Você Não Vai Sentir Minha Falta escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo único




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2017

— Você não vai sentir minha falta. — Hermione olhou nos fundos dos olhos idênticos aos do marido e sorriu, tentando passar toda a confiança falsa que conseguia. Rose e ela eram mais irmãs do que mãe e filha e aquilo estava cortando o coração dela. Tinha certeza que as duas iam sofrer com aquela separação.

Entretanto, Rose estava ansiosa para seu primeiro ano, então não soube se despedir adequadamente da mãe. Ela não conseguia parar de sorrir para os primos e os amigos dos primos, ela olhava cada local lembrando exatamente das descrições da mãe. Quando sentou-se no banquinho da seleção, sentiu seu coração bater tão forte que se perguntou se o da mãe também ameaçou sair da estratosfera.

— CORVINAL! — seu sorriso morreu.

Não esperava por isso.

Desceu as escadas em choque, com vontade de chorar enquanto andava em direção da mesa azul, onde não tinha nenhum de seus primos. Foi acolhida com aplausos e abraços, mas ela estava angustiada. Espiou a mesa da Grifinória, uma concentração total de seus parentes. Sentiu-se um erro.

— Ei, tudo bem. — sorriu uma garota de aparelhos, com um crachá de Monitora. — Você vai adorar Hogwarts.

Rose já não estava mais segura disso. Apertou o colar de coração que sua mãe lhe dera, ainda com vontade de chorar. Sentiu-se contrariada, enganada. Queria voltar para casa naquele exato momento.

Nunca sentiu-se tão sozinha.

2018

— Você não vai sentir minha falta. — reforçou Hermione. Ela ficou muitíssimo orgulhosa em ver que a filha foi para a Corvinal. "A Casa dos inteligentes" reforçou ela, abraçando-a. Mas Rony não conseguia ser tão convincente como Hermione e torcia para que Hugo caísse na Grifinória. Rose gostara de sua Casa, mas ainda sentia-se sozinha, já que tinha apenas uma aula com a Casa dos primos.

— Mãe... — gemeu Rose, olhando o trem com receio.

— Rose, eu não posso te manter em casa. Você precisa ir! — Hermione apertou a mão da filha. — Olha, você pode me mandar cartas todos os dias, eu juro que vou responder. Você sabe que eu respondo.

— Ok. — disse uma Rose convencida. Ela entrou no trem após uma despedida dramática e enxugou as lágrimas, entrando na cabine dos primos. Ela sentia-se excluída. Eles tinham suas próprias piadas e tiradas e Rose não entendia nenhuma pois não convivia com eles. Abriu seu livro e ficou em silêncio.

— Eu já li esse livro. — disse um garoto louro, ao lado de Albus. Ela sorria para a capa de "Apanhador no Campo de Centeio" — Não gostei muito, achei o Holden o maior babaca.

Rose ergueu as sobrancelhas, tentando lembrar o nome do garoto. Ele era da Sonserina, pelo uniforme. Era o único, além dela, que não era da Grifinória na cabine. Sentiu-se estranha. Fingiu que ele não tinha falado com ela. O garoto riu.

— Você é muda ou surda? — questionou ele.

— Não, ela é só é quietinha. — sorriu Dominique. — Não é Rose? Esse é Scorpius. Scorpius, essa é Rose.

— Prazer. — sorriu ele, dando a mão para que Rose apertasse. Ela apertou, ainda insegura, logo voltando para seu livro. A viagem de trem seguiu e todos foram para sua tão amada mesa da Grifinória enquanto ela se sentava na da Corvinal. Sozinha, como de costume.

Às vezes ela ficava com os primos no jardim.

Estava no seu 53º livro da sua meta compartilhada com a mãe e não tinha com quem comentar as fortes emoções de "Orgulho e Preconceito". Cutucou Molly II, que também lia livros, e comentou sobre, mas a prima deu de ombros:

— Eu detesto esse livro. — disse ela. — Muito meloso. Não gosto da Jane Austen.

Rose arregalou os olhos, sentindo um infarto.

Se a mãe estivesse ali, elas passariam horas e horas conversando sobre cada capítulo e analisando psicologicamente os personagens enquanto comiam biscoitos. Depois iriam revisar alguma matéria ou brincar de escrever poemas. Rose apertou seu cachecol da Corvinal, sentindo-se a ovelha azul entre tanto vermelho. Sentiu-se tão excluída quanto a Criatura de Dr. Frankenstein.

