Capuz Vermelho - 1ª temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 11
Capítulo 10: Lua de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao ponto crucial da temporada!
A guerra para se evitar o pior está para começar.

Partes em itálico representam flashback.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635202/chapter/11

À caminho do castelo onde estavam instalados os laboratórios de Robert Loub, várias viaturas da polícia cruzavam os difíceis trajetos da floresta. Movido por um desespero incomum, o maquiavélico cientista se enfurnou em uma espécie de quarto secreto, localizado no subterrâneo, como um meio alternativo de se ter acesso às masmorras. Fechou rapidamente a enferrujada porta e a trancou com várias barras de ferro. Logo, em um ato de prevenção, sacou uma arma e manteve seu dedo no gatilho, estando pronto para disparar assim que a porta pudesse ser arrombada, o que não julgava improvável.

Anteriormente à este ato, Loub deixara um bilhete escondido em um dos quartos de seus capangas. Um deles deveria ler e acatar a ordem nele escrita. Seguindo o aviso, todos eles fugiram por distintas saídas e em diferentes direções, antes das viaturas alcançarem o local. Loub, dentro do quarto, mantinha seu braço direito esticado segurando a arma, mas trêmulo devido ao medo constante. Com um olhar vago e em seu rosto gotejando uma certa quantidade de suor, o homem, internamente, guerreava com seus temores.

Os policiais, sem nenhuma dificuldade, adentraram no castelo. Uma invasão em massa. Os laboratórios foram minuciosamente verificados, inclusive as prisões localizadas um pouco mais além do que era permitido ver para invasores. As intensas luzes das lanternas mal encontraram um pelo sequer de uma quimera. Apreenderam vários materiais, dentre eles facas e agulhas enormes.

– Malditos... Se chegarem aqui não vou hesitar... não vou hesitar em atirar. - pensou Loub, mantendo o cano da arma mirado no centro da porta.

Pouco tempo depois, batidas foram ouvidas. Estavam, obviamente, tentando arrombar o tal quarto.

– Sabemos que está aí senhor Loub! Não pense que irá escapar tão fácil, pois este foi o único lugar que restou para investigarmos! - disse um dos policiais.

– Que ótimo. Não conseguiram entrar nas masmorras. - pensou ele.

Como último recurso, após inúmeras tentativas de arrombamento, recorreram ao uso de dinamite. A porta explodiu, fazendo as barras de ferro atingirem Loub em todas as partes. O mesmo fora encontrado caído no chão, com ferimentos e queimaduras leves.

– Muito bem, venha conosco. - disse um policial, levantando-o.

– Não pode ser... Quero saber quem denunciou. Eu exijo saber. - disse Loub, sendo algemado.

– Robert Loub. O senhor está sendo preso por sequestro, porte ilegal de armas e uso criminoso da ciência. Tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser, será usado contra você no tribunal. - disse o policial que chefiava a investigação.

Robert foi conduzido à viatura mais próxima da entrada do castelo, exalando uma aparente calma repentina. No entanto, por dentro, seu sangue fervia em ódio e repulsa.

Apenas gostaria de saber quem o denunciou para que pudesse vingar-se e retornar à ativa. Enquanto era levado, as vítimas mais recentes, ainda não afetadas por nenhum tipo de experiência, foram libertadas.

Distante dali, os heróis determinados a impedir que um alto número de vidas fossem ceifadas, caminhavam para um ponto, o qual era uma encruzilhada, onde deveriam se separar e assim dar início ao plano.

– Bem, então é aqui que nos separamos. - disse Adam, virando-se para Rosie e Hector.

– Pois é. Eu desejo uma boa sorte. Por favor, consigam as duas partes do talismã. - disse Rosie, tentando motiva-los.

– Nós tentaremos o máximo que pudermos. O que temos ao nosso dispor é suficiente para acabarmos com todas elas, já que são de nível 1. Vamos torcer para que haja uma segunda peça lá. - disse Lester.

– Se as coisas esquentarem para o nosso lado, eu trouxe meu giz para desenhar alguns círculos de transmutação. Sabem como é né? Minhas habilidades servem como último recurso. - disse Êmina.

– Ótimo. Boa sorte à vocês também. Vocês dois são a nossa maior esperança para acabarmos com isso. - disse Adam, focalizando seu olhar em Rosie, enquanto a mesma assentia com a cabeça em um "sim" com um leve sorriso.

O trio se despedira, por enquanto, dos dois jovens caçadores, seguindo pelo caminho que levaria até a cidade, mais precisamente à área nobre dela. Logo se reencontrariam, após Hector visitar a delegacia.

– Bem... chegou a hora, não é mesmo? - perguntou Rosie, virando-se para Hector.

– Sim. Hora de eu acabar com as dúvidas sobre a morte de meu pai. Vou até a delegacia, creio que ele já esteja preso, prometo não demorar. - disse Hector, tocando os ombros de Rosie para acalma-la.

– Mas... você não pensa que ficarei aqui esperando você voltar, certo? - perguntou Rosie, franzindo as sobrancelhas.

– Claro que não. Pode vir comigo, mas deve ficar do lado de fora. Está bem?

– Sim, pode deixar. Melhor irmos. - disse a jovem indo na frente, caminhando à passos acelerados.

Mesmo não aprovando a decisão de seu parceiro, Rosie compreendia que a finalidade da mesma o acalmaria, o deixando menos tenso, como meio para barrar empecilhos e garantir que todo o plano pudesse ser realizado sem uma única fagulha de fracasso. O jovem caçador adentrou no delegacia, se passando por um amigo da família do mais novo detento.

– Você mal está preso e já tem visita. - disse um policial abrindo o portão da cela. Loub ficara curioso sobre quem poderia ser.

Na sala de visitas estava Hector, sentado com os dedos das mãos cruzados. Fitou Loub com um olhar penetrante, mas raivoso. O cientista sorrira cinicamente com a surpresa.

– Ora, ora, ora... se não é o meu ex-prisioneiro que bancou o investigador, achando que tem dom para tal. - disse Loub, zombando.

– Sente-se. Temos muito o que conversar.

– E o grande dia chegou. Eu gostaria de saber como está se sentindo. Sabe o que tem que fazer, não sabe? Afinal, quem me denunciou? Foi alguém da sua turma, não foi? Soube que resgataram Alexia, que ousadia. - comentava Loub, sentando-se na cadeira.

– Não tente desviar o assunto. Vou ser bem direto: Por que matou o meu pai? Por que o odiava tanto?

– Eu sentia desejo. Desejo de obter um reconhecimento inabalável. Digamos que houve uma espécie de competitividade amigável, por assim dizer. Mas quem sou eu para julga-lo? Ele era íntegro, um excelente professor. Tinha um filho de boa índole, mas com um destino tão incerto quanto sua permanência na universidade. Mas houve uma época em que nossos santos já não batiam tanto. Foi no mesmo momento em que já estava nos primeiros passos para meus experimentos. E assim surgiu ela... - disse Loub, olhando para um canto da parede.

– Então você confessa. Você tinha inveja dele. Ele acreditou em você enquanto colegas de faculdade... Você é completamente doentio. O matou somente por considera-lo um empecilho para alcançar seu sucesso. - lamentava Hector, enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto.

***

– Papai? Onde o senhor está? - perguntava um menino de pijama listrado, andando por um corredor, sendo iluminado pelos relâmpagos daquela tempestade.

Um forte rugido ecoou por toda a casa. Pequenos ruídos que soavam como de algo respingando foram ouvidos pelo garoto, que se manteve parado, assustado por se sentir ameaçado.

– Papai? - chamava-o novamente, com olhos apreensivos.

Caminhou lentamente para o quintal da casa. Nem trovões, nem relâmpagos o amedrontavam mais do que o temor de ser vítima de algo violento. Abriu a porta calmamente, mantendo sua mão firme na maçaneta. Deixou a porta abrir-se completamente, ao ver o horror diante de seus olhos.

Um animal de caráter selvagem, um lobo bípede... saboreando as vísceras de seu pai em meio à torrencial chuva que caíra naquela fatídica noite.

Apenas teve olhos para o corpo de seu pai, destroçado do pescoço ao abdômen... olhos que se encontraram com os dele já mortos, embora ainda abertos.

