Tinta Prateada escrita por Candidamente


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou mais uma vez, com a minha terceira Scorose — amo tanto aqueles dois que acho que vou engoli-los — e, olá *-* Não vou ficar tagarelando/digitando aqui. Vamos à leitura que é o que importa u-u Enjoy! *u*



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— Me concede esta dança, srta. Weasley?

Foi aí que tudo começou.

Primeiramente, ela me olhou nos olhos, incumbindo-me a sorrir, pois os seus eram tão incrivelmente azuis e cheios de vida que me senti hipnotizado. Depois, ela sorriu também, fazendo as minhas pernas bambearem e deixando-me em dúvida se eu seria capaz de dançar. Então Rose segurou a minha mão, ainda com aquele belo sorriso no rosto. Dirigimo-nos ao local aonde todos estavam dançando.

Eu levei minha mão à sua cintura, mantendo uma distância respeitável, embora ela tenha me puxado para mais perto de si. Sorri novamente, e Rose retribuiu timidamente dessa vez. Ela abraçou meu pescoço e me encarou profundamente; eu quase tremia de nervosismo.

Nós dançamos em silêncio à melodia daquela música, cuja qual era tão lenta que se a situação e as circunstâncias fossem outras, eu estaria dormindo.

Penso que tive muita sorte quando McGonagall resolveu dar aquele baile, coisa que não acontecia em Hogwarts havia uns quinze anos. Aquele era o meu último ano, já estávamos em maio e eu nem havia percebido que tudo aquilo estava acabando e que, em breve, eu partiria do lugar onde passei os melhores anos da minha vida, para nunca mais voltar. E eu já havia feito tudo o que poderia fazer, inclusive virar a noite na Sala Precisa, tanto sozinho quanto junto dos meus amigos.

O que quero dizer é que eu visitara a cozinha, nadara no Lago Negro às duas da manhã, andara perambulando pelos corredores quando todos estavam dormindo — quase fui pego uma vez, mas nisso Albus e James Potter me ajudavam bastante, até porque eu quase sempre estava envolvido quando eles resolviam aprontar alguma coisa juntos. Eu também entrara na Floresta Proibida — sim, uma única vez, depois nunca mais tive coragem de repetir o feito. Recebi, em média, dez detenções por ano, o que me levou a ser um caso não cogitado para virar monitor — foram poucas, na vista de James, embora ele infelizmente já não estivesse mais em Hogwarts.

Eu era da Grifinória, mas torcia pela Corvinal nos jogos em que as duas Casas se enfrentavam. O meu motivo? Rose Weasley — Albus também era da Corvinal, mas o motivo maior era ela, sem dúvidas. Eu não jogava quadribol e nem me importava muito com isso, porém, um dos meus melhores amigos estava no time e Rose também, portanto eu não perdia um jogo sequer.

E, após ter feito tudo isso e mais um turbilhão de coisas — eu também já dormi na biblioteca sob a Capa da Invisibilidade de Albus; e já invadi sem ninguém saber, as salas comunais de todas as Casas, sendo que a da Corvinal, em especial, encantou-me descomunalmente —, eu ainda não havia conseguido realizar a tarefa mais importante de todas:

Conquistar Rose Weasley.

Sim, ela estava ali dançando comigo e estava mais linda do que nunca. Sim, ela sorria para mim quando me via com uma bandeirola e um cachecol azul e bronze. Sim, ela me abraçava de vez em quando, agradecendo por alguma coisa ou até mesmo porque simplesmente precisava de um abraço.

O problema? Rose Weasley era indecifrável.

Ela fazia tudo isso e uma vez eu cheguei a acreditar que o que eu sentia era recíproco, então a vi com outro cara. O tal Attias Harper, da Sonserina. Um imbecil, não muito diferente de mim. No dia seguinte, eu não consegui prestar atenção em uma aula sequer; aquilo doía tanto, era insuportável. Mas passou, e o que eu sentia não pegou a carona.

