Omedetou, Sasuke-kun. escrita por Xokiihs


Capítulo 1
Omedetou, Sasuke- kun!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;)



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A princípio tudo estava escuro e surdo. Depois, comecei a ouvir vozes e percebi que estava de olhos fechados. Quando os abri, a claridade me atingiu em cheio, e tive que fecha-los novamente.

- Parece que a bela adormecida acordou, Sarada- chan. – ouvi uma voz familiar, mas não consegui apontar a quem pertencia.

- Não é bela, oji-san, é belo. Papai é menino. – ouvi uma vozinha infantil, e logo a reconheci como sendo a de minha filha. Mas com quem ela estava?

Tentei abrir os olhos novamente, pronto para detectar o homem que acompanhava minha filha, e ver se o conhecia ou não. Quando pude me acostumar, a primeira coisa que vi foi um par de olhos castanho-escuro, que poderiam facilmente passar como negros; depois, analisei o resto do rosto, a familiaridade aos poucos me fazendo reconhece-lo; olhos escuros, duas marcas de nascença que desciam pelos olhos, um sorriso contido e cabelos longos, presos em um rabo de cavalo baixo.

Aquele era ninguém mais ninguém menos que Uchiha Itachi, meu irmão. Ele vestia roupas comuns, todas escuras.

- Bom dia, papai. – tirei minha atenção, com relutância, de Itachi, passando meus olhos para a figura logo atrás dele, me encarando com um sorriso banguela enorme.

Minha linda filha vestia um vestido rosa claro, rodado e florido, como uma verdadeira princesa; os cabelos negros, que caiam sobre seus ombros, tinham duas presilhas prendendo a franja, impedindo de cair sobre seu rosto rechonchudo.

Não pude evitar um sorriso ao vê-la tão crescida e radiante.

- Bom dia, Sarada. – falei, ouvindo minha própria voz rouca pela primeira vez.

- Bom dia para você também, otouto. – desviei o olhar novamente para Itachi, lembrando-me de que ele estava lá. Era difícil lembrar, afinal, ele nunca estava. E, certamente, não deveria estar naquele momento. Ele estava morto, não? – Sasuke?

Bem, se ele estava morto ou não, eu investigaria depois. No momento, teria que responde-lo, pois o mesmo estava me fitando com o cenho franzido.

- Bom dia, Itachi. - respondi, olhando- o com intensidade, tentando encontrar qualquer traço que me informasse que tinha algo errado.

- Onde foi parar o nii-san? – me perguntou, e eu só pude revirar os olhos. Algumas lembranças de quando eu era uma criança do tamanho de Sarada, e seguia Itachi como uma sombra, vindo até minha mente. – Sabe, Sarada- chan, quando as pessoas viram adultos, tendem a ficar mais chatas.

- Quem é chato, oji- san? – Sarada perguntou e Itachi riu de sua inocência; minha filha, sendo a boa Uchiha que era, franziu o cenho, não gostando nem um pouco da falta de explicação.

Explicação esta que não veio, já que uma outra voz se fez presente no quarto; uma voz que eu conhecia muito bem.

- Ora, achei que vocês não tinham conseguido acordar o Sasuke. – disse a mulher de cabelos cor-de-rosa, minha esposa. Ela olhava para mim, com seus belos e radiantes olhos verdes, que entravam em perfeita harmonia com o resto de seu rosto.

Sakura estava mais velha, porém continuava bela. Seus cabelos rosados, para o meu prazer, estavam longos, com a muito tempo eu não via. Caiam como uma cascata pelas suas costas e ombros, lisos e com um brilho próprio. Desci os olhos pelo corpo magro, percebendo que ela também usava um vestido, só que era vermelho – sua cor favorita -, e abraçava as curvas de seu corpo. Estava linda.

- Querido? Está acordado ou dormindo em pé? – ouvi sua voz novamente, e junto a voz veio uma risada de Itachi.

- Talvez seja muito cedo para ele acordar. Não dormiu direito a noite, otouto? – quase revirei os olhos para o tom provocativo, mas meu foco era em Sakura, que ficara vermelha como um tomate – meu fruto preferido.