2019

— Você não vai sentir minha falta. — Rose estava começando a ficar com raiva da frase. Olhou a mãe com puro desgosto. Hermione também pareceu nervosa. Já não sabia o que fazer para Rose adaptar-se a escola. Já conversou com Albus, James, todos os seus sobrinhos, mas todos dizem que Rose simplesmente se isola, não importa o que façam. Ela já pensou até mesmo em começar a trata-la mal durante as férias, mas sentiu-se terrivelmente mal só de pensar na possibilidade. —Olhe, agora Hugo vai com você para Hogwarts, isso não é bom?

— Hugo me detesta! — protestou Rose, indignada com a tentativa de conforto da mãe.

— Claro que não! — disse Hermione.

— Claro que sim! — disse Hugo. A mãe o empurrou para longe e voltou para a filha. Suspirou e arrumou o cabelo armado da filha. Nunca sentiu tanta identificação na vida. A filha é uma versão dela que nunca conheceu Harry e Rony. Hermione sentiu vontade de chorar.

— Rose, você precisa tentar, ok? — a garota assentiu lentamente, pronta para passar mais um ano sozinha no enorme Castelo. Subiu no trem e entrou na cabine dos primos. Arregalou os olhos para James beijando a namorada de forma explicita na frente de todos.

— Por que deixamos James sentar conosco? — questionou Fred II. — Aliás, quando foi que decidimos que ele é nosso amigo? Vamos expulsá-lo daqui.

— James, retire-se, ninguém gosta de você aqui. — reforçou Albus. Entretanto, o mais velho dos Potter estava muito entretido com a namorada. — Trocaríamos James por Rose tranquilamente.

Rose deu um breve sorriso para o primo.

Ela gostava muito de Albus, mas ele tinha seus próprios amigos. Andaria com Dominique, mas a evita desde que dissera que o cabelo dela precisava de um alisamento urgente. Acha Roxanne uma boa ideia, mas ela é muito nova. Fred II é uma boa, mas ele vive em detenções. Resumidamente, Rose não tinha saída além de aceitar que ficaria sozinha. Não notou o garoto Sonserino a sua frente lendo "A Revolução dos Bichos". Era o 68º livro de metas! Discutiu sobre ele com a mãe as férias inteiras.

— Você já leu esse? — perguntou ele após notas o olhar de Rose. Ela sentiu suas bochechas queimarem. Ele era muito bonito, tinha que assumir. Assentiu lentamente. —Estou gostando da metáfora. É bem simples de ler, não é?

— S-sim. — disse ela, sentindo-se uma completa idiota. De repente a cabine abriu-se, entrando mais uma Sonserina, que sentou-se ao lado de Scorpius, o beijando. Rose desviou o olhar e abriu sua bolsa, pegando seu livro.

Leu "Conduzindo Miss Daisy" o resto da viagem.

Hugo foi para a Grifinória e Rose sentiu-se um extraterrestre pela segunda vez.

2020

— Você não vai sentir minha falta. — Rose sequer conseguiu forçar um sorriso. Estava no quarto ano e aquela frase era quase uma maldição. Hermione suspirou, igualmente cansada. — Rose, você precisa parar de apertar esse cordão umbilical.

— Eu... — Rose suspirou. — Eu vou tentar.

Hermione sorriu para a mentira. Rose entrou no trem, decidida a participar da conversa. Eles estavam falando sobre uma festa que teria assim que chegassem em Hogwarts. Rose enrugou a testa, não entendendo nada. Scorpius sorriu para ela, aproximando-se em um sussurro:

— É uma festa contrabandeada. — explicou ele. — Vai ser na Sala Precisa, no sétimo andar, às onze horas. Fique andando por lá, pensando na festa, e uma porta irá se materializar para você.

Rose arregalou os olhos azuis para ele, mas o garoto apenas piscou, voltando a ler seu livro. Ela deu um olhada, dando um breve sorriso saudoso para "O Grande Gatsby". Foi o primeiro livro da lista de metas. Chegaram em Hogwarts, assistiram a Seleção, jantaram e foram para suas respectivas Casas. Rose assistiu suas colegas de dormitório arrumarem-se para festa e ficou apertando os dedos, ansiosa.

Ia ou não ia?

Pensou em sua mãe. Ela jamais faria isso... Ou faria? Abriu seu malão e pegou seu vestido cor de rosa, enfiando os pés em seus all stars surrados. Tentou arrumar o cabelo armado, mas o adorava daquele jeito, por incrível que pareça. Pegou uma bolsa pequena e enfiou "A Redoma de Vidro" nela. Nunca se sabe quando vai pode ler mais um capítulo.

Desceu as escadas furtivamente, com medo dos Monitores, mas eles pareciam saber da festa e não estavam parando nenhum dos estudantes que circulavam pelo local. Sentiu-se uma fora da lei enquanto pensava na festa, de olhos fechados para a parede. De repente, uma portinha materializou-se na sua frente. Rose estava tremendo quando a abriu.

