Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 20
Solidão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634044/chapter/20

Eu sabia que ir para a Capital não era a melhor escolha que eu havia feito, tudo aqui me lembra o meu ano nos Jogos Vorazes. Eu não quis assistir a cerimônia de abertura, resolvi ficar no edifício dos tributos e peguei o quarto que há cinco anos foi meu. Preparo um chá na cozinha e vou até o meu quarto, lá eu sento de frente para a enorme janela e fico observando a Capital. Posso ver nos grandes telões dos outros prédios que a cerimônia já vai começar, mas eu apenas os ignoro e olho para as pessoas coloridas da Capital. As ruas estão vazias, são poucas as pessoas que andam por aí, algumas observam os telões, outras apenas andam sem se importar. Eu seguro o chá com as duas mãos e espero que o calor da xícara me aqueça um pouco, pois fico com frio ao lembrar que eu estou sozinha. Bom, eu não estou totalmente sozinha, existem os avoxes que estão petrificados por aí, mas eu não quero colocar nenhum deles em perigo ao falar com eles.

Eu fico observando através da janela, mas logo os meus pensamentos saem da Capital e vão para o distrito quatro. O mar, a areia, as pessoas, a pesca... Tudo parece tão diferente agora. Não sei dizer se é por causa das revoltas ou se é porque eu mudei. Nada faz sentido para mim. É como se eu me privasse de tudo que acontece e Finnick não me ajuda a entender, talvez ele esteja com medo de me envolver demais.

Ouço a porta bater e isso me tira dos meus penamentos. Quando olho para a xícara percebo que só tomei metade do meu chá e ele já está gelado. Odeio quando eu me perco nos meus pensamentos e perco horas da minha vida.

– Isso foi esplendido! - Posso ouvir Lavigne dizer.

Eu vou ate a sala de jantar e encontro todos, menos Finnick. Tento não me importar com isso, mas não posso negar a mim mesma que isso me deixa chateada. Sei que Finn tem problemas na Capital, eu tenho uma ideia de que ele tem coisas horríveis para fazer, sei que não gosta disso... Mas fico com ciúmes mesmo assim.

Posso dizer que conheço Finnick muito bem, sei que ele adora amarrar nós para passar o tempo, que ele olha para baixo quando mente e que também tem pesadelos com os seus e os meus jogos. O único problema é que Finnick está cheio de segredos que não eram dele, ms acabaram se tornando por ele passar tanto tempo aqui na Capital.

– Annie? - Ouço Mags me chamar.

Droga, me perdi de novo.

–Desculpe - Digo - Você sabe onde ele foi?

Mags me dá um sorriso triste, o que quer dizer que ela não sabe. Eu a abraço, em desespero por algum tipo de afeto e cuidado. Sei que Mags não é a melhor pessoa para cuidar de mim, mas ela é como uma mãe e eu sou muito grata a tudo que ela já fez por mim.

O jantar passa rápido e eu mal percebo. Também não toco muito na comida, não consigo me concentrar no aqui e agora, fico pensando apenas onde Finnick está, se ele está bem, se ele volta hoje... Percebo que Lavigne não se sente confortável comigo desse jeito, mas eu não consigo me comportar de um jeito "normal". Finnick é quem me ajuda a passar pelas coisas triviais, como passar por um jantar com antigos amigos sem parecer esquisita.

Ao fim do jantar, todos saem da mesa e eu vou para o meu quarto. Eles assistem a reprise da abertura e eu finalmente me entrego ao sono, tendo sonhos turbulentos.

Mulheres verdes, roxas, azuis, amarelas... Existem todos os tipos de mulher de todas as cores e jeitos que a Capital poderia formar. Finnick está parado no meio delas, nu. Ele olha diretamente para mim com uma expressão que aperta o meu coração. Ele não sorri, sua expressão está quase neutra se não fosse pelos seus olhos que expressam uma profunda tristeza. Eu tento alcançá-lo, mas toda vez que tento entrar no meio daquelas mulheres, todas me empurram, me puxam, fazem de tudo para que eu fique cada vez mais longe dele.

– Annie - Ele sussurra para mim.

Eu acordo de repente, mas não estou assustada. Droga de sonhos. Eu me sento na cama e trago o travesseiro comigo. Quero saber se Finnick já chegou... Mas se ele tivesse chegado, provavelmente estaria comigo.

Droga. Eu não tenho mais nenhuma certeza na vida. Eu deveria ter ficado em casa, apenas esperando-o como faço todos os anos. Como faço sempre.

Abraço meu travesseiro e enterro meu rosto nele, esperando que isso me ajude, mas de nada adianta. Então ouço algém entrando no quaro.

– Finn? - Eu desenterro meu rosto.

E lá está ele. Finnick parece cansado, exausto e também triste. Me lembra a imagem do sonho que eu acabei de ter, isso faz um nó enorme se formar na minha garganta.

– Desculpe a demora - Ele diz e se senta ao meu lado.

Eu o puxo para a cama e me aninho em seu colo. Finnick me abraça e me aperta contra si.

– Já já isso vai acabar, Annie - Ele diz e beija a minha testa. - Eu prometo.

Eu não consigo entender muito bem as palavras dele, mas elas me trazem um pouco de esperança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Annie e Finnick - Até que a morte nos separe." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.