- Itachi- san, pare de falar besteiras. Temos crianças aqui. – repreendeu meu irmão, que parou de rir mas ainda tinha um sorriso de canto.

- Eu não sou mais criança. – todos voltaram os olhos para a pequena menina presente no quarto, que encarava a mãe emburrada, de braços cruzados. Não pude evitar sorrir novamente, esquecendo temporariamente das provocações de Itachi. Minha filha me distraia com um simples gesto.

- Ah, desculpe, querida. Esqueci-me disso. Oh não, o que farei com os doces agora? Terei que dar todos para alguma criança. – disse Sakura com certo drama na voz, o que atraiu o olhar de Sarada no mesmo momento. Diferente de mim, Sarada amava doces; puxou com certeza de minha esposa.

- Eu ‘tava brincando, mamãe. – respondeu Sarada, desfazendo a pose de durona, e sorrindo – sabendo que aquilo afetava a mãe mais do que tudo. Ela conseguia tudo com apenas um sorriso.

- Eu sabia. Agora, vamos descer para seu pai se arrumar. Venha. – pegou minha filha pela mão e virou-se para sair. Eu quase pedi para que voltassem, mas a presença de Itachi no quarto me impediu.

- O que faz aqui ainda? – perguntei, e Itachi não pareceu perceber a dualidade de minha pergunta ao responder.

- Vista-se logo. Estão todos te esperando lá embaixo. – todos quem? Ia pergunta-lo, mas com um piscar de olhos ele sumiu. E eu tive medo de que sumisse para sempre, novamente. No entanto, podia ouvir vozes abafadas, que vinham do andar debaixo. Não sei porque, mas senti-me aliviado por saber que estavam ali ainda.

Levantei-me, percebendo que estava em minha cama, em meu quarto, na casa que eu dividia com Sakura. Parecia o mesmo da última vez que o vira, quando tinha voltado para casa por um curto período. Era perfeitamente organizado, com poucos moveis e bem arejado. Simples, mas era o que eu e Sakura precisávamos. Ali passávamos bons momentos, aos quais eu levava comigo para onde eu ia, na memória.

Fui até o guarda-roupas, peguei uma calça e uma camisa, ambas negras e com o símbolo do clã Uchiha nas costas. Depois de fazer minha higiene matinal, segui as vozes que ecoavam pela casa, chegando ao segundo andar.

Eu não sabia o que aquilo era, mas definitivamente era uma ilusão. Talvez um genjutsu, mas como tinha sido imprudente o suficiente para ser pego em um? Não. Para mim era impossível cair em uma ilusão. Então era um sonho, constatei. Apenas isso poderia responder ao que eu via no momento.

Na sala de minha casa, sentado no kotatsu¹, tomando algum chá, estava o meu velho pai. Não se virou para me cumprimentar, mas eu sabia que ele tinha me sentido. Seus cabelos estavam grisalhos, o que denunciava a idade já avançada; no entanto, tinha a mesma pose imponente que me dava calafrios quando eu era um menino.

- Sasuke, finalmente acordou. Bom dia! – se antes eu pensava ser um sonho, agora eu tinha certeza. A voz doce e firme de minha mãe soou em meus ouvidos, e ao ver sua figura parada no arco da porta, que dividia a sala da cozinha, senti meu coração aquecer.

- Mãe? – perguntei, apenas para ter certeza. Ela sorriu, e eu me senti iluminado e tranquilo. Essa eram as sensações que minha mãe sempre me passava, quando falava palavras doces para me certificar de que meu pai se orgulhava de mim.

- Sim, querido. Estávamos apenas te esperando.

Me esperando? Para que?

Senti um calafrio ao constatar que talvez eu estivesse morto, como eles. Mas Sakura e Sarada também estavam ali! Será que elas também...? Não. Não podia ser verdade. Elas estavam vivas e aquilo não passava de um sonho. Isso. Uma ilusão de minha mente.

