O olhar da reconciliação escrita por Ponyo


Capítulo 1
Não vai ter próxima vez


Notas iniciais do capítulo

"One-shot para o concurso do grupo Escritorinhas e Leitorinhas."

Frase/Imagem 12

Boa leitura...



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"Somos julgados por aquilo que não podemos mudar. Que não pode ser mudado, mas deve ser suportado" – Hyuuga Neji

Em todo lugar para onde possa se olhar, haverá alguém para estar ao seu lado, mesmo você não tendo notado, sempre terá alguém por você para desabafar, ter um abraço sincero e um sorriso reconfortante. A pessoa que aquele homem desejava estar ali para apoiá-lo não estava naquele momento, não estaria ali naquele dia e não estaria ali mesmo se ele implorasse. Itachi, precisando de conforto, esse que ele nunca pensou precisar novamente foi de encontro à fotografia da família, onde as quatro pessoas ali tinham sorrisos verdadeiros, unidos pelo amor. Naquele fim tarde, estava chorando inconformado, deixando sair àquilo que ficou sufocado nele por longos anos. Gritar, chorar, desabafar na escuridão no corredor da sua casa, que se mantinha só, era algo doloroso, não ter com quem partilhar a dor, era algo que fazia com que a mascara invisível - de alguém que aparentava ser insensível aos sentimentos alheios - que botava todos os dias antes de sair de casa, se desmoronasse.

Meses atrás quando recebeu o telefonema do medico que cuida da sua saúde lhe pedindo para que fosse ao seu consultório, não sabia que estaria indo de encontro àquilo que menos desejava após fazer exames para saber o que tinha por ter dores de cabeças fortes constantemente. O que o medico disse quando estavam a sós no seu consultório, quase fez com que a mascara daquele homem caísse, e com um sorriso falso que sempre dava ele despediu - se do medico e foi para o lugar que se sentia em paz. Decidindo ir a pé para a praia já que o hospital ficava em frente à mesma. Quis andar para descontrair um pouco, pois quando esta parado, pensando demais, cria teorias e no momento, só queria estar em paz, ou com seu querido irmão. Como pensava, aquilo que menos desejava veio a tona, na verdade ninguém a deseja, “a morte é esperada, não desejada”, assim pensava.

Hoje tinha decidido, não queria sofrer com aquilo, seria doloroso e não aguentaria. Itachi já tinha organizado tudo, sabia que não teria tanto tempo. Teria que falar com seu irmão, por mais que desejasse vê-lo mais uma vez, sentia medo de como seria recebido. Seu irmão já se tornara pai de uma garotinha que ele nunca teve contato, mas sentia um amor grande pela mesma, e se suas contas não estivessem erradas fazia 12 anos que não via Sasuke desde que saiu da maternidade aos murros dados pelo seu próprio irmão. Só viu a garotinha recém-nascida de longe, quando Sasuke e sua mulher Sakura estavam saindo do hospital. Estava escondido entre as arvores próximas a entrada do hospital e Itachi viu tão pouco, cabelos pretos, como uma Uchiha, e sem se dar conta estava emocionado, sorrindo bobo. Seu irmão se tornara um homem de sorte, uma bela mulher e uma filha, ele agora tinha sua família, e claro Itachi não estava contado ali.

Suspirou mais uma vez, estava deitado no sofá, coberto por uma manta grossa. O começo do dia estava frio e a luz que ele sempre privava de entrar em sua casa, agora estava iluminando todo o cômodo. Estava pensando no que fazer, algo que seu irmão não expulsasse a ponta pés. Já deixara seu orgulho de lado e choraria se fosse preciso na frente daquele que é especial para ele só para trocar algumas palavras. Suspirou novamente, ficar sentado e criando teorias não iria ajuda-lo em nada, levantou-se o mais lento possível, o dia frio estava o fazendo ficar com preguiça. Falaria se possível, com seu irmão naquele mesmo dia.

***

Itachi não sabia se estava realmente pronto para aquilo, mas não era mais questão de poder e sim teria que fazer aquilo. Sentiu um grande alivio por saber que seu irmão morava na mesma casa de doze anos atrás, uma placa logo na entrada da residência com o nome Uchiha fez Itachi suspirar aliviado. Um pouco apreensivo e aos poucos tomando coragem, foi até a porta, tocando a campainha que não precisou nem ser tocada pela segunda vez, a porta a sua frente foi aberta as pressas, assustou-se ao ver uma garota, amenizou a cara de surpresa ao constatar quem era, não tinha duvidas, era sua sobrinha, cabelos pretos, olhos da mesma cor e muito parecida com seu irmão. Uma bela garota ela se tornara, queria ter visto o crescimento da mesma e se tivesse pensado um pouco mais antes de ter ido as pressas para a casa do irmão, teria comprado alguma lembrança para ela. A garota o olhava com os olhos arregalados e com as mãos ainda na porta.

