Capuz Vermelho - 1ª temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 8
Capítulo 07: A alcateia se reúne


Notas iniciais do capítulo

Novos personagens, novas alianças e outros eventos relevantes à trama fazem parte deste movimentado capítulo.

Boa leitura!



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"Vejo imensos rastros de sangue por toda parte. Estas presas não irão me alcançar até que seus detentores sejam destruídos. O perigo é iminente... e haja o que houver, serei o alvo principal. É inevitável reverter o que já começou, é inútil tentar se esconder de algo que estou destinada a sofrer."

Trecho do Diário de Rosie Campbell; Pág 55.

Apenas um disparo foi necessariamente suficiente para derrubar o infame ex-membro dos Red Wolfs. O ato inesperado de Rosie acabara por surpreender tanto Hector quanto a sua vítima. Em um semblante sério e aparentemente furioso, a jovem permaneceu com a arma apontada para Robert, que não viu outra saída a não ser fingir agonizar no chão, mesmo com o tiro tendo sido de raspão em seu ombro. No entanto, sangue começava a jorrar através do arranhão causado pela bala, o desesperando de imediato.

– Onde está a chave? Mostre-a! - ordenou Rosie, em tom forte.

– A-ali... à sua esquerda... - disse Robert, demonstrando vulnerabilidade.

Conseguindo abrir o portão da cela, Rosie imediatamente se dispôs a guardar a arma e pegar a faca encontrada na mesa para cortar as cordas que prendiam Hector. Enquanto ela o fazia, o jovem caçador aproveitou para realizar um breve comentário.

– Devo admitir que estou muito surpreso ao vê-la. Mas agiu sem pensar ao atirar.

– Cala a boca. Não vim para perder tempo. Sinta-se aliviado e agradeça-me por estar salvando sua pele. - disse Rosie, dando à Hector a impressão de ainda estar irritada.

Rosie guardou a faca, que na realidade era uma espécie de adaga, partindo com seu companheiro para fora da cela, deixando Robert caído no chão. Porém, o homem levantou-se forçadamente e tratou de perseguir ambos no corredor, mesmo com um pouco de dor.

– Não vou deixar que escapem, seus malditos!! Posso não ter uma arma comigo agora, mas tenham certeza de que estarão em perigo! - esbravejava Robert, tentando alcança-los.

– Melhor irmos rápido, ele pode estar planejando algo. - alertou Hector.

Rosie virou-se para trás e sacou o revólver, logo atirando novamente em Robert, desta vez em sua perna. Mesmo derrubado, o cientista louco não perdeu a oportunidade de alertar os jovens sobre uma ameaça breve.

– Idiotas! Não conseguirão nada me neutralizando. Avisei aos meus capangas que se ocorresse algo maligno à mim, deveriam libertar todas as quimeras de nível 2!! Irão se arrepender por isso! Como prova de minha vingança a população de Raizenbool será dizimada! - avisou Robert, em altíssimo tom de voz.

Rosie e Hector puderam enxergar a escada que dá a saída para a superfície. Em uma rápida ação, passando por várias salas, ambos conseguiram escapar. Alexia esperava do lado de fora do castelo e surpreendera-se alegremente por ver Hector são e salvo.

– Oh, que bom vê-lo vivo! Vocês estão bem?

– Sim, nós estamos. Mas temos um sério problema. - disse Rosie.

– Alexia!? O que está fazendo aqui? - perguntou Hector.

– Bem, Rosie havia chegado minutos depois de você partir. Revelei à ela tudo o que sei, inclusive que você tinha vindo para cá. Tive que acompanha-la, com medo de que algo ocorresse à ela.

– E foi desnecessário. Eu sei me cuidar e me defender. Mas agradeço sua intenção de me ajudar. Obrigada. - disse Rosie, dando as mãos para Alexia.

– Oh Rosie, não sei o que dizer. Bem, percebo que no fundo estão apreensivos com algo. Descobriram um plano de Robert? O que houve lá dentro?

– Não sei se podemos ficar aqui por muito tempo. Fui feito de prisioneiro, mas tomei as rédeas da situação interrogando-o. Descobri coisas bem interessantes. - afirmou Hector.

– Temos que nos apressar. A cidade corre perigo. - preocupou-se Rosie.

– O quê!? O que esse louco planeja fazer desta vez? - perguntou Alexia, deixando sua calma esvair-se.

– Vamos, temos que voltar pra sua casa o quanto antes. - apressou-se Hector, seguindo na frente.

– Ei, espera! Me diga o que irá acontecer. - suplicou Alexia.

