- Estou em casa! - Depois de um longo dia na academia ninja, a jovem Uchiha chegou a casa.

- Ora, bem vinda de volta, Sarada! - Sakura respondeu enquanto terminava de limpar as estantes com inúmeros livros de ninjutsus médicos. Resolveu perguntar o de sempre com a filha, o que fazia desde quando ela entrou na academia, agora, a sua querida filha estava prestes a completar 15 anos de idade. - Como foi seu dia?

- O de sempre. Estou quase aprendendo um novo jutsu médico, preciso praticar mais. Onde o papai está? - Sarada perguntou enquanto analisava o ambiente.

- Foi resolver alguns problemas com o Nanadaime, logo ele estará em casa.

- Tsc. - A menina sabia que ele não chegaria a tempo. Ela sempre sabia.

- Não faça essa cara, você sabe que seu pai vem. Olha, vá tomar um banho que eu já vou preparar o jantar, tudo bem? - Sakura não obteve resposta. Olhou para sua menina e percebeu que ela estava um pouco aérea naquele momento, o que era raro. - Sarada? Aconteceu alguma coisa?

- N-Não mamãe. - Ela estava gaguejando? Espera, tinha algo errado com ela.

- Sarada, olhe para mim. - Sakura deixou o espanador de pó na mesinha de canto e limpou as mãos no avental e logo depois apoiou uma delas no ombro da filha. - Você está triste pelo seu pai? Ou aconteceu algo na academia? - Quando a antiga Haruno perguntou aquilo, um rubor súbito tomou conta das bochechas da morena, Sakura realmente estava estranhando o comportamento da filha.

- E-Eu disse que não foi nada! - Assim, Sarada gritou e logo saiu correndo em direção ao seu quarto. A rosada não gostou muito da atitude da filha, mas suspeitou que alguma coisa realmente tinha acontecido e um sorriso maroto brotou nos seus lábios.

- Ops, acho que temos alguém apaixonado nessa casa.

(...)

Depois de tomar banho, a Uchiha mais nova colocou os óculos em cima da escrivaninha e deitou em sua cama, ficou encarando a parede amarela de seu quarto. Amarelo. A cor do cabelo dele.

- Tsc, maldito!

Colocou o braço sobre o rosto e aquela cena que aconteceu mais cedo passou pela sua cabeça inúmeras vezes, aquilo seria quase impossível de esquecer, era seu primeiro beijo afinal! Foi tão idiota aquele beijo, se tivesse sido mais carinhoso ou...

- O que eu estou pensando?! Argh, melhor eu estudar.

Ela levantou da cama e pegou um livro qualquer na estante, mas os estudos pareciam um trabalho árduo quando o pensamento está em outro lugar, talvez fosse mais fácil conversar com alguém. Poxa, seus sentimentos estavam tão confusos!

Lembrou-se da época que tinha seus 8 anos de idade, nutria uma paixonite por Shikadai, talvez pelo fato dele ser um cara inteligente e na dele, mas o Nara não estava nem aí para nada e agora ele nutre sentimentos por Mirai, o que era bem inusitado já que ela era bem mais velha. Riu com aquilo.

Lembrou também de uma conversa que teve com Himawari, ela estava clara de seus sentimentos. Quando conversaram na academia, a jovem Uzumaki confessou à amiga que Inojin era definitivamente o príncipe dos seus sonhos. Logo depois, Hima perguntou à Sarada quem seria seu príncipe e ela só balbuciou palavras desconexas. Pois é, Himawari mal sabia que a Uchiha gostava mesmo de Boruto Uzumaki.

Nenhum livro que ela pegou na biblioteca de Konoha conseguiu explicar bem o que estava se passando, ficou incomodada, daí, acontece àquela burrada de manhã e tudo fica claro como água. Estava apaixonada. Sem se ligar, já tinha escrito o nome do loiro na folha de caderno e ao lado um pequeno coração. Olhou aquilo e ficou envergonhada, rasgou a folha e quando estava prestes a amassar, sua mãe entra no quarto e avisa que o jantar está pronto. Rapidamente ela esconde a folha e murmura um "estou indo". Sasuke não estava em casa ainda.

Comeram em silêncio. Por pouco tempo.

- Sarada, sabe que já fui adolescente, então seja sincera. Quem é o menino que está assolando seus pensamentos? - Sarada engasgou com a comida e olhou para a mãe. Como ela descobriu? - Sou sua mãe e sua amiga. - Sakura piscou para a filha. A morena ponderou as opções, se não falasse, a mãe iria perturbar até descobrir e se contasse provavelmente chegaria aos ouvidos de Sasuke, que se soubesse iria matar o Uzumaki.

- Prometa que não vai contar para o papai.

- Ora, é tão sério assim?

- Boruto. - Ela falou tão rápido que alguém que não tivesse prestando atenção não entenderia. Sakura riu, e bem alto. Sarada pensou que era melhor ter ficado quieta.

- Admito que não foi muita surpresa já que vocês dois vivem em atrito, mas como descobriu seus sentimentos? Ele se confessou para você?

