Ilha do Templo de Ar.

Asami tenta combater a ma disposição. Korra estava viva. O veneno já não estava presente no corpo dela. Zaheer quase a matou, mas felizmente não o conseguiu. Ela era mais forte que isso. Zaheer foi preso e lá ficará até ao fim da sua vida. O mundo estava a salvo, pelo menos até outra crise acontecer, não é verdade? Mas Korra iria salvar toda a gente no final de contas.

Tinham passado alguns dias desde que eles voltaram a Republic City, e Korra tinha dormido durante toda a viagem. Asami sentou-se a seu lado, juntamente com Tenzin e os pais de Korra.

Korra precisava descansar. Apesar de o veneno ter sido extraído, ela permanecia bastante pálida. Asami esperava ansiosamente por vê-la. Ela esperou um dia, disseram-lhe que Korra estava dormir e não queria companhia. Esperou dois dias, disseram-lhe a mesma coisa. No terceiro dia Tonraq e Senna deixaram-na entrar.

Asami tinha de ter a certeza de que ela estava bem. Se ela não estive-se...Então eu estarei a seu lado...Pensou a herdeira.

Ela caminhou pelos corredores até que Pema indicou-lhe a direção correta. Era a mesma sala que Korra levou-a quando o seu pai se virou contra ela. Korra havia-lhe convidado para passar um tempo na Ilha do Templo do Ar, apesar de toda situação entre elas e Mako. Ela estava sempre disposta a ajudar um amigo, completamente altruísta. Mesmo depois de tudo o que ela passou, ela continuava da mesma forma. Korra sempre foi uma boa pessoa.

Asami estava em frente à porta. Ela tinha enfrentado os igualitários e o seu próprio pai. Agora ela estava com medo de abrir esta porta. Não fazia sentido. Korra é o Avatar. Ela não pode estar ferida... Eu não posso deixar que ela se magoasse...

Ela recorda de como Zaheer derrotou o Avatar, arremessando--a de montanha em montanha, como se estive-se a atirar pedras. Ele retirou o ar dos seus pulmões. Qualquer pessoa não teria resistido aquilo, mas ela sobreviveu. E assim Asami, lembrando- se de tudo o que Korra havia passado e encarou os seus receios... Respira fundo e entra... Ela precisa de ti...

Ela estava bem...

Ela abriu a porta, tentando fazer o menor barulho possível. Korra estava deitada na cama, com as cobertas sobre metade do seu corpo. Asami fechou a porta atras de si, cuidadosamente. Ela chegou mais perto e ajoelhou-se ao pé da cama. Ela estava ferida, bastante ferida. Manchas vermelhas, roxas, verdes e azuis apareciam no braço dela. Há cortes em todo o seu corpo. Asami engoliu em seco e esforçou-se para impedir as lágrimas de caírem.

“Vai embora Tenzin” disse Korra. A sua voz estava fraca e roca "Eu não quero falar.”.

"Não Korra, sou..." Ela não sabia o que dizer "Sou eu".

"Asami?"

"Sim." Ela disse baixinho, preocupada que algum barulho mais alto pudesse magoa-la de alguma forma. "Eu queria ter vindo aqui mais cedo..." ela dizia em tom de desculpa ““... Mas só que não me deixaram” ela sorriu, “ eu estava muito preocupada."

"Toda a gente está preocupada."

“Eu estou tão feliz que estejas bem, estava tão assustada. Toda a gente estava.” Ela queria toca-la, mas não queria magoa-la. “Tu conseguiste, salvas-te o mundo outra vez.” Korra não disse nada “ Tens alguma coisa que eu possa fazer por ti? Eu posso-te trazer aqueles bolinhos que tu gostas, daquela loja na cidade.

“Já me trouxeram, obrigado” Disse ela, apontando para um pequeno recipiente ao seu lado, em cima da mesinha de cabeceira.

“Ou chá…” ofereceu Asami “ Ou eu posso ir-me embora.” Ela não queria dizer isso, mas parecia o mais correto “ Eu aposto que estejas cansada e farta que todos andem-te a chatear a cabeça”

“Asami”

Desde que ambas se separaram de Mako, elas tinham ficado cada vez mais próximas uma da outra. Ela nunca tinha imaginado que viria a ser a melhor amiga da Avatar. Mas como é que ela poderia lidar com este tipo de situação? Ela não podia saber como Korra se sentia.