– Chega a ser irônico você perguntar isto sendo uma vidente. Mas brincadeiras á parte, melhor irmos depressa. Um exército de quimeras está sendo preparado para invadir a cidade. E tenho um plano perfeito para acabar com isso. - revelou Hector

Mantendo o mistério de seu plano durante todo o caminho para retornar à casa de Alexia, o jovem caçador não escondia seu desespero na sua face. Enquanto isso, uma espécie de alerta vermelho soou em uma parte obscura do castelo, onde residiam os capangas de Robert. Cientes da representação do alerta, os homens moveram-se para onde os "bichinhos de estimação" do ex-Red Wolf se encontravam. Uma quantidade imensa de jaulas na sala pôde ser vista.

– Sei não... não consigo mais dar um passo pra chegar perto desses demônios. - disse um deles, bastante temeroso, ainda na entrada da sala.

– O chefe vai ficar desapontado se a gente não fizer logo. Vamos soltar os cachorros. - afirmou o aparente líder da quadrilha organizada por Robert.

Já na residência de Alexia, a dupla de investigadores mal conseguia conter tamanho nervosismo. Alexia, sentada à mesa de sua sala de consultas, com as mãos colocadas sobre os olhos, se fazia dramática ao manifestar seu pessimismo.

– Por que? Por que logo agora? Seria pedir demais para vocês irem embora da cidade o mais rápido possível?

Ouvindo tal pergunta, Hector não se fez calado.

– Não, Alexia. Não iremos embora sem antes fazermos o nosso trabalho. Compreendo sua preocupação conosco, mas não faz sentido pedir isto a nós sabendo que temos planos na manga.

– E nós temos algum plano? - perguntou Rosie, desconfiada.

– Eu tenho. Não sei quanto tempo isso vai levar, mas terá de ser breve.

– E o que tem em mente? Por favor, diga-nos depressa. - pediu Alexia, ficando de pé.

– Tenho alguns amigos antigos que talvez estejam disponíveis para nos ajudar. Eu deveria ter contado isso pra você desde o início, Rosie. Eu fui líder de um grupo de caçadores, na época em que eu estava em fase de treinamento. Éramos seis. Tivemos duas baixas em menos de dois meses em missões percorrendo várias cidades mundo afora. Nos chamávamos de Legião dos Caçadores. - revelou Hector.

– Não fico brava por estar revelando isso agora, pelo contrário. É bem apropriado que saibamos disto, ainda mais na situação em que nos encontramos. Sabe da localização deles? - perguntou Rosie.

– Eles residem em uma região montanhosa, a qual não me recordo do nome. Mas sei que ainda estão na ativa e o número do telefone. Eles serão de grande ajuda para exterminarmos esses monstros.

– Espera aí... exterminarmos!? Hector, são vidas humanas, pessoas inocentes que foram vítimas de atrocidades através de uma ciência ainda praticamente desconhecida. - reclamou Rosie, novamente entrando em desacordo com Hector.

– Rosie, não é boa hora para discutirmos. Entenda a gravidade da situação. As pessoas serão expostas à um ataque, de modo que as faça se sentirem inseguras como nunca.

– Rosie, me desculpe, mas Hector tem razão. Além disso, não se trata mais de vítimas humanas. Essas quimeras... não são mais vidas humanas... são vidas perdidas. - afirmou Alexia, tristemente.

A jovem matinha uma expressão de convencimento por vários segundos. Assentindo positivamente com a cabeça, Rosie passara a compreender o ponto de vista de ambos.

– Tudo bem. Creio que não há uma maneira de reverter o que fizeram com elas.

– Provavelmente. Enfim, irei contactar meus velhos amigos para que venham logo. Quem sabe, a partir desta ajuda eles não venham se juntar a nós dois na investigação. - cogitou Hector, otimista.

– Seria ótimo, mas... e se não der tempo?

– Não há com o que se preocupar em relação ao tempo. Conheço Robert. Já vi ele ordenar ataques, e levava cerca de 40 minutos até que todas elas estivessem prontas, já sob hipnose e libertadas. - interviu Alexia.

– Ele disse nível 2. Já espero que sejam mais eficientes e poderosas que as que enfrentamos na mansão do colecionador. - disse Hector.

– Um tanto óbvio, não acha? - perguntou Rosie, sorrindo sarcasticamente.

– É... pode ser. - disse o caçador, antes de ir em direção ao telefone.

