A Loba Solitária escrita por shW


Capítulo 1
Alcateia


Notas iniciais do capítulo

Caso não compreenda, o início do capítulo não é um sonho, e sim o futuro de Marah.
Mas a história será contada do passado ao futuro (espero que tenham entendido)
Como se ela estivesse...se recordando de tudo. Entendam desta forma.

→Não deixem de ler as notas finais←



(revisado 14/09/2019)



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As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e o córrego com água fresca.

Quando sai de debaixo das copas, encontrei o calor, bebi uma quantidade satisfatória da água gélida e cristalina do riacho buliçoso.

O céu estava claro e o clima fresco, mesmo que o calor do sol estivesse castigando um pouco.

Ouvi seus grunhidos e risadas. Encontrei os quatro reunidos, no meio do campo verde, brincavam entre si.

Estão lindos, e tão crescidos.
Admirei a cena em silêncio, senti um sorriso emergir em meu focinho, logo ouvi seus passos e virei a cabeça para que meus olhos encontrassem os seus.
Seus pelos longos e graciosos dançavam com a brisa, como o capim alto também fazia.
Sorrimos juntos.

Seus olhos amarelos num tom vibrante, graças a eles, por essa razão que, minha vida ganhou um novo significado.

2 anos atrás

Minuciuosamente abri os olhos, a claridade fez minha vista arder, tudo era tão verde, marrom, grande e claro, mas havia somente uma claridade que atraiu minha atenção, a claridade azul, que fazia lembrar dos sons das águas que também eram azuis. Azuis cristalinas, mas este azul que eu via era um azul puro e vazio.
Eu reconheci sua voz, soava alegre deveria estar sorridente, quero ver seu sorriso.

—Vejam, meus pequenos abriram os olhos!– mamãe estava com um sorriso largo no focinho, também abri o meu, eu amo sua presença agora, amo enxerga-la.
Vi sua cauda mexer e remexer diversas vezes.
Seus olhos transbordam lágrimas de alegria.
É tão bela, seus pelos são longos e cinzentos, mas não um cinza único havia um pouco de marrom e preto neles.

A sensação que senti no dia que abri meus olhos pela primeira vez, e vi minha mãe, é a mesma que sinto quando a vejo até hoje.

Eu estava imerge em minhas lembranças, gosto de colecionar lembranças.

Contudo, lembrei-me que mamãe já não nos fornecia mais leite com tanta frequência e isso me deixava cada vez mais chateada e estressada.
Meus irmãos de ninho pareciam sentir o mesmo, mas, os mais velhos nunca se importaram.
Após muita insistência de nossa parte, mamãe usou sua paciência para explicar que já éramos “grandinhos” pra isso.

E isso quis dizer que já podíamos comer de caças, caça. Essa palavra me animava por algum motivo e me levava a brincar de perseguir com meus irmãos de ninho, por que os maiores não costumavam ter paciência de mais para receberem  mordidas.

Will, um dos meus irmãos mais velhos, sempre gania que doía toda vez que eu grudava os dentes em sua cauda.

Aloou!– Luke empurrou meu focinho, grunhi irritadiça –acorda! Vamos brincar!– ele ergueu as patas traseiras se posicionando convidativo, senti a vontade que antes não tinha e como resposta pulei sobre ele.
Rolamos um pouco e trocamos mordidas, enquanto eu me esforçava para dominar Luke, de relance vi minhas duas irmãs de ninho correrem até nós.
Anita e Yuna.

Brincamos por um tempo todos juntos e por fim me sentei cansada.
As diversas vozes chamaram minha atenção, mamãe e papai estavam deitados, juntos.
Mas faziam coisas diferentes, mamãe assistia a lutinha de meu irmão com minhas irmãs.
E papai apenas descansava.
Mas logo vi ele erguer a cabeça e bocejar. Exibindo suas grandes presas que arrancariam um elogio de um puma.