Surpresa era a expressão que Sarada tinha em seu rosto, aquele homem alto, parecido com seu pai, ela não deixara de perceber a beleza dele, de porte que a fazia ficar tímida, ele a olhava de um modo curioso, sentiu suas bochechas esquentarem, queria perguntar quem era, mas sua mãe logo aparece atrás e de forma surpresa falou:

— Itachi — Sakura continuava bela aos olhos do Uchiha mais velho, estava com uma cesta em mãos e usando avental. A forma como disse seu nome foi de surpresa com misto de felicidade. Sakura olhou para sua filha que ainda encara Itachi da mesma forma de quando o recebeu — Minha filha, por favor, nos de licença — Sarada a olha franzindo o cenho.

— Ah, não mamãe... — Sakura lhe dirigiu um olhar de modo que fez Sarada entender que nenhuma coisa que falasse a faria ficar ali. Suspirou derrotada — Só me diga quem é esse moço — Falou de forma vergonhada, olhando de esgueira para Itachi.

— Ele é uma pessoa muito importante para o seu pai, mas deixa-me primeiro conversar com ele, tudo bem? Porque não vai terminar aquilo que estava fazendo para o seu pai? — Sakura falou com doçura. Não tinha como Sarada falar ao contrario, suspirou derrotada:

—Tudo bem - Dando uma ultima olhada, Sarada saiu da vista de Itachi. É claro que ela não iria perder a conversa. Já tinha terminado de fazer os biscoitos que fez para o pai assim que a campainha tocou. Ficou de esgueira na divisória da cozinha para sala, não queria contrariar a sua mãe, mas ficou muito curiosa para saber quem era aquele homem que até agora só sabia o nome.

Sakura deu espaço para Itachi entrar na casa, ele entrou pela primeira vez no cômodo, uma casa simples, mas com ar familiar, tinha fotos da Sarada nas paredes e uma foto que chamou sua atenção na estante próxima ao sofá, parece que foi tirado há pouco tempo, estavam Sakura, Sarada e Sasuke, sorriu ao ver o irmão com expressão mais madura, não parecia o pirralho que vira há anos atrás, os cabelos agora estavam maiores, batendo no ombro e uma franja cobrindo o olho esquerdo.

— Essa foto foi tirada meses atrás — Sakura fala fazendo com que Itachi saísse dos seus pensamentos — Por favor, sente-se — E assim ele fez, sentou-se no sofá e Sakura, em um acento próximo onde ele estava — Quer algo para beber?

— Não precisa se incomodar — Finalmente sua voz saiu, ainda estava nervoso por estar ali, parecia uma criança, olhava para todos os lugares, sentindo-se curioso, nunca parando em um só lugar. Era a primeira vez que estava ali e fora tão bem recebido. Suas mãos que estavam em suas coxas se apertarão demostrando nervosismo. — Você já deve saber por que eu vim até aqui.

— Sim, pelo Sasuke. Só que não entendo o motivo, depois de tantos anos, vir aqui só agora — Sakura não queria soar de modo grosseiro, mas nunca conversou com Itachi, o que a deixa também nervosa por não saber que palavras usar. Sabia do ódio do seu marido sobre Itachi, só que nunca perguntou o porquê e se Sasuke um dia quisesse falar, esperaria seu momento.

— Aconteceram muitas coisas para mim há alguns meses, já tentei vir aqui alguns anos atrás, mas nunca tive coragem de olhar o Sasuke sem ter algum motivo, mas hoje tenho um motivo claro para vir, falar não só com ele, mas com você também. Vejo o bem que esta fazendo a ele e se me recebeu de bom agrado, quer dizer Sasuke não deve ter lhe dito nada ainda.

— Realmente Sasuke não me disse nada sobre seu passado com você. Só lhe reconheci por causa da foto que Sasuke tem da família — Sakura coçou a bochecha com a ponta do dedo de modo envergonhada — Fiquei curiosa sobre você, devo dizer que até bem diferente do que imaginava... mas vamos deixar essa conversa de chegados para outra hora. Creio que veio falar algo ao Sasuke. Mas Sasuke volta só de noite. Então nesse tempo, queria que me contasse. Desculpa ser tão intrometida sobre esse assunto, mas eu queria saber algo sobre o passado do Sasuke, que ele tanto esconde. Você tem um efeito muito grande sobre o Sasuke, não sei como ele ira reagir por você estar aqui — Os olhos dela estavam com lagrimas, Sakura sempre foi frágil e fica difícil de segurar seus sentimentos quando sobre o marido. Aquele homem a sua frente fez algo que magoou profundamente seu amado, mas não teria direito de julga-lo sem saber o que ele fez, afinal era irmão do Sasuke, tio da sua filha, queria saber algo a mais do Sasuke.

Itachi estava tocado de uma forma que fez engolir em seco. Via o amor transbordar daquela mulher quando falava sobre seu irmão e ao mesmo tempo em que se sentia feliz sentia inveja por ele ter alguém que esta cuidando e preenchendo seu vazio. Suspirou fechando os olhos. Sakura a sua frente teria que saber da verdade, só de olha-la sabia a agonia que ela tinha por não saber de quase nada sobre o passado de Sasuke e a família. Começou a falar de modo seguro chamando atenção da Sakura:

