Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 10
Capítulo 10. Já fui tarde.


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo um pouco mais tenso, mas é importante pra entender os acontecimentos que vão vir depois.



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Capítulo 10. Já fui tarde!

A gente sabe que as coisas vão dar certo quando nos deparamos com uma tarde como essa. Cinco minutos para as 16 horas, o céu sem nenhuma nuvem ou vento, perfeito para um primeiro treino como capitão.

Todos os jogadores já estavam no campo a minha espera. Todos os 10. Sim, você leu certo, somos 11 jogadores na Sonserina atualmente e no final do dia seremos apenas os 7 melhores.

Joguei os equipamentos em frente ao time, que agora me dava total atenção. Cruzei os braços e olhei atentamente nos rostos de cada um dos meus colegas. Mais uma vez tinha que dar os parabéns ao meu querido antecessor por essa situação desagradável.

—Bem, já devem estar cientes que no final do dia não seremos tão numerosos, não é? – O silêncio que se seguiu foi desconfortável.- Com os cumprimentos de Paul Dolman, nossa equipe agora tem mais um obstáculo a enfrentar, além dos usuais. – Se possível, o desconforto pareceu aumentar.

Tony não estava nem um pouco preocupado, os nossos lugares como batedores estavam assegurados já que não havia mais nenhum jogador disputando as nossas posições.

Scorp, por outro lado, estava bastante sério, compenetrado. Dussel obviamente não era o melhor apanhador do time, nem sequer era o melhor de sua própria ninhada, mas ele era grande, rápido e agressivo, qualidades que todos sabem que eu admiro.

Não insultaria Scorp dando a ele algo menos do que uma vitória legítima.

— Antes de começar o treino, que será eliminatório, quero deixar bem claro que não estou levando em consideração o passado de ninguém fora do campo. – Fiz uma pausa dramática para ter certeza que a mensagem seria claramente entendida.

— Quem esteve suspenso, não me interessa o motivo. Quem foi substituto está aqui por merecimento tanto quanto os outros. Esse é o momento de mostrarem que merecem permanecer nesse campo, vestindo essas cores. O Quadribol é a única coisa que contará hoje.

Vi algumas posturas relaxando levemente. Podem me chamar do que quiser, mas nunca poderão dizer que fui um líder injusto.

— Subam em suas vassouras.

O treino foi pesado. O Sol já tinha ido embora muito tempo antes de estarmos prontos para deixar o campo. Heidi Lowen continuou no treino com um dedo visivelmente quebrado, graças a um balaço de Tony e isso lhe conferiu alguns pontos extras, apesar de estar disputando a vaga de artilheira com mais quatro.

Admito que tanto eu quanto ele fomos o mais agressivo que conseguimos. Não lançamos balaços para desviar os jogadores de suas rotas, lançamos com intenção de realmente acertá-los. Antes eu e Tony do que os batedores rivais.

Eles me agradecerão um dia.

Esperei que toda a equipe saísse do vestiário pra começar a tomar meu banho, inclusive Tony e Scorp. Não tava muito no humor para conversa e sei que Scorp também não está.

Ele foi bem, tem ótimos reflexos, nenhum balaço chegou perto de acertá-lo, mas porque o pomo de ouro é uma criatura imprevisível, Dussel havia saído vitorioso hoje.

Claro, que a vantagem era dele. Enrique Dussel está no sétimo ano, é maior, mais experiente e não tem nenhum dos princípios que Scorp tem.

Na verdade, isso ficou bem claro antes, já que ele foi um dos cinco jogadores envolvidos no esquema sujo de Dolman. Céus, essa merda de maracutaia não vai parar de nos perseguir nunca!

Tentei pegar a rota menos movimentada para as masmorras, seguindo à direita, bem longe do Salão Comunal e próximo a biblioteca para evitar esbarrar com alguém conhecido, mas porque azar pouco é bobagem, dei de cara com uma das últimas pessoas que eu queria ter o desprazer de ver.

— Fábregas, tem um minuto? – Weasley se colocou na minha frente, não me dando muita escolha a não ser ouvi-la.

— Fale.

— Ainda não recebi a sua matéria sobre as “Regras de uso da vassoura fora do Campo de Quadribol”.Ela disse parecendo exatamente com aquele tipo de professora linha dura que todos nós amamos odiar.

—Não recebeu porque eu ainda não fiz. – Ela começou a se inflar e se preparar pra me dar uma bronca. – Mas hoje é apenas quinta-feira e o prazo é até sábado. Ainda tenho tempo.

Honestamente, não estou com saco para ter essa conversa com Weasley hoje. Minha cabeça está começando a doer seriamente...

—Você é o único que não entregou e tendo em vista que você já deixou bem claro o que pensa... – Parei ela bem aí.

— Vai ter a bosta da sua matéria quando eu entregar, ok? – Ela começou a assumir sua típica cor “vermelho-guerra” e eu já sabia que as coisas estavam prestes a ficar ruins...

—Não ouse falar comigo desse jeito! É assim que as coisas vão ser: você vai me entregar essa matéria amanhã de manhã. Esse é o seu novo prazo.

Não se engane pelo fato dela não ter gritado, Weasley nesse momento está possessa, mas para o azar dela, hoje somos dois prontos pra briga.

— Você não cansa não? Não cansa de tentar controlar todo mundo ao seu redor? – Ela conseguiu me olhar com uma expressão ofendida, como se ela ja não soubesse que é uma super monstra controladora!

— Olha quem fala! O Sr. Manipulador! Posso até ser controladora, mas não saio por aí USANDO os outros! – O QUE? Essa garota usa ácido, só pode!

—USANDO? Usando, você diz! Para uma “repórter” você está muito mal informada! Eu nunca usei ninguém em toda a minha vida. – E essa é a mais pura verdade! Como se eu fosse ficar devendo favores a torto e a direito...

— Além de manipulador, é mentiroso? O triste é que você parece acreditar nas suas próprias mentiras! – Weasley está passando de todos os limites, está falando de coisas que ela não sabe!

—Olha aqui, Weasley, eu não USO as pessoas. Eu peço a elas favores em coisas que eu não posso ou sei fazer. E eu devolvo os favores. Sempre! – Se ela quiser ela pode perguntar a qualquer um, na verdade, ela devia perguntar aos meus amigos, nunca me importei de fazer o que quer que seja que eles precisem. SEM. PEDIR. NADA. EM. TROCA.

— Isso te faz melhor do que eu, hum? Fábregas: o garoto que não faz nada desinteressadamente... – Respirei fundo e resolvi que está na hora de colocar um ponto final nessa discussão inútil.

— Não acho que me faça melhor do que você, mas o alto é sempre um lugar bem solitário pra se estar, não? Você deve saber bem... Ao contrário de você, eu consigo admitir quando não consigo fazer alguma coisa. Eu confio nas habilidades das pessoas e advinha? Sempre me surpreendo com o bom trabalho que elas fazem.

— Acha mesmo que eu devo confiar em você? Depois de tudo que você já fez pra mim? – Ela me disse séria. De uma maneira que eu nunca a vi fazer antes.

—Acho que você deveria fazer o que achar melhor, mas receberá a porcaria da matéria no sábado às 18 horas, nem um minuto antes. Porque. Eu. Não. Tenho. Tempo. – Falei pausadamente pra ver se ela entendia.

— Talvez devesse deixar o jornal então. – Ela me disse ainda nesse estranho tom de voz, sem nenhuma inflexão de raiva.

— Talvez eu devesse! – Ela me olhou surpresa. Não alegremente surpresa, apenas genuinamente surpresa. Mas logo se recompôs.

— ÓTIMO!

—Ótimo. – Eu disse virando as costas. Dane-se essa merda de jornal! Pior pra ela, agora vou ter mais tempo livre pra planejar acabar com todo esse circo que ela montou.

— Fábregas! – Me virei já esperando que a intragável começasse um novo round. – Nunca pensei que fosse um desistente.

Ela me pegou de surpresa, mas me recuperei rápido o suficiente.

— Não sou, Weasley. Espero que isso te diga alguma coisa no futuro.

***

Me sentei no salão verde e prata, com minhas coisas espalhadas por toda a mesa de estudo mais distante, deixando claro que não estava a fim de papo. Entre os vários pergaminhos, algumas anotações incompletas sobre a performance do time no treino de mais cedo e um trabalho inacabado de poções.

A verdade é que o que eu mais queria era me jogar na minha cama, mas ainda é muito cedo e Scorp provavelmente vai estar acordado. Essa é uma conversa que eu quero adiar o máximo possível.

