Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 21
Perdida


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, gente. As aulas voltaram e está meio complicado escrever, mas eu nao desisti. Vou com essa Fic até o final



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634044/chapter/21

O dia antes da entrevista era para ser um dia livre para os tributos e eu me enchi de esperança de que Finnick fosse passar o dia livre comigo, mas eu me enganei. Fico sozinha sentada na sala durante quase a tarde toda, até que Mags se senta ao meu lado e ficamos procurando qualquer coisa idiota par ver na tevê da capital. Finalmente paramos em um canal que fala exatamente sobre o Distrito Quatro e curiosidades sobre o mar e a pesca. Eu sabia que Mags estava tentando fazer tudo aquilo para me animar, tirar um pouco Finnick da minha cabeça. Eu tentei desfaçar e sorrir nas horas certas, mas ela percebeu mesmo assim que eu estava chateada.

– Ele volta logo

Ah, Mags. Meus olhos se enchem de lágrimas quando olho para ela e percebo que vou acabar perdendo-a também. A senhora segura a minha mão e sorri para mim.

– Obrigada - Eu digo - Se não fosse por você... - Eu não consigo terminar a minha frase.

Ela faz que sim com a cabeça, como quem diz que entende, e ela realmente entende. Mags me ajudou nos meus Jogos, me deu apoiou quando o meu pai morreu, me ajudou a lidar com as pessoas logo quando voltei para o Distrito Quatro e as vezes ficava comigo em casa quando Finnick tinha que ir embora. Se não fosse por ela eu estaria completamente perdida quando Finnick estivesse fora. Ela já me salvou uma vez e agora está me salvando de novo, me protegendo do que eu mais tenho medo: Os Jogos Vorazes.

Depois de alguma horas, Mags acaba dormindo no sofá e eu percebo que o programa é o mesmo, ele apenas se repete. Me pergunto por que. Passo pelos outros canais e vejo que todos eles estão assim, como se nenhum fosse me dar uma notícia nova. O único canal que dá notícias novas é o da Capital que fica falando o tempo inteiro sobre o maldito Massacre.

Eu desisto. Pego uma manta e cubro Mags, então pego o elevador e decido sair um pouco. No fundo eu sei que essa é a pior decisão que eu poderia ter tomado, mas eu também não aguento mais ficar sozinha naquele apartamento. Onde está Finnick? Onde estão Lavigne e Kallos? Mags está dormindo e eu prefiro que ela descanse o máximo possível, que possa aproveitar esse últimos dias.

Eu tento não pensar nisso, mas quem eu estaria enganando? Que chance que ela tinha naquela Arena? Eu devia ter voltado, ter dito que nada daquilo era necessário, que eu iria arcar com as consequências, mas eu nunca fui forte o suficiente. Ela não precisava fazer aquilo por mim, mas mesmo assim se sacrificou. Eu não aguento mais perder pessoas que eu amo, pessoas que se importam comigo e me entendem, pessoas que eu queria que fossem felizes.Eu sinto meu estômago pesado por causa da culpa.

Quando finalmente chego no térreo eu decido que preciso sair daquele prédio inteiro. Eu nunca tive a oportunidade de conhecer a Capital. Só a ví pela janela, pela tevê e algumas ruas quando estava no carro.

Eu não penso no que estou fazendo, apenas sigo os meus passos que parecem saber o caminho. Eu ando por um bom tempo. Ando até que o céu comece a se tornar alaranjado por causa do crepúsculo, até que finalmente eu me encontro em um tipo bizarro de parque. As árvores são todas desfiguradas e há pouca grama e quando piso nela percebo que é sintética. As folhas das árvores parecem mudar de cor, mas ao tocar nelas elas não me parecem de plástico e azulejo, realmente parecem árvores. É tudo bem confuso para mim. Eu continuo andando pelo parque e encontro uma enorme fonte. Me sento na beira e fico olhando para a água, ali nadam várias carpas e outros peixes pequenos e coloridos. Eu coloco a mão na água e os peixes pequeninhos nadam em volta e sugam de leve algumas partes dos meus dedos fazendo cócegas. Eu dou uma breve risada e me lembro do meu Distrito. Os peixes lá são mais assustados, pois sabe que serão caçados. Esses aqui são mansos e amigáveis, chega a ser um tanto engraçadinho. Eu continuo com a mão na água e um sorriso estampado no rosto até que anoiteça.

– Annie Cresta? - ouço alguém dizer.

