Juntas escrita por llucida


Capítulo 6
Casa




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Filhos saem de casa

E quando chegou a vez de Sarada não teve nada de passar a mão no cabelo olhar nos olhos e começar a falar.

Uma parte de si se sentiu desamparada, como uma criança onde a boneca resolveu não brincar mais de casinhas. Mas ali não era um faz de conta, e Sarada era uma pessoa, que havia se desenvolvido e crescido.

E não foi só sair de casa como alguém que diz "Vou morar ali, naquele puxadinho". Ou na esquina. Ou em outro quarteirão. De tanto lugar perto pra ela resolver morar, ela decidiu, após voltar de uma missão de aproximadamente duas semanas em Suna, simplesmente anunciar que era lá que moraria.

Fora convidada para coordenar a equipe de inteligência da cooperação interdistrital de Suna e Konoha e aceitou. Simples assim.

Com dezenove anos Sarada era uma jovem inteligente e habilidosa, sabia que se destacaria onde quer que fosse, poderia permanecer em Konoha, mas não, optou por ir longe.

Quando chegou a hora da despedida, Sakura apenas não soube como reagir. A ajudou a fazer as malas, fez um obento como se ela fosse para a missão, e a entregou, com um aperto de mãos. Não conseguiria fazer mais.

Um dia, cerca três meses após a ida de Sarada ela recebeu ligação da menina. Ao atender, logo percebeu que ela não estava bem, mas esta tentou disfarçar o que estava sentindo falando de banalidades, apesar Sakura apenas sabia que tinha algo errado.

— Querida, tá tudo bem?— perguntou Sakura, genuinamente preocupada.

­— Sim, tudo ótimo — respondeu a filha, tentando soar animada.— Conseguimos prender uma organização que planejava atacar Konoha, e outra que praticava importações ilegais e... — tentou ela quando sua você apenas embargou.

— Não mãe, tá tudo horrível — desabou com tom despedaçado — sinto tanta falta da senhora, do papai. Mas tanta... — disse a voz chorosa. — queria tá em casa, com a senhora pra me empurrar antialérgicos a cada missão ou pra destruir o jardim comigo nos treinos não oficiais e também pra competir genjutsus com o papai — falou, lembrando-se em como era bom estar em casa. — Eu só queria sentir que tenho um lugar pra voltar no fim do dia, um lar.

— Querida — chamou Sakura não sabendo exatamente o que dizer. – Lembra quando seu pai voltou da primeira vez?

— Sim, você tinha destruído a casa naquele dia — falou ela com resquício de humor lembrando-se de apenas um dos eventos impagáveis daquele dia confuso.

— É exatamente isso. Eu tinha destruído a casa, mas naquele dia nosso lar nunca esteve tão completo — falou ela, lembrando-se da noite que passaram em um apartamento pequeno alugado no centro onde Sarada passou o jantar contando sobre suas suspeitas tola, o teste de DNA e as conversas com Naruto, além de contar orgulhosa como o pai lhe protegeu de um ataque.

Foi a primeira vez em muito tempo que se sentira tão absolutamente feliz.

— O que quero dizer é que não importa aonde você vá — retomou ela com tom suave. — Seu lar está no laço que construímos, nessa conversa, nas lembranças, em sabermos que estaremos aqui, eu, seu pai, um pelos outros. Lar não é um lugar, é ter alguém pra voltar mesmo não voltando.

Sakura havia aprendido no grande período em que Sasuke passou fora. Os dois eram sua família, e enquanto os tivesse, por mais longe que fossem, existiria seu lar.

— Nossos sentimentos estão conectados, não é?— perguntou Sarada se sentindo com doze anos novamente reaprendendo a maior lição de sua vida.

— Sim, princesa — falou Sakura com um sorriso doce da outra linha, sabendo que a filha seria brava o bastante pra ficar o tempo que precisasse em Suna.

Looking deeper through the telescope

You can see that your home's inside of you

Então se passaram dois anos, contando com visitas em ocasiões especiais e ligações empolgadas onde ela contava como estava sendo sua vida em Suna, e as missões. Fora quando se reuniam oficialmente, em convocações do Hokage. Ela havia se tornado alguém suficientemente importante para comparecer até nas reuniões mais restritas, constatava Sakura orgulhosa todas as vezes que se viam por estarem em uma reunião oficial, onde não eram mãe e filha, mas também Sarada-sama e Sakura-sama.

Apesar da frequência em que se viam ser razoável, Sakura não poderia deixar de sentir como se faltasse um pedaço de si, e talvez por isso seja compreensível quando encontrou a filha sentada em sua cozinha em um fim de tarde de primavera tomando chá com o pai, que a olhou com um sorriso suave que dava em raras ocasiões assim que ela entrou, fazendo- a logo perceber eu havia algo diferente ali. A viu oferecer uma xícara de chá e afirmar calmamente que ficaria em Konoha.

Mas claro que o momento perfeito teve que ser estragado por uma dose de realidade, que veio quando Sarada a puxou distraída e fez um pedido.

— Quero que me ajude a procurar uma casa — pediu ela deixando Sakura atônita.

— Como assim procurar uma casa. Você tem uma casa. Essa casa — afirmou Sakura exasperada andando de um lado pro outro

Sarada apenas a olhou cética, fitando-a através do óculos com a típica armação vermelha.

— Mãe... — chamou ela como se estivesse chamando atenção e uma criança.

— Ok, eu entendi. A gente pode, sei lá, falar com o cara da casa ao lado pra vender ela, eu posso convencer ele, realmente posso— propôs ela decidida a fazer uma visita que poderia ser nada amigável ao vizinho.

— Podemos fazer isso agora — determinou Sasuke ativando o sharingan e fazendo menção de se retirar acompanhado de Sakura.

— Mãe... Pai... — chamou ela novamente puxando os pais, nem querendo saber o queriam dizer com convencer.

Sakura a olhou como uma criança flagrada fazendo algo errado, e Sasuke apenas voltou sua atenção para ela com expressão impassível, mas com um dos olhos ainda vermelho.

— Eu vou procurar um lugar perto, juro! O mais perto que tiver eu apenas compro — prometeu ela fazendo os olhos do pais voltar a ficar negro.

Passado o momento tenso, Sarada a ajudou a preparar o jantar e depois Sakura resolveu sentar com ela olhando o jornal do dia em busca de imóveis, recebendo uma série de objeções de Sasuke que arranjava problemas na maioria das localidades. Em parte ela sabia que além da birra por ela querer morar só, havia também preocupação om lugares seguros e acessíveis.

Quando terminaram o jantar e estavam prontos pra se recolher, Sakura não resistiu em buscar saber os reais motivos que levaram a filha a voltar.

— Por que voltou? — indagou ela.

Sarada deu um sorriso mexendo nos óculos como era de costume quando ficava sem graça.

— Aqui é onde está minha família, meu lugar no mundo — falou ela assumindo em seguida um olhar determinado. — Ainda mais, não posso me tornar uma boa Hokage um dia se eu passar mais tempo fora do quê aqui.

Sakura a abraçou orgulhosa e levemente emocionada

— Apertado, mamãe. — reclamou ela.

Just know, wherever you go

You can always come home


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que não tenham estranhado muito a mistura de recursos (pode ser meio estranho acompanhar drabbles sem música, de repente aparecer uma com.)
Enfim, eu gostei muito de escrever ela, a ideia veio bem repentinamente e escrevi em uma sentada. Espero que tenham curtido também. ^^
Ah, a música é 93 Million Miles do Jason Mraz.