Durante a ligação, Rosie e Alexia permaneceram em silêncio, esperando ansiosamente pela resposta que Hector daria, seguida da preocupação em relação à desinformação da comunidade sobre o ataque. Cerca de cinco minutos passaram-se, mas que deram a impressão de terem sido bastante tempo. O caçador voltara da sala de estar, exalando um otimismo que proporcionou esperança para ambas.

– E então, o que disseram? - perguntou Rosie, cessando sua caminhada de um lado para o outro na sala.

– Consegui convence-los da urgência do ataque. Determinei da seguinte maneira: Iremos nos encontrar no morro onde dá para ver quase toda a cidade. Lá poderemos ver com a ajuda de um monóculo de onde a primeira leva de quimeras irá surgir. Assim que vermos o perigo prestes a começar, nós vamos agir.

– Somos apenas cinco. Não sabemos o número exato número de quimeras. Acho que deveríamos contar com a polícia local. - propôs Rosie.

– Não sei se é uma boa ideia, Rosie. Pense bem: Não acreditariam em nós se disséssemos que um bando de lobos bípedes e selvagens estão prestes a invadir a cidade. Mesmo que inventássemos algo do tipo "uma gangue de bandidos perigosos saqueará a cidade toda" achariam suspeito. Portanto, a ajuda policial está fora de questão. - justificou Hector.

– É, você tem razão. Mas talvez ajam quando perceberem que a cidade está sob ataque.

– Sim, é provável que isso aconteça. Bem, acho que é hora de irmos. - disse Hector.

Na saída, ambos preparavam uma leve despedida à Alexia e seu assistente.

– Rosie, Hector... por favor, tomem cuidado. Boa sorte e tentem proteger as pessoas. - pediu Alexia, gentilmente.

– Está bem. Obrigado por nos fornecer toda a informação que nos será útil. - agradeceu Hector.

– Obrigada Alexia. Vocês nos foi de grande ajuda. Espero que nos vejamos novamente. - disse Rosie, deixando escapar um sorriso.

Ruffus também pôs-se a desejar sorte aos viajantes e, acima de tudo, deixar que menos pessoas morram.

– Boa sorte, forasteiros. Eu só peço que o número de vítimas seja o menor possível.

– Tudo bem Ruffus. Afinal, estamos cientes de que não poderemos salvar a todos. Mantenham-se seguros dentro de casa. - recomendou Hector.

À caminho do morro onde planejavam se encontrar com os novos companheiros, a dupla se mantinha atenta à qualquer sinal que pudesse indicar um possível "ataque-surpresa". Para quebrar o clima de tensão quase que predominante, Rosie iniciou uma conversa beirando ao lado pessoal, mas um tanto regada de culpa.

– Olha... desculpa por hoje de manhã. Fui injusta com você. - admitiu Rosie, enquanto caminhava.

– Um pouco tarde para isso, não acha? - perguntou Hector, soando irônico.

– Tudo bem. Tem todo o direito de se sentir magoado. Na verdade, eu me sentia estranha naquele momento...

– Estranha? Conte-me mais sobre isso. - insistiu Hector.

– Não sei... é complicado explicar com muita clareza, mas... eu não me sentia eu mesma, sabe. Senti como se algo estivesse controlando minhas emoções sem que eu percebesse.

– Está bem, Rosie. O que quer que tenha acontecido à você na manhã de hoje, certamente tem algo a ver com o capuz. - deduziu Hector.

– Acha mesmo? - perguntou Rosie, incrédula.

– Mais um mistério para desvendar. Cuidamos disso uma outra hora. Temos que manter o foco nesta invasão.

Os membros que compõem a intitulada Legião dos Caçadores já estavam a postos esperando por Rosie e Hector no alto do morro. A pontualidade do grupo surpreendera à Rosie.

– É ótimo vê-los novamente. - disse Hector, feliz por revê-los.

– Olá, me chamo Rosie. É um prazer conhece-los.

– Bem, Rosie, conheça meus grandes parceiros de caçadas: Adam, Lester e Êmina.

O trio cumprimentara a jovem em uníssono, em meio à apertos de mãos. Adam assumira o posto de líder da equipe enquanto Hector mostrava-se ausente nos tempos em que manteve-se separado do grupo. De porte físico mais robusto que os demais, Adam era o mais sério do grupo depois de Hector. Seus métodos de caçada são semelhantes aos de seu mestre, que morrera devido à uma falência múltipla dos órgãos. Lester era visto como o estrategista multitalentoso. Somente utilizava armas cortantes, como espadas e sua "milagrosa" faca que pode matar qualquer criatura transmórfica. Já Êmina utilizava técnicas alquímicas para destruir seus alvos de uma só vez. Ainda mantinha o desejo de aperfeiçoar tais habilidades. Além disso, utilizava armas como bastões, adagas e rifles quando a situação exigia.