— Quando Sasuke era pequeno, e eu na entrada da adolescência, éramos muito unidos, brincávamos e treinávamos juntos, éramos completamente diferentes de agora. Sempre nos reuníamos nos domingo, mãe, pai e Sasuke, mesmo que nosso pai dificilmente mostrava alguma expressão, sabíamos que ele gostava quando a família estava reunida. O único mal da nossa família eram as intrigas por parte de outros familiares. Meu pai era dono da empresa mais bem sucedida da família e os olhares de inveja nos sondavam. Tínhamos um primo, ele era o que mais fazia alarde, sempre querendo algo a mais na empresa, mais dinheiro, mais responsabilidade na empresa. Meu pai sempre me dizia para tomar cuidado. Madara era seu nome. Esse homem fez com que a maioria dos Uchihas odiasse o meu pai inventando, mentiras que não sei como ele dava provas. Em uma noite, estávamos indo dormir depois de Sasuke ter recebido o primeiro elogio do nosso pai por ter ido bem na escola, ele estava tão feliz que mesmo estando tarde ele não conseguia dormir, assim ficando no meu quarto. Sasuke já estava dormindo quando escutei nossa mãe gritar.

Itachi parou e respirou fundo. Relembrar aquilo doía, como se estivesse no dia. Mesmo passando muito tempo, a dor estava ali, apertando o seu peito.

— Eu corri as pressas entrando no quarto da minha mãe e ela estava não chão encolhida e tremendo olhando para canto do quarto e quando eu vi meu pai estava lutando com Madara, aquele filho da mãe. Eu não pude fazer nada a não ser ficar atrás da porta escondido. Mas tudo mudou quando ele sacou uma arma e apontou para os meus pais. Sasuke também presenciava tudo estático, só suas lagrimas eram derramadas. Doeu-me tanto ver aquela expressão no rosto dele. Eu sabia que Madara iria atirar neles, mas antes de eu poder fazer algo, nossa mãe me olhou. Ela me viu ali e com desespero, disse sem voz para irmos embora. Sasuke também entendeu e ficou desesperado. Ou fugíamos e sobrevivíamos ou ficávamos e éramos mortos também. A ultima troca de olhada minha e da minha mãe me fez entender que doeria mais nela nos ver também naquela situação. Peguei Sasuke nos braços, ele estava tremendo e se debatendo querendo se soltar de mim e corri, corri como nunca na minha vida, e só depois que estávamos fora de casa escutamos dois tiros. Sasuke desmaiou e eu estava sem forças, acabei desmaiando também. Quando acordei soube que estava no hospital, sem saber como havia chegado ali ou quem havia nos ajudado. Tinha uma carta em minhas mãos e é essa que eu quero entregar ao Sasuke.

Itachi tirou do seu bolso a carta e entregou para Sakura que com a mão tremula pegou. Suas lagrimas rolavam em seu rosto, era um resumo do que aconteceu com seu amado e o irmão, mas eles sofreram tanto desde pequeno, não imaginaria que fosse algo assim.

— Eu não consigo imaginar o seu sofrimento, tomando aquela decisão... Mas porque Sasuke lhe odeia tanto ao ponto de nunca querer tocar em seu nome? Até agora pelo que me contou, só fez aquilo que sua mãe desejou, eu a entendo, a dor de perder um filho com certeza seria demais para ela — Sakura passou a mão em sua bochecha limpado a lagrima.

— Creio que o ódio de Sasuke por mim começou no exato momento em que eu o carreguei e deixei nossos pais serem mortos. Correndo como um covarde, e ele sempre me chamava assim. Ficamos juntos por um ano sendo cuidados pelo amigo do meu pai. Eu não conseguia mostrar outra expressão se não tristeza, até com ele eu não conversava e nos distanciávamos aos poucos. Pensei em estar fazendo mal a ele, sempre que me via virava a cara. Então fiz o que achava ser melhor para nós dois. Fui morar com meu melhor amigo, ele chorou e me chamou de nomes que eu nem sabia que ele tinha aprendido com aquela idade. Enquanto eu partia sem olhar para trás, só cheguei a chorar quando ele disse que me odiava e sentia enojado por ter um irmão que lhe abandonara, um verdadeiro covarde.

Uma lagrima rolou de seus olhos e Itachi prontamente passou a mão, fungou e se levantou. Estava atordoado e de certa forma aliviado por compartilhar aquilo. O único no qual ele havia falado sobre aquilo que vivenciou era seu grande amigo Shisui. Mas sentiu conforto em falar tudo para Sakura, pois sabia que não se arrependeria.

E como se fosse algo tão anormal, o que parecia para ele, foi abraçado pela garota de cabelos rosa. Seus olhos arregalados com a expressão de surpresa. Um abraço tão gentil e reconfortante, abraço igual sentia quando caia e sua mãe vinha lhe confortar. Retribuiu sem pensar duas vezes. Sakura não esperava ser retribuída, fechou os olhos e deixou suas lagrimas saírem novamente.

