Juntas escrita por llucida


Capítulo 3
Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Pós-Gaiden



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Sarada havia adormecido no sofá após um exaustivo treinamento com o pai. Ansiara a semana inteira para que ele voltasse da missão, e assim que voltou não se absteve de cobrar a promessa de treiná-la assim que ele pisou na vila. Poderia facilmente leva-la para o quarto, mas o marido logo se precipitou em pegá-la. Talvez ela preferisse assim.

Havia sido assim desde que Sasuke voltara. Sua filha fazia de tudo para passar o máximo de tempo possível com o pai. Seja o escolhendo como parceiro em seus jogos de videogame, mostrando os jutsos que aprendeu, ou pedindo para que a ensinasse algumas técnicas mais avançadas, além de falar dele todo o tempo. Mas era assim até antes dele partir. Nunca fora competitiva com Sasuke, mas quando se tratava da preferência da Sarada, não podia evitar a inveja nas vezes em que a filha manifestava predileção pai, como nas vezes em que ela não queria comer a papinha por birra, mas era só o Sasuke brincar com a comida que ele comia, ou quando passava horas tentando niná-la e que era só o Sasuke pegá-la no colo para dormir. A quinta Guerra Ninja teria se iniciado se ela tivesse chamado "papa" primeiro, não tinha dúvidas. Não havia carregado a filha por oito meses, nem passado outros oito falando incessantemente "mama" esperando que ela absorvesse o título por osmose, pra ser preterida assim no vocabulário da filha. Não mesmo!

Quando Sasuke depositou a filha na cama, Sakura tratou de providenciar mais cobertores, jogando um deles sobre o próprio ombro. O tempo estava frio e uma tempestade se anunciava em breve.

Mesmo com Sarada perfeitamente acomodada na cama, nenhum dos dois foi capaz de evitar ficar ali, olhando-a, sua expressão serena, os cabelos desengrenados tanto pelo treinamento, quanto pelo sono despreocupado. Ela olhou para expressão serena do marido contemplando a filha e não pode evitar sorrir.

— Dá vontade de não perder nenhum segundo, não é? — perguntou retoricamente Sakura, sabendo bem como era ficar absorta, contemplando aquele pequeno milagre que era a existência de sua menina.

Sasuke assentiu, passando uma mecha do cabelo da filha para trás, com a única mão que possuía.

—Ela é perfeita — sussurrou, fazendo uma leve carícia em seu rosto. — espero que um dia me perdoe por eu ter perdido tanto.

Sakura suspirou. Tinha certeza que a filha o perdoara logo da primeira vez que voltara diferentemente dele, que jamais se perdoaria.

— Ela te adora, parece um papagaio valando de você: otosan isso- otosan aquilo, otosan pra o treino... — falou Sakura tentando soar divertida, mas com ligeira afetação, arrancando uma expressão mais suave do marido. Apesar de compreender bem os motivos, algo em ver a Sarada tão afobada em impressioná-lo, com a toda atenção que ela deu a Sasuke desde sua volta a deixou levemente magoada, não estava acostumada a dividir assim o amor da filha. — Acho que não viu o modo que ela olha pra você, com toda essa devoção, chego a imaginar se sobra espaço pra mim...

— Isso é ciúme? – indagou jocosamente arqueando uma sobrancelha.

Sakura ajeitou o cobertor pelos ombros, observado os raios azulados que anunciavam na janela.

— Tem sido nós duas a um longo tempo... — explicou ainda absorta em fitar o prelúdio do temporal que logo viria através da visão da janela. — Ela sempre me procurava quando tinha pesadelos, hoje em dia ela tenta ser uma mocinha e resiste a ideia, porém sempre acende a luz quando os têm. – lembrou-se, com um misto de nostalgia de quando eram apenas as duas. ­— Aí eu que venho deitar aqui quando vejo, ela não fala nada, mas dorme tranquila sem nem precisar de luz acesa. Mas apesar disso, ela ainda corre para minha cama quando tem trovões — confessou sorrindo.

Sasuke a acompanhou com um breve sorriso imaginando aquelas memórias e com a inveja infantil da esposa. Sakura se acostumara a ser um referencial para a filha para tudo, desde que ele tivera que partir.

— Aposto que hoje ela vai tentar te impressionar sendo brava —  ressaltou Sakura

— Tsc — murmurou Sasuke, passando a mão em volta de seus braços e a conduzindo em silêncio para o quarto deles. — Ela também fala de você o tempo todo — afirmou, assim que chegaram ao fim do corredor.

......

Já era madrugada, quando a chuva começou, embalada por raios e trovões, tão altos e resplandecentes, que duvidava que Sarada não tivesse acordado. Se não fosse a presença do marido ao lado, que adormeceu segurando sua mão, já teria ido se deitar com a filha. Era um segredo, mas ela também não gostava nadinha de trovões.

Por estar atenta, ouviu quando passos abafados se aproximavam do quarto, revelando em seguida uma Sarada abraçando um travesseiro, e os encarando com certo constrangimento.

— Sarada, tudo bem? — indagou Sasuke com preocupação, sentando-se para ver melhor a filha.

— Sim... Só... Está frio lá. — mentiu hesitante, ainda na porta do quarto.

Sasuke trocou então um olhar cúmplice com Sakura, entendendo então do que se tratava. Ia dizer que ela podia dormir ali, quando ouviu a esposa fazer um ruído de suspense.

— Vocês viram isso? — perguntou ela alarmada, apontando para um ponto no meio do cobertor.

— Não, o quê? — Sarada e Sasuke perguntaram em uníssono, aproximando-se então os três em seguida do tal ponto que Sakura havia avistado. Apesar de sua mão estar supostamente apontando para o que vira em cima do cobertor, nenhum dos dois nada vira.

— Isso aqui — respondeu ela inconformada diante da expressão confusa dos outros dois Uchihas — O super jutso protetor de trovões! — exclamou empolgada jogando o cobertor cima da cabeça dos três, em meio a gargalhadas. Quando se recomporam, ainda se encontravam sentados em baixo do cobertor, e Sarada foi a primeira a falar.

— Acho que deveríamos jogar — propôs ela.

—Sim, sim, jogar — concordou Sakura ainda empolgada. — Mas o quê?

Ela não fazia ideia do que jogar ali, e a resposta veio de onde não esperava.

— Mímica — respondeu Sasuke no tom monótono usual.

Ambas assentiram com gritinhos empolgados.

— Você começa papai — pediu Sarada, sob o olhar incrédulo de Sasuke. Apostava que ele não pretendia participar, mas apenas concordou com seu habitual "Humpf". Existia muito pouca coisa que ele não aceitaria fazer de bom grado pela filha. — Só não vale imitar a mamãe sendo ciumenta, é confuso. —Completou, arrancando protestos de Sakura enquanto ria, e trocava olhares de compreensão com o pai, como se dissessem "Tá vendo?".


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Notas finais do capítulo

1: Eu tenho ciúmes da Sarada pela Sakura, gente, ela adora aquele pai, mesmo no gaiden dá pra ver.

2: Então, ficou grandinha, e a grande time skip foi só porque a ideia me veio ontem, implorando pra ser escrita.
Ela se passa quando o Sasuke volta a vila- talvez definitivamente- depois do filme do Boruto, não que eu tenha visto, mas alguns spoilers dão a entender isso. Espero que tenham gostado ^^