—COMO ASSIM VOCÊ ESTÁ FORA DO JORNAL, CESC? PERDEU A CABEÇA? – Mais essa agora, uma bronca de Rebeca, para finalizar o dia com chave de ouro.

—Nem comece. – Já deixei bem claro o meu estado de espírito: PERIGOSO. – Não tenho que te dar satisfações.

Ela pareceu ter percebido a mensagem, porque mudou completamente a abordagem. Começou a massagear meus ombros intensamente, como tudo mais que ela faz.

— O que foi que aconteceu, hum? – Suspirei pesadamente quando ela atingiu um ponto particularmente tenso no ombro esquerdo.

— Weasley aconteceu... – Murmurei fechando os olhos em reconhecimento de como aquilo estava malditamente bom.

— Ela disse que você não faz mais parte do corpo executivo do jornal, quais foram as palavras que ela usou? “Por incompatibilidade de ideologia e agenda”.

—Essa garota é com certeza uma velha de oitenta anos presa num corpo de treze. – Eu disse quase pegando no sono, não sabia que estava tão cansado...

Senti o cabelo de Rebeca descer pelo meu ombro e o cheiro daquele perfume muito doce dela, que parecia estar em todo lugar: cabelo, pele, roupas... Ela estava falando bem baixo, no meu ouvido agora.

— Você gosta de falar difícil também... Na verdade, você e a Weasley tem uma ou duas coisas em comum.

Me sentei abruptamente, agora totalmente desperto.

—Você não sabe do que está falando, Rebeca! Nós não temos nada incomum, eu e aquela idiota!

Ela me segurou pelo queixo e aproximou nossos narizes.

— Sabe que isso não é verdade, não é? – Revirei os olhos automaticamente. – Faremos o seguinte: você vai esfriar a cabeça hoje e amanhã pensaremos num jeito de você voltar para o jornal, ok?

Tirei meu rosto rudemente da mão dela.

—Não vou fazer nada disso! Não pense que pode me manipular, Rebeca, porque eu n...

— Não acho que possa te manipular! – Ela me falou naquele mesmo tom manso, que é na verdade mais perigoso do que qualquer explosão que ela possa ter. – Apenas tenho certeza de que você logo, logo vai se acalmar e perceber que eu estou certa.

Bufei em desacordo.

—Vá dormir, amanhã nós continuamos essa conversa. – Depois de dizer isso, ela saiu de cena, não sem antes me dar um selinho atrevido. Essa garota...

Cheguei no quarto e as luzes já estavam apagadas, as cortinas da cama de Scorp e Tony fechadas. Me arrumei para dormir, sem fazer barulho, desejando que o sono não demorasse a chegar. Pelo menos esse meu desejo foi atendido.

Acordei na manhã seguinte com o meu despertador fazendo o seu show de sempre. Scorpius já estava acordado, se espreguiçando preguiçosamente, na tentativa de expulsar o sono do corpo. A cama de Tony estava estranhamente vazia.

— Bom dia! – Scorp me desejou ainda sonolento e coçando o olho, o que não é muito típico dele.

Retribui entre bocejos, Tony saiu no banheiro já totalmente desperto e pronto, em uma das cenas mais surpreendentes que eu já vi.

— Bom dia, minhas mandrágoras floridas! Dormiram bem? – Esse bom humor matinal é irritante. Desconfie de pessoas bem humoradas pela manhã. Ninguém respondeu, claro.

— Hey, Cesc, Scorp me pediu pra te dizer que você deveria agir como homem e dizer a ele o que tem que ser dito.

Aí estava, o elefante branco no meio do quarto. Scorp surpreso e repentinamente desperto, olhou para minha cara com um olhar assustado.

— Eu não pedi nada disso! –O coitado quase gritou. Tony agia normalmente, como se não tivesse acabado de mentir na cara dura e causado propositalmente um climão.

— Eu sei que não, mas deveria! – Eu agora tinha a atenção integral dos dois. – Já sou bem crescidinho pra saber que fugir das situações não resolve nada.

Scorp, respirou fundo parecendo juntar coragem pra dizer o que tinha que ser dito.

— Eu sei, ok? Sei que não sou mais o apanhador do time. Eu perdi, ele ganhou. Foi justo... – Ele disse meio cabisbaixo, mas visivelmente conformado.