— Não pense que o que você fez foi algo errado, você não tinha escolhas. É claro, doloroso escolher entre a sua vida e do Sasuke a dos seus pais, você não tiveram escolhas. Sua mãe confiou em você para cuida-lo, ainda pequeno ter que levar todo o peso, angustia, magoa e ódio do Sasuke, tudo sozinho. Você se saiu tão bem, mas deixar o Sasuke sozinho foi um ponto a menos, ele também precisava ser guiado, estava cego pela magoa e ódio e só precisava de amor e compreensão. Quando o encontrei era só um garoto que ao passar do tempo se tornou rude e frio, mas eu sabia que lá dentro era só um garotinho assustado com medo de se magoar novamente — Sakura se soltou de Itachi, segurou seus ombros e o olho com seus belos olhos verdes, agora um pouco avermelhados por causa das lagrimas — É assim que eu também lhe vejo, dentro dessa pose toda um garoto que só precisa ser amado e ter o carinho da família. Eu não sei os motivos por ter vindo só agora, mas agradeço por ter confiado em mim as suas palavras. – Deu um grande sorriso, não era triste, ao contrario disso, deu a Itachi segurança.

— Desculpa por te abraçar do nada — Falou de forma envergonhada, suas bochechas ganharam uma tonalidade avermelhada. Itachi balançou a cabeça em negativo. Falou de forma amigável:

— Tudo bem, acho que eu precisa disso. Me sinto melhor. — Ambos agora sorriram verdadeiramente um para o outro, estavam mais a vontade.

Sarada também estava emocionada, então aquele homem era seu tio. Queria sair e também abraça-lo, mas sua visão não estava boa, começou a ficar embaçada e mesmo com óculos não enxergou nada, sentiu uma dor grande a cima dos olhos e caiu no chão, chamando a atenção de Itachi e Sakura, que saiu correndo em socorro a filha.

***

Já passava mais de duas horas que estavam no hospital. Quando viu Sarada desmaiada no chão da cozinha, Itachi a pegou rapidamente no colo e levou para o hospital juntamente com Sakura. Não era idiota e sabia que Sarada precisava de cuidados especiais, esses que talvez Sakura e Sasuke não tivessem condições para manter. Sakura se aproximou dele, estavam na sala de espera do hospital e Sarada estava sendo atendida naquele momento.

— Me desculpa pelo transtorno — Fala envergonhada a mulher de cabelos cor de rosa, chamando sem querer atenção de Itachi.

— Não precisa se desculpar, além do mais é minha sobrinha. Fiquei muito preocupado de vê-la daquela forma.

Sakura suspirou antes de falar:

— A Sarada tem uma doença nos olhos, Ceratocone. Bom, ela tem problema na córnea, e se não fizer logo uma cirurgia de transplante de córnea afetara sua visão e ela poderá até ficar cega. Não tivemos respostas aos tratamentos e isso deixou Sasuke muito abalado. — Também estava abalada, fazia tempo que sua filha não desmaiava daquele jeito e seu coração faltou sair pela boca quando a viu no chão desacordada.

— Entendo — Itachi ficou um pouco aliviado, mas ainda estava bastante preocupado. Pensava que a doença que ele tinha fosse hereditária e se Sarada tivesse o mesmo que ele não queria nem imaginar como Sasuke e Sakura iriam superar aquilo. — Vocês precisam de um doador, não é isso?

— Sim, mas faz anos que estávamos no banco de espera, sempre alguém vai na frente por ter algo mais grave. Porem quanto mais o tempo passa, mas ela vai piorando, e eu não quero e não posso imaginar o pior para minha filha. — Desespero tomou conta de Sakura e Itachi não sabia como reagir. Por um lado a doença estava o levando, mas por outro lado ele tinha uma esperança para a sua sobrinha. É claro que não pensaria duas vezes e faria o que fosse preciso para que seu irmão não sofresse mais.

— Sakura, tenho algo para te contar.

***

Naquela mesma tarde, alguns minutos depois, Sasuke chegou em casa, cansado, só queria ser recebido pela sua filha com um “bem vindo de volta papai” e um beijo da sua mulher que tanto amava. Mas aquilo não aconteceu quando abriu a porta. Como sempre fora desconfiado já ficou alerta. As procurou em silencio, cada cômodo da casa, desistindo ao mesmo quando voltou para a sala e não encontrou nenhuma das duas. Suspirou alto, e estralando os pescoço quando viu um papel no chão, pegou, sentou-se no sofá e começou a ler. A cada palavra lida suas feições mudavam, surpresa, tristeza, angustia, tudo o que pensou ter deixado a anos estavam voltando por ler aquele papel. Suas mãos tremendo segurando forte o papel se perguntava como aquilo foi parar ali.

Não soube quanto tempo ficou ali divagando em pensamentos, nem a porta sendo aberta o fez sair daquele transe. Uma mão pequena tocou o ombro de Sasuke, e ele logo olhou Sarada ao seu lado assustado. A única coisa que fez foi puxa-la e a abraçar forte. Não iria chorar mais naquele momento, sentir sua filha retribuindo seu abraço o acalmara. Estava aliviado por ter alguém ali para lhe conforta. Seu dia estava sendo cheio de surpresas e ser puxada pelo seu pai para um abraço foi a que mais lhe surpreendeu, não que seu pai seja um homem frio ao ponto de nem lhe dar carinho, mas poucas vezes a abraçava. Não iria perguntar nada agora, só o abraçou forte, estava feliz por fazer esse gesto com ele.