- O almoço está pronto! – Sakura apareceu atrás de minha mãe, com um sorriso animado no rosto. – Ajude-nos a pôr a mesa, Sasuke. Afinal, fizemos tudo enquanto estava dormindo.

Pisquei os olhos, tentando ficar menos atordoado com tudo aquilo. Só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto. Não podia ser verdade! Não era verdade! Era uma ilusão!

- Sasuke? – dessa vez a voz forte de meu pai soou, e eu virei os olhos em sua direção, vendo-o ainda tomando o chá. – Vá ajuda-las.

Foi apenas o que ele disse. Senti um pouco de raiva. Por que até em meus sonhos ele era frio? Por que nos tratava sempre com tanta seriedade? Éramos sua família, não é?

Família. Sim, minha família estava ali. Todos eles. Que ilusão de mal gosto! Quero acordar! Acorde!

Fechei os olhos e os apertei. Queria acordar, aquilo era demais. Eu não conseguiria aguentar.

- Sasuke? – abri os olhos, vendo todos me encarando com confusão. Até mesmo Sarada me olhava com curiosidade.

- Sim? – perguntei, sentindo a garganta seca demais.

- Pelo visto a noite foi realmente boa.

- Itachi! – minha mãe o repreendeu, mas ele apenas riu. Fui caminhando lentamente até a enorme mesa de seis lugares, posta no meio de minha sala.

Sakura alegremente me passava os pratos, os talheres, e eu colocava tudo no lugar. Sarada também ajudava, trazendo um copo de cada vez, carregando-os como se fossem a coisa mais preciosa do mundo.

A mesa foi posta, e todos nos sentamos. O cheiro de salmão, sopa de tomates e arroz preencheu o ambiente, e meu estomago roncou.

- Opa, alguém está com fome. – disse Sakura, rindo com minha mãe e irmão. Meu pai permanecia impassível, enquanto minha mãe fazia seu prato.

Todos começaram a comer, inclusive eu. A comida tinha um gosto ótimo, mas não parecia me preencher. Eu sentia o cheiro, sentia a fome, mas não podia sacia-la. Contudo, as pessoas da minha família pareciam bem satisfeitas.

- Está tudo delicioso, Sakura. – Itachi disse.

- Mamãe, quero mais suco. – Sarada disse.

- Sakura, você é uma ótima cozinheira! – minha mãe disse.

- Sarada, já consegue fazer o Goukakyuu no Jutsu? – meu pai disse.

Mas eu não conseguia dizer nada. Minha voz estava entalada em minha garganta, e tal como a comida não tinha gosto, aquilo não fazia sentido. Perguntas me invadiam, tal como uma nostalgia horrível, que me fazia relembrar de todos os momentos difíceis que tive que passar ao perder minha família. O gosto ruim de ver e não poder tocar, não poder viver aquilo de verdade, era pior do que passar noites a fio no deserto e não ter agua para beber. Era pior do que reviver a cena a qual Itachi me fizera presenciar, com seu genjustsu. Era pior do que ver meu irmão caindo morto em minha frente, apenas para depois descobrir toda a verdade por trás de sua vida conturbada.

- O que faço aqui? – perguntei para mim mesmo, tentando encontrar uma resposta. Alguém podia me responder, qualquer luz que me fizesse compreender aquilo.

- É o seu aniversário, querido. E todo ano comemoramos com um almoço, esqueceu? – Sakura me respondeu, sorrindo. Ao seu lado, Sarada comia seu peixe, lutando para segurar os hachis com sua péssima coordenação motora; ao lado de Sarada, olhando-me com provocação, estava Itachi; a frente de Itachi estava minha mãe, sorrindo e mandando uma piscadela para mim; e ao lado de minha mãe, me olhando com uma sobrancelha arqueada, estava meu silencioso pai.

Era claro que era um sonho. Mas talvez, só talvez, eu devesse aproveitar. Poder ver os rostos das poucas pessoas as quais eu amava, minha família, era uma chance única. No momento, todos estavam juntos e perto de mim. Eu podia alcança-los com a ponta dos dedos, podