Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 114
Capítulo 114. Bobbit a lá romana


Notas iniciais do capítulo

Início de final de semana, capítulo novo para deixar as coisas suaves... Quem estava com saudades de Erick?



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Capítulo 114. Bobbit a lá romana 

Maikai, o jovem lobisomem, agora estava livre para circular exatamente com a mesma restrição do pobre canário belga: um fio quase-infinito ligando meu pulso ao dele. Fiquei horrorizado com esse cárcere? Fiquei, mas isso foi até chegar no dia seguinte a uma lua cheia, porque o garoto parecia outra pessoa.

— Você quer que a gente sente um pouco? - Eu ainda não era muito bom em feitiços de conjuração, mas era bom em convocatórios, roubaria a cadeira mais próxima que tivesse, caso ele fosse desmaiar.

Ele fez que sim com a cabeça, mas não esperou que eu pegasse a varinha, apenas escorregou para o chão a apenas alguns passos de distância da entrada dos aquáticos. Me sentei ao lado dele, me perguntando se foi uma boa ideia acatar o pedido de dar uma volta pelo hospital.

— Vamos voltar para o...

— Não, eu estou bem, só preciso... Aqui está bom, na verdade. - O garoto, que devia ter mais ou menos a minha idade, olhava pálido e com olhos amarelos doentios para o corredor azulado das criaturas com nadadeiras. – Qualquer coisa é melhor do que aquele quarto.

Vi um kappa sendo levado para o setor aquático por uma equipe de assistentes em uma cadeira de rodas e tive uma ideia que deveria ter tido a cinco minutos atrás, mas não tive, porque sou burro mesmo.

— Me espere aqui. - Ele me olhou com uma cara de quem dizia “eu vou para onde nessa situação, seu lesado?” e eu tomei isso como uma confirmação. 

Fui correndo enquanto aumentava a distância do fio até chegar ao cubículo onde eu poderia pegar uma cadeira de rodas, assinei meu nome na autorização mais rápido do que qualquer outra vez na vida e voltei para o lado de Maikai, que estava rodando o fio como distração enquanto me esperava.

Coloquei as mãos no joelho para retomar o fôlego - sou atleta, mas preciso me preparar mentalmente para um exercício físico como todo mundo -  e ele mesmo levantou e se colocou na cadeira mágica enfeitiçada para andar sob um aceno de varinha. Dei o comando, então adentramos no setor aquático, que era um espetáculo a parte, ainda mais para quem estava entediado como Maikai estava.

— As criaturas não estão no seu melhor momento, sinto muito, mas é isso que dar ir num parque aquático cuja entrada custa o altíssimo valor de zero galeões. - Falei, andando ao lado de um lobisomem de cadeira de rodas bastante interessado em um aquário de grindylows de cores berrantes, frutos de uma contaminação causada por um vendedor de tônico que se acidentou na travessia do lago deles.

Os carinhas estavam furiosos com humanos e mostravam isso de maneiras bastante criativas.

Continuei apontando para cada um dos casos que eu sabia, aqueles que preencheram a minha rotina nesses últimos dez dias, claro. De algumas situações, Maikai se compadecia e ficava indignado com o poder dos humanos de ferraram com tudo ao seu redor e de outras só restava a ele rir, porque eram coisas bem ridículas mesmo.

Ele falava com um sotaque diferente, que não era nem o meu sotaque comedor de letras de Andaluzia, nem o da curandeira-chefe Fuentes, meio cantado de Madri. Ele havia me contado que era Rom, uma espécie de cigano e por isso mesmo essa estadia forçada debaixo de um teto o estava deixando nervoso.

Resolvi que já era hora de perguntá-lo qual era a dele, quero dizer, cadê a família ou bando, afinal, já estava realizando os desejos dele por aí há um século e não vi nenhuma visita e ele nunca sequer mencionou um familiar nas nossas conversas. 

— E então, Maikai, o que pretende fazer depois que tiver alta? Soube que eles estão preparando uma mata-cão modificada para você e que isso vai resolver tudo. -  Falei fingindo um interesse educado, mas toda a tagarelice dele acabou no mesmo instante. Demorou quase dois minutos para ele me responder algo.

Meio tarde para voltar a sua greve de silêncio, cara!

— Mandaram você me perguntar isso? - Ele falou sério, olhando para frente como se não confiasse nas paredes de vidro. Fazia até sentido, porque eram aquários e as criaturas aquáticas tem ouvidos e mesmo que elas não tivessem, seus cuidadores tem.

É um lugar com pouca privacidade, agora que parei para pensar. 

— Sim, o meu cérebro mandou a minha boca perguntar. - Falei tranquilo e ele me olhou desconfiado. – Só fiquei curioso, quero dizer, você não fala muito da sua vida e já sabe tudo que há para saber da minha...

— O que o meu líder fez, vocês gadjos não entendem. - Dessa vez ele me olhou sério, até mesmo irritado. – Dizem que é ilegal e errado, por isso ninguém do meu bando pode pôr os pés aqui e eles não me deixam sair.

Franzi o cenho, mas olhei para frente, porque nem tudo tem uma resposta imediata.

Ok, estou usando meus neurônios reservas, os das ocasiões especiais e meio que entendo a situação: se alguém fez algo errado com um adolescente e toda a comunidade ou bando foi conivente, as autoridades seriam obrigadas a prender essas pessoas ou ao menos seriam obrigadas a interrogá-las para achar o criminoso, já que transformar alguém em lobisomem de propósito é crime hediondo no mundo bruxo.

Mas pelo visto Maikai não pensa assim.

— Suponho que você ache que é uma coisa cultural e muito importante, mas transformar alguém em lobisomem é uma coisa odiosa, é condenar alguém a uma maldição. - Eu tentei justificar a estadia dele aqui, porque os curandeiros só queriam protegê-lo e às vezes as vítimas não percebem que estão sendo prejudicadas. Ele me olhou atento. – É algo ruim para você, além de perigoso para os outros, porque você poderia sair por aí a noite e machucar alguém ou até...

Hesitei, porque independente de Maikai ser vítima ou não, ele já foi amaldiçoado e tudo isso que eu estou dizendo se aplica a ele, então talvez não fosse legal da minha parte falar sobre isso desse jeito. Ele me olhou com um sorriso conhecedor.

— Matar? Era isso que ia dizer? Acho que faz sentido que vocês pensem assim, porque quando um de vocês é marcado, lutam tanto contra sua nova natureza, que acabam se transformando em verdadeiros monstros. - Ele falou tranquilo, como se estivesse contando uma história para uma criança. – Conosco é diferente, nós nascemos para isso.

— Não me leve a mal, Maikai, mas olha para você, está doente! - Apontei para ele todo pálido, fraco e dependendo da ajuda de estranhos para sobreviver. Como ele ainda podia considerar que havia nascido para isso? – Esse é o tipo de coisa que eu não consigo entender na sua história, porque você foi trazido para...

— Era para eu ter morrido no ritual, gadjo, às vezes acontece, mas fui trazido para cá porque minha mãe foi fraca e não teve coragem de deixar a vida seguir seu rumo. - Ele olhou para mim simplesmente como a pessoa mais infeliz do mundo, embora tivesse um ar conformado que fazia tudo parecer ainda pior. – E por conta disso eu não tenho mais caminho. Você me perguntou para onde eu vou quando ficar bom... Bem, suponho que eu vá existir perdido entre os dois mundos até que um de vocês me permita morrer em paz.

Olhei sem entender esse conformismo, porque Maikai devia ter 15 anos, no máximo 16 e estava falando sobre não ter perspectiva nenhuma de vida e isso é um absurdo! Fiz uma careta antes de tentar dar a ele uma dose de otimismo e esperança, usando qualquer vestígio de lufice que eu tenha conseguido com Aidan.

— Não precisa ser assim, você pode fazer algo da sua vida, decidir o que quer fazer, pode fazer qualquer coisa! - Ele riu sem humor e eu o encarei sério. – Pode lutar pelos direitos dos lobisomens, pode proteger as criaturas indefesas, pode... Eu sei lá, só sei que você pode!

Apontei para todos os aquários cheios de seres incríveis que em algum momento precisaram ser resgatados. Eles podiam usar a ajuda de alguém que os entendesse! Se você não tem como ser lobisomem, que seja qualquer outra coisa! Mas isso eu não disse a ele, porque ele parecia surdo como uma... Sei lá, uma pessoa surda!

— Às vezes queria ter a ignorância de vocês em acreditar que realmente tenho como mudar o meu destino... - Deuses, essa palavra de novo! Parece que nunca estou livre dela realmente. 

Parei de andar e como a cadeira de rodas estava atrelada a minha varinha, Maikai parou também. Nos encaramos. 

— Escuta aqui, garoto, eu não trouxe você até esse lugar para você partir meu coração e me jogar na merda! - Ele riu de leve e eu apontei sério para ele, porque o pirlimpimpim de unicórnio acabou. – Vamos para o andar das fadas, quero ver você ser melodramático desse jeito em um jardim florido. Eu te desafio!

— Espero que coloque isso na minha ficha de sugestões: nada de lugares sombrios. - Ele deu de ombros, parecendo um pouco mais disposto e muito cínico, duas coisas que eu detesto, sinceramente. Odeio gente cínica disposta a me irritar! – Odiaria visitar o setor dos espectrais...

Assumi o comando da cadeira de rodas e o empurrei para dar meia volta, já que tínhamos menos de dez minutos e teoricamente eu tinha que devolvê-lo são e salvo para sua cela branca e macia.

— Vou colocar bastante coisa na sua ficha hoje, inclusive vou tirar um dos seus cinco asteriscos de qualidade, porque você está merecendo! - Agora ele riu de verdade e eu continuei empurrando ele para fora daquele setor, antes que uma sereiana com pés de elefante no lugar da calda conseguisse quebrar o vidro para nos atacar.

— Achei que eram estrelas de qualidade...

— Pois você só tem três do que quer que sejam agora.

***

Esse não é o seu papel, você sabe, eu acho que você só deve ter em mente que vai ajudá-lo por um par de semanas e nunca mais vai voltar a pôr os olhos nele e tudo bem, não temos que entrar na vida dos outros para ser um furacão de mudanças e boas novas. Não dá para salvar todo mundo, Cesc!

Havia contado a Enrique sobre Maikai e ele agora está me dando conselhos como o pseudo-homem maduro que ele é, mas eu não gosto desse conselho, não gosto de não fazer nada e tá, tá, tá, já sei que ele está certo e também já sei onde fui parar com essa coisa de achar que não fazer nada é chato, mas...

Estou errado?

Sabe que não... Mas isso não me faz mais feliz, então vamos mudar de assunto: conseguiu convencer Erick a vir se encontrar com James aqui na Espanha?

Puta merda, sabia que estava esquecendo de alguma coisa! Mas não esquenta, ele tá na sala ao lado, vou perguntar agora se ele topa.

Enrique desconectou por um momento, o que foi bom, porque a curandeira Fuentes surgiu do nada enquanto eu enviava as fichas dos pacientes para seus respectivos curandeiros, parecendo que estava procurando qualquer vítima que estivesse disponível para cumprir suas tarefas diabólicas. 

Tentei me camuflar na parede e não fazer contato visual para que ela não me escolhesse, mas fala sério, quantas vezes na vida isso funcionou para mim?

— Senhor Fábregas, termine o que quer que esteja fazendo e venha comigo. - Gemi internamente de dor e desespero, mas por fora só acenei com a cabeça e enviei todas as fichas de uma vez para os escaninhos e dane-se se estiver tudo errado, a culpa é dessa mulher odiosa!

Não falamos nada o caminho inteiro e assim que chegamos no setor administrativo, olhei interrogativamente para ela, que lógico, me ignorou. Junto com as berinjelas zumbis, que eram os burocratas do último andar, estava um grupo de jovenzinhos de farda cinza claro, tagarelando ansiosos entre si. Eles pararam assim que nós entramos.

— Senhor Fábregas, esses jovens são aprendizes do grão-mestre curandeiro Mircea Eliade e precisam que você mostre o hospital para eles. - Dona Matilda falou isso tudo muito sonsa, como se ela não fosse a supervisora dos curandeiros em treinamento e como se essa não fosse uma das suas atribuições.  Mas eu não sou idiota, levantei uma sobrancelha para isso.

— Mas esse não é o seu trabalho, senhora? - Perguntei inocentemente e a grandessíssima cretina não esboçou nenhuma reação aparente pela minha insolência, diferente dos novatos, que se mexeram desconfortáveis. 

— E depois pode ir checar se os Curandeiros dos espectrais não estão precisando de ajuda para estancar o fluído de um avenjão que acabou de dar entrada no hospital. - Ela falou com um sorriso calmo e nada verdadeiro.

— Prefiro a morte.

— Você não tem essa opção, agora vá! - Ok, contra isso eu não tenho argumento e é uma das muitas coisas nesse trabalho voluntário de merda que eu não vou sentir falta. Sorri para os curandeiros auxiliares novatos com muita simpatia, antes de pedir para eles me seguirem porta a fora.

— Não se preocupem, a curandeira Fuentes parece uma megera por fora, mas por dentro é exatamente isso, então vocês não serão pegos de surpresa com alguma bondade e nem precisarão se sentir culpados por desejar que ela arda no fogo de um vulcão em erupção. - Falei a título de boas-vindas e alguns riram e outros só arregalaram os olhos, provavelmente esperando o raio que racharia o teto e me fulminaria a qualquer minuto.

Apresentei cada uma das seis áreas, além da ala infantil, inclusive mostrei a eles alguns dos pacientes permanentes, os locais estratégicos para conseguir e guardar os equipamentos, mostrei o boticário com um James soltando e pegando um pomo, entediado - porque ninguém mandou ele escolher uma coisa tão chata quanto poções pra fazer da vida - e por fim, acabamos no refeitório, porque já estava quase na hora do meu almoço.