Sakura estava no lado de fora da casa, tudo no hospital ocorrera bem e estava aliviada por saber que a visão da filha não tinha sido piorada. Mas ao mesmo tempo em que estava feliz, pois outra noticia lhe dará esperanças, ela se sentia triste por Itachi, não imaginaria que ele viesse procurar Sasuke naquele momento por estar doente e que queria se despedir de qualquer forma. Teve uma imagem tão boa daquele homem, mesmo que o tempo tenha lhe causado dor, a humildade e ainda estava nele, fazendo algo que para Sakura, palavras de agradecimento não bastavam. O que poderia fazer? Perguntava-se. Faria com que Sasuke aceitasse falar com seu irmão? Faria que com o pouco tempo que Itachi tinha, sentisse o amor e o calor de uma família novamente?

Na despedida, Sakura pediu para que Itachi viesse no dia seguinte mais cedo, ele disse que iria, não perderia as oportunidades que estava tendo. E antes de se virar para entrar em sua casa, Sakura lhe diz com um sorriso no rosto:

—Você salvou o nosso Sasuke, você é uma pessoa muito especial Itachi, não tenha duvidas disso.

***

Assim que entrou em casa Sakura sorrio ao ver a cena de seus dois amores abraçados. Quando viu o papel amaçado nas mãos do marido, a rosada entendeu. Sasuke precisava daquilo e nada melhor do que o conforto nos braços da filha. Sakura só chamou a atenção minutos depois para que eles fossem para mesa jantar. Sasuke passou por ela e lhe deu um beijo na testa com ternura, fazendo a mulher sorrir tímida. Durante a janta, Sarada falou como foi seu dia e Sasuke a escutava com atenção. Mas quando disse o nome Itachi ficou tenso, nunca falou sobre ele para sua filha e Sakura não iria dizer sobre ele.

— Um homem chamado Itachi veio aqui, ele é o irmão, não é pai? Vocês se parecem muito, quero dizer, ele é muito calado igual você e não sorri muito. Ele ajudou a mamãe me levando ao hospital quando desmaiei. Ele é muito legal, mesmo o tendo conhecendo em apenas um dia. — Falou tudo de uma só vez, entusiasmada. Sasuke ficou parado só ouvindo.

Como aquele homem tivera coragem de ir à sua casa depois de tudo? Como Sakura pôde ter botado ele para dentro mesmo ele dizendo varias vezes o quanto aquele homem acabou com sua vida. E como ele ousou em ter contato com sua filha. Com uma raiva súbita, levantou-se da cadeira, sua postura rígida fez Sakura se assusta e Sarada parar de falar. Sasuke olhou para filha, o seu olhar gélido fez a filha se encolher na cadeira. Não entendia o que tinha feito para seu pai mudar de repente.

— Nunca mais chegue perto daquele homem, não quero que você seja manchada pelas mãos sujas dele. — Olhou para Sakura do mesmo modo que olhou para Sarada— Porque o deixou entrar? Porque deu motivos para que ele pensasse que foi bem recebido? Às vezes a sua ingenuidade me dar nos nervos.

— Não fale assim com a mamãe. — Sarada se exaltou. — Eu escutei tudo, ele falou tudo para mamãe, mesmo sendo errado eu escutei, me perdoa mamãe. — Olhou Sakura que chorava em silencio. — Diferente de você ele sofreu sozinho, ele só precisa de alguém para abraça-lo, como eu fiz com o senhor, então porque não para de ser egoísta e o abraça também? Vocês são irmãos, os laços de irmãos não são algo importante? — Não sabia se falar aquilo faria alguma diferença, seu pai é muita cabeça dura, mas cada vez que falava sentia que aquilo era o certo a fazer. Respirando nervosamente, levantou-se e saiu correndo e antes de entrar no quarto, Sasuke pôde ouvir um “Shannaro”. Não sabia se a filha estava o xingando, tiraria suas duvidas depois, ainda estava estático no mesmo lugar, olhando por onde Sarada saiu.

Sakura estava sem palavras, nunca viu a filha falar assim com Sasuke, era sempre tão amorosa e carinhosa. Tinha que tomar uma atitude, levantou-se e quando ia dar um passo Sasuke segurou seu braço, assustada olhou rapidamente Sasuke que estava de cabeça baixa, e com uma voz rouca disse:

—Fique... Sakura. Apenas fique — Sasuke a puxou para mais perto e Sakura o abraçou com ternura. Houve minutos de silencio na casa, mesmo com os sentimentos abalados.

Estava começando a trovejar, fazia um bom tempo que não ouviam aquele som. Pegou Sasuke pela mão o levando para sentar no sofá, parecia com um garotinho de tão acuado. Sentou-se ao seu lado e com carinho alisou o rosto do dele, alisando também os cabelos botando atrás da orelha. Fecho os olhos, aproveitando o carinho da Sakura. Sentia-se protegido e diferente do passado tinha duas pessoas para dar-lhe um abraço que sempre precisou, mesmo que uma delas esteja de cara virada para ele no momento.

Percebendo que Sasuke estava mais calmo, decidiu contar a ele tudo. Não queria mais ver os irmãos assim, teria sido tudo tão diferente se ambos dessem mais valor a felicidade que o orgulho.

