Juntas escrita por llucida


Capítulo 13
Dezesseis




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O barulho em volta era irritante, e as pessoas pareciam competir com a música em volta para ver quem alcançava mais decibéis. Ela havia se afastado delas, pedindo uma tônica no balcão. Porém, aparentemente o atendente não podia conceber que tônica fosse um termo elementar que fazia referência a um refrigerante. Não, obviamente ele tinha que associar a uma bebida alcoólica.

Colocou a bebida sobre o balcão desistindo de objetar e olhou em volta, procurando por uma figura rubra e em seguida olhou o relógio mais uma vez. 22:19. Tarde demais para a salvação de sua alma. Inspirou, e procurou novamente por algum sinal de Mizaki e começou a questionar se havia sido uma boa ideia acompanhá-lo.

Ele dissera que precisariam passar na Azaki para pegar os pergaminhos que restaurara com alguém ou algo assim. Mizaki era exímio conhecedor de runas antigas, conhecera o mundo todo e estava em Konoha para recuperar uns pergaminhos danificados cujas informações nele contidas, ao que tudo indicava, seriam primordiais para uma missão que desenvolveria em Suna.

De todos os possíveis lugares que imaginou que a "Azaki" fosse — uma lanchonete, uma estalagem, uma barraca qualquer no caminho de casa — não lhe ocorreu que ela seria aquilo. 22:30.

Você pode estar se perguntando qual o problema com a hora, e pensar na resposta a isso deixava Sarada ainda mais irritada. Acontece que — preste atenção — seu toque de recolher era dez da noite. Toque de recolher, que coisa mais ridícula, você deve estar pensando agora, e Sarada prontamente concordava, mas quem disse que seus pais a ouviam? Pensara em declinar o convite por já estar no limite do tempo permitido, mas o que diria? Que para os seus pais, ela podia passar dias em missão, arriscar a vida, quebrar ossos, ser envenenada, prender pessoas em genjutsos, lançar kunais e shurikens, mas passar das dez fora nos dias livres? Nunca, em hipótese alguma. Ridículo.

— Pra você — ouviu a voz de Mizaki e quando olhou, ele lhe estendeu um copo.

— Eu já peguei uma — recusou sem graça apontando para a bebida intocada.

— Isso? — perguntou com um sorriso de lado a lado pegando a bebida no balcão — Muito fraco — exclamou, batendo o copo novamente sobre o balcão, após virá-lo de uma golada só.

Sarada deu de ombros, ainda sem jeito.

— Você já tem o pergaminho? Eu...

— Sim, mas me ajude a terminar esse rum — ele assentiu despreocupadamente, sentando-se a seu lado — Você não tinha perguntado dos museus do País da grama? São enormes...

Ela aquiesceu empolgada, ouvindo ele contar sobre os milenares museus de pedra da costa do País da Grama, estendendo o assunto para mausoléus subterrâneos do sul do continente.

Mizaki-san era um homem viajado, conhecera vários lugares do mundo, e era culto e inteligente como poucos, podia conversar com ele sobre vários assuntos, de pintura a música clássica, histórias antigas ou acaloradas discussões sobre arte, história e mesmo política. À medida que o assunto se estendia, se tornava difícil lembrar-se do arrastar dos ponteiros de seu relógio.

...

Luzes baixas iluminavam o pequeno espaço lateral onde algumas pessoas jogavam poker. Outros tantos circulavam em meio ao som alto, e o odor de nicotina se fazia presente. Logo localizou a assinatura de chakra que procurava e que deveria estar em casa a exatamente uma hora e trinta e nove minutos.

Quando olhou em direção ao local que a presença do chakra apontava, pode ver que Sarada conversava animada com um homem de cabelos vermelhos e barba por fazer, que estava sentado ao lado dela no balcão. Ele parecia distraí-la com o que dizia, mas ao olhar para ele, Sakura estacou. Não, aquele homem não estava olhando assim pra sua filha.