—Vamos caçar– ele de repente anunciou, e meus irmãos explodiram em excitação, e nós corremos para fazer parte daquela bagunça 

Mesmo que não fossemos participar disto gostamos da ideia.

Papai ria de toda aquela excitação

—Quietos!– mesmo que não estivesse falando sério sua voz continuava soando firme e forte. Contemos nossa agitação e nos sentamos.

—Na noite passada avistei uma rena moribunda. Sei onde encontrá-la

A mudança de postura foi rápida, meus irmãos maiores assentiram e se prepararam pra ir. Assim como eu, meus irmãos de ninho automaticamente seguimos para dentro da toca. Agora, um pouco chateados.
Mesmo já tendo três meses de lua, papai e mamãe ainda nos consideram incapazes de nos afastarmos da toca -sempre deixando dois ou três lobos conosco-

Bom, éramos. Até agora.

—Filhotes hoje irão conosco– mamãe avisou, eu a olhei como se tivesse a ouvido miar.

Sério?!

—Vamos mesmo mamãe?!– Anita disse esperançosa

—Sim, venham–

Não hesitamos e corremos para alcançar os outros, uau, este dia será lembrado como o melhor de minha vida!

Os outros seguiam enfileirados atrás de papai, e nós os menores seguimos aninhados a mamãe. Mesmo assim, ela reforçava a todo tempo para ficarmos perto, obedecemos, mas atentos a cada cenário novo.

Logo todos pararam.

Vi papai vir em nossa direção

—Vocês quatro, fiquem entre essas moitas e não saiam daqui– papai mandou

Obedecemos e ficamos todos juntos ali, entre as moitas de capim alto e cheiro estranho.
Mamãe reforçou o recado e partiu junto deles.

—A que chato, nos trouxeram pra isso!– Anita reclamou –se eu soubesse teria insistido para ficar na toca.

—Pensou o que sua boba, que fosse caçar junto deles?– Luke retrucou e minha irmã empinou o focinho

Enquanto uma pequena discussão se formava ali, eu me concentrava no que realmente interessava.

Fomos deixados sobre uma pequena colina, ainda tínhamos acesso a uma ótima visão do que logo iria acontecer.

Eu já havia encontrado a rena moribunda, como papai a chama. Seu cheiro exalava no ar como um perfume, e eu ficava cada vez mais instigada.
Ela pastava solitária. Dentro de um campo aberto, porém nele havia diversas rochas, espalhadas aqui e acolá. E a grama não era tão verde, bom, isto é comum nas vegetações de Amethyst Mountain.

Os lobos se filtraram entre elas.

Logo começaram a agir, papai e mamãe seguiam sorrateiros diretamente a ela e os outros pelos lados, sendo cobertos pelas rochas.

A rena ergueu a cabeça e se preparou para fugir.
Intrigada, havia descoberto o porquê, o vento soprava contra nosso favor.
Agitei a cauda para dispensar o nervosismo

Mas a rena então avançou, para frente correndo por sua vida, o largo campo aberto havia florestas aos arredores e a rena ia em direção a elas.

Papai e mamãe avançaram, todos juntos a eles, se esforçaram para acompanhar o ritmo do cervo, abri um largo sorriso ao notar que papai já estava ao seu lado, tentando alcançar seu lombo, não demorou muito para a rena começar a ofegar de cansaço e ter seu dorso mordido.
Os outros finalmente avançaram para ajudar a imobilizar a presa.

A essa este ponto, eu já tinha ao meu lado meus irmãos, que também assistiram a tudo.

—Uau!– Yuna disse estupefata, seus olhos brilhavam, acredito que os meus também deveriam estar de tal forma.

—Foi incrível mal posso esperar para poder caçar!– Luke exclamou

Enquanto os outros terminavam o trabalhado, vimos papai erguer a cabeça e nos chamar.