— Ele já está no sétimo ano, Scorp, você apenas no terceiro. Tem alguma dúvida de quem será a vaga de apanhador na próxima temporada?

O loiro me deu um sorriso sincero. Tony olhou com uma cara de quem estava muito satisfeito com todo o seu plano, o muito idiota. É aquela coisa que eu disse, os planos dele geralmente são tortuosos, mas estranhamente eficientes.

—Agora só falta um abraço pra selar a paz! – Tony foi atingido merecidamente por dois travesseiros muito certeiros.

Nada como um final de semana em Hogsmeade para animar qualquer um! Não que eu soubesse disso antes, já que essa é a minha primeira visita à vila. Ontem divulguei a lista da equipe oficial da Sonserina e meio que tive que evitar o dia todo os dois veteranos que se sentiram muito injustiçados por terem sido cortados do time.

Mas hoje vou finalmente conhecer a famosa vila, estou pretendendo ficar até umas 16 horas, porque marquei uma reunião com o time no fim da tarde. É, estou me tornado um ser humano responsável, vocês viram bem.

O que pretendo fazer na reunião é o que meu pai chama de “democracia participativa”. Não sei se sabem, mas não é exatamente um costume passar o cargo de capitão para alunos do terceiro ano, especialmente aqueles que jogaram apenas meia temporada em toda a sua vida.

O caso é que, depois que descobriram a treta com a equipe da Sonserina, todo o time antigo foi suspenso no meio da temporada e foi preciso colocar substitutos para que ao menos conseguíssemos terminar o campeonato. Pode-se dizer que eu, Scorp e Tony entramos no time pela janela.

Além da suspensão no ano passado, todos os envolvidos na “infração” ficaram proibidos de assumir o cargo de capitão. Dos 6 jogadores que sobraram, eu era a melhor opção. Imagine você que Tony e Scorp eram os próximos melhores...

Em todo o caso, eu podia dar uma de Weasley e enfiar um monte de jogadas e estratégias guela abaixo na galera, mas eu assumo minhas limitações. E é por isso que farei essa reunião antes do treino de domingo.

Quero discutir algumas ideias e táticas e testá-las antes do jogo de quarta-feira. Tony foi na frente porque aparentemente ele conseguiu alguma louca pra ir num encontro com ele. Eu o admiro, sinceramente. Ele é apaixonado pela minha irmã, mas enquanto não cria coragem pra se declarar pra ela, ele vai “treinando”.

Esperei Scorp terminar de se arrumar, tomamos um café rápido, é sempre rápido sem Tony, e seguimos para Hogsmeade nas carruagens puxadas pelos cavalos invisíveis.

A Dedosmel foi a primeira parada obrigatória, tinha que repor meu estoque de doces. Em Hogwarts existe um negócio de um mercado de pulgas, dos alunos da Grifinória, onde você consegue comprar muita coisa a um preço até interessante, mas aí você tem que aceitar que seus feijõezinhos são de todos os sabores que não prestam no mundo!

Na saída, Scorp resolveu passar numa lojinha de livros espremida entre uma loja de artigos para poções e uma outra de quinquilharias mágicas. Eles chamam de artefatos...

Quando entramos a loja já estava meio cheia, mas ao menos era com pessoas conhecidas. Claire, Louise e outra Corvinal que eu nunca soube o nome estavam falando com o vendedor.

Eu disse conhecidas, mas a verdade é que não era bem assim...

—Irmã, alguém grudou chiclete no seu cabelo?

Ela virou surpresa, mas depois estreitou os olhos em minha direção. Pensei que ela não iria se dignar a me dar uma resposta, mas eu estava errado.

—Irmão! Cortei o cabelo porque gosto de mudar, mas deveria ter deixado ele crescer sem corte e sem um pente. – Ela sorriu falsamente. – Todos teriam certeza que somos realmente gêmeos desse jeito, não?

Ok, eu admito que meu cabelo está precisando de um corte, mas não direi em voz alta, porque isso não vem ao caso. A questão é que Louise agora estava com o cabelo bem curtinho, na verdade quase não havia cabelo, apenas uma franja comprida em um dos lados.

— Claire, seu cabelo está muito bonito hoje. – Não é como se Louise ligasse para minha opinião nesses assuntos, mas elogiar o novo corte teria sido o mais apropriado. Teria.