“Eu vou…”

Korra emitiu um pequeno grunhido, impedindo-a de ir embora. Asami olhou para ela:

“Eu não aguento. Eu não consigo andar. Eu mal me posso mexer. Os curandeiros…” Ela funga. Asami abandona qualquer e ideia de sair dali. Ela coloca com cuidado, a mão encima do braço de Korra “Eu não sei o que fazer. Eu não consigo entrar no estado Avatar. Eu estou com tanto medo.”.

Asami tentava olha-la nos olhos, mas ela mantinha a cabeça abaixada… Lágrimas caiam pelo seu rosto. Os seus olhos também ardiam, mas ela manteve-se firme, a última coisa que ela precisava era que Korra sai-se da cama para confortá-la.

"Eu não consigo imaginar o quão assustada tu deves estar, mas isso é temporário. O Zaheer... Ele foi difícil. Mas tu ainda estas aqui e isso é o que interessa." Ela pressiona a cabeça contra o ombro de Korra e dá um beijo lá " E eu também estou. Tu vais-te recuperar, e eu vou-te ajudar da melhor forma possível." E com um pequeno suspiro, Korra começou a chorar e a tremer contra Asami, enquanto a mesma passava os dedos pelo cabelo dela.

"Tudo bem, deita tudo para fora."

Asami deslocou-se todos os dias à Ilha do Templo do Ar. Ela chegava de manhã bem cedo e saia tarde da noite. Nas noites em que Korra tinha pesadelos, ela ficava. Korra sempre ficava constrangida e dizia que não era necessário ela ficar, mas Asami reparou que ela falava enquanto dormia. Gritava coisas como "Não!" antes de acordar sem fôlego.

Depois da primeira noite em que Korra teve pesadelos, Asami voltou no dia seguinte com uma cadeira de rodas.

Tenzin hesitou um pouco, Eu não quero que ela pense que não vai ficar melhor.

Ela vai ficar melhor. Ela só precisa sair um pouco do quarto.

Korra olhou para a cadeira de rodas como se fosse um espírito maligno, Porque trouxeste isso para aqui? Eu não preciso disso. Asami então a colocou num canto da sala. Mais tarde nessa noite, Korra acordou assustada de outro pesadelo, então Asami sugere que elas vão apanhar um pouco de ar fresco.

"Como?" Perguntou Korra confusa " Caso não tenhas notado, eu não consigo andar."

Asami sorri e aponta para a cadeira de rodas, e então levantasse e empurra-a até à beira da cama. A expressão de Korra entristeceu. Asami sentou-se ao pé dela.

“Hey não temos de usá-la”. Nós podemos ficar aqui e conversar ou também podemos nem dizer uma palavra, ficar só num silêncio confortável. Podemos tentar dormir um pouco. O que tu quiseres, eu apenas pensei que seria bom apanhar algum ar fresco. As estrelas estão brilhantes hoje.

Korra encarou-a por um curto espaço de tempo:

"Tudo bem" ela disse. Elas olharam para a cadeira. "Mas eu vou precisar de ajuda."

"Okay" Asami disse levantando o braço dela, envolvendo-o em torno do seu ombro e passou o seu braço em volta da cintura dela. Korra parecia insegura:

"Eu sou mais forte do que tu pensas, sabes disso. E tu também és. Eu não vou-te deixar cair tá bem?" Korra olhou para ela e Asami sorriu. “Confia em mim".

Asami ainda não se tinha habituado a ver Korra de cabelo solto. Ela parecia outra pessoa, Mas não era outra pessoa, ela ainda era a mesma Korra.

"Ok" Asami disse " Aos três. Um. Dois. Três." Num movimento assustador, Asami teme que ela tenha mentido a Korra e ela ia deixá-la cair. Então, ela reuniu todas as suas forças e sentou Korra na cadeira de rodas.

“O que foi que eu te disse?"

"Eu tinha a certeza que tu ias-me soltar."

Asami ri. "Mas tu confirmas-te o que eu já suspeitava: tu és só músculo!" Korra oferece-lhe um sorriso fraco. Asami dá alguns passos para trás e pergunta:

"É confortável?" Korra acena-lhe positivamente com a cabeça. Asami pega o seu casaco e vesti-o:

"Ok, vamos lá para fora."

