, acho que a partida estava valendo cada centavo do ingresso dos espectadores. As torcidas estavam fazendo um show a parte, já que toda a Hogwarts e Uagadou pareciam estar em Ikley Moor hoje.

O jogo se dividia agora em dois cenários: o primeiro era a linha de baixo, com os artilheiros se revezando em jogadas duras, contra-ataques rápidos e pouco espaço para erros, tínhamos apenas 30 pontos de vantagem e Uagadou estava jogando com uma garra infinita.

Em um dado momento, resolvi colar o bastão às minhas costas com a luvarinha, para poder pegá-lo somente quando tivesse a oportunidade de deixar de ser artilheiro honorário para voltar a ser batedor quando um balaço se aproximava.

A verdade é que foi um golpe arriscado, mas, como os trajes japoneses tem essa função de prender os balaços para deixar as mãos dos batedores livres, o juíz não desconfiou que no meu caso o truque foi feito com um feitiço.

Tá, já sei! Eu tô meio que trapaceando agora, mas se você for parar para analisar, não é nada de outro mundo e se os japoneses podem fazer com antecedência, por que eu não posso fazer agora com um feitiço?

Consigo ouvir a voz de Scorp resmungando “porque eles previram a necessidade, quadribol é um jogo de estratégia prévia!”, vai se foder, Scorp da minha mente! Ninguém tinha como prever o que estava acontecendo agora!

Ah sim, esqueci de falar do outro cenário lá de cima!

Tony e Enrique se viravam bem no mano a mano, a verdade é que tendo abandonado os balaços para voar em uma zona tão alta do estádio, os jogadores de Uagadou também estava sem poder usar os bastões, já que é contra as regras usá-los em outros jogadores. 

Então o que tínhamos agora era uma verdadeira briga de gato e rato, Tony e Enrique voando feito loucos em campo, sendo seguidos de perto por Sharam e o outro batedor trevoso de Uagadou, o tal Elhillo, que havia jogado contra Durmstrang.

O pomo havia sido completamente esquecido, o que era a merda, já que tínhamos quase duas horas de jogo, pouca vantagem no placar e nenhuma perspectiva de luz no fim do túnel! Fred recebeu um corta-luz venenoso e acabou deixando mais uma goles entrar!

Eu falei pouca vantagem no placar? Porque nesse exato momento só tínhamos 20 pontos a mais mesmo que o nosso adversário contasse com um jogador a menos em campo e isso era um resultado desastroso!

— Fred, estamos perdendo terreno em campo, não era esse o combinado! - Falei irritado para Segundo, que hoje nem tinha a desculpa de estar morrendo para ter se tornado uma peneira ridícula! 

— Você avisou o plano para Uagadou? Porque eles não estão querendo colaborar!— Ah mas que ogro retardado! Eu não preciso de um espertinho agora, eu preciso de um milagre!

— Acertaram, Enrique, preciso de cobertura!— Recebi o recado rápido de Tony com uma fúria ardente de mil sóis!

NÃO ERA DESSE MILAGRE QUE EU ESTAVA FALANDO!

Abandonei o campo principal para dar apoio a Tony lá no alto e assim que me inteirei da situação, fui correndo em seu auxílio. Tony e Enrique estavam voando próximos, cercados pelos dois batedores de Uagadou, inimigos ferrenhos em busca de qualquer falha que pudessem usar para derrubar os dois das vassouras.

Eu nunca saberei dizer exatamente como Tony conseguiu lidar com os dois adversários, voar e ainda dar apoio a Enrique, mas assim que eu pude, ajudei meu amigo nessa missão hercúlea. Cheguei dando uma pesada na calda da vassoura de um batedor, depois pareei com o outro, acertando uma cotovelada marota em alguma parte do rosto dele debaixo do capuz.

Isso deu margem de manobra para Tony e Enrique se desvencilharem do cerco e o jogador de Uagadou tirar o manto negro do rosto.

— Porra, Cesc, você acertou meu nariz! - Ai caralho, eu acabei de quebrar o nariz de Sharam! Cadê o juíz para me expulsar do campo?

Estávamos voando lado a lado agora, mas não de um jeito que denotava inimizade e sim no mesmo ritmo, porque eu meio que queria ver como ela estava. Continuava bonita em 97% do corpo, mas o nariz sangrava e já adquiria um aspecto pouco lisonjeiro. 

— Desculpa, como eu ia saber que era você?  Vocês ficam com essa palhaçada de manto na cara! - Me justifiquei da melhor maneira que pude, contra o vento e com mais de 100 mil bruxos gritando nos nossos ouvidos.

Antes que Sharam me respondesse aceitando ou não o meu pedido de desculpas capenga, Tony me acionou no comunicador. 

— Enrique avistou o pomo. - Não sei se foi a minha expressão ou se Sharam percebeu a movimentação a nossa frente, mas ela fez uma cara de maníaca e puxou o capuz de volta sobre o rosto.

— Seu namorado é um cara morto.

Ela acelerou a vassoura para baixo - na zona de jogo - até o que deveria ser a sua velocidade máxima, mas essa belezinha aqui comigo, dada pelos patrocinadores, não tinha 3.2 depois do nome a toa, a força de arranque era impressionante e a aerodinâmica era de foguete espacial!