Eu tiro a mão da água na hora e meu sorriso se vai quando eu olho para uma mulher toda de rosa. Ela me olha de um jeito tão estranho, me sinto um peixe pequeno enquanto ela é um tubarão faminto.

– Você é Annie Cresta, não é mesmo? - Ela diz com um sorriso que me parece macabro - Meu Deus, você sumiu!

– Annie Cresta? - Ouço mais alguém chegando perto. Dessa vez um homem de prata com uma enorme peruca.

– Não... - Eu digo baixinho, um pouco assustada - Vocês não.

– Annie Cresta está aqui?

De repente várias pessoas começam a me rodear e fazer várias perguntas. Eu não sei o que fazer, eu tento ver alguma saída, mas as pessoas começam a vir de todos os cantos e eu me sinto perdida. Todos me bombardeiam com perguntas estranhas que me deixam sufocada. Eu quero sair daqui agora!

– Seu amigo perdeu mesmo a cabeça? Dallon era o nome dele, não é?

– Ouvi dizer que você é a mentora do Finnick nesse Massacre.

– Eu pensava que você tinha ficado louca.

– Por que você sumiu?

– Por que Mags decidiu vir aqui no seu lugar?

– Voce e Dallon eram namorados?

Eu levo as mãos aos ouvidos e me encolho. As perguntas não param de vir e eu não sei mais o que fazer. As pessoas continuam vindo em minha direção.

– Me deixem em paz - Eu digo, mas as minhas palavras são cobertas pelas perguntas das outras pessoas e eu não sei se eles podem me ouvir - Por favor.

– Dallon deu mesmo a vida por você?

– Você foi a do ano do terremoto, não foi?

Eu aperto mais os meus ouvidos e tento não ouvir nada do que eles falam, mas as palavras vem em minha direção mesmo assim. Eu fecho os olhos e me encolho. As pessoas continuam vindo em minha direção, eu posso sentir.

– ANNIE? - alguém grita o meu nome.

Quando abro os olhos vejo Finnick vindo em minha direção, afastando todos de perto. Todos os cidadãos bizarros dão um passo para trás e Finnick atravessa a multidão. Eu finalmente me sinto segura para tirar a mão dos ouvidos. Ele se aproxima e coloca seu casaco nos meus ombros e me puxa para perto de si.

– Deixem-a em paz - Ele diz com firmeza, sem ser grosso.

As pessoas sorriem e vão embora, cada um seguindo o seu caminho. Apenas um homem continua ali. Posso reconhecê-lo. É Plutarch Heavensbee, o chefe dos Idealizadores dos Jogos desse ano. Finnick e eu andamos até ele e eu não sei por que. Não quero ir com Plutarch, tudo o que eu quero agora é ficar com Finnick, só nós dois, não preciso de mais ninguém para me traumatizar hoje. Finnick me puxa para mais perto e eu evito olhar para o mais novo mestre de torturas que vai matar quem eu amo.

– Seria demais pedir que ninguém soubesse disso? - Pergunta Finnick para Plutarch.

– Não se preocupe - Diz o homem - Foi apenas um incidente, ninguém precisa saber.

Finnick sorri aliviado. Eu não entendo muito bem o que está acontecendo, mas prefiro ignorar.

– Espero que o resto da noite de vocês seja boa - Plutarch diz e vai embora.

Finnick e eu voltamos para o pédio em silêncio e é no caminho de volta que eu percebo que andei muito mais do que achava que tinha andado. Quando chegamos no nosso andar Lavigne me ataca com um abraço e eu me surpreendo. Ela está ofegante e suada, um pouco de sua maquiagem fica em meu ombro quando ela se solta de mim.

– Eu estava muito preocupada com você, menina! - Eu não sei se ela está brigando comigo ou se ela está feliz em me ver - Eu te procurei por todos os cantos desse prédio e você...

– Ela chegou? - Kallos aparece do nada e repete a cena de Lavigne, me abraçando e deixando mais maquiagem borrada no meu ombro - Estávamos procurando você em toda parte! Nunca mais saia sem dizer nada!

– Desculpe... - É tudo o que eu consigo dizer.

– Não se culpe tanto, querida - Mags vem da sala de estar, ainda sonolenta - Não foi culpa sua - ela me dirige um sorriso, então se vira para a equipe de preparação - Eu disse que ela estava bem, não tem porque se preocupar tanto.

Os dois, que antes estavam histéricos, agora respiram fundo e nos convidam para o jantar. Eu passo, pois não estou com fome, e vou direto para o meu quarto. Estou preocupada comigo mesma. As vezes eu realmente perco a noção de onde estou ou de quantas horas se passaram, mas desde que cheguei a Capital tudo parece pior e eu me sinto mais impulsiva. Não me arrependo de ter saído, mas também não foi a melhor escolha que eu teria feito. Eu devia ter esperado Finnick, mas não aguentava mais ficar sozinha. Não é exatamente como se eu perdesse o controle da situação das coisas quando estou longe de Finnick, mas é bem mais fácil quando ele está ao meu lado. E agora, com ele tão distante, eu me sinto um tanto perdida. É nessa hora que eu percebo que não o vejo há dias, desde a noite da cerimônia. É como se ele estivesse sempre tão ocupado, isso me deixa triste.

– Posso entrar?

Olho para porta e vejo que Finnick está encostado nela. Eu faço que sim com a cabeça e ele se senta ao meu lado na cama, como sempre faz.

– Por que você saiu hoje? - Ele pergunta - Todos ficaram preocupados, você devia ter avisado.

– Eu.. - Droga, por que falar as vezes fica tão dificil? Eu respiro fundo e me concentro nas palavras para que elas possam sair, e elas saem, todas de uma vez - Eu estava me sentindo muito sozinha e estava entediada.

– Annie... - Ele não termina a sua frase.

– Onde você estava, Finnick? - Eu estou mais chateada do que brava- Hoje foi o seu dia de folga, você não foi ao centro de treinamento, então onde voce estava?

Finnick respira fundo.

– Eu tinha problemas para resolver.

Eu tenho vontade de rir, mas vez vez disso eu apenas deixo um sorriso sarcástico dominar o meu rosto.

– Problemas, Finnick? Eu tenho um problema. - Eu volto a perder o controle das palavras, mas dessa vez elas são todas jogadas para fora em vez de serem engolidas - Eu não sei o que vai acontecer naquela arena e eu estou morrendo de medo que você não saia vivo! E você me diz que tem problemas para resolver?

Sinto que meu coração bate rápido e minhas mãos tremem. Eu não estou acostumada a ficar nervosa ou tão ansiosa como estou agora.

– Eu tenho que resolver esses... problemas, Annie.

– Eu sei que tipo de "problemas" você tem para resolver.

Pronto. Eu deixo isso para fora. Já era óbvio demais para mim, depois de todos os anos eu fui descobrindo e a esse ponto tudo era óbvio demais. Vergões pelo seu corpo e um olhar vazio eram provas o suficiente.

– Finnick - Eu me acalmo e respiro fundo, lutando contra as lágrimas que se acumulam em meus olhos - Finnick, por que você faz isso? Eu sei que você não quer fazer nada disso, eu vejo em seus olhos, então por que?

Ele olha no fundo dos meus olhos. Aqueles olhos verdes, verdes como o mar. Eu poderia me afogar ali e ser feliz para sempre. Mas seus olhos verdes estão cansados, tristes, mostrando para mim que ele realmente não quer fazer nada daquilo que ele faz. E eu não quero ver mais ele sofrendo.

– Eu faço isso porque eu te amo - Ele diz.

Suas palavras fazem sentido, mas ao mesmo tempo não fazem. Eu, como uma vitoriosa, sei do que Snow é capaz, mas ele nunca encostou um dedo em mim graças à minha insanidade. Mas com Finnick a história era outra. Eu não queria acreditar naquilo.

– Eu prometo que isso vai passar, Annie. Nós vamos ser felizes. Nós vamos ficar juntos e ninguém, nem Snow ou a Capital, poderá nos separar.

Eu desisto de lutar contra as lágrimas e deixo que elas escorram pelo meu rosto. Finnick me puxa para sí e me beija. Eu abro a boca e deixo que o beijo continue, que ele me preencha por dentro. Puxo Finnick para mais perto, até que eu me deito na cama e ele esteja por cima de mim. Nós continuamos nos beijando. Ele me aperta pela cintura e eu deixo um gemido escapar, então eu puxo sua camiseta até que ele se livra dela e ela fica amarrotada no chão. Em pouco tempo todas as nossas roupas estão jogadas no chão e nossos corpos nus entram em sintonia.

– Eu te amo, Annie - Ele sussurra no meu ouvido - Você é única e eu sou seu, apenas seu.

Eu o aperto para mais perto e beijo seus lábios macios.

– Eu tamém de amo, Finnick.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Comentarios? Alguma ideia do que voces gostariam de ver por ai? haha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Annie e Finnick - Até que a morte nos separe." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.