Juntas escrita por llucida


Capítulo 5
Seu mundo




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Sarada era devidamente o tipo de bebê que fazia adultos se envergonharem de serem tão infantis. Aos três anos era quase um adulto em miniatura, cheia de autonomia e organização chegando a ser um pouco metódica, como uma mocinha, se prontificando a ajuda-la a preparar o banho pegando o sabonete e chacoalhando a água até fazer bolhas, ou pedindo para que preparasse sua sopinha, além sempre deixar os brinquedos em um cantinho no tatame quando acabava de brincar. Nunca espalhados. Agora que falava mais palavras, muitas certinhas, sempre a envergonhava com Naruto, o corrigindo sempre que falava bebenhês com ela, utilizando de palavras erradas, típico do modo que adultos falam com crianças.

É prato, tio. Geralmente dizia quando começava a falar embolado, na clássica troca de R por L que o alfabeto bebenhês propunha. Ele parecia se divertir, porque sempre repetia a palavra errada para a pequena, que sempre o corrigia novamente balançando as mãozinhas com impaciência.

Chegava até a ser mandona, em muitos momentos, como quando brincava com Boruto e Chouchou, sempre tentando comandar a brincadeira dizendo como e quem deveria fazer o quê.

Por isso a achou perfeita para o papel que queria desempenhar na brincadeira que propôs.

Sakura se encontrava arrumando as roupas da filha sentada na cama do seu quarto quando viu pequenas mãos se apoiarem no colchão jogando todo o peso do corpo sobre elas para ganhar impulso e subir o resto do corpo.

— Mamãe, vamos brincar? — perguntou ela ao escalar a cama. Ao olhar para filha, viu que ela tinha um pente em mãos e percebeu a intenção.

— Tá bom. Você quer me pentear? — perguntou ela quase que retoricamente. A garotinha murmurou um uhum, já concentrada em mexer em seu cabelo.

— Eu sou sua mamãe e você é minha filhinha, viu? — pediu ela mexendo-se para encará-la balançando o pente em um tom quase profissional, como o de um médico que faz recomendações a paciente. Ela tinha aquela seriedade de adultos até quando brincava que a fazia rir. Sakura assentiu com um murmuro sentindo então o pente deslizar pelos seus fios. Sarada tinha uma mão leve, e o toque delicado em seus cabelos a relaxava. Assistiu em silêncio a filha tentar tecer uma trança de lado, que saia na prática um emaranhado de duas mecham embaraçadas que daria um pouco de trabalho depois. A menina parecia bem concentrada, e tirou um prendedor do próprio cabelo para preservar sua obra recém-completa, utilizando também de uma presilhinha cor de rosa para prender sua franja para trás, o que fez a rosada retirar quase que por reflexo.

— Arg mamãe, não desfaz o penteado. — ralhou Sarada toda emburrada, fazendo um biquinho do tamanho do mundo.

— Ai filha, é a testa. — defendeu-se Sakura dando uns tapinhas na própria testa para indicar o motivo e olhando pra cima, como se desse para visualizá-la assim.

A garotinha fez um muxoxo e Sakura logo se sentiu mal por estar estragando a brincadeira da filha.

— Agora eu vou pra escola mamãe? — perguntou Sakura forçando um infantil, tentando lembra-la da brincadeira. Viu seu semblante se acender.

— Não, primeiro é o café, mamãe — explicou ela como se falasse com uma criança. — E depois eu me arrumo pra trabalho e te levo pra escola. — esclareceu solícita como sempre, apressando-se para pegar o kit de cozinha que tinha no canto do quarto.

Uma das peculiaridades do jeito mandão de Sarada era essa: Ela sempre a guiava nas brincadeiras. Com outras crianças isso poderia ter um efeito negativo, criando conflitos, mas para ela, era como ter uma professora que a ensinava a ser um pouco criança de novo, mais leve e solta. Sem perceber, era arrastada para o mundo a um mundo de canções inventadas, histórias de ninjas princesas e comidinhas de faz de conta.