Fomos até eles saltitantes e sorridentes, exceto Luke que insistia em competir e correu em dispara disposto a chegar primeiro que nós.

—Nossa foi de mais!– eu exclamei saltitante

—Sim pai, queremos caçar também!– Anita latia

Ele sorriu e aconchegou cada um de nós em seu pelo
—Logo poderão, irei ensinar a vocês tudo o que precisam saber. Agora vão comer–
Ele me deu um leve empurrão

Estava uma confusão, os maiores quase não nos deram espaço para desfrutarmos da caça ainda fresca, eu estava irritada o que me levou a grunhir e rosnar algumas vezes.
Mas eu não poderia esperar sentada, se quisesse ficar com a barriga cheia precisava agir, me enfiei entre as patas de mamãe e consegui alcançar a área mais gordurosa

Com certa dificuldade rasguei alguns pedaços de carne e após mastigar bastante os engoli, já buscando por mais outro.

Depois de todos comermos ainda permanecemos próximos da comida, afirmaram querer descansar antes de voltar para o acampamento, umas aves negras e robustas surgiram e se apossaram da carcaça, eu me perguntava se ninguém iria interferir tal abuso. Mas Papai e mamãe trocavam lambidas sem se preocupar, eu fiquei irritadiça o que me levou a mordiscar a orelha de Yuna.

Eu sentia vontade de avançar nelas, mas pareciam grandes de mais pra mim então apenas imaginei que caso eu tentasse seria facilmente pega por uma delas.

O a força do sol começou a ceder, já e estava anoitecendo, vi o horizonte ficar rosa e laranja. Estava muito bonito.

E também já via umas luzinhas que piscavam por todo canto do céu mas quando eu tentava fixar em apenas uma ela sumia.
Os lobos ficaram irritantemente mais agitados, e causou um breve tumulto. Os machos mais velhos pareciam brincar com um grande pedaço de osso com raspas de carne, papai corria com aquilo na boca o exibindo como se fosse um troféu e meus irmãos abobalhados iam atrás atiçados em tirar aquilo de papai.

Meus irmãos de ninho, assim como eu não estavam com muita vontade de brincar, brincamos o dia inteiro, eu os encontrei deitados entre nossas irmãs que descansavam e cuidavam uma das outras com lambidas e carícias. E mamãe observava todos com atenção.

Eu estava entediada sobre a pedra, olhar as luzes piscantes estava começando a ficar cada vez mais chato, gani baixo e caminhei cambaleante até o colo de minha mãe. Eu sentia sono e não havia lugar melhor para desfrutar disso.

Mamãe me confortou em suas patas, formando um pequeno abrigo apenas para mim.
Fiquei alegre e quis lambe-la. Estiquei minhas patas até seu ombro e assim consegui alcançar sua cara com mais facilidade

A loba parecia não se incomodar então deixou,  e seu focinho possuía uma mistura de sabores, algo como um gosto acre, sabor de carne e saliva.
Uma mistura deliciosa, mas não perdi muito tempo com isto então voltei para o colo de minha mãe
Agora deitada, os sons e grunhidos que os outros lobos emitiam me trouxe uma sensação de paz e segurança, virei a cabeça para o lado oposto, tendo visão da natureza extensa.
Fixei os olhos num lugar distante e comecei a sentir meus músculos mais relaxados, aquilo era tão satisfatório que soltei um forte suspiro. Eu já sentia sono o suficiente para apenas fechar os olhos e dormir, até sentir lambidas serem distribuídas pelo meu corpo, havia ganhado um banho. 
Tamanho cansaço não me permitiu  protestar contra aquilo, então apenas adormeci.


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Notas finais do capítulo

Estou bastante satisfeita com o desenvolvimento de minha escrita e isso me motivou a retornar ao Nyah!
Senti muita falta de ter todo aquele interesse que eu antes tinha. Mesmo que demore, pretendo trazer um final a todas as histórias criadas por mim.