***

No dia seguinte, como prometera a Sakura, Itachi se encontrava em frente a porta da casa do irmão. O vento passou pelos seus cabelos e sentiu frio, esfregou as mãos uma na outra antes de tocar a campainha. Assim que a porta se abriu, deu de cara com seu irmão. Surpreendeu-se por ele ter o atendido dessa vez. Sua cabeça estava a mil, vendo seu irmão mais novo na sua frente depois de tanto tempo. Todo o frio que estava sentido estava se passando, e o calor estava quase o sufocando. Seus olhos arregalados de surpresa, a boca tremula e a voz que não saia. Sasuke estava serio, sabia quem iria atender assim que abrisse a porta, estava preparado, na verdade a palavra certa seria, estava fingindo estar preparado. Nervoso e com medo de fazer coisas erradas no calor do momento, então quando atendeu a porta a única coisa a fazer foi ficar parado e serio. A emoção que sentiu por ter visto Itachi naquele momento foram varias, sentimentos que se misturaram entre ódio e saudade. Então fez aquilo que veio primeiro em sua mente, fechou a porta na cara do seu irmão com força. Soltou a respiração que estava segurando até o momento. Escorou suas duas mãos na porta e abaixou a cabeça. A respiração estava, rápida e as lagrimas saíram sem permissão.

Itachi ainda olhava para a porta que fora fechada com tanta força. Tudo bem, melhor que ser recebido à ponta pés, pensou afastando-se da porta e sentou em um batente próximo a porta da casa. Não sairia dali até falar com ele, mas também não iria força nada.

Quanto tempo estaria ali sentado? Nem mesmo Itachi tinha como saber. Estava com frio, seus lábios tremendo e fungando a cada minuto. Mas sair dali não era uma opção. Se não falasse com ele naquele momento, não poderia mais em nenhum. A contagem regressiva da sua vida já estava começando.

Ouviu a porta atrás de si ser aberta lentamente, o som parecia mais como escutava nos filmes de suspense que assistia quando mais jovem. Olhou para trás e viu Sasuke com a mesma cara de quando atendeu pela primeira vez, mas seus olhos estavam vermelhos e olhando qualquer ponto que não fosse Itachi.

— Você ainda esta aqui? — Sasuke se sentiu aliviado pela voz não ter falhado. Segurava forte a maçaneta da porta.

— Tudo leva a crer que sim — Respondeu irônico.

Sasuke o olhou com certa raiva no olhar. Queria que aquele homem a sua frente dissesse tudo o que tinha para dizer e desse o fora e não voltasse mais. Só aceitou ter uma conversa com ele porque Sakura o atormentou dizendo que era importante e que talvez eles não tivessem uma segunda oportunidade. "Somos julgados por aquilo que não podemos mudar” A frase dita por ela passou por sua cabeça.

— Pelo menos não fui recebido à ponta pés como da ultima vez. — A ironia na fala de Itachi continuava, queria mexer mais com o irmão, as faces que fazia era engraçado ao olhar do mais velho.

— Não sabia que guardava rancor, pensei que fosse mais maduro. — Sasuke tentava responder de igual ao irmão, que teve vontade rir no momento.

— Não guardo rancor, mas também não tenho amnésia.

— Já chega dessa conversa sem fundamento. Fale logo o que tem para falar e me deixe em paz, deixe a minha família em paz! — Quase rangeu os dentes quando terminou a frase. O que fez Itachi vê-lo como um leão protegendo a sua mulher e cria e o grande vilão da historia era ele.

Levantou-se, limpando a parte de trás da calça, ficando de igual a igual com o irmão, alguns centímetros mais alto que Sasuke e alguns centímetros distantes do mesmo.

— A Sakura lhe entregou o papel que dei? Você leu? — Falou o mais velho, de modo serio.

— Aquele pedaço de papel velho? O que foi? Pensava que me faria acreditar? Não brinque comigo. Você é capaz de fazer qualquer coisa para se aproximar, mas isso não cola comigo. — A raiva estava contida nas palavras de Sasuke, seu rosto estava calmo, mas seus olhos, se fosse possível soltaria laser por eles.

Itachi decidiu ignorar seu comentário:

— Você acreditando ou não, aquele papel não é uma mentira! Tudo que está escrito, foi nosso pai que escreveu. As intrigas, o plano para acabar conosco, tudo ele sabia. E confiou em alguém para nos dar e nos tirar dali. Eu não sei quem foi e se eu soubesse, pode ter certeza que as coisas seriam diferentes.

Sasuke, como sua filha sempre diz, sendo um belo cabeça dura, estava escutando, mas não aceitando tudo.

— Se tivéssemos ficado naquele dia, teríamos sido mortos. Nossa mãe como ultimo pedido de sua vida, pediu para que fugíssemos. Você talvez saiba como a dor daquele momento foi grande, nos atingiu sem estarmos preparados. Ficar e morrer, ou correr e sobreviver e sim, fui covarde quando os abandonei, a dor que sinto esta até hoje. Os fantasmas do passado caminhão ao meu lado. E a imagem de deixar você sozinho e a que mais me atormenta. Estava no momento difícil para mim, coisas na minha cabeça misturadas entre realidade e ilusão. Eu machuquei pessoas pensando que a dor da perda fosse sumir. Eu era um idiota que não pensei em você e te afastei de mim para que não se machucasse também, pensando que seria melhor mantê-lo afastado. — Suas lagrimas caiam descontroladamente, cada palavra dita não estava saindo como planejara. Tudo ensaiado não estava sendo dito no momento. Ali quem falava era seu coração. Será que assim seu irmão o entenderia?