— Enfim, é um lugar grande, mas tem uma organização bem simples e placas bem óbvias, se vocês conseguirem se perder mesmo assim, talvez não devessem ficar com a vida de ninguém em suas mãos. - Hugh apareceu com um James na porta do refeitório, ambos rindo de alguma piada que eu nem preciso ouvir para saber que não é engraçada, afinal nenhum dos dois é conhecido por ter senso de humor. – Dispensados, vão caçar alguma coisa útil para vocês fazerem!

Eles se dispersaram, alguns me olhando como se fosse culpa minha eles terem caído nesse lugar esquecido pela trindade bruxa. Acontece que eu não tenho obrigação de ficar adulando ninguém e o que me entristece é que falta mais da metade da minha pena ainda.

Que vida difícil. 

Esperei os dois idiotas se aproximarem, antes de entrar na fila do bandejão.

— E então, o que trazem de novo? James eu sei que não tem nada de bom, vi que estava apenas fazendo duas coisas que não prestam para nada: poções e fingindo que é apanhador. - Falei com um sorriso no rosto, enquanto comia uma batata noisette que peguei do meu prato antes de terminar de me servir, ante o olhar feio de uma troll que vigiava a comida de vez em quando.

Olhar feio é tudo que ela tem, trata-se de uma troll, ela não está me julgando, abaixem as armas. 

— Já te disse que você obviamente não entende nada de poções, tendo em vista o seu histórico escolar e eu estava trabalhando sim, tava dando o tempo de fervura de uma poção de cicatrização instantânea, que é mais útil do que qualquer coisa que você já fez na vida! - Ele finalizou seu discurso com um dedo em riste e eu me vi obrigado a acertar uma batata no nariz dele. – Muito maduro.

— Pois eu fiz um monte de coisas boas, melhores do que isso e você sabe: eu salvei a vida de Enrique, eu dei uma sobrevida a Hogwarts, eu libertei Castelobruxo da tirania corrupta de um par de irmãos de cílios postiços, eu... Olha, já dá para escrever uma biografia, porque foi muita coisa. - Sentamos na mesa e eu comecei a comer, porque se fosse listar todos os meus feitos, minha comida ia esfriar! 

James olhou nada impressionado, depois se virou para um Hugh sugando um espaguete da maneira mais nojenta possível. Se existe um fundo do poço, estar na companhia desses dois deve ser o lugar.

— Devo conta-lo que ele fez tudo isso da maneira mais ilegal e complicada possível? - James falou divertido e Hugh terminou de limpar a boca com um guardanapo, antes de responder.

— Esse é o problema com os sonserinos, ele se acham acima das leis dos homens. - O galês completou, como se eu nem estivesse presente.

— Se dependesse de uns murtiscos que nem vocês, o mundo bruxo não teria saído da idade da pedra lascada, mas isso não vem ao caso, James, você está emocionalmente pronto para se reencontrar com Erick? - Perguntei animado, parecendo aquelas tias velhas que ficam querendo sondar a sua vida amorosa com perguntas constrangedoras. 

— Que Erick mesmo? Eu sinto que já estabelecemos isso em algum ponto, mas eu não consigo pôr minhas mãos nesse pensamento... - Hugh perguntou fazendo uma careta de quem realmente estava tentando se lembrar de algo.

Eu estou começando a me perguntar o que essa porta fez na Corvinal durante sete anos...

— Erick é o djinn de Cesc que virou bichinho de estimação dos Dussel. - James falou em seu tom neutro de sempre e eu o olhei sem entender, assim como Hugh. – Ele está trabalhando lá com eles agora, não é? Nem mesmo o Winzegamot conseguiu parar aquela empresa...

— Erick está livre, James, ele não é um pet, pets não tramam a morte de seus aliados e nem tem escravas esquisitas a sua disposição!  - Tentei colocar um pouco de juízo na cabeça dele, porque parecia que ele pensava que Erick estava algemado no pé da mesa dos Dussel ou algo assim. – Ele está melhor do que a gente, posso te garantir. 

— Ele está com os Dussel é? Aqueles caras conseguem sempre o que querem, é do tipo que a gente tem que colocar sempre em alta conta... - James olhou para Hugh com uma cara de reprovação. – O quê? Já fiz parcerias com Enrique Dussel e ele é bastante prestativo, você só precisa dar a ele o que ele quer. 

— Ele já te pegou também, Hugh? Estou numa reunião dos casos amorosos de Enrique Dussel e não fui avisado? - Potter ridículo, só me recostei na cadeira para ver a resposta de Hugh, dependo dela, poderia azarar só um ou os dois.

— Se esse fosse o caso, você também já teria passado pelas mãos dele, não é? - O corvinal apontou tranquilo e eu o tirei da lista dos que vão levar azaração hoje. – Mas não, dar a ele o que ele queria geralmente significava passe livre para minhas festas, contatos de garotas da minha Casa e uma ou outra lição pronta...