Asami não estava acostumada a empurrar alguém numa cadeira de rodas. Ela quase bateu contra a porta. A cadeira tinha sido oleada, e por isso anda muito bem.

Korra permanecia calma, imóvel e com saudades da sua energia habitual.

No exterior, o ar da noite era frio e puro. As estrelas eram deslumbrantes. Korra olhou para elas. Asami mantinha-se atrás dela com as mãos no guiador da cedeira:

"Queres tentar empurrar a cadeira?" Um longo período de silêncio se passa:

"Eu acho que eu não tenho força suficiente para conseguir empurrá-la sozinha."

Asami morde o lábio e diz:

"Eu sinto muito. Eu não estava a pensar...”.

"Está tudo bem." Ela inspira devagar, mas logo encolhe-se de dor, movendo delicadamente a mão em direção às costelas.

Asami estreita os olhos. Ela nunca pensou que ela poderia odiar alguém. Ela dececionou o seu pai por isso, não odiar benders. Mas ela odiava Zaheer. Pelo que ele fez com a Korra.

"Asami..."

"Sim?"

"As estrelas estão tão brilhantes hoje à noite" Asami se inclinou, depois de travar as rodas da cadeira e olhou para ela. Ela percebe que Korra estava a tremer, e por isso tirou o seu casaco e envolve-o com cuidado em volta dos ombros dela:

"Não tens de fazer isso." Protestou Korra.

"Eu quero." Ela, em seguida sentou-se no chão ao lado dela e olhou para as estrelas "Caso contrario, tu ficarias com frio e eu teria de te levar para dentro, e depois quem iria fazer-me companhia?”.

O vento soprou levemente, fazendo com que os espanta-- espíritos tocassem como numa canção.

Uma hora se passa, em completo silêncio, confortável. Korra quebrou-o, com voz insegura:

"Asami?"

"Humh?" Olhar de Korra era sombrio. Asami não se lembrava da última vez que a tinha visto assim, azul, calmo, como um oceano de profundidades incontáveis. Ela parecia tão esgotada. Ela devia de ter tanto naquela cabeça, que nem conseguiria dize-lo se quisesse. Asami esperava que ela fosse capaz de confiar nela. Para qualquer coisa, contando que ela a ajudaria.

Korra olhou para as suas mãos:

"Não é nada."

Korra inclinou-se para debaixo da cama, abanando suavemente o ombro de Asami, que estava deitada no chão. Ela acordou em pânico e logo ficou totalmente em estado de alerta. Ela olhou em sua volta e não viu nada de errado. Então ela sentou-se:

"O que está errado? Tiveste outro pesadelo?"

Bem ela costuma ouvir quando Korra tem um, porque ela não tinha ouvido desta vez?

"Eu vou para cara."

"Casa?"

"Para a Tribo da Água do Sul"

Asami olhou para ela. Hoje Jinora iria tornar-se um mestre airbender, ela iria receber as tatuagens.

Enquanto a cerimónia decorria, Asami podia sentir o quão Korra estava desconfortável. A imprensa estava ao barulho: Ela não parece estar bem. Há quanto tempo ela estava nesta cadeira de rodas? O mundo precisava dela e ela é inútil. Inútil, Asami esperava que Korra não tivesse ouvido nada disso, mas ela às vezes pensava na possibilidade de que ela tenha sim. Preocupava-lhe que ela poderia pensar que alguma daquelas coisas fosse verdade.

Assim que a cerimónia terminou, Asami levou-a dali para fora. Korra tinha pouco a dizer:

"Eu estou tão cansada" Ela esfregou os olhos com a palma da mão. Asami viu, mas não comentou sobre as lágrimas que caiam pelo o rosto dela.

“Toda a gente está feliz pela Jinora e eu sou egoísta, porque tudo o que vai na minha cabeça é o facto de que eu não consigo andar."

"Tu és a pessoa mais altruísta que eu conheço." Ela colocou as mãos nos ombros de dela. "Tu não podes ajudar-te, sobre o que como te sentes, mas eu sei que vais recuperar-te."