E os dois continuaram juntos por um bom tempo. Ela parecia gostar dele, ele fuzilava a todos com o olhar e sorria para ela quando seus olhares se encontravam. Aquilo me irritava, pois eu sabia que Harper não era um dos caras-razoavelmente-legais-da-Sonserina e eu tinha quase certeza de que ele estava apenas usando-a.

Minha certeza fez-se absoluta e eu quase sucumbi, quando a vi com os olhos vermelhos de tanto chorar, no canto mais afastado da biblioteca. Vê-la chorando era tão ruim, tão torturante que eu me senti um verdadeiro Grifinória pela primeira vez e fui ao seu encontro. Afaguei seus cabelos, deixei que deitasse a cabeça em meu ombro, tentei fazê-la pensar em coisas boas e alegres como suas futuras notas maravilhosas nos N.I.E.M.s. Tentei ajudá-la e, no fim, ela me agradeceu por estar lá.

Até então, nós nunca havíamos ficado mais de cinco minutos um na companhia do outro. E, apesar de acabar presenciando o seu sofrimento, aquilo foi bom, pois ela começou a lembrar e confiar mais em mim, daí vinha os abraços que eu lhe dava sempre que precisasse.

Porém nada fazia sentido para mim, e ela se tornava ainda mais complexa. Cada vez mais instigante... e incrível. Eu não poderia dar as costas àquela escola com Rose Weasley incluída no pacote. Eu não poderia chegar a junho de 2024 sem ter ao menos dito a ela o que eu sentia. Eu não conseguiria seguir a minha vida se não tirasse aquele peso das minhas costas, e tinha de ser em Hogwarts, tinha de ser lá aonde ela iria me falar a verdade sobre o que sentia por mim, se é que sentisse alguma coisa.

Por isso, naquele baile, aproximadamente um mês e meio antes do fim do ano letivo, assistindo de longe o quão magnificamente deslumbrante Rose estava em seu vestido azul marinho, com os cabelos vermelhos caindo em cachos rubros sobre seus ombros, eu não podia deixar a minha preciosa oportunidade passar. Vislumbrei outro garoto indo a sua direção, eu não queria ser desonesto, nem trapaceiro, mas aquilo não era um jogo e ele não tinha o direito de estragar tudo; estragar a minha chance.

Confundus — murmurei, apontando a varinha discretamente para o sujeito.

Ele parou a meio caminho da mesa de Rose, completamente perdido. Enquanto a minha pobre vítima fazia esforço para lembrar o que estava fazendo e/ou aonde estava indo, eu me adiantei, caminhando rápido na direção dela.

Enquanto dançávamos, ela falou, olhando em meus olhos, pela primeira vez aquela noite.

— Como você está?

Eu ri e molhei os lábios — minha boca estava seca, minha garganta travada, seria difícil fazer a minha voz sair —, tamborilando os dedos, nervoso, em sua cintura, o que pareceu não incomodá-la.

Pigarreei.

— Ótimo. — consegui dizer. — E você? — Então minha voz começou a normalizar.

— Bem, eu acho.

Rose olhou à volta e pareceu desapontada. Eu não tive coragem de perguntar o que a afligia, mas comecei a me sentir um idiota ali, embora estivesse dançando com ela havia algum tempo, parecia que não era comigo que Rose queria estar dançando. Esta fora apenas mais uma dor relacionada a ela para eu catalogar.

Eu tive vontade de sair dali, mas não podia deixá-la sem dizer o que sentia. Não queria fazer isso comigo mesmo. Então a convidei para dar o fora daquele salão apinhado de gente e sair, fosse para fora do castelo ou qualquer outro lugar.

Para a minha surpresa, ela apertou minha mão e nós saímos quase correndo de lá. Eu estava feliz, exultante, na verdade. Senti-me correspondido, embora ainda não lhe tivesse dito nada. E nós dois estávamos ofegantes quando chegamos à Torre de Astronomia.

