Juntas escrita por llucida


Capítulo 7
Sharingan




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634075/chapter/7

O Sol já se encontrava baixo sobre a grama dourada de fim de verão quando Sakura separava algumas sementes para plantio da horta suspensa que fizera. Sasuke a ajudava no processo, enterrando algumas mudas de hortaliças na terra já adubada.

Não muito longe, Sarada ensaiava passos entre as pleomeles que Sakura plantara próximo aos limites da cerca. Com frequência Sasuke a observava por saber que a filha tinha uma preferência particular por comer tudo que não fosse considerado comestível. Em uma dessas olhadelas, ele observou uma movimentação estranha entre as árvores existentes entre a sua propriedade e a vizinha, o que o fez ativar imediatamente seu kekkei genkai, aproximando-se da filha.

Ao inspecionar a área notou que a poucos metros dali, através da folhagem esverdeada, corria uma doninha de pelo laranja com pintas marrons. Ele ainda observou com cuidado o entorno, decidindo pegar a filha no colo. Seus instintos andavam em modo de defesa recentemente. Se suas suspeitas se confirmassem, nem sua família nem Konoha estavam seguros. Essa perspectiva o fazia estar permanentemente alerta.

A pequena parecia alheia à preocupação de Sasuke, apertando nas mãos um ramo de folhas que arrancou quando ele a colocou no colo. Ia oferecer a ele quando se deteve, fitando os olhos do pai. Uma das suas mãozinhas se elevou à face de Sasuke parando pouco abaixo de seus olhos. Ela fitava com expressão compenetrada os três tomoes ao redor de sua pupila.

Sasuke contemplava orgulhoso o encantamento da filha, vendo suas mãozinhas deslizarem ao redor de suas pálpebras, como se ela quisesse retirar suas íris só para melhor observá-la.

— Papa vermelho — indicou Sarada com um dedo em frente a seu olho.

— É o dõjutsu de sua família — contou em tom baixo, como se estivesse confiando-lhe um segredo, com o olhar fixo nas orbes negras da garotinha. — Talvez você venha a tê-lo um dia.

Não sabia se ela, com pouco menos de dois anos, entendia o que aquilo significava, mas a viu sorrir com contentamento apertando as mãozinhas em seu rosto como se ele tivesse dado uma boa notícia.

— O que aconteceu? — perguntou Sakura aproximando-se dos dois observando os olhos do marido.

— Foi apenas uma inspeção — respondeu ele, desativando o sharingan, para decepção de Sarada, que se remexeu emburrada ameaçando chorar.

— Venha — pediu Sakura se precipitando para pegar a filha. Sabia que se dependesse de Sasuke ele passaria o dia com o doujutsu ativado só para mimá-la. — Você terá um, um dia. Poderá olhar o tempo que quiser.

Sarada a observou atenta, com a careta se desfazendo como se tivesse algum lampejo de compreensão. Suas mãos se então se direcionaram para o rosto da mãe puxando a pele que ficava pouco abaixo de seus olhos cor de jade. Sakura deu uma gargalhada.

— Não, eu não tenho nenhum kekkei genkai — explicou ela. — O sharingan é da parte de seu pai, do clã Uchiha.

Sarada não pareceu convencida, inspecionando seus olhos como se esperasse que eles mudassem de cor.

— Meu poder está aqui — falou ela indicando o punho para a filha, que o agarrou com as suas mãos, fitando-as com interesse.

— Creio que ela quer ver seu poder — falou Sasuke achando a garotinha, com sua fita vermelha na cabeça, bochechas rechonchudas e olhos faiscando curiosidade, particularmente graciosa.

Sakura riu sabendo o que o marido estava propondo.

— Não, vai assustar ela — negou-se Sakura passando a filha para o marido, que a segurou de frente ao corpo como se ela estivesse em uma cadeirinha, pronta para voltar à sua horta.

—Ela quer ver, chega um dia que uma garota tem que conhecer o poder de sua família — insistiu. — Não, Sarada? Não quer ver a mamãe destruindo coisas? — perguntou ele tolamente a menininha. Até Sasuke Uchiha se tornava um pouco tolo perto de sua bebê. — Sim, Aeeh. — respondeu-se em seguida balançando o bracinho da neném como se ela tivesse respondido.

Sakura suspirou sabendo que era uma batalha perdida.

— Se ela chorar a culpa é sua — advertiu, dando-se por vencida dirigindo-se ao caminho de pedras do jardim e pegando uma que cabia na palma da mão.

Ela aproximou da filha girando a rocha em sua frente de um modo quase lúdico, detendo toda a atenção da garota, deixando-a parada em uma das mãos por fim, antes de tocá-la com o indicador, gerando fissuras que desfizeram a rocha então chata, em segundos.

Sarada sorriu batendo uma mãozinha na outra animada.

— Viu Sarada? Não é incrível? — perguntou Sasuke para a filha.

Havia uma razão para ter pedido isso à Sakura. Uchiha Sasuke gostava de admirar coisas perfeitas. Em campo, gostava de encontrar oponentes à altura, que executassem suas técnicas com precisão, otimizando-as ao máximo. E o controle de chackra de Sakura era algo que podia ser chamado de perfeito.

Sarada parecia partilhar de sua empolgação, mexendo-se para sair do seu colo, dirigindo-se às pedras assim que Sasuke a libertou e pegando uma.

— De novo, mama — pediu, estendendo uma pedra angular à mãe.

E assim ela o fez, sobre palminhas animadas da filha que queria que ela quebrasse várias e várias pedras, tentando imitá-la em alguns momentos, frustrando-se no entanto.

Sakura aproveitou uma das distrações da pequena, que tentava quebrar uma pedra com os dedos, para descansar, sentando-se ao lado do marido, que as observava sentado na grama.

— Acho que já sabemos a quem ela vai puxar — falou Sasuke quando Sakura se recostou nele.

— Ela pareceu bem empolgada com o sharingan.

— Sim, mas não me importaria se ela não tivesse.

Olhar para Sarada brincando tão inocentemente o fez se lembrar de seu passado, de todo o ódio que permeava a história do seu doujutsu. Ele não queria nada assim pra ela.

— Sasuke-kun — contestou Sakura com em tom de repreensão, imaginando o que ele estava pensando.

— Um poder que precisa de tanta dor para ser despertado e potencializado não parece justo com ela — Sasuke justificou, observando a filha brincar.

— Anata, algumas coisas são invitáveis — Sakura falou fitando sua pequena. — Ainda mais, um poder desperto por algo tão forte como o ódio não poderia ser desperto com um sentimento ainda mais forte como o amor?

Sasuke anuiu admirando a sabedoria da sua esposa, que com poucas palavras tornou seu semblante mais leve, e ambos se contentaram em contemplar seu bebê, que pegava mais uma rocha para tentar imitar o que a mãe fizera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O sharingan do amor foi uma das coisas mais lindas do gaiden, é uma ideia tão linda. Aparentemente a Sarada vai seguir os passos do Shishui, conquistando poder com bondade e amor .
Para o orgulho da tia llucida