A criatura o fitou por vários segundos, mostrando seus dentes sujos de sangue. Mas logo se foi, deixando o recém-órfão lamentar o infortúnio, deixando suas lágrimas se unificarem com as gotas de chuva.

***

– Eu ainda me lembro... lembro daqueles olhos amarelos. Aqueles dentes... parecia até que sorria pra mim. Não sabe a dor que me causou. Quando eu pensava que eu tinha visto o pior monstro que uma criança poderia temer... Não era ele... ele está aqui, bem diante de mim. Aquilo ainda consegue ser pior do que me fez ouvir após alguns anos. - afirmava Hector, cerrando os punhos, contendo sua vontade de estrangular Loub.

– Está enganado, rapaz. Ele está operando por detrás das cortinas neste exato momento. - afirmou Loub, sorrindo leve e descaradamente.

Impulsivamente, Hector levantou-se com fúria, bateu suas mãos na mesa e aproximou o seu rosto ao de Loub.

– De quem está falando? - perguntou o caçador, deixando em evidência suas veias da testa em relevo, devido a raiva.

– Mollock. Uma monstruosidade que você e sua turma precisam deter o quanto antes. Comparado à ele, eu sou o menor dos problemas. Essa aberração roubou meu exército e ainda se diz meu filho, vou lhe dizer o porque: Ele resultou de uma fusão... a minha primeira quimera e um ser vindo do inferno. Entende agora, Hector? Eu sou uma vítima, tanto quanto as pessoas que ele pode matar. - relatou Loub, mostrando um aparente desespero.

– Ora, pare de fingir! Não vou cair nesse seu joguinho, pra mim está óbvio que é conivente com ele. Não me surpreenderia se ele estivesse sob seu controle para que usurpasse seu lugar. - enquanto dizia isto, o jovem caçador ficava a pensar sobre a possível ligação da tal criatura que escapou da mansão, investigada por Adam, Lester e Êmina, com os Red Wolfs e as quimeras.

– Ouça-me, seu cabeça-dura: É certo que tivemos um contato, mas não tive a chance de hipnotiza-lo. E se eu fizesse, não funcionaria. Aquela montanha de músculos acabaria com minha vida na primeira tentativa. Por isso peço que detenham-o, se possível exterminem-o. - pediu Loub, adquirindo uma expressão genuinamente séria.

– Ótimo... não estão trabalhando juntos. Então é ele quem está no comando agora, isso explica o cumprimento da profecia... a invasão à Londres, a lua sangrenta, tudo o que está no livro está se concretizando. Este tal Mollock, provavelmente, é o hospedeiro de Abamanu, como parece dizer o último capítulo. - afirmou Hector, olhando para o nada, mas pensativo.

– Se eu tivesse ao menos uma chance de sair daqui, eu me juntaria à você para combatê-lo. Meus cabelos podem estar grisalhos, mas ainda possuo bastante gás. - disse Loub, se gabando.

– Não faça-me rir com isso. Você merece apodrecer na prisão. Agora preciso ir... tudo está muito claro pra mim. Preciso salvar Rosie, este é o meu dever. - disse o caçador ajeitando seu sobretudo.

– Opa opa... esqueceu do que eu havia dito? Ainda está valendo, sabia?

– Não esqueci. E como eu poderia? Eu até demonstrava um certo medo por suas palavras, mas no fundo sempre pensei que estava blefando. - afirmou Hector, prestes a sair da sala.

– Eu nunca blefo, meu caro. Há coisas mais importantes que precisa se preocupar. Mollock é uma ameaça em potencial. Só me deixe aqui e vá embora. Mas faça o que tem que ser feito... pois não desvalorizo minhas palavras.

– Me dê uma descrição e eu irei caça-lo. - exigiu o caçador. - No entanto, como estou sem tempo, talvez numa outra ocasião.

– Então pretende voltar? Oh, que bom. Ficarei aguardando seu retorno... Hector. - disse Loub, com um sorriso malévolo.

Do lado de fora da delegacia, estava Rosie aguardando ansiosamente, com os braços cruzados, a volta de Hector. Ficara deveras aliviada ao vê-lo saindo da porta da frente.

– Finalmente, hein. E então, como foi? - perguntou ela, aproximando-se.

– Nós temos que ir depressa. Te conto no caminho. - apressou-se.