Claire corou levemente, enquanto colocava uma mecha atrás da orelha. Ela estava usando o cabelo loiro preso bem alto com alguns fios soltos. Lembrava muito a antiga Claire do primeiro ano que ligava mais para a comodidade do que pra vaidade. Dei uma piscada cúmplice pra ela. Ela mais do que ninguém sabe como eu amo provocar a minha irmã.

—E então, Scorpius, tem algum livro em particular que esteja procurando? – Louise resolveu me ignorar completamente.

—Na verdade vim ver se achava algo que me interessasse, estamos apenas matando o tempo... – Scorp é sempre tão educadinho, que coisa irritante.

—Nós estamos procurando um diário pra Claire... Quem sabe você não nos ensina aqueles feitiços que você pôs no meu, pra gente, Cesc?

—Não sei se Tony gostaria que a ideia dele fosse compartilhada... – Louise me olhou com uma cara estranha.

— Foi Tony que te deu a ideia do diário? – MERDA.

Demorei mais do que o recomendado pra responder, mas ao menos falei com segurança.

— Claro! Ele é bem criativo pra essas coisas. – Ela pareceu aceitar a resposta. Scorp me olhou aliviado. – Então devo supor que os feitiços estão funcionando bem?

—Eles são muito bons! Ainda não acredito que vocês que fizeram... – Louise falou entre o desconfiada e o admirada.

Claire finalmente se pronunciou, parecendo um pouco mais animada. – Até achamos alguns feitiços que parecem se encaixar com a descrição, mas a execução deles juntos é impossível.

Sorri arrogante pra ela.

—Não é impossível quando se tem um talento especial para a coisa...

As meninas reviraram os olhos e já iam me respondendo quando o sino da loja tocou, indicando que alguém entrava.

Era Weasley. De repente aquela loja estava realmente cheia de mais. Diferente de mim, ela não parecia surpresa com o encontro, na verdade parecia até que tinha ido ali propositalmente...

—Fábregas. – Ela falou a título de cumprimento, com um aceno de cabeça seco.

—Weasley. – Respondi igualmente seco.

—Como vão todos? Eu havia contado a Scorp sobre a nossa discussão do outro dia, mas as meninas estavam alheias e responderam levemente intrigadas para a situação e o clima estranhamente pesado entre nós.

Eu e Weasley nunca tivemos uma relação amistosa, mas normalmente nós nos provocávamos e sempre há uma certa dinâmica de inimizade saudável. Isso certamente não estava mais presente.

—Fábregas, você pode vir a que fora por um minuto? – Olhei pra Scorp em busca de ajuda, realmente não estava querendo voltar ao humor sombrio de alguns dias atrás, mas o grande sacana apenas deu de ombros como se dissesse “não posso fazer nada”.

Resolvi arrancar o curativo de uma só vez. A segui até o lado de fora da loja. Ela parou um pouco afastada da porta, pra nos dar certa privacidade. Respirou fundo pra tomar coragem e falou.

—Olha... Eu sei que não deve ter sido fácil pra você dizer aquelas coisas, mas eu entendi e concordo em partes. Podíamos ter feito melhor na nossa relação no jornal.

Na realidade foi muito fácil dizer aquelas coisas todas, pelo menos pude desentalar algumas verdades da garganta, que eu tava louco pra jogar na cara dela!

— Desculpa também, ok? – OI? Weasley tá me pedindo desculpas? Ela parece ter percebido minha surpresa. – Eu sei que você não estava pedindo desculpas na carta, mas ao menos foi maduro o suficiente pra se explicar, e agora estou disposta a dar o primeiro passo para colocarmos uma pedra definitiva nisso, aceita?

Meu. Deus. Do. Céu! Do que é que ela está falando? Weasley está com a mão estendida esperando que eu sele uma trégua que até dois minutos atrás eu nem sabia que era possível.

Apertei a mão dela e a deixei seguir seu rumo achando que estávamos numa boa, mas não estávamos. Porque eu não faço ideia do que aconteceu aqui! Mas sei quem provavelmente é a responsável por isso.

— Rebeca...


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Notas finais do capítulo

Só eu que gosto da maneira como Tony e Rebeca resolvem os problemas? Provavelmente...