A primeira coisa que Skye viu ao sair do Monte, foi Miraz sentado em uma espécie de “trono” do lado oposto do pequeno pátio, cercado por General Glozelle e Lorde Sopespian.

Do lado narniano do pátio, Ciclone estava em uma ponta e o Urso em outra. O papel dos dois seria de fiscalizar Miraz, para que o mesmo não tentasse nenhum golpe sujo. Mas Skye sabia que ninguém impediria Miraz de tentar algo. Do lado telmarino, dois soldados fiscalizariam Pedro.

Ao chegarem à borda do pátio, Edmundo entregou a enorme espada para Pedro. O Grande Rei deu uma última olhada para Skye e acenou com a cabeça, para em seguida entrar no pátio.

Um silêncio gritante dominou todo o descampado. Skye cerrou o punho e respirou fundo, desejando que Pedro arrancasse a cabeça de Miraz, antes que ela mesma fizesse isso.

Edmundo percebeu a tensão da garota, e a puxou devagar pelo braço, fazendo com que ela ficasse ao seu lado.

– Vai dar tudo certo! – sussurrou ele no ouvido da garota.

– Espero que sim, antes que eu mesma tome partido desta luta.

– Acredite, eu não deixaria você fazer isso. – respondeu Edmundo, soltando-a.

Skye teve que conter um sorriso, ao escutar a frase do garoto ao seu lado. Ela balançou levemente a cabeça, tentando voltar sua atenção à luta que iria se iniciar.

– Ainda há tempo de se render! – a voz de Miraz se fez presente por debaixo de seu elmo.

Os dois andavam devagar ao redor do pátio, um na frente do outro.

– É? Fique a vontade! – exclamou Pedro.

– Quantos mais devem morrer pelo trono? – perguntou Miraz.

– Apenas um! – respondeu Pedro abaixando a proteção do elmo e correndo em direção de Miraz.

Skye teria vibrado junto com todos os narnianos no momento em que as espadas se chocaram, porém ao longe, seus olhos de águia avistaram Caspian.

Seu irmão cavalgava em direção à floresta em uma distância que o exército telmarino não pudesse lhe ver.

– Mas o que diabos ele está fazendo? – sussurrou Skye para si mesma.

– O que? – perguntou Edmundo, que estava numa perto o bastante da garota para que pudesse escutar o que ela havia dito.

– Caspian! Acabei de o ver indo em direção à floresta.

– Pedro havia pedido para ele ir atrás de Susana e Lúcia. Apenas para garantir que ninguém pudesse segui-las. – tranquilizou Edmundo.

Skye respirou fundo. Naquela altura do campeonato, a garota não duvidava que o irmão pudesse tentar algo sozinho contra Miraz e seu exército. Mas após o que Edmundo havia dito, a garota se sentiu mais tranquila, voltando sua atenção para o combate que acontecia a sua frente.

Vários minutos se passaram, e Skye já estava totalmente farta daquela luta. Parecia que ela nunca iria acabar.

A garota suspirou pela milésima vez seguida – pelo menos para ela parecia a milésima vez – e olhou para o garoto ao seu lado.

Edmundo deu um sorriso reconfortante, mas logo em seguida voltou sua atenção para o irmão.

Após perceber que nada – nem mesmo Edmundo – podia fazer o tempo passar mais rápido, Skye voltou a atenção para a luta.

Pedro tinha conseguido derrubar e ferir a perna de Miraz gravemente, e aquilo deu para Skye um pouco de esperança de que seria o final da luta.

Mas quando estava prestes a dar o golpe final, Pedro voltou sua atenção para um relinchado ao longe. Skye e Edmundo fizeram o mesmo.

Caspian havia voltado, com Susana na garupa de seu cavalo. Uma aflição tomou conta de Skye.

– Vossa alteza precisa de um repouso? – perguntou Miraz sarcástico.

– Cinco minutos. – respondeu Pedro, após pensar por alguns segundos.

– Três!

Pedro mancou até Skye e Edmundo. O moreno correu para ajudar o irmão, enquanto Skye esperava Susana e Caspian que se aproximavam do pátio.

– Onde está Lúcia? – perguntou aflita.

– Ela passou... com uma ajudinha! – respondeu Susana.

– Vocês a deixaram sozinha? No meio da floresta? – Skye perguntou, aumentando o tom de voz.

– Skye, ela sabe se cuidar. Todos sabem disso. – disse Edmundo.

Skye virou as costas para o pequeno grupo para olhar na direção onde a pouco Caspian e Susana haviam saído.

– Obrigado. – agradeceu Pedro.

– Você estava ocupado. – respondeu Caspian.

Skye ainda olhava para a floresta, quando Edmundo segurou seus ombros.

– Está tudo bem?

– Estou apenas preocupada com Lúcia, mas acho que sobreviverei até ela voltar. – respondeu ela, virando-se para o garoto.

– Não tem porque se preocupar! – tranquilizou Edmundo. – Ela logo encontrará Aslam.

– Eu sei. – concordou Skye.

– Fiquem de guarda. – Skye pode ouvir Pedro dizer, fazendo com que ela e Edmundo se aproximassem novamente do grupo. – Por precaução. Tanto eu quanto Skye achamos que os telmarinos não cumpriram com a palavra.

Susana foi até o irmão, abraçando-o de leve. Mesmo assim ele fez uma careta de dor.

– Desculpe! – disse Susana.

– Tudo bem. – respondeu Pedro.

– Tenha cuidado. – implorou Susana

Só então, Skye se deu conta do silêncio que havia tomado o local. Todos os narnianos olhavam a cena de longe, mas com um semblante um pouco preocupado.

A garota cutucou Edmundo com o cotovelo, fazendo com que ele também olhasse para a multidão.

– Sorria! – pediu Edmundo.

O Grande Rei ergueu sua espada e deu um sorriso de orelha a orelha, recebendo uma ovação.

O tempo de descanso havia acabado, e Pedro já se preparava para voltar ao ringue, com a ajuda de Caspian e Edmundo, quando Susana, antes de subir o Monte, perguntou à Skye:

– Você vem comigo?

Skye fitou Caspian, e em seguida Edmundo. Ela não podia deixa-los, mesmo que fosse por alguns metros de distância.

– Vou ficar mais um pouco aqui. – Skye respondeu.

Pedro se aproximou do ringue com a espada em punho e sem o elmo, e do outro lado do pátio, Miraz fez o mesmo.

Skye respirou fundo mais uma vez, rezando que o tempo passasse logo.