— Você e Enrique não são do mesmo ano, como você fazia as tarefas dele? - Perguntei, curioso, afinal, os dois eram contemporâneos de um tempo antes do meu, mas Enrique estava um ano a frente dele.

— Você já leu um pergaminho de História da Magia de Dussel? Eu nem precisava colocar muito esforço, ele não fazia questão de notas muito altas... - Eu ri, porque isso soava como Enrique. Falando nele, o ouvi na conexão, era bom quando ele chamava, porque eu não precisava tocar no pingente e podia usar as duas mãos para comer.

Falei com Erick e ele ficou muito interessado no encontro, na verdade... Na verdade eu me pergunto porque não pensei nisso antes, caro sobrinho, rever o senhor Potter na sua presença será revigorante!

Não respondi nada para o djinn, porque só consegui imaginá-lo dando um jeito de entrar na mente de Enrique de um jeito tão profundo que era até mesmo capaz de falar por ele através da nossa ligação mental.

Ok, esse truque foi irado! Mas de qualquer forma, temos que ir agora, avise a Potter que estaremos aí no final do expediente, ok? Até mais.

Enrique não esperou uma resposta minha, como sempre e ele também nem achou extremamente bizarro e assustador ter uma criatura dentro de seu cérebro, o que me fazia duvidar da existência de um, para início de conversa! 

O filho da mãe matou ele, só eu lembro disso?

— Que cara é essa? Não gostou da comida? - James me perguntou desinteressado, pronto para voltar para o assunto sem importância que ele estava falando com Hugh. 

— Não, só fiquei sabendo que nosso tão esperado encontro com Erick é hoje, depois do expediente. - James me olhou inexpressivo e Hugh piscou surpreso.

— Ficou sabendo como? - O corvinal perguntou curioso. Não respondi, continuei aguardando uma reação de James, que não veio. – Posso ir junto? 

— Na verdade, você pode, Hugh. - James me encarou, como se estivesse me desafiando a contrariá-lo. Levantei apenas uma sobrancelha para a ceninha. – Vai ser divertido. 

***

O horário de Hugh e James acabava apenas às 16 horas, mas eu pedi educadamente - ok, eu fiquei pentelhando os dois, mandando recadinhos através de seus escaninhos enfeitiçados - para que eles antecipassem a saída e depois pagassem de alguma forma esse intervalo ao hospital.

James tinha uma torta no forno - leia-se poção, infelizmente, porque uma torta seria melhor - e por isso resolveu só colocar um sobretudo por cima do uniforme verde escuro para poder voltar depois da conversa, já o galês resolveu que o hospital já tinha tido o suficiente do seu maravilhoso trabalho por hoje e apenas vestiu sua roupa de puro-sangue suave e nos acompanhou bem feliz depois de deixar uma colega responsável por bater seu ponto no horário certo.

Novamente, depois os vilões são os sonserinos.

Nos sentamos num bar bruxo na Barcelona escondida aos olhos dos trouxas: um lugar que se abria sombrio e misterioso assim que você se identificava como um ser mágico, ao mesmo tempo em que te avisava logo na chegada que não servia álcool para “jovenzinhos”.

Alguém pediu alguma coisa, por acaso?

Baixei o cardápio assim que um leprechaun engraçadinho passou por nós - ninguém aqui quer ser alvo de uma pegadinha dessas criaturas - e encarei os dois lesados na minha frente, eles pareciam meio tensos por causa do ambiente em que estávamos. 

— Relaxem, O Refúgio do Crupe é o que tem de mais alto nível por essas bandas, se você ignorar a música ruim dos goblings e a harpia limpando os copos atrás do balcão, vai ver que é um lugar até que legalzinho... - Falei já acostumado com o ambiente de birosca mal lavada, porque foi isso que Romeo quis dizer com “conheço um lugar bacana na Espanha” ao acompanhar Enrique em uma visita á minha prisão de luxo.

E infelizmente Enrique gostou daqui, porque o acesso era bem simples para ele.

Uma das garçonetes - uma garota com um dos olhos de botão e cicatrizes desenhadas num rosto pálido - chegou mascando um chiclete que fazia bolhas rosas impressionantes antes de estourarem em uma nuvem perfumada de morango artificial, fazendo Hugh e James se entreolharem.

Eu ri.

O pessoal aqui era de uma diversidade incrível, provavelmente ex-pacientes do HACCMA, com algum histórico de agressão ou trauma. Não dava para dizer de que espécie nossa garçonete era, mas eu chutaria algo como uma meio vampira ou talvez uma daquelas criaturas que são focas e moram na água, mas quando tiram a pele viram humanas... Não lembro o nome.

— Já decidiram o que vão pedir? - Ela havia encostado o quadril na nossa mesa e havia falado num espanhol carregado e meio truncado, por isso mesmo só eu a entendi.