Ao voltarem à encruzilhada, avistaram as figuras de Adam, Lester e Êmina acenando com os braços.

– Como se saíram? - perguntou Hector, ansioso por detalhes.

– Melhores do que nunca, acabamos com todos. Aqui estão. Como Êmina especulou, haviam duas peças do talismã naquela coleção. - disse Lester, entregando as duas partes para Hector.

– Rosie, Hector, agora é com vocês. Eu acredito que possam conseguir. - afirmou Êmina, encorajando-os.

– Obrigado, por tudo. Principalmente à você, Êmina. Seu treinamento me tornou o que eu sempre quis ser: uma criatura forte e determinada. - agradeceu Rosie, tocando nas mãos de Êmina.

– Obrigada Rosie. Aprendi muito com você também. Todos nós aprendemos, acredite. - disse a caçadora, sorrindo por criar um novo laço de amizade.

– É isso aí. Hora de partirmos. O motorista não deve estar muito paciente. - disse Adam.

– Contrataram um motorista? - perguntou Hector.

– Sim, afinal, com o tempo que temos, ir a pé ou a cavalo só nos traria problemas. - disse Lester.

– Vamos lá, Rosie. - disse Hector, pegando-a pela mão esquerda.

– Sim! - respondeu ela, assentindo positivamente e preparada para o que der e vier.

Enquanto um grupo partia em direção à uma guerra que colocaria todas as vidas em risco e o outro seguia para o templo dos Red Wolfs a fim de impedir o possível retorno de Abamanu contando com a sorte grande, Alexia dormia profundamente em um pequeno quarto da cabana, enquanto Rufus dormia sentado em uma cadeira próximo à uma janela, com seu chapéu cobrindo os olhos.

A jovem começara a se desconfortar ao se movimentar na cama, gemendo bastante, como se quisesse se libertar de algo. Querendo abrir os olhos, a vidente se contorcia insistentemente. Seus longos cabelos ruivos molhavam-se com o suor produzido pelo seu corpo.

De súbito, ela despertara em uma ofegante respiração seguida de um grito abafado. Levantou-se da cama rapidamente, e ficou a cambalear pelos cantos do quarto derramando poucas lágrimas, mesmo com seu olhar estagnado e atônito.

Pondo a mão em seu coração, Alexia refletiu sobre a visão que acabara de ter. Olhou pela janela do quarto e vislumbrou o eclipse já em seu ápice. Em seu pesadelo/sonho, viu explosões, sangue ser derramado em demasia e carros militares com soldados empunhando armas pesadas. A última imagem foi de Rosie... com olhos deixando brilhar uma luz vermelha.

– Eu tenho que ir. Preciso avisa-los. - pensou ela consigo mesma, decidida a fazer o que acreditava ser certo.


Duas horas depois.

Já próximos do campo de batalha, o trio iniciara uma corrida contra o tempo naquelas ruas desertas, porém, teriam que enfrentar mais um obstáculo. Policiais colocaram barricadas para impedirem a entrada de qualquer civil que ousasse adentrar na zona de perigo. Pensando rápido, Lester se encarregou de pegar um atalho para a periferia, onde residiam os rebeldes que lutariam junto à eles. Adam e Êmina precisariam convencer os policiais de algum modo.

– Err.. Olá... eu gostaria de...

– Desculpe, meu caro, mas ninguém além de pessoas da polícia devem passar. - disse um deles, segurando uma espingarda.

Êmina pegou Adam pela gola de sua camisa para lhe assegurar de que se expressaria melhor, falando em seu ouvido.

– Peraí... O que você...

– Deu pra ver que seu nervosismo vai arruinar nosso plano. Deixa comigo. Observe e aprenda. - disse ela, em um tom baixo o suficiente para que o policial não escutasse.

– Bem, desculpe o incômodo, mas é que não viemos até aqui à toa. Nós realmente precisamos passar, por favor. - afirmou a caçadora, adquirindo um semblante sério.

– Grande técnica... - disse Adam, em tom baixo, ridicularizando o modo como Êmina se expressou.

– Cala a boca. - indagou ela, virando o rosto de leve. - Tudo bem, vou ser mais clara: Nós possuímos os meios necessários para combater essa ameaça que se aproxima. Nós dois somos alquimistas. Posso lhe garantir que com a gente tomando controle da situação muitas vidas serão poupadas. Então, por favor, confie em nós. - pediu ela, olhando fixamente nos olhos do policial.