O vento era um tanto forte e frio lá em cima, mas Rose não ligou e eu também não, afinal, enfim estávamos sozinhos. Ela olhava para cima, para as estrelas — era época de Lua cheia e, na hora fiquei confuso acerca de para onde ela estava realmente olhando — e enganchou o braço no meu, puxando-me para mais perto ao seu lado, o que não foi difícil, pois, além de estar com as mãos nos bolsos das vestes, tudo o que eu queria era ficar mais perto dela.

— É tão lindo. — murmurou Rose, como se quisesse conservar o silêncio. — Parece até que elas foram bordadas no céu com linha de prata...

Eu, que estivera observando as estrelas, voltei os olhos para a garota ao meu lado novamente. Ela me olhou com o canto dos olhos, a cabeça jogada para trás outrora a fim de capturar cada centímetro do céu. Tive vontade de apertar suas bochechas, pois ela parecia uma criancinha me olhando e sorrindo daquele jeito.

— Você não acha? — ela disse, agora sussurrando.

— O quê? — Eu não estava conseguindo organizar as minhas ideias.

— O céu, Scorpius! — riu-se Rose.

Acho que acabei esquecendo-me da apresentação. Bem, você já deve saber, mas mesmo assim: sou Scorpius Hyperion Malfoy — esqueça Hyperion, este não é um nome exatamente apresentável.

Hum-hum, continuando...

— Ah — Olhei para as estrelas novamente, Rose tirava a minha atenção de qualquer outra coisa, era difícil olhar para ela e não esquecer o que eu estava pensando. — Sabe... acho que parece mais com uma tela negra salpicada de tinta prateada e com uma grande circunferência também prateada a um canto, cuidando das gotinhas de tinta.

Ela pareceu ponderar por um momento, então disse:

— Faz mais sentido...

Ficamos em silêncio e eu já me sentia um covarde só por não conseguir olhar em seus olhos. Ela era segura demais para mim, boa demais para mim, bonita demais para mim, doce demais para mim, até mesmo inteligente demais para mim. Rose Granger Weasley demais para mim. Ainda assim eu não perdia as esperanças, mas soube que havia estragado tudo no momento em que terminei de falar:

— Rose... hã, você... estava esperando alguém no baile?

Seus olhos foram do céu ao chão, literalmente. Ela continuou em silêncio e eu me senti o pior cara do mundo.

— Me desculpe... — murmurei.

— Não, tudo bem... É só que... Quando aceitei o convite de Attias para ir ao baile, achei que ele tivesse mudado, queria dar uma nova chance a ele. E, como você pôde ver, ele me deixou sozinha lá.

— Você vá me desculpar mais uma vez, mas, sinceramente, Rose, aquele cara é um idiota. — soltei, com uma onda repentina de coragem invadindo o meu corpo. Encarei-a.

— Ah, com certeza é. — concordou ela, para a minha feliz surpresa e satisfação. — Um grande babaca.

— Achei que você gostasse dele — comentei.

Ela riu.

— Se eu gostasse, de fato, o estaria xingando com todos os insultos e palavrões que conheço — e não são poucos, pode ter certeza — e estaria chorando, chorando muito. Provavelmente eu teria arranjado uísque de fogo com Lily e estaria bêbada no banheiro dos monitores agora. No entanto, como você pode ver neste exato momento, eu não estou sujando a minha boca com xingamentos, não estou chorando, além de estar na Torre de Astronomia e completamente lúcida.

Alguma coisa no meu estômago rugiu e eu tentei experimentar um pouquinho mais de coragem.

— Então o que você estava fazendo sentada lá, sozinha? — perguntei. — Por que não foi dançar, ou até mesmo chamou alguém?

— Eu estava esperando. Sabia que você viria. — Eu devo ter ficado vermelho e fiz cara de quem não entendeu nada. — Francamente — Ela deu um tapa em meu ombro, sorrindo agradavelmente e mordendo lábio. —, achei que você tivesse alguma coisa para me dizer!