Afinal, ser mãe era como se tornar um pouco criança.

Enquanto ela crescia, Sakura lembrava-se como era ser pequena.

Após um delicioso café de mentirinha, Sarada lhe deu sua lancheira e anunciou, olhando no espelho que achara da mãe e passando um batom imaginário, com um estalar de lábios em seguida, que a levaria pra escola. E não, Sakura não sabia onde ela tinha aprendido aquilo, ou alegaria não saber.

— Aí você fala tchau mamãe — lembrou ela pra Sakura, que não conteve o riso, mas repetiu a frase recomendada empolgada pegando a lancheira e reincorporando o papel.

Tchau, filhinha. Respondeu ela de volta, acenando. Quando Sakura achou que a brincadeira tinha acabado, a filha apareceu com um telefone imaginário, com ligação mais imaginária ainda.

— É a tia Ino — informou ela, ficando em pé na cama para lhe passar a ligação.

— Porquinha, eu tenho que ir pra escola, isso não é hora de ligar — reclamou Sakura, pondo-se no nível da filha — Vou passar pra minha mãe.

Seguiu-se uma sequência de conversa imaginária até ela desligar a ligação.

— O que ela falou? — perguntou Sakura, interessada.

— Ela falou pra comer o lanche todo e disse que a Testuda nem é tão testuda assim — respondeu mexendo na franja da mãe.

Sakura riu com ternura e a abraçou, pegando-a no colo e cobrindo de beijinhos.

— Sabe o que a Testuda-não-tão-testuda vai fazer além de encher meu neném de beijinhos?

.....

As duas passaram à tarde no parquinho, montando casinhas na areia, e arremessando shurikens e kunais de plástico em uma guerra que travaram na grama, com Sakura sendo prontamente guiada por uma empolgada Sarada que a arrastava de um canto para outro do parque, mostrando-lhe brinquedos e descobertas.

Vem mamãe. Dizia ela pegando na sua mão e a guiando para seu mundo.

E Sakura ia, empolgada e apaixonada por tudo que a filha queria compartilhar com ela, ambas marcando a areia com pegadas de seus passos juntas. Como tinha de ser.

A observa descer no escorregador contente enterrando os pés na areia, quando percebeu que era hora de apresenta-la ao mais célebre brinquedo que qualquer parquinho tem: O balanço.

Mais alto, mamãe pedia ela em busca de aventura a uma Sakura que achava prudente oscilações rasas.

Ela estava extasiada com o novo brinquedo, Sakura jurava que ela não sairia dali tão cedo, mas foi surpreendida quando ela resolveu descer subitamente, dirigindo-se a ela empolgada.

Sua vez, mamãe. Determinou, batendo no acento do balanço com as mãos, indicando que sentasse.

Nesses momentos, mesmo não sendo mais um faz de conta, era fácil esquecer quem era a mãe e quem era a filha. Era do seu jeito adulto e metódico que todo tempo, mesmo sem querer, Sarada cuidava dela de volta, de um modo infantil, com seus intimados a participar de suas brincadeiras inventadas abstraindo-a, mesmo que sem saber de suas preocupações com o trabalho, com sua disposição de sempre ensiná-la como brincar, ou quando escova seus cabelos e dava beijinhos em machucados sem importância que ela vinha a adquirir na cozinha, cuidando dela de um modo que mais ninguém saberia.

Ela se sentou e sentiu as mãozinhas da filha nas suas costas, empurrando-a. Ela a ajudou criando impulsos com os pés, e viu Sarada rir empolgada em muitos momentos até cansar e se sentar no balanço ao lado. As duas mantiveram ai, com os pés balançando, cheio de areia, profundamente satisfeitas com a vida.


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que tenham gostado do capítulo.
Eu vejo Sara com um tipo de crianças meio mandona e metódica, que gosta de coordenar as brincadeiras e estabelecer papeis e regras em jogos huahs
E também imagino que ela tenha um modo infantil de cuidar de volta da mãe que tanto ama