Já vira vários garotos olharem para Sarada com algum interesse — modéstia a parte, sua filha era linda — e, ao contrário de Sasuke, que enfezava a cara e era averso a ideia de qualquer um — ênfase em qualquer um — manifestar interesse pela filha, tendo horror a mera hipótese de "Sarada" e "Namorado" poderem ser usados na mesma frase, Sakura costumava achar graça dos potenciais pretendentes, constrangendo a filhas com piadas e insinuações que a faziam querer sumir. Mas um homem de quase sua idade? Sarada tinha 16 anos!

 Antes que pudesse respirar mais cinco vezes, para completar a contagem de dez, os passos de Sakura se desvaneceram para onde estavam.

— Soda e um empanado de carne, por favor — ela pediu displicente ao atendente atrás do balcão, fingindo não reparar que parara entre a filha e o fulano que ela conversava.

— Mãe?

Sakura se virou observando a filha que a encarava boquiaberta.

— Sarada, —  cumprimentou como se tivesse acabado de vê-la — vai me apresentar seu amigo?

A garota pigarreou, estranhando sua mãe adentrar um pub, passar ao seu lado e pedir um bolo como se isso acontecesse todo dia.

— Aoki Mizaki, estou prestando serviços temporários a Konoha — ele tomou a frente, entendendo-lhe a mão.

— Que interessante — ela acenou para ele com um sorriso, e deu um safanão em Sarada para que ela lhe cedesse seu lugar quando o bartender apareceu com o pedido.

Sarada passou para o banco ao lado desconfortavelmente, e Sakura pegou a soda e o empanado, deixando o primeiro cair sobre o homem que se encontrava a sua direita.

— Desculpe, eu não queria... — ela exclamou fingindo estar alarmada.

— Tudo bem — ele afastou o líquido que escorria sobre sua camisa com as mãos com a expressão visivelmente descontente.

— Melhor limpar logo para não manchar.

Ele fez menção de se contrapor a ideia, mas o tom imperativo, apesar de doce da mulher de cabelos rosa, mostrava claramente não se tratar de uma sugestão.

— Com licença —  ele cedeu, retirando-se a contragosto.

Sakura assentiu com um sorriso vitorioso, mas ouviu a filha chamá-la em um sussurro assim que Mizaki desapareceu entre as pessoas.

— Mãe, o que está fazendo?

— Eu que pergunto. Já se perguntou que horas são?

Ela olhou para o relógio e aquilo pareceu desconcertá-la

23:39. Ai meu deus, foi sem querer, eu...   A senhora... A senhora fez aquilo de propósito! — começo sem jeito, acusando-a por fim

As mãos de Sakura se inverteram e a encarou como se dissesse Que é que eu posso fazer?

Sarada bufou.

— Eu já estava indo pra casa.

— Bebendo ao lado de um estranho de quase minha idade.

 Sarada ajeitou aos óculos e pediu aos céus piedade. Esse era o estilo preferido de tortura de sua mãe: Questionar suas afirmações uma a uma até ela não ter o que dizer. Mas ela tinha.

— Não exagera: ele tem 26, e eu não estava bebendo. Só estamos aqui porque ele disse que precisava pegar uns pergaminhos com alguém aqui e... — ela parou, resolvendo assumir a ofensiva — Além do mais, o que tem de mais? Não estávamos fazendo nada errado.

— Além de você ter passado do seu horário e estar em um lugar que uma menor nem deveria ser permitido pisar?

— Horário, isso é uma coisa tão infantil. Eu não sou mais criança! O Misaki-san inclusive disse que em alguns países não se têm esse problema.

— Ah, é? E o que mais o "Misaki-san" disse pra você? — Sakura fingiu ponderar — Que é inteligente, madura, e olha, só nem parece ter só dezesseis anos?

Sarada ia formular uma protesto, mas ao não achar resposta, mordeu um lá e enfezou a cara com um muxoxo baixo e anasalado. Ele havia dito sim uma porção de vezes algo parecido. Mas o que tinha de errado nisso? Por que mães são assim?

