Lua Crescente - Blackswan escrita por Mandy


Capítulo 1
Sobre Páris


Notas iniciais do capítulo

Hey, glr! Deixar claro que não há briga de shipps, ok? Até porque eu sou Bella/Edward, desde sempre. Mas até o fã mais fervoroso já se pegou pensando no que aconteceria se Bella desse uma chance para Jacob, não é mesmo?

— O início e o final do capítulo citam partes do livro, do capítulo 16, "Páris". Não vi razões para deixar em itálico ou até mesmo interromper para colocar o número da página, mas já deixando claro.

— Não pretendo parar por falta de reviews, mas, por favor, gostaria muito de saber a opinião de vocês desde o início. Quem me conhece e conhece minhas histórias sabe que a continuação depende do comentário de vocês.



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Tentei abrir os olhos. Precisei de um minuto, mas pude ver as nuvens escuras e roxas atirando a chuva gelada em mim.

- Jake? – grasnei. O rosto dele escondeu o céu.

- Ah! – falou ele ofegante, o alívio tomando suas feições. Os olhos estavam molhados de chuva. – Ah, Bella! Você está bem? Pode me ouvir? Algum lugar dói?

- S-só m-minha garganta – gaguejei, os lábios tremendo de frio.

- Então vamos tirar você daqui – disse Jacob. Ele passou os braços sob meu corpo e me ergueu sem esforço algum, como se pegasse uma caixa vazia. Seu peito estava nu e quente; ele curvou os ombros para me proteger da chuva. Minha cabeça tombou em seu braço. Olhei inexpressivamente a água furiosa, batendo na areia atrás dele.

- Você a pegou? – ouvi Sam perguntar.

- Peguei, deixe comigo. Volte para o hospital. Encontro você lá mais tarde. Obrigado, Sam.

Minha cabeça ainda girava. De início, não compreendi nenhuma das palavras dele. Sam não respondeu. Não houve qualquer som, e eu me perguntei se ele já havia ido embora. A água lambia e revolvia a areia atrás de nós enquanto Jacob me carregava dali, como se estivesse com raiva por eu ter escapado.

Enquanto olhava para a frente, exausta, uma centelha de cor atraiu meus olhos sem foco – um pequeno lampejo de fogo dançava na água escura, longe, na baía. A imagem não fez sentido e me perguntei até que ponto eu estava consciente. Minha cabeça girou com a lembrança da água negra e agitada – de ficar tão perdida que não conseguia achar o acima ou o abaixo. Tão perdida... Mas de algum modo Jacob...

- Como você me encontrou? – Minha voz arranhou.

- Estava procurando você – disse-me Jacob. Ele estava quase correndo, na chuva, subindo a praia na direção da estrada. – Segui as marcas dos pneus até sua picape, depois ouvi você gritar... – Ele estremeceu. – Por que você pulou, Bella? Não percebeu que estava vindo um furacão? Não podia ter esperado por mim? – A raiva enchia sua voz à medida que o alívio desaparecia.

- Desculpe – murmurei. – Fui uma idiota.

- É, você foi realmente idiota – concordou ele, gotas de chuva se desprendendo de seu cabelo quando ele assentiu. – Olhe, importa-se de poupar essas idiotices para quando eu estiver por perto? Não vou poder me concentrar se achar que está pulando de penhascos pelas minhas costas.

Olhei para ele desconcertada, minha cabeça ainda girava um pouco pela quantidade de água que eu havia ingerido. E aí eu fiz algo que surpreendeu até a mim. Eu o beijei. Senti sua hesitação enquanto meus lábios, urgentes e desesperados, encontravam os seus sempre quentes. Após alguns segundos, eu já começara a me afastar com medo da rejeição, quando senti seus braços fortes circularem a minha cintura, me levando para mais perto do seu corpo e seus lábios pressionaram os meus com mais força. Levei minhas mãos à lateral do seu rosto e essa pareceu ser a permissão que ele esperava para aprofundar o beijo.

Meus pulmões começaram a reclamar por ar e, eu percebi surpresa, isso aconteceu mais cedo do que eu esperava. Interrompi o beijo me afastando minimamente de Jacob. Olhei para ele por um breve momento antes de abaixar os olhos envergonhada.

- Bella... – ele começou a falar, mas eu logo o interrompi.

- Jake... Desculpa, eu não devia... Eu não estava pensando, eu... – parei de falar por um instante, percebendo que eu tropeçava nas palavras. Eu não suportaria mais uma rejeição, ainda por cima de Jacob. Seria demais para meu coração já quebrado.

- Tudo bem, Bells, não se desculpe. – ele falou, levantando meu rosto com o dedo indicador, me fazendo olhar para ele. – Pode não pensar desse jeito quando quiser. – ele disse e aproximou o rosto do meu mais uma vez. Dessa vez a hesitação ganhou e eu virei o rosto segundos antes. – Desculpa. – ele pediu, a voz por um fio, enquanto me dava um beijo protetor na testa. – Vem, vamos arrumar umas roupas pra você e te levar para o Charlie.

Ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar. Aceitei-a e me pus de pé, a praia ao meu redor ainda girava. Jake passou um braço por baixo dos meus joelhos, me levando para o seu colo enquanto me abraçava com força. Passei os braços ao redor do seu pescoço e encostei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos e sentindo seu perfume amadeirado.

- Vocês a encontraram? – perguntei em voz baixa. Não precisei falar o nome de Victória, pois Jacob entendeu de primeira.

- A encontramos, mas ela fugiu – ele suspirou frustrado – Foi pra água, onde os sanguessugas tem vantagem. Foi por isso que corri pra casa. Tive medo de que ela corresse pra lá. Daí Billy me disse que você foi pra praia e quando eu não te vi, comecei a pensar que ela tivesse te encontrado – ele me apertou mais perto do seu peito e eu senti um calor, que não tinha nada a ver com a temperatura corporal de Jacob, transpassar todo o meu corpo.

- Sam veio com você... Todos voltaram para casa? Estão todos bem? – estremeci com a possibilidade de que eles ainda estivessem procurando por Victoria.

- É. Mais ou menos – ele respondeu olhando para longe de mim.

- O que foi? Alguém se machucou? – de repente me senti culpada. Pulando de penhascos estupidamente perseguindo uma voz que só existia na minha cabeça enquanto todos tinham seus próprios problemas com os quais se preocupar.

- É Harry Clearwater. Ele teve um ataque cardíaco pela manhã e Em nos deu a notícia assim que chegamos.

- Ah não – minha voz perdeu uma oitava com a roquidão. – Charlie, ele já...?

- Sim, já deve estar lá com Billy.

Naquele momento me dei conta de que a chuva passara e já estávamos na frente da casa dos Black. Jake me pôs no chão na varandinha e abriu a porta.

- Você fica aqui. – ele apontou para o sofá – É sério. Bem aqui. Eu já volto. – ele disse e foi a passos largos para o quarto, como se temesse que eu fosse fugir dele de novo. Eu não iria à lugar algum sem ele nesse momento. – Tome. Você pode vestir isso aqui. Vão ficar enormes em você, mas é o melhor que posso fazer – ele sorriu de lado se desculpando e me entregou uma pilha de roupas cinza. – Vou lá pra fora pra você, hã, se trocar.

- Jake, não... – ele me olhou com a sobrancelha arqueada. Eu corei – Quer dizer, não vai... Não quero me mexer ainda, só fique aqui comigo... – pedi.

Ele sorriu e se sentou ao meu lado no sofá, me puxando para perto dele. Estremeci um pouco com a diferença bem-vinda de temperatura e o abracei com força.

Em pouco tempo, o ronronar de Jake me indicou que ele já estava dormindo. Sorri e fechei os olhos, me encostando mais nele, e em pouco tempo, adormeci também.

Pela primeira vez em muito tempo, meu sonho foi normal. Apenas flashs embaçados da minha vida antiga e um passeio pela academia de ballet que frequentei quando criança. A imagem do palco foi a que mais ficou em minha mente.

Abri os olhos sonolenta e pensei em Julieta.

Imaginei o que ela teria feito se Romeu a deixasse, não porque fosse proibido, mas por perder o interesse. E se Rosalina lhe tivesse dado atenção e ele mudasse de idéia? E se, em vez de se casar com Julieta, ele simplesmente sumisse?

Pensei que sabia como Julieta se sentiria. Ela não voltaria para sua antiga vida, não mesmo. Não teria sequer se mudado, disso eu tinha certeza. Mesmo que tivesse vivido até ficar velha e grisalha, cada vez que fechasse os olhos teria sido o rosto de Romeu que veria por trás das pálpebras. No fim das contas, já teria aceitado isso.

Imaginei se ela teria se casado com Páris no final, só para agradar aos pais, para manter a paz. Não, era provável que não, concluí. Por outro lado, a história não falava muito de Páris. Ele era só um estorvo – um substituto, uma ameaça, um prazo final para forçar a mão dela.

Olhei para Jake rapidamente. Seu rosto tinha uma expressão tranquila e seu ressonar era o único som no cômodo escuro.

E se Páris fosse mais do que isso?

E se ele tivesse sido amigo de Julieta? Seu melhor amigo? E se ele fosse o único a quem ela pudesse fazer confidências sobre toda a história arrasadora com Romeu? A única pessoa que a entendia de verdade e a fazia se sentir quase humana de novo? E se ele fosse paciente e gentil? E se ele cuidasse dela? E se Julieta soubesse que não podia viver sem ele? E se ele realmente a amasse e quisesse que ela fosse feliz?

E... E se ela amasse Páris? Não como Romeu. Nada disso, claro. Mas o bastante para querer que ele também fosse feliz?


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Notas finais do capítulo

E então? Algo bem fiel ao livro e é a minha intenção até o final. Comentem, por favor!
Beijo ♥



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