Um silêncio se fez por alguns segundos, enquanto o policial repensava sobre deixa-los passar ou não.

– Bem... espero que não morram. Vão rápido. - disse ele, permitindo a passagem.

Marchando até uma das principais ruas de um dos bairros mais nobres de Londres, estava o exército de quimeras, que necessitava de um comandante para organizar as posições de batalha e dar os avisos de recuar ou avançar. Andando como humanos comuns, praticamente da mesma forma que os antigos Homo Sapiens, em fileiras. Salivações e rosnados denotavam suas sedes incontroláveis por sangue quente e carne fresca.

Um aviso prévio havia sido dado para a população se proteger em suas residências, assim que foram avistados à uma certa distância. Após isto, o que sobrou foram carros de polícia passando e papéis voando. Caminhando para a parte central da rua, estavam eles... os heróis destinados a salvar aquela "noite de cão". Adam ficou a observar aquele vasto, enquanto carregava seu rifle. Lester preparava suas lâminas. Êmina apenas sacou seu giz de cera para executar sua primorosa habilidade.

– Muito bem. Aí estão eles. Ainda bem que tiveram o bom senso de suspender o toque de recolher.- disse Adam, encarando-as com firmeza.

– Devem ser mais de trezentos. Em toda minha vida, nunca vi tantos licantropos assim... - comentou Lester, já preparado.

O chefe da invasão finalmente se apresentara à eles, proferindo suas primeiras palavras.

– Apenas três? Irão morrer! - bradou a quimera, deixando cair algumas gotas de saliva.

– Veja só isso. Exatamente como Lester interpretou no livro. Loub realmente criou licantropos com capacidade de pensar e falar. - disse Adam, surpreso.

– É mesmo? - perguntou Êmina à quimera. - Então veja isso! - exclamou a caçadora, logo colocando os dedos na boca para dar um assovio.

O chamado havia sido dado, ecoando por todas as proximidades. Vindas dos becos, inúmeras pessoas surgiam armadas com bastões de ferro, espingardas, tridentes, tochas e outras armas que faziam parte do vasto arsenal. Todas elas reunindo-se atrás dos três alicerces para o plano de ataque, com expressões de revolta, estando sedentas para guerrear.

Incontáveis rebeldes, homens e mulheres, que tiveram experiências contra criaturas da mesma natureza. Também eram bastante requisitados, ficando conhecidos como os melhores caçadores de aluguel do país.

– É isso aí. São todos vocês contra todos nós. Vocês tem duas opções: Avançar ou recuar? - desafiou Adam, dando alguns passos à frente, transparecendo uma confiança autêntica enquanto carregava seu rifle.

O líder do exército-quimera permaneceu a observar, como se parecesse contar o número de soldados do inimigo, logo em seguida olhando para a lua, já pós-eclipse, com seu intenso vermelho. Não havia escolhas a fazer.

– Atacar!!! - gritou a quimera, dando a ordem para partirem para a guerra.

Ambos os lados colidiram-se brutalmente. Em uma fração de segundos, uma sucessão de socos, chutes e tiros preencheu toda a extensão da rua. Um caos predominou. O obstinado exército de Mollock avançava ferozmente contra os caçadores, tendo muitos deles se ferido instantaneamente com as afiadas e pontiagudas garras. Êmina transmutava armas provisórias e outras gambiarras que só alquimistas bem treinados poderiam fazer.

O sangue de algumas quimeras unia-se aos dos caçadores que caíam. Poças formaram-se gradativamente e só aumentavam à medida que o confronto caótico chegava à seu ponto crítico.

Enquanto a voraz batalha ocorria, Rosie e Hector apenas corriam por uma floresta sombria, para chegar a tempo ao antigo ponto de encontro dos Red Wolfs. Corriam como se não houvesse nada que os parassem. Folhas pisadas, galhos quebrados e pegadas deixadas em areias meio movediças. A jovem detentora do capuz do herege matinha firme em sua mão esquerda o talismã semi-completo.

No entanto, teve de parar por um instante, ao sentir um lampejo de preocupação em seu coração aflito.