- Nos beijamos. - Tudo bem, por essa Sakura não esperava.

- Como?

- Mas foi sem querer! Depois da aula fomos treinar um pouco, como ele é um panaca e não desvia das coisas eu acabei acertando o rosto dele. Daí, quando fui curar o corte... etto... e-eu me aproximei e... a-acabei caindo em cima dele e... nossos rostos estavam próximos demais... - Sarada estava tão vermelha que parecia a ponto de explodir. - Ele roubou um selinho, riu abertamente e depois sumiu! Fiquei lá com cara de tonta processando o que tinha acontecido. - Ela colocou as mãos no rosto tentando esconder a vergonha.

- Que gracinha, Sarada! - A menina pensou que sua mãe realmente era muito esquisita, mas guardaria o pensamento para si. - Confesse seus sentimentos para ele. Sabia que amores nessa idade são propensos a durar a vida inteira?

- M-Mãe, você não presta. - Sarada recolheu o prato e deixou na pia. - V-Vou para o meu quarto e... não ouse contar para meu pai, só de pensar nisso fico com medo.

- Pode deixar! Segredo guardado.

Sarada voltou para o quarto, sua fome tinha dissipado a partir do momento que sua mãe perguntou quem era o garoto que estava em sua mente. Aquilo é complicado, por que sentimentos tinham que ser tão complexos?

Ela resolveu abrir a janela do quarto para entrar um vento, devido à vermelhidão no rosto a temperatura corporal aumentou e o quarto ficou mais quente que o normal. Ficou observando o céu ausente de estrelas por muitos minutos, deixou que a ventania brincasse com seus cabelos negros e permitiu-se fechar os olhos para deleitar-se do momento, até algo chamar sua atenção.

Quando abriu os olhos viu algo azul brilhar no telhado da casa em frente, tinha o formato de uma esfera e ficava balançando de um lado para outro. Sua curiosidade falou mais alto naquele instante, então ela pulou a janela e subiu no telhado. A luz tinha desaparecido dali e voltou alguns metros mais distantes com diferentes formatos. Sarada seguiu a luz azul até um determinado ponto, e não obteve nenhum resultado, porque ela sumira definitivamente. Sentido a derrota resolveu voltar para casa, estava bem escuro e seria perigoso continuar por mais tempo ali, no campo florido com uma enorme figueira.

Ao virar, ouviu uma voz atrás de si e colocou-se em posição de ataque.

- Quem está aí? – A Uchiha bradou e já estava com o sharingan ativo. Ao poucos a figura de alguém foi surgindo no meio daquela ambiente, apenas iluminado pela luz da lua.

- Yo.

- B-Boruto?! – O Uzumaki sorriu e mostrou a luz azul para a Uchiha. – Então era você que estava com essa luz.

- Sim, minha mãe ensinou a Himawari a controlar o chakra com diferentes formas, daí acabei aprendendo também.

- O que está fazendo aqui? – Ela voltou à posição normal e arrumou os óculos.

- E-Eu queria falar com você. – Ele coçou a nuca e sorriu novamente, estava claro seu nervosismo. Sarada corou.

- S-Sobre o que?

- E-Etto, s-sobre o que eu fiz pela manhã... eu... sinto muito. Acho que você ficou irritada, né?

O silêncio pairou pelo ar, Sarada ficou encarando suas sandálias ninjas e pensando seriamente no que responder.

- Diga alguma coisa, estou ficando constrangido.

- Eu gosto de você, Bolt. Eu não fiquei irritada.

- Ufa. – Ele suspirou. Minutos depois arregalou os olhos e encarou a Uchiha. – S-Sarada, repita o que você disse.

- Você é surdo ou idiota?

- Eu quero confirmar se ouvi direito. – Ele se aproximou com rapidez e ficou bem pertinho da menina, que por sinal é mais baixa que ele. Com a mão, colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha e aproximou o rosto do dela. – Repita. – Sarada ficou vermelha e sentiu um arrepio pelo corpo, a voz dele já não era esganiçada como antigamente, era uma voz grossa e intimidadora.

- Eu gosto de você. – Ela respondeu sem firulas e ficou na ponta dos pés. Deu-lhe um beijo casto e amoroso. – Eu gosto muito de você. – Dessa vez ela enlaçou os braços no pescoço do loiro e começou um beijo mais feroz e cheio de desejo. – É extremamente irritante esse sentimento. Eu tenho vontade de bater em você, mas acho que beijar é melhor e viciante.

- Sarada, eu gosto de você há tempos. Sei que seu pai provavelmente tentará me matar, mas eu quero fazer uma pergunta.

- Diga. – A voz saiu meio esquisita porque Boruto beijava o pescoço da adolescente.

- Você aceita namorar comigo? – Aquela foi a cartada final para Sarada, seu coração parecia que saltaria pela boca a qualquer instante.

- É óbvio que eu quero, Uzubaka! – Assim ele abraçou sua pequena nova namorada com muito carinho.

Ao longe, Sakura segurava o marido recém-chegado que já estava com sua katana na mão.