Respirei fundo, olhei para os lados, senti o vento no meu rosto. Pensei. Meu coração estava a mil, minhas mãos tremiam levemente dentro dos meus bolsos; Rose tinha os olhos fixos em mim, em expectativa, e de repente eu tive a sensação de que ela sabia exatamente o que eu tinha a dizer. O nervosismo cessou, por ora. Olhei em seus olhos, fazendo força para não desviar o olhar.

— Por favor, Scorpius, eu preciso ouvir de você.

— Foi o Al, né?

Ela negou com a cabeça e eu me dei conta de que, se não fosse Albus quem a havia revelado o meu segredo mais secreto, só podia ter sido Hugo, pois eu só havia contado aos dois. Rose soltou uma risadinha.

— Nunca conte segredos relacionados a mim para o meu irmão. Ele me conta tudo. — aconselhou. — E, bem, se você não vai falar, eu falo. Porque a verdade é que — e você pode perguntar a ele! —, hã, eu gostei bastante de saber. Foi... reconfortante.

Eu juro que senti meu estômago sair do lugar — embora não signifique que ele tenha saído de fato. Eu senti o calor subir, meu rosto queimou e tenho certeza de que Scorpius Malfoy era uma visão patética naquele momento. Eu hesitei, estava boquiaberto.

— Bem... Você quer conversar sobre o que sente? — perguntei, sorrindo maroto e erguendo as sobrancelhas. Rose assentiu, sorrindo; a melhor visão que eu podia ter de seu rosto iluminado pela bola de tinta prateada lá no céu. — Então, srta. Weasley — Curvei-me educadamente. —, me concede uma última dança esta noite?

Ela colocou as mãos em meus ombros, puxando-me para que eu deixasse a minha posição. Rose me surpreendeu ao agarrar a gola das minhas vestes e me beijar. Eu peguei suas mãos nas minhas após ela largar a minha camisa assim que percebera que seu ato havia sido correspondido.

Nossos lábios se descolaram e eu ansiei por mais, embora apenas tenha levantado uma de suas mãos no alto e a girado. Rose sorria quando murmurou ”Mas é claro que sim, sr. Malfoy”; e enlaçou os braços em meu pescoço como havia feito no Salão Principal, andares abaixo. Abracei sua cintura, dessa vez estávamos próximos o suficiente para que ela, com a cabeça encostada em meu peito, pudesse ouvir o meu coração batendo acelerado.

— Consegui — sussurrei em seu ouvido.

— O quê? — Rose sussurrou de volta.

— A última coisa que eu tinha de fazer antes de partir daqui para sempre. — expliquei, inalando seu perfume. — Eu precisava me declarar para você e ao menos saber se sou correspondido.

Silêncio.

— Ora, mas você não disse nada... — replicou Rose.

— Pois eu ia dizer agora — Ri. — Nós não íamos conversar?

— Ah, é, sim. — Ela riu também.

Contudo, o silêncio predominou naquela noite na torre mais alta do castelo. Nós dançamos por horas, sem música alguma, bem longe do baile que ocorria lá embaixo. Por fim, ninguém disse nada. Permanecemos sumidos a noite inteira e em silêncio.

O silêncio predomina. Até hoje nós ainda não tivemos de dizer em voz alta o que há aqui dentro. Apenas vivemos e sentimos um ao outro, como foi desde aquela noite. A verdade é que nunca foram necessárias palavras... Rose acabou fazendo com que o restinho do meu último ano em Hogwarts fosse perfeito. E, consequentemente, fora da escola, nada mudara. Nós éramos os mesmos e ainda não disséramos nada.


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Notas finais do capítulo

Oie ~de novo~ *_* Então, gostaram? Por favor, faça a minha felicidade nem que seja comentando apenas o que achou. Não importa os números e sim se vocês gostaram ou não, certo? De qualquer forma, agora falando/digitando individualmente, obrigada por ter lido e espero que tenha gostado! Até mais!



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