– É também ótimo pra nós revê-lo Hector. É uma pena que não esteve junto de nós na nossa investigação. - disse Adam.

– Investigação? Não me digam que...

– Sim. Nós também estamos investigando os Red Wolfs. - interviu Lester, surpreendendo Hector.

– Bem, eu achei que não possuíam informações suficientes para conduzir uma investigação sobre eles. Agora entendo porque concordaram em nos ajudar. - disse Hector.

– Exato. Não é a primeira vez que enfrentamos licantropos tão avançados e perigosos quanto esses. Devemos nos preparar. - disse Adam, apressado.

– Err... espera. Não são licantropos, são quimeras. Pessoas inocentes utilizadas em experiências para terem seus sangues misturados com o de lobos. - informou Rosie, não concordando com o termo mencionado por Adam.

– Não acho que devemos chama-los assim. Mas agradeço pela informação. - disse Adam, carregando seu rifle com munição prateada.

Lester tratou de explicar para Rosie o porque da utilização do termo.

– Não liga pra isso. O Adam meio que é cabeça-dura as vezes. Mas são realmente licantropos. É o nome real para pessoas que se transformam em híbridos de lobo e humano. Em uma caçada recente, enfrentamos mais de vinte deles espalhados pelas florestas. Eram completamente diferentes dos que estamos acostumados a se deparar. - contou o caçador.

– Então significa que já... enfrentaram lobisomens? Basicamente algo semelhante às lendas contadas por aí? - perguntou Rosie.

– Olha, já enfrentamos coisas bem piores. Mas os que Lester mencionou são bem mais fortes do que pensávamos. Há seres por aí que fogem da lógica humana. - disse Êmina, preparando suas armas.

Hector e Adam observavam o horizonte a fim de perceber algum sinal do vindouro ataque. Com um monóculo, Hector mantinha-se focado em impedir rapidamente um genocídio.

– Essa demora toda me deixa temeroso. - disse Adam, observando todos os pontos da cidade.

– Presumo que tenham descoberto algo importante. Se somarmos nossas conquistas daremos um longo passo à frente. - disse Hector.

– Não devemos discutir isso agora. Nunca estive tão ansioso para estourar os miolos de uns licantropos.

– Hehehe, você não mudou absolutamente em nada Adam.

– Você também não, Hector. Olha, depois que terminarmos o serviço, iremos ao nosso esconderijo mostrar uma surpresinha que achamos. Se quisermos impedir que algo muito ruim aconteça no futuro, temos que agir todos juntos. - disse Adam, fazendo um intrigante mistério.

– Exato, Adam. Mas agora que falou, estou deveras curioso sobre o que descobriram.

– Fique tranquilo. É e sempre foi de nosso feitio agarrar oportunidades com todas as forças.

Hector o olhou de modo curioso, como se quisesse forçar uma comunicação mental e estivesse desejando tal coisa, tamanha era sua desconfiança. Era certo que no tempo em que Hector esteve ausente no grupo, eles se aventuravam em caçadas como forma de seguirem esse rumo profissionalmente. A desculpa dada por Hector, na época, era a de que precisava treinar sozinho. O passado naquele reencontro era como páginas queimadas de um livro.

Após cerca de uma hora de espera, quase no início da madrugada, fora avistado primeiramente por Adam um pequeno movimento dentre as árvores próximas à entrada da cidade. Enquanto isso, Hector e os demais caçadores preparavam o arsenal e Rosie apenas observava pacientemente. Um grito de alerta fora dado pelo forte caçador, fazendo Rosie tremer abruptamente de susto.

– Um pequeno número de licantropos parece estar se aproximando de um vilarejo! Temos que ir depressa! - alertou Adam.

O quinteto finalmente pôde agir conforme o plano idealizado, primeiramente descendo o morro. Ao se separarem (em grupos de dois, restando somente um - no caso Adam) quando cruzaram as linhas de fim e começo da cidade, todos estavam convictos de que vítimas fatais seriam feitas. O objetivo: deixar a contagem de corpos mais pequena possível. Um exército de quimeras nível 2, calculado em 15, aproximara-se da cidade, invadindo as principais residências dos vilarejos mais pobres.

Em dado momento, Rosie e Hector puderam presenciar a ação da polícia local. Vários policiais correndo de um lado para o outro, na tentativa de manter as ruas vazias e as pessoas seguras, foram vistos, além de usarem força letal contra o exército, mesmo estando sob efeito de extrema repulsa. Ambos esconderam-se em uma casa abandonada a fim de armarem uma emboscada para no caso de uma delas adentrarem.