O local estava cheio e barulhento, tanto por conversas como por conversas. Fechou a porta rapidamente, já dentro do local. Apertou sua bolsa contra o corpo, mortificada com a quantidade de gente.

— ROSEEEE! — gritou alguém. Ela sorriu para Albus. — VENHA TOMAR UMA CERVEJA!

Ela aproximou-se, ainda sorrindo. Ele estava com Scorpius, perto da mesa de bebidas. Ele deu um copo à ela e Rose hesitou. Nunca bebeu nada alcoólico na vida.

— Tudo bem, o teor de álcool é super baixo, você não vai sentir. — tranquilizou Scorpius. Albus começou a gritar outra pessoa e de repente sumiu, deixando-a apenas com Scorpius. Ela deu um breve gole, apreciando o gosto doce. O garoto tinha uns olhos acinzentados que deixava Rose morta de vergonha de si mesma. Ele tomou toda sua cerveja em um gole e tocou seu braço levemente. — Você quer conhecer meus amigos?

Rose assentiu e Scorpius a levou em direção de um grupo.

— Esse é Michael, ele é da Lufa Lufa, é a graça do grupo... Kátia, da Sonserina, nossa mãe, Eric, ele que me recomenda a maioria dos livros, ele é da Lufa Lufa também, Albus você já conhece, e Tânia, acho que você deve conhecer, ela é da Corvinal. — Rose estava atordoada após os acenos introdutórios. Ela reconheceu Tânia, mas estava impressionada em todos serem de casas diferentes e serem um grupo de amigos. Eles começaram a conversar sobre os N.O.Ms no próximo ano e Rose, pela primeira vez, falou.

E quando viu, estava conversando com eles.

Sobre livros, os jantares, os mistérios da Floresta Negra, as divertidíssimas aulas do professor Neville.

No dia seguinte, Tânia a chamou para sentar-se com ela. E no dia seguinte também. E nos outros dias, às vezes elas se sentavam na mesa da Grifinória para almoçar com o grupo, ou na da Sonserina, apesar de receberem alguns olhares tortos. Para Rose, a mais legal era a da Lufa Lufa. E quando o ano finalmente acabou, ela não queria separar-se dos livros e resenhas de Eric, nem das piadas de Micheal, muito menos dos conselhos de Kátia ou das tiradas inteligentes de Albus.

E o mais importante, ela não queria se separar de Scorpius.

2021

Freelance Whales - Generator ^ Second Floor

— Você não vai...

— Vou sim. Muita. Mais do que posso suportar. — Hermione parecia abalada por ter sido interrompida na frase que mais repetira na vida. Mas Rose parecia decidida em seu uniforme do 5º ano com o polido crachá de Monitora. — Na verdade, eu vou morrer de saudades. Mas eu preciso entender que isso é normal. Não é fácil ficar um ano longe da melhor amiga.

Hermione tinha os olhos marejados, estava com o choro preso em sua garganta. Todos os anos tinha que fingir-se de forte para assistir o trem virar e cair no choro até chegar em casa. Rose não notava que a mãe sofria tanto quanto ela: Tinha que fazer seus biscoitos sozinha, ler seus livros da meta sozinha, assistir as séries de ficção cientifica sozinha... As duas se abraçaram e Rose entrou no trem, indo para a cabine dos primos.

Abriu a bolsa e tirou "Laranja Mecânica" mostrando para Scorpius, enquanto ele lhe dava "O Retrato de Dorian Grey". Os dois comentaram sobre o livro enquanto os primos de Rose brigavam por James ter comido todos os doces. Ela sorriu para o distintivo de Monitor do namorado.

E ele para o da namorada.

Rose olhou para a janela, acenando para a mãe. A frase mentirosa quase se tornou uma verdade por alguns segundos. Mas apenas alguns segundos.

Ela vai morrer de saudades da mãe.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu já tenho essa fic escrita há um bom tempo, e sempre que releio me sinto um pouco melhor hahaha Eu acho que a Rose tem uma ótima relação com a mãe, e se ela puxou bastante da mesma, as duas devem ser melhores amigas, o que me deixa muito feliz e cheia de histórinhas para imaginar hahaha

Não gosto de imaginar a Rose com o cabelo liso, e sim com o cabelo cheio e cacheado, e essa atriz se adequou perfeitamente a minha imagem de Rose Weasley!

Não sou muito familiarizada com Scorose então eu fiquei com medo de colocar dedo demais nesse casal, deixei em segundo plano.

Espero que tenham gostado!!

Comente, vamos conversar :))))

Beijos



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