— Me abandonou, mesmo quando já havia perdido as pessoas mais importantes da minha vida — Encostou-se no batente da porta, escorregou até ficar sentado. O garotinho acuado e magoado estava ali. Seus olhos mirando um ponto que não era importante. Sua voz diferente do irmão estava firme e carregada de magoa — Me deixou sozinho sem ter ninguém, pensando ser um garoto muito odiado por perder as pessoas próximas. Me perguntava que garoto eu era para que as pessoas não desejassem ficar perto de mim. Sentiam pena de alguém que já perdera a família. Eu praticamente vi o inferno. Culpei você por tantos e tantos anos por deixar que matassem nossos pais. Mas e ai, veio a vida adulta. Me casei, tive uma filha linda no qual não posso viver sem, e me perguntava será que aquela pessoa que me abandonou tinha a mesma sorte que eu? Talvez já que sofri tanto e no final a felicidade veio. Você me deixou, eu não estava perto para te atrapalhar. Mas o ódio quase não estava mais em meu coração e sim pena, magoa por ter sido abandonado.— De um homem que quase não demonstrava sentimentos a um garoto sentido. Sasuke estava falando tudo que seu coração estava permitindo. Que mal tinha deixar seu orgulho de lado e falar aquilo ao irmão? Só estava botando tudo para fora porque aquele era seu irmão, seu herói quando ainda era criança.

Itachi não tinha nenhuma intenção de atrapalha-lo. Ver ele dizer essas coisas o fez ver o quanto foi covarde. Abaixou-se perto do irmão, ficando a mesma altura. Olhos nos olhos. A tristeza no olhar de Sasuke, a honestidade nas palavras de Itachi. Sasuke podia muito bem afasta-lo e ir embora, mas o que estava sentindo com seu irmão tão próximo só sentiu quando ainda eram jovens e sem nenhum tipo de ressentimento os rondando.

—Eu te procurei por anos depois que minha vida estava instável. Quando te achei você tinha acabado de se torna pai e de brinde ganhei um soco. Guardei aquilo de lembrança por anos. O fato é que te de deixei, falhei e nada do que eu diga ira mudar o passado que sofremos. Você pode até não me perdoa por te abandonar, me bater e nunca mais querer saber de mim, mas saiba que em nenhum momento deixei de te amar. — Tocou a testa de Itachi com o dedo indicador e médio, e sorrio verdadeiramente para seu irmão.

Aquele toque tão familiar, a última vez que sentiu seus pais ainda estavam vivos. Sasuke com seus olhos arregalados estava sem palavras. O que poderia dizer? Seu irmão a sua frente agindo daquele modo como muito tempo atrás. Fechou os olhos, mas rapidamente os abriu quando ouviu a voz da sua filha:

— Papai — Sarada olhava o pai e o tio de forma curiosa. Seu pai estava em um estado que nunca vira antes. Chegou próxima aos dois, as marcas das lagrimas ainda estavam nos rosto de ambos e os olhos vermelhos fez com que Sarada entendesse que estavam brigando. Chutou a canela do Itachi que caiu sentado no chão de dor, a garota tinha bom chute. Sarada foi próxima ao pai o examinando com olhar para ver se estava bem. Sasuke só fez sorrir de lado e abraçou a filha que foi novamente pega de surpresa pelo abraço do pai.

Todo um mal entendido foi explicado a Sarada no sofá da casa do casal Uchiha. Estavam tomando um chá preparado com carinho por Sakura. Sasuke e Itachi ainda não estavam cem por cento a vontade um com outro e Itachi ainda não contou a ele o que tinha para contar, mas estava bastante feliz e satisfeito por seu irmão ter aceitado e o perdoado. Sasuke pensou e repensou tudo, o que adianta deixar seu irmão? Não iria abandona-lo como seu irmão o fez, e isso ele achou sensato a se fazer. Tomava sua xicara de chá com olhos fechados e satisfeito, só ouvindo Sarada falar tudo para Itachi, que conversava bem mais animado com ela.

***

Com três dias depois daquilo, Sasuke recebeu uma ligação de Shisui, não sabia quem era aquele, mas quando disse que Itachi o estava chamando em sua casa, pediu para que desse o endereço. Aquela manhã já não começou bem, chuva forte atrapalhava seu caminho para ir até a casa do irmão. Não se falaram muito desde de o dia da reconciliação, mas Sarada sempre ligava para o tio, assim fazendo Sasuke trocar algumas palavras com ele.

Fora bem recebido pelo garoto que atendeu por Shisui e estranhou quando disse que Itachi estava no quarto para recebe-lo. Foi até lá, entrou pedindo licença. Olhou o irmão deitado na cama, coberto por um fino lençol até a barriga. O que estava acontecendo ali? Estava se perguntando. Viu a mão do seu irmão se esticando para ele, estava com lagrimas nos olhos disse:

—Pode entrar. Estou feio, mas não mordo, e mesmo que mordesse não teria força para isso. —Sorriu para quebrar o clima pesado.

Sasuke foi se aproximando, sem pensar duas vezes tocou a mão do irmão, sentou-se em uma cadeira no lado esquerdo da cama. Shisui entrou e sentou-se no outro lado.

