Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 17
Tributos




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–A coroação será feita do distrito quatro. - Lavigne parece animada com tudo aquilo.

Eu não entendo muito bem a importância de tudo isso para ela, tudo o que eu queria era voltar para casa e estava feliz que poderia fazer isso mais cedo. Ouvi Mags conversando com Finnick, ela disse que a entrevista tinha sido um fracasso e por isso seria melhor a coroação ser no nosso distrito. Snow acha que talvez eu esteja mais saudável la. Se ele quisesse alguém emocionalmente estável, talvez não devesse fazer a porcaria dos Jogos Vorazes em primeiro lugar.

Não me importo de que a entrevista foi um caos, não me importo da coroação ser no meu Distrito, não me importo com nada disso, tudo que eu quero voltar e esperar que esse pesadelo passe. As vezes eu tenho esperança, principalmente quando estou com Finnick, mas é só me deixarem sozinha que eu começo a ter alucinações com os jogos. Estou cansada de tudo isso, cansada de chorar e cansada de deixar os outros cansados, principalmente Finn.

Quando entro no trem eu vou direto para o que seria o meu quarto. Me enrolo na cama e abraço o travesseiro como fiz da última vez. Pego no sono antes mesmo do trem começar a se mover.

A garota do distrito oito me encara com um sorriso nos lábios, mas seu corpo está caído e sem vida, seu pescoço está virado para trás, pois Bantok o quebrou. Eu ando mais um pouco dentro daquela floresta e vejo um garoto pequeno e loiro, deve ter seus treze anos de idade, seu rosto está deformado, pois um grupo dos distrito três e sete bateram tanto nele que seu rosto se deformou, o garoto demorou dias para morrer depois de sentir muita dor por conta do traumatismo craniano. Quando olho para baixo, vejo que não estou mais pisando na grama alta, estou pisando nos corpos dos meus adversários da Arena. Todos os corpos deformados, mutilados, posso ver cada um deles e é nítido a causa da morte de cada um.

– Por que você ainda está aqui? - Uma voz familiar me pergunta.

Quando olho para frente vejo Dallon, ele está segurando a sua própria cabeça.

Acordo de repente, mas eu não grito, apenas me levanto e saio da cama. Fico andando de um lado para o outro, pensando nos tributos. A garota do seis, o garoto do três, a menina do onze... A medida que vou pensando em cada um deles, vou me lembrando de como foi a morte dos que eu penso. Todos passam pela minha cabeça e começam a falar comigo, eles narram as suas mortes e me deixam em pânico. Eu me sento no chão e abraço as minhas pernas junto a corpo.

–Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze doze. - Repito os números dos tributos e a morte de cada um deles em minha cabeça - Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze. - Mas eles começam a aparecer de forma aleatória - Três, oito, quatro, cinco, doze, sete. Oito, dois, nove, quatro. Cinco, três, onze, um, seis,. Nove, dez, quatro, um.

Eles continuam aparecendo de forma aleatória e eu continuo repetindo os números deles sem saber por que. Levo as minhas mãos aos ouvidos e fecho meus olhos com força, mesmo assim eles não me deixam em paz.

– Oito, cinco, quatro, onze, três, sete, nove, doze, um, dois, seis dez.

Ouço alguém entrando no meu quarto.

– Quatro, Quatro, Quatro. - Dallon e sua cabeça não param de me assombrar.

– Annie? - Ouço a voz cansada de Mags e paro de fazer o que estou fazendo imediatamente para olhar em seus olhos. Mas mesmo assim eu continuo ouvindo aquelas vozes na minha cabeça. - Annie, o que está acontecendo?

Eu não consigo dizer, não consigo formar palavras em meu cérebro que façam sentido, então apenas continuo fazendo o que estava fazendo antes, mas agora eu encaro Mags.

– Quatro, Dois, Tres, nove, doze, um, oito, sete,dez, cinco, seis, onze.

Minha mentora parece entender o que está acontecendo na hora.

– Finnick! - Ela grita para o corredor - Finnick, preciso de voce aqui.

Posso ouvir que ele vem correndo pelo corredor. Ele entra no meu quarto e Mags nos deixa sozinhos. Ele se senta ao meu lado e eu vou para o seu colo, imediatamente.

– Quatro, dois, tres, cinco, sete, seis, nove, onze, um, oito dez, doze- Eu nao paro de dizer.

–Não consegue tirar tudo aquilo da sua cabeça, não é mesmo? - Finnick pergunta.

Eu faço que não com a cabeça e seguro o meu choro com tudo o que tenho. Não aguento mais chorar. Não preciso mais disso, Finnick está comigo.

– Shh - Ele me aninha em seus braços.

– Eles não saem da minha cabeça, Finn - Eu confesso - Eu já mandei todos embora, mas eles insistem em ficar.

– Eles vão sair daí - Ele diz - Eles também ficavam na minha cabeça, mas agora já saíram.

Finnick tinha razão. Eles iriam sair da minha cabeça, mas a minha pegunta era: quando?


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