– Tranque a porta Hector!

– Usarei esta mesa como barreira. Vamos ficar atentos, pode ser que um deles venha até aqui. - disse Hector, empunhando sua espingarda.

Para se manter calma ouvindo inúmeros tiros e rosnados ferozes, Rosie aquietou-se em um banco de madeira. Foi, gradativamente, tirando sua adaga, para manter-se precavida mediante algum ataque. Um silêncio perturbador se instalou no local.

Um olho de cor marrom fora visto por Hector em uma brecha do teto, contemplando o vermelho do capuz de Rosie. Um rosnado lento foi escutado. Mais dois de mesmo teor foram ouvidos de direções diferentes. Rosie percebera ao levantar-se do banco... uma delas estava mais próxima do que se pensava. Ambos olhavam para lados diferentes.

De modo repentino, a quimera observando do teto finalmente caíra, destruindo boa parte da estrutura. Rosie manteve-se em pé ao deparar-se com uma quimera saindo da parede de madeira ferozmente. Avançando para cima da jovem, a criatura a lambuzava com sua saliva pegajosa. Em um ato de coragem, Rosie cravou a adaga fortemente no ombro esquerdo dela. Enquanto seu companheiro caçador lutava bravamente contra seu alvo, um uivo estridente lançou-se no ar.

Usando como "carta na manga" Rosie sacou uma adaga maior, dada por Êmina como arma extra. Rasgando quase que inteiramente a parte torácica da quimera, Rosie sentiu o sangue quente da criatura banhar seu corpo. Um chute seguido por mais um corte profundo - desta vez no abdômen - foram os golpes de misericórdia de Rosie. Estimulada pela adrenalina, arrancou, com todas as suas forças e seguido de um grito, as entranhas da quimera de uma só vez. Tal ação surpreendera Hector, fazendo-o desviar de seu foco. A quimera caíra já morta no chão e seus órgãos jogados e largados como lixo.

Pensando em salvar ambos, Rosie deu seu golpe final lançando, com certa precisão, a adaga na quimera oponente de Hector, acertando-a direto no olho. Um jato de sangue lançou-se manchando as paredes ao passo em que a quimera caía no chão já falecida.

– É... parece que terminamos por aqui. - disse ela.

– Você... agiu muito bem. - disse o caçador, ainda surpreso pela imponência que Rosie exalava no momento.

– Obrigada. Talvez eu possa aprender para fazer melhor do que isso.

– O que está insinuando?

– Deixa pra lá. Mas admita: Teve a prova de que posso me defender bem diante dos seus olhos. - disse Rosie, saindo da casa em seguida para conferir a situação do lado de fora.

Paralisado pela afirmação de Rosie, Hector manteve-se pensativo por minutos. A ideia de não conseguir proteger Rosie lhe atormentava, mais do que a preocupação do aumento da confiança de Rosie em si mesma.

O massacre estava terminado assim que a Legião utilizou como último recurso a alquimia de Êmina, que materializou um vasto arsenal de lanças à medida que o número de quimeras aumentava. A polícia continuava a busca por vítimas, enquanto rastros de mortes e destruições se faziam presentes em quase todas as ruas. O grupo reunira-se novamente após o fim da missão.

– Todos estão bem? - perguntou Hector.

– Sim - disseram os membros da Legião em uníssono.

– Adam, quantas quimeras você calculou?

– Cerca de trinta. Contabilizando as mortes, segundo a polícia, foram mais de vinte. É um número pequeno se comparado aos massacres anteriores.

– Massacres anteriores!? Espera... vocês querem dizer que não conseguiram impedir massacres em diferentes cidades? - perguntou Hector, exigindo explicações.

Os membros da Legião permaneceram sérios ao ouvirem tal pergunta. Lester decidiu quebrar o silêncio.

– Temos que conduzi-los até nosso esconderijo. Não fica muito longe, mas não é tão perto como imaginam. Além de contar à vocês sobre o que vimos em outros lugares, temos um segredo.

– Segredo? O que estão escondendo? - perguntou Rosie.

– É algo relacionado aos licantropos. Descobrimos uma coisa muito relevante à nossa investigação... e tenho certeza que será útil para a de vocês também. E então, o que acham de unificarmos nossas investigações e nos tornamos uma equipe... uma nova Legião? - propôs Adam, surpreendendo positivamente Rosie e Hector... e reacendendo a chama da esperança para impedirem o possível evento sombrio.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: "Profanação".

Regras existem para serem quebradas.



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