Elas não ficaram lá por muito mais tempo. Korra disse que estava cansada, o que toda a gente presumiu que era verdade. Asami levou-a até ao seu quarto e ajudou-a a deitar-se na cama. Korra nunca a olhava nos olhos quando ela fazia isso. Há outros momentos, quando a sua mãe vem visita-la, ela pede para que Asami saia, e a mesma deixa o quarto com um sentimento de angustia no peito. Ela não podia imaginar o quão frustrada Korra devia de se sentir.

"Ouviste-me?" Pergunto Korra.

Asami piscou e olhou para ela.

"Eu... Sim."

Ela rapidamente virou o seu olhar para o monte de coisas que ela havia trazido de casa: Um toca-discos e alguns vinis que Korra gostava; Revistas de moda e uma caixa de livros de engenharia que ela lia enquanto a outra dormia ou quando ela recebia visitas. Ela tentou trazer o que ela podia, mas era um pouco difícil devido á exaustão de Korra e á mobilidade reduzida.

"Os teus pais vão ficar felizes de ter-te só para eles outra vez" Asami podia sentir o olhar de Korra sobre ela. Ela abriu a boca para dizer algo, mas nenhuma palavra saiu. “… Eu não esperava que eles fossem embora tão cedo."

"Foi minha ideia. Eu estive a pensar sobre isso. Os meus pais sempre dizem que os curandeiros do sul são melhores, e são... Talvez eles pudessem acelerar parar as coisas. E assim toda a gente podia parar de me chatear a cabeça."

"Nós só queremos que tu te recuperes ao teu próprio ritmo." Asami que Korra não pensasse que ela estava a ser um fardo para ela.

Agora ela queria ir embora. Por quanto tempo? Porque é que ela não falou nisso antes?

“Enfim... Essa é uma ótima ideia... Queres que eu vá contigo?" Korra olhou para ela. “Eu sei que tenho passado muito tempo aqui. Provavelmente queres descansar, sem ter ninguém a chatear-te."

"Não, não é isso."

"Então porque não queres que eu vá contigo. Eu posso..." Ela sabia que ela não podia dizer ajudar-te. Ela olhou para Korra. "Vai ser divertido. Como umas férias. Nós as duas e a tua família." Ela pegou a mão ela. "O que dizes?"

Korra retira a mão da dela, hesitante.

"Eu sinto muito, mas não." Korra não a olhou nos olhos, mantendo a cabeça abaixada.

"Eu falei nos curandeiros, mas... Eu acho... Que eu preciso de um tempo sozinha." Asami acena com a cabeça." Por favor, entende isso."

"Eu entendo."

"Não estas zangada comigo?"

Asami ajoelhou-se ao pé da cama e sorriu para ela.

"Não, claro que não. Tu já tiveste o suficiente de nós todos a cuidar de ti. Tu provavelmente sabes cuidar melhor de ti do que toda a gente aqui. É tanta pressão... Eu posso ver o quão tu precisas de uma pausa."

"Toda a gente tem sido tão boa para mim. Tu tens sido incrível. Não é pressão nenhuma."

Asami morde a língua, considerando o que ela ia dizer:

"Sabes... Tu podias ter-me dito que estavas a pensar ir embora. Mas não te preocupe eu vou preparar tudo para a tua viagem, se tu quiseres."

"Não, não é preciso. O Tenzin já tratou disso." Disse ela. "Ela cuidou de todos os preparativos para a viagem."

"Oh, tudo bem." Asami sentiu-se um pouco dececionada.

"É apenas por um par de semanas. Quer dizer, é da Tribo da Água do Sul que estamos a falar, não a muito para fazer por lá, especialmente nas condições em que estou." Ela sorri tristemente. "Eu estarei de volta antes que tu percebas. Eu só... Disse ao Tenzin. Eu queria dizer-te primeiro. Eu sei que eu deveria de ter-te dito mais cedo...”.

Asami colocou a sua mão em cima da dela novamente:

"Esta tudo bem." Desta vez Korra não a afastou.

Ela abraçou-a cuidadosamente, pousando o seu queixo na curva do pescoço dela.

"Desculpa se pareci invasiva. Mas é só porque eu vou sentir saudades tuas. Mas o que tu precisas é de descansar o tempo que necessitares. Nós não saímos daqui, vamos estar há tua espera."

Korra faz um esforço e abraça-a com força. Asami não sabe por que esta tão triste, afinal eram só duas semanas