— Nos traga duas porções de calamares a lá romana e aquele licor do chefe pra abrir o apetite. - Pedi em espanhol também, por nós três, enquanto devolvia os cardápios para ela. A garota pálida estourou mais uma bolha, recolheu os cardápios e piscou com seu único olho bom. – Estamos aguardando mais alguns, então traga dois copos a mais.

— Volto em cinco minutos.

— O que você pediu? - James perguntou confuso, esperando que a garota fosse voltar para pegar seu pedido. Coitado.

— Tentáculos de grindylows e sangue de arpéu. - Tanto ele quanto Hugh ficaram me olhando com suas caras de bestas, esperando que eu falasse um “peguei vocês”. Deixei que o silêncio se prolongasse indefinidamente.

— Você está brincando...

— Eu não, Hugh... Ah, olha aí, Enrique e Erick acabaram de aparatar! - Falei animado, mas fui o único no lugar a ter essa reação, já que Erick veio de aparatação compartilhada e Enrique não sabe aparatar direito, logo...

— Mas que merd...- Hugh não completou a frase, porque Erick veio cambaleando em nossa direção depois do terremoto que causaram e o corvinal teve que chegar para o lado para não ser esmagado.

Logo em seguida Enrique trouxe mais uma cadeira para o nosso biombo de quatro lugares, parecendo que tinha saído de uma zona de guerra. Esperei os ânimos se acalmarem no restante do bar depois dessa aparição dos dois, para cumprimentá-los educadamente, como manda a etiqueta.

— Seu nariz está sangrando. - Avisei com diversão para um meio enfezado Enrique, agradecido por ele não ter me forçado a aparatar com ele para o parque mês passado. 

Ele tirou o cabelo do rosto num movimento bastante estudado e afetado, me olhando de esgueira, e depois limpou o nariz com a manga do sobretudo. Nojento e sexy: nexy.

— Vocês sabem que tem uma estação de trem bruxa a, literalmente, vinte passos daqui, não é? - James apontou para a pequena janela manchada na parede do bar, de onde dava para ver o trem parado para o embarque dos passageiros da viagem das 15:30h.

— Eu particularmente acho trens bastante deprimentes, me lembram a um bobbit que eu tive que dissecar uma vez quando era humano, ele quase partiu meu dedo em dois... - Todos nós olhamos para o ex-djinn com olhares de igual ignorância, então ele parou de mexer o seu quase perdido dedo e nos sorriu bem-humorado. – São umas criaturas detestáveis, vermes marinhos de 3 metros e umas quantas gramas...Porém são muito úteis, seu extrato consegue reverter qualquer infecção que ainda não tenha parado o coração. 

— Ele ainda existe? - James perguntou interessado e eu o olhei com minha melhor cara de nojo, já que ele estava ao meu lado. – O quê? Pode ser valioso em uma poção de cura!

— Claro que existe, inclusive usei o nome moderno, em homenagem a senhora Bobbit, uma trouxa que arrancou o membro de seu marido fora. - Todos nós fizemos careta para a terrível imagem mental, menos o ex-djinn, que pouco se importava com mutilações a mesa. – É um nome divertido, embora ela tenha usado uma faca e não uma tesoura, que é como se parecem as garras do...

— Olha, Erick, isso tudo é adorável, mas nós temos um tempo limitado, então vamos direto ao assunto: nos fale de Hogwarts. - Cortei a baboseira e o djinn me olhou travesso com seus olhos agora de um tom bonito de mel e um sorriso que lembrava o de Louise quando estava aprontando alguma coisa.

Droga, ele está ficando mais parecido com a minha família a cada dia que passa!

Isso até poderia ser uma coisa boa, já que olhos amarelos indicam uma situação de magia fora de controle e perigosa - como as dos lobisomens, aprendi recentemente sobre isso - e os deles já saíram dessa cor, mas ninguém nesse planeta poderá dizer que uma ex-criatura das trevas se parecendo com um Fábregas é uma coisa boa!

— Esse não era o plano, garotinho... - Enrique sussurrou para mim com o cenho franzido e eu me bati na testa mentalmente, porque o plano era deixar James falar e engabelar o djinn, mas acontece que ele me tira do sério!

— Foda-se o plano, queremos respostas: nós trouxemos James e você abre o bico, é assim que vai funcionar agora. - Erick me encarou com um semblante de quem estava assistindo a uma apresentação fofinha de uma turma da pré-escola e eu o encarei decidido.

— Posso te contar tudo que quiser, sobrinho querido, sabe que não contei antes por falta de... Oh, anéis de lula empanados! Como adivinhou que essa é uma das poucas iguarias modernas que eu gosto de comer? - Dona menina olho de boneca colocou as porções de comida na mesa e então os copinhos daquele licor lusco-fusco, que tinha gosto da sua fruta favorita, só que dez vezes mais cara e gostosa. – E a minha bebida favorita... Muito atencioso da sua parte!

Erick piscou galante para a garçonete e depois me encarou com um sorriso falsamente agradecido, como se realmente eu tivesse tido escolha no pedido e não tivesse sido manipulado para escolher exatamente o que ele queria comer.

— Eu te odeio. - Disse sincero, mas ninguém me levou a sério, todos estavam muito animados em molhar os deliciosos anéis crocantes no molho e bebericar o licor que eu tinha sido forçado a pedir sem perceber. 

Só eu vi semelhanças entre os tentáculos de uma lula e o tal verme do djinn? 

Olhei para ele com suspeita e Erick apenas mastigou a comida com uma satisfação no olhar que dizia somente uma coisa: sim, só eu vi a semelhança e sim, ele fez de propósito, porque eu não senti vontade nenhuma de comer depois de imaginar o verme decepador de membros frito com molho!

— E então, Erick, vejo que não precisa mais usar a coleira... - James falou com a boca meio cheia e depois parou, terminado mais uma mastigada, como se tivesse se lembrado de algo importante. – Hum! Esqueci de apresentar, esse é Hugh Westhampton, um grande amigo meu.

O grifinório falou enquanto limpava os dedos num guardanapo e Hugh cumprimentou o único desconhecido dos tempos de escola da mesa e, ironicamente, o único que podia falar sobre Hogwarts, o qual era o motivo principal de estarmos reunidos nessa birosca para início de conversa!

Fiz menção de falar tudo isso, mas Erick falou mais rápido. 

— É bom finalmente colocar um rosto na mente que vi, senhor Westhampton, tive o prazer de acessar seus pensamentos quando você estava na casa de seu avô em Wrexham. - Erick falou com tanta naturalidade, que até o galês não teve uma reação óbvia de irritação com a invasão de sua casa e mente, ele apenas acenou sem entender as implicações do que foi dito. – Foi extremamente necessário, embora deselegante, porém eu precisava dar um jeito de plantar a ideia para que Cesc aqui fosse até Uagadou para me libertar. A mente de seu irmão se mostrou perfeita para tal tarefa.

— Foi por isso que John se sentiu tão motivado para ir para a África? - Hugh falou, tentando ligar os pontos, já que ele sempre foi e sempre será um figurante nas histórias mais rocambolescas de Hogwarts, que, para quem esqueceu, é o foco desse encontro! – Fascinante...

— Sabe o que é fascinante também? Hogwarts! Vamos lá, Erick, para de enrolação: o que você sabe sobre nossa escola? - Perguntei dispensando novamente mais um assunto inútil do grande repertório de bromas do meu querido quase-tio.

— Acho estimulante o quanto sua mente pode ser obstinada quando se propõe, Cesc, porque ela dá voltas e voltas, mas sempre chega ao ponto. - Erick sorriu como um pai orgulhoso e eu tive muita vontade de acertar o porta-guardanapos na testa dele. – Possivelmente por isso foi colocado na Sonserina, aquele Chapéu Seletor tinha senso de humor...

— Sim, tinha. Ele voltará a ter algum dia? - Perguntei tentando trazer essa criatura para o foco, porque ele era uma grandessíssima enguia escorregadia.

— Voltará sim, a magia do senhor Godric se desgastou, porém o Chapéu Seletor ganhou vida própria com todas as memórias e impressões deixadas nele, então é possível que um pequeno feitiço reavivador seja necessário no fim das contas, mas não mais do que isso. - Ele se serviu de mais um calamare e me olhou com uma simpatia estudada. – A sorte de Hogwarts é que a maioria das coisas ali tem muitas histórias enquanto objetos, a parte sua magia, então uma vez recuperada a mágica, tudo se restabelecerá.

— E vai acontecer naturalmente? Não precisa de nenhum super feitiço ou encantamento... - Erick inclinou a cabeça com seu sorriso charmoso e isso fez James se interromper um pouco constrangido. Revirei os olhos para isso. – Parece simples demais...

 – As coisas mais importantes são as mais simples, James, veja o caso de seu pai: salvo de um grande vilão na tenra idade de um ano com nada mais, nada menos do que o amor materno. - Erick falou como um professor paciente e esperou até que nós refletíssemos um pouco sobre o assunto, antes de continuar. – Existe algo mais simples e poderoso do que o amor de mãe?

Lembrei da minha mãe, louca de pedra e cheia de manias, mas que faria qualquer coisa para proteger a mim e a Louise e estranhamente, lembrei também da mãe de Erick, do tempo em que ele não era esse ser onisciente que ele pensa que é hoje. Será que ela fez alguma coisa por ele quando ele foi aprisionado dentro da lâmpada ou só desistiu de tudo? 

— Mas você mesmo disse que o Chapéu provavelmente vai precisar de algum feitiço, isso significa dizer que vai ser necessário alguma intervenção, não é? - Dessa vez quem perguntou interessado foi Enrique e Erick apenas deu de ombros, como se essa não fosse a questão. 

— Nunca disse que não precisaria de trabalho e ajuda, entretanto, vocês esperam atos grandiosos, heroicos e eu devo desaponta-los, pois nada disso será necessário com Hogwarts. - Ele falou simplista e pouco esclarecedor, se quer saber a minha opinião. Não dá apenas para dizer o que deve ser feito e quanto tempo vamos esperar? – Claro que dá, mas isso dificilmente mudará alguma coisa, tudo tem que ser do jeito que tem que ser.

— Pare de ler a minha mente! - Rosnei indignado e Erick me olhou surpreso.

— Você não disse em voz alta? Céus, às vezes me confundo entre as falas e os pensamentos, tudo soa como o mesmo e eu passei tantos anos sem precisar distinguir um do outro... Enfim, o que mais querem saber sobre Hogwarts? - Ele falou paciente e solícito e eu apenas o fuzilei com o olhar.

— Eu tenho uma curiosidade: o que exatamente causou a falha na magia de Hogwarts? Ela pode acontecer novamente? - Por isso é bom trazer corvinais para as rodas de discussão, porque eles sempre tem boas perguntas a fazer.

— Bem, senhor Westhampton, estava esperando que finalmente chegássemos a isso. - Erick se levantou e abotoou seu casaco bruxo começando pelos botões na altura do peito, como se estivesse se aprontando para sair. – Enrique, pague a conta, por favor, nosso trem sai... Agora.

O primeiro apito da locomotiva soou alto em todo o recinto e alguns dos presentes fizeram o mesmo que o ex-djinn, se levantaram e se prepararam para uma viagem que haviam planejado com antecedência. 

— Não posso ir, eu tenho... - James começou a se preparar para uma fuga que até mesmo eu faria coro, mas Erick o olhou de um jeito que o fez suspirar resignado. – Ok, eu vou, deixei o queimador enfeitiçado para se apagar caso eu não voltasse depois de uma hora mesmo...

— Claro que deixou, você é um rapaz precavido. Vamos, sobrinho? - Erick abriu caminho para que eu pudesse me levantar da mesa sem encostar nele na passagem. Olhei para Enrique, que sorriu para mim, dando de ombros, ele já tinha encerrado a conta e estava pronto para ir até o inferno, se isso lhe garantisse alguma aventura.

— Afinal, onde diabos nós vamos? - Perguntei algo que, novamente, só eu parecia me importar com a resposta, mesmo que dissesse respeito a todos.

— Vamos a Évora, criança, um dos poucos retiros ativos de magia megalítica. - Erick falou como se tivesse sido muito claro e não mais vago do que o espaço entre as orelhas dos três outros participantes dessa conversa. – Como dizem os trouxas: vamos dar um pulo em Portugal.

— Mas que merda, hein? Você não achava trens deprimentes e parecidos com vermes de 3 metros há dez minutos? - Perguntei, lembrando da desculpa que Erick deu para ter forçado Enrique a fazer uma aparatação compartilhada. 

Todos já haviam saído do bar e eu e Erick fomos os únicos que ficamos. Ele parou na minha frente, como se precisasse pensar muito para me dar essa resposta, no fim das contas deu de ombros e abriu seu melhor sorriso.

— Eu menti. - Ah, que novidade, agora estou muito seguro de que tudo que foi dito hoje é a mais pura verdade... – Mas o resto é verdade sim.

— Para de ler a minha mente!

 


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Notas finais do capítulo

Tomei a liberdade poética para colocar os Rom como um povo que, quando bruxo, se mantém afastado de todos com um olhar de preconceito sobre eles por causa de suas crenças e forma de viver.

Bobbit existe e o nome é realmente inspirado nessa história da mulher que cortou o pênis do marido fora.

Calamares a lá romana é muito bom e esse licor aqui tem um teor de álcool baixo, os novinhos podem.

Por fim, algumas pessoas vem dizendo q Cesc está muito bonzinho no hospital, então deixa eu dar uma explicada: eu sei que personagens originais se mostram de um jeito e Cesc tem um padrão bem claro de ser, mas a coisa toda é q ele está em um ambiente diferente, convivendo com pessoas diferentes e vivendo experiências diferentes, ele está trabalhando, vendo criaturas em situações ruins e difíceis e não dá para ser a mesma coisa sempre.

Fora que ele sempre teve esse lado mais sensível, que de vez em quando aparece, principalmente com quem ele acha que é vulnerável.

Mas sempre que vocês sentirem que está diferente alguma coisa, podem avisar para eu ver se tem algo muito fora do lugar, porque pode acontecer sim.

Bjuxxx



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