Ultrapassei Sharam pela esquerda, tentando chegar a Tony literalmente digladiando com o quarto batedor em campo. Enrique quase não podia ser visto agora, sem concorrência não é possível que esse traste não...

Um balaço certeiro zuniu pela minha orelha direita, passou por Tony e seu adversário, acertando Enrique em cheio nas costas! Puta merda, devia ter matado Sharam quando tive a chance!

Enrique despencou na rede de apoio, então eu fui lá para ver se ele estava bem, mesmo que isso não fosse prioridade, quero dizer, eu nem sei mais quanto tá o placar e qual dos nossos jogadores eu vou colocar como apanhador substituto!

Sobrevoei a rede, tentando ver se o balaço de Sharam havia partido a coluna de Enrique ao meio mesmo com o exoesqueleto e quase saí da minha pele ao lembrar que tínhamos um comunicador para facilitar o nosso trabalho.

Provavelmente quebrei alguma coisa, mas aquele balaço foi o impulso final que eu precisava!— A voz de Enrique soou algo entre o divertido e dolorido no canal aberto para todos e quando eu desci o suficiente na proteção, pude ver o idiota segurando o pomo com uma careta arrogante.

MEU DEUS ELE PEGOU O POMO!

Olhei ao redor e finalmente percebi que o estádio estava todo comemorando e que o juíz estava no centro do campo, tendo apitado o final da partida. Sou só eu, ou todo mundo fica meio desligado quando tem uma descarga de adrenalina muito forte?

— Bom jogo, capitão. - A voz de Sharam quase não foi ouvida por cima da balbúrdia, mas eu pude vê-la claramente depois do choque inicial. Voei mais para perto dela e ela querendo ou não, nunca saberei, foi puxada para um abraço.

— Bom jogo, sua maluca! - Tentei passar naquele abraço um monte de coisas que talvez eu nunca tivesse oportunidade de falar a ela novamente, seja por vergonha ou porque a vida colocou um oceano e cinco anos de punição de distância entre a gente:

“Estou muito orgulhoso de você!”, “Obrigado por tudo!”, “Espero que ainda possamos ser amigos!”... Afastei o rosto dela do meu ombro e ela estava chorando, ah que droga, ela estava chorando!

— Saia de cabeça erguida, ninguém poderia fazer mais do que você fez! - Minha voz soou estranha e ela acenou timidamente, provavelmente por estar chorando na frente de 100 mil pessoas. 

Puxei o rosto dela para um selinho de despedida e ao menos isso fez ela dar risada. Eu ainda ia complementar com algo sobre John ficar com ciúmes e tal, mas eu fui derrubado da vassoura por um trem desgovernado. 

Senti a rede de proteção nas minhas costas - caralho, isso dói - e quando finalmente consegui levantar a cabeça, vi que tinha sido derrubado pelo troglodita do meu melhor amigo!

— A GENTE É CAMPEÃO, PORRA! VENCEMOS ESSA MERDA! - Eu ri, ri de verdade, porque com Enrique na rede e eu e Tony também, o restante do time entendeu que a comemoração era lá, então todo mundo se jogou na pobre rede de proteção enfeitiçada para evitar que quebrássemos nossos pescoços no chão.

Ainda bem que inventaram de colocar essa rede no campeonato!

***

A comemoração não foi nada bonita e poética, porque a essa altura do campeonato, acho que vocês já sabem que nenhum jogador de quadribol de Hogwarts tem uma gota de dignidade no corpo, então ficamos pulando feito loucos na rede, suados e sem nenhuma noção de ridículo e eu só imagino o quanto essas imagens estão bizarras na gravação! 

Finalmente Enrique conseguiu se desvencilhar dos outros - time de reserva inclusos - para caminhar na minha direção e nós já meio que havíamos combinado antes que, caso um milagre acontecesse e a gente ganhasse, não ia ter nada dessa palhaçada de super beijo na frente das câmera, por motivos de pudor e moralismo, já sabem.

— Não, não se atreva! - Enrique Dussel por acaso já cumpriu algum combinado na vida? Pronto, goste ou não goste, você vai ter dois caras se beijando gravados nas imagens finais do primeiro campeonato de Quadribol intercolegial do mundo! 

É assim que se faz história, crianças.

So close, no matter how far

Couldn't be much more from the heart

Forever trusting who we are

No, nothing else matters

 


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Notas finais do capítulo

* luvarinha é um apelido cortesia de O lado bom do Yaoi (sim, eu dou os créditos, mesmo que vocês não queiram assumir a responsabilidade!)

Jweek me pediu um beijo no final do campeonato, não foi dela com Heitor, mas tá valendo.

Música do capítulo: Nothing else matters do Mettalica, old but gold!

Finalmente tivemos a final do campeonato, espero que tenha sido satisfatória e digna, porque sempre exige tudo das minhas parcas habilidades esportiva escrever essas cenas!

Só para vocês saberem, final de semana tem mais um capítulo aqui e o primeiro de Além do Castelo, então me deixem saber o que acharam e as expectativas para ver seus monstrinhos em ação.

(Responderei aos comentários que faltam do 119, eu não esqueci!)

Bjuxxx