Diante da falta de resposta da filha, ela se aproximou um pouco mais, querendo encará-la.

— Eu sei que esse tal Misaki-san pode parecer o máximo, mas ninguém que traz uma garota de sua idade a um lugar desses empurra bebida e toda essa história de "você é tão madura pra sua idade" pode ser considerável alguém confiável ou decente.

— Talvez o Mizaki-san tenha dito todas essas coisas, mas não lhe ocorreu que talvez, só talvez, eu seja madura mesmo e não uma criança idiota como quer me tratar?

E lá vamos nós. Sakura havia esquecido que todas as garotas de dezesseis anos tinham certeza que de sua abundante maturidade.

Antes que ela pudesse replicar, Mizaki reapareceu, e Sakura se levantou com um sorriso, ainda com o prato em mãos.

— Mizaki, já estamos de saída — ela apoiou o garfo de metal sob o prato e começou a entortá-lo lentamente — Espero não vê-lo perto da Sarada ou qualquer outra garota novamente.

O olhar estático de Mizaki quando Sakura depositou o prato com garfo completamente amassado sobre o mármore escuro do balcão dirigindo-lhe um último sorriso a fez ter certeza que a ameaça fora eficaz o bastante.

— Vamos, Sarada.

Sarada observou a mãe que começava a se dirigir com passos lentos a saída incrédula.

— Mizaki-san, perdão, eu não sei o que dizer... — ela se levantou se aproximando dele para se desculpar. Sua face estava escarlate. Sua mãe não poderia tê-la envergonhado mais.

— Sarada — ouviu Sakura chamar em tom autoritário.

— Já vou, eu ainda preciso ainda pegar os pergaminhos pra missão, caso tenha esquecido.

— Tem cinco minutos — Sakura determinou ignorando a cara de desgosto da filha.

— Eu realmente não sei o que falar...  

— Tudo bem Sarada, sei como mães são exageradas — ele a tranquilizou, retirando os pergaminhos da bolsa de couro que carregava.

— É, ela sempre exagera. Eu estou tentando resolver as coisas para a missão amanhã e ela apenas não se importa — Sarada reclamou frustrada.

— Releve, deve ser difícil para alguém como ela entender uma kunoichi como você.

O tom que ele falou foi o mesmo tom de pouco caso que usara anteriormente, mas daquela vez aquilo a incomodou.

— O que disse?

— Só... Você sabe... Do famoso team sete ela é que não tem nenhuma habilidade grandiosa, e parece ser meio...  — ele gesticulou as mãos em sentido circular próximo a cabeça e o cenho de Sarada se franziu.

O quê? Aquele homem realmente achava que podia falar assim de sua mãe? Ou achava que só porque estava irritada com ela ia deixar alguém falar mal dela na sua frente? Ah, ele estava louco.

— Escute, minha mãe é uma sannin lendária, a maior dessa geração, conseguiu todo poder que possui sozinha e queria você e metade dos ninjas com doujutsos e clãs famosos serem metade da kunoichi que minha mãe é.

Seus lábios crispavam e ela pegou os pergaminhos saindo batendo os pés.

Sakura viu a filha passar na sua frente ainda visivelmente irritada. Evidentemente ainda não a havia perdoado pelo vexame, mas talvez um dia a entenderia.


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Notas finais do capítulo

Sempre quis fazer a Sakura meter o loko em algum pretendente da Sarada e realizei meu sonho ahsuha
Mas ela acho que ela só faria por um bom motivo, como ser alguém que ela considere inadequado por algum motivo ( não seria como Sasuke que consideraria qualquer um que pensasse no caso inadequado )

Tivemos 3 prompts que minha cabeça traçou desde que comecei e me diverti muito escrevendo.
Espero que tenham se divertido com essa drabble como eu ao escrever.
Beijos e até mais^^