Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona


Capítulo 12
Assassina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634044/chapter/12

Tudo parece estar acontecendo em câmera lenta, todos saem de suas bases e eu posso ver cada passo que dão em direção à Cornucópia.

– ANNIE - Alguém grita e eu volto ao tempo real, onde tudo está acontecendo muito rápido.

Dallon está gritando por mim, chegando perto da Cornucópia. Eu corro o mais rápido que posso e, ao chegar na Cornucópia, pego a primeira arma que consigo, um facão enorme em cima de um balcão.

Alguém me puxa pelo cabelo e eu caio, então vejo uma garota vir em minha direção. Tudo o que consigo fazer é estender os braços, posicionando a faca em minha frente e fecho os olhos. Sinto um peso em meus braços e ouço alguém tossir. Quando abro os olhos a garota está me encarando com os olhos arregalados e vermelhos, sangue sai da sua boca. Demoro alguns segundos para entender que minha faca atravessou seu corpo.

Eu empurro o corpo - talvez ainda vivo - da menina para o lado e tiro a faca de sua barriga. Estou horrorizada, com um grito preso em minha garganta. Vejo que todos lutam a minha volta, menos eu.

Bantok corta a garganta de um garoto pequeno, Dallon enforca uma menina mais velha e isso é tudo que eu consigo ver. Logo o silêncio ensurdecedor preenche o local e em seguida ouço o barulho de canhões. Não tenho - e nem consigo - me concentrar em quantas bombas ele solta, ainda estou impressionada, um daqueles tiros foi por minha causa.

Me volto para a garota e vejo que ela realmente está morta. Ela tem o cabelo ruivo ondulado colado na cara e seus olhos continuam arregalados olhando para frente.

– Temos muito trabalho pela frente - Diz Bantok, e eu levo um susto - Vamos continuar nossa caminhada

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Chloe, a garota do Distrito Um, não é nada adorável. Ela é muito ágil e esperta. Seu porte pequeno faz eu me sentir grande demais e completamente sem jeito perto dela. A menina é rápida, poderia me matar sem que eu nem percebesse. Seu parceiro, Grígor, é um pouco mais alto do que ela, ficando mais ou menos da minha altura. Ele é magro e tem seu corpo definido, talvez definido até demais, o que me dá a impressão de que ele é uma cópia exata de um boneco de plástico da capital. Bantok e Dallon eu já conheço. A garota do Distrito Dois se chama Évra e ela é um pouco bruta. A menina tinha uma sede de sangue que me parece desumana. Eu continuo horrorizada por tirar uma vida e ela se gaba por ter tirado quatro. Não sei com quem devia me preocupar mais, pois isso resolvo ficar ao lado de Dallon, sempre. Essas pessoas são os meus aliados, mas isso não significa que eu confie neles. Confio em Dallon, mesmo esse sendo um jogo de vida ou morte na qual teremos que enfrentar um ao outro mais cedo ou mais tarde.

Não gosto de pensar nisso.

Todos nós pegamos uma mochila da cornucópia e enchemos de comida. Depois de andar por quase uma hora, finalmente encontramos um rio pequeno que corre devagar. Seguimos o rio até a nascente e descobrimos uma enorme barragem.

– Vamos subir? - Pergunta Chloe.

– Melhor não - Diz Grígor - Podemos escorregar e cair. Melhor enchermos o cantil por aqui mesmo.

Resolvemos seguir o conselho de Grígor e enchemos todos os cantis que temos. A barragem é realmente grande, se alguém caísse dali provavelmente morreria com a queda. Não devíamos nos preocupar em subir a barragem quando temos água de uma falha logo aqui.

Continuamos andando durante o dia inteiro. Encontramos dois tributos no caminho e eles são aniquilados. Um deles era o garoto do Distrito Seis, o mesmo que Dallon estava brigando durante o treinamento. A garota robusta do distrito Dois corta-lhe a garganta. Eu não consigo deixar de olhar enquanto o corpo do garoto perde sua vida. Uma cena que não vai ser fácil de tirar da cabeça.

Seja forte, Annie. Tento me lembrar a mim mesma.

Quando a noite chega, montamos acampamento. Nós fazemos uma fogueira, comemos pêssegos que trouxemos na mochila e resolvemos descansar.

Posso ver os rostos dos nossos oponentes no céu, eu os conto e percebo que quatorze já se foram. Me pergunto quantos mais eu preciso esperar para sair daqui.

Dallon se oferece para montar guarda e todos pegam no sono rápido, menos eu. Toda vez que fecho os olhos a imagem da garota ruiva me vem a cabeça. Descobri que ela é do Distrito Oito e seu nome era Evelin.

Desisto de dormir por um tempo e vou para o lado de meu amigo. Dallon apenas encara o céu enquanto eu me acomodo ao seu lado. Deito em meu saco de dormir e encaro o mesmo lugar que ele.

– Eu sabia que não conseguiria dormir - Confessa ele - Por um minuto pensei que estivesse preparado, mas...

Ele mesmo se interrompe e respira funo.

– É, eu sei - Digo a ele - Não consigo parar de pensar neles também.

– E esses caras... A garota do Dois mata pessoas como se estivesse matando insetos.

Agora eu respiro fundo e tento mudar de assunto.

– Você lembra das cores dos corais?

Dallon parece confuso. Ele me olha com uma cara que diz "e quem liga para corais numa hora dessas?". Mas quando seus olhos encontram os meus sua expressão se suaviza.

– Não é nem rosa, nem vermelho..

– Nem laranja e nem salmão - Eu o completo.

– Que coisa mais inútil - Ele ri. - Lembra de quando você cortou o seu pé no coral quando tínhamos uns doze anos?

Eu rio um pouco com aquela lembrança.

– Eu chorei por horas, mesmo depois de sair da água - Digo.

– Sim - Ele ri - Você ficou chateada, porque achava que ia atrair tubarões com o sangue do seu pé.

– E eles iriam comer todos os peixem que eu devia pescar no dia seguinte.

Rimos de nossas histórias por mais alguns minutos, até alguém do nosso acampamento nos mandar calar a boca.

– É melhor você dormir, Annie - Diz Dallon, por fim.

Eu me aconchego no saco de dormir, mas não saio de seu lado.

– Eu te protejo - Diz meu amigo.

E eu acredito nele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Annie e Finnick - Até que a morte nos separe." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.