— O que esta acontecendo, Itachi? — Perguntou nervoso mordendo os lábios. Itachi segurou as mãos do irmão fortemente.

— Meu grande amigo e meu irmão, duas pessoas que foram especiais em minha vida.

— Fique calmo — Itachi sorrio sereno. — Esta tudo como imaginei. Por favor Sasuke, deixe-me dizer tudo, não me interrompa, não tenho muito tempo. — Fechou os olhos

Sasuke sem perceber estava chorando em silencio, o clima de tristeza estava circulando no quarto.

— Há meses atrás eu estava tendo dores constates na cabeça, fui ao medico e tive a noticia que jamais pensei em receber. Fui diagnosticado com câncer terminal e teria seis meses de vida. E tudo que pensei foi: será que esse tempo é suficiente para dizer adeus e talvez conquistar o perdão de meu irmão. Fiz tratamentos que não deram em nada e o final imposto pela doença seria doloroso. É por isso que escolhi esse dia, dia que nossos pais morreram, para tomar os comprimidos letais, na verdade já os tomei assim que você chegou. Minha ausência doeu em você, mas doeu muito mais em mim pois quando me afastei você ainda não entendia o porque direito, mas eu sim e agora eu irei me afastar mais uma vez só que dessa vez para sempre. Me afastei pensando que não te veria, mas felizmente hoje te vejo e me despeço e infelizmente não estaremos juntos como antes. Me desculpa por fazer você presenciar isso, mas eu não consigo imaginar outra forma de lhe dizer adeus. É um alivio saber quando dar um basta no sofrimento. — Sua voz estava ficando fraca — E agora sei, na mercê da morte, o homem que fui, me orgulho de tê-lo protegido e creio que vivi para isso. Você se tornou um bom homem, Sasuke, uma linda família construiu. Meus olhos verão um mundo diferente a parti de agora, você entendera o que quis dizer. — Soltou a mão de Sasuke que estava estático ouvindo suas palavras, tentando digeri-las e como o irmão pediu não o interrompeu. A vontade que tinha era de abraçar Sasuke, mas as forças já não tinha nem para se levantar. Com muito esforço enxuga uma lagrima que escorria.

Itachi aproximou seus dedos na testa do irmão e fez aquele toque tão familiar para Sasuke:

— Agora estaremos mais ligados, pois vou te ver todos os dias. Te protegerei todas as horas e enxugar seus prantos a todo momento que se lembrar de nós juntos. Sempre te amarei meu irmão. Perdoe-me Sasuke... Não vai ter próxima vez. — Último sorriso no rosto. Último suspiro. Suas mãos caíram no colo do Sasuke que seguraram fortemente.

Finalmente deixando sua dor sair. Sasuke jogou – se sobre o corpo do irmão o chamando, mas aquilo nada ia adiantar e ele sabia disso, e só fazia o ficar mais desesperado. Shisui abaixou a cabeça, chorava em silencio.

***

A manhã era semelhante aquela que fora visitar o irmão a ultima vez ainda em vida. Esta indo visita-lo, mas claro não do mesmo jeito que desejaria. Sarada foi correndo quando encontrou o tumulo do tio e logo sentou-se em frente, chorou baixinho e Sasuke ficou um pouco afastado.

— Tio, eu e papai viemos lhe ver. Viemos escondidos porque mamãe disse para eu ficar em repouso absoluto, mas sei que vir aqui não fara mal. Queria agradecer pessoalmente, quando disse que iria me dar algo melhor que um urso de presente, não imaginei que fosse algo tão grande. Ao mesmo tempo em que estou feliz por poder enxergar e não ter mais nenhum problema, estou triste por não ter o senhor aqui compartilhando isso comigo e meus pais. Mesmo tendo nos conhecido tão pouco, eu sinto saudades.

Sasuke que estava atrás ouvindo tudo com um sorriso terno no rosto, não queria interromper a filha, mas era preciso:

— Sarada, temos que ir.

Sarada olhou para seu pai, mas logo voltou sua atenção para frente.

— Certo papai. Hoje foi só o primeiro dia. Foi pouco, mas eu virei mais e encherei aqui de flores cultivadas por mim. Obrigada tio Itachi, o senhor me deu a oportunidade de ver mais uma vez. E virei aqui agrade-lo varias e varias vezes. Seja escondida com o papai ou sozinha. Eu te amo tio Itachi. — Sorrio abertamente, pai e filha sentiram um vento frio passar por eles, ambos fecharam os olhos aproveitando. Sarada botou a pequena flor no vaso, que na verdade nem tinha desabrochado ainda, próximo a foto do tio na lapide. Levantou-se e segurou a mão do Sasuke. Sasuke fechou os olhos e em pensamentos deixou suas palavras para o irmão. Um lagrima desceu pelo seu rosto. Com passos lentos saíram de perto dali, indo em direção para fora.

O pequeno broto solitário em cima da lapide, logo desabrochou quando um forte vento frio passou por ela, uma bela flor vermelha tinha se tornado. Sasuke mesmo um pouco distante virou-se e viu a pequena flor, deu seu costumeiro sorriso de lado.

— Obrigado meu irmão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado.

Obrigada por ler.



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