– Espera, Hector!

– O que foi, Rosie? Não devíamos cessar... a nossa corrida... Não temos muito tempo. Está se sentindo mal? - perguntou o caçador, aproveitando a pausa para retomar o fôlego apoiando sua mão direita numa árvore qualquer.

– Eu sinto... falta deles. Estou preocupada com os nossos amigos. É mais um daqueles pressentimentos ruins... já falei isso à você uma vez. Eu posso sentir o perigo à uma certa distância como ninguém. Eu... estou sentindo um perigo sem igual vindo até mim. Essa sensação de impotência... esse desespero... - afligia-se Rosie pondo a mão em seu coração, sendo dominada por um misto de sensações más.

– Não tem que ser assim, Rosie. Precisamos continuar seguindo em frente. Adam, Êmina, Lester e Alexia estão bem. Pode acreditar... essas quimeras não chegarão a feri-los a ponto de fazê-los caminharem até a morte. Você precisa ser forte. Ouviu bem? Pare de tremer e olhe nos meus olhos.... - disse Hector, aproximando-se da jovem querendo abraça-la. - Você não vai morrer. Por mais que você negue, eu sou seu protetor. Se eu cometi erros, foi pelo bem daqueles que eu amo. Portanto, não temos nada a temer. Que venha Abamanu, se for preciso. Nós vamos enfrenta-lo. Juntos.

Os olhos de Rosie marejaram-se após aquelas palavras de encorajamento. Ao olhar para cima, quis vislumbrar a lua e seu tom vermelho. Um mero vislumbre tornara-se uma observação que perdurou por vários segundos. O azul de seus olhos confrontara o ardente tom do corpo celeste.

– Veja... Não é todo dia que vemos algo tão... incrível. Agora ouça-me Rosie: Ainda não estamos no fim. Vamos... devemos prosseguir. - disse o caçador, tocando com as duas mãos o pálido rosto de Rosie.

– S-sim. Eu acredito em você... Hector. Obrigada. - agradeceu ela, enquanto uma lágrima caía.

Deram continuidade ao plano, correndo com mais força de vontade. Após vários minutos de corrida, puderam, finalmente, chegar ao templo. As portas, bem como as paredes, já estavam um tanto decrépitas. No geral, um lugar cuja estrutura fora torturada pelo tempo.

Rosie sentira um arrepio logo ao dar seus primeiros passos no primeiro corredor, fazendo-a, discretamente, tocar seus braços para se aquecer. No entanto, decidiu não comentar a respeito.

Não haviam luzes. Apenas um completo breu tomava conta de todos os pontos do local. As portas da sala principal, enfim, foram abertas. Ambos observavam a aparência dela... principalmente um detalhe que não poderia passar despercebido.

– Parece até uma igreja. Essas pinturas... enfim, tudo é muito estranho. - comentou Rosie, olhando à sua volta.

– Sim. É a igreja de Abamanu. E ali está. - afirmou Hector, fitando o objeto mais valioso do templo.

– Uma estátua!? É bastante reluzente... Hum, como pensei. Adoram apenas uma imagem, assim como os católicos são para com seus santos. - afirmou Rosie, reparando em cada detalhe da armadura dourada de Abamanu.

Uma voz misteriosa quebrara o silêncio de poucos segundos, deixando ambos os heróis apreensivos.

– Engana-se você... filha do traidor.

Um homem vestindo um manto vermelho que ocultava seu rosto saíra de uma passagem secreta, logo indo se aproximando de Rosie.

– Pois diferente deles, nós temos a prova indubitável da existência de nosso deus. Mas tudo bem, não nos desesperemos. Sei exatamente o que procuram.

– Quem é você, afinal? - perguntou Rosie, com uma grande suspeita.

O tal homem respondeu a pergunta tirando o seu capuz e deixando visível seu rosto. Um jovem de cabelos castanhos e com barba por fazer.

Hector se pronunciara sobre a revelação... somente para chocar Rosie em seguida.

– Eu confesso que não esperava sua terrível presença... Michael.


Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: "Confiança Perdida"

Frágil como vidro. Uma vez quebrada, ela jamais se reconstitui.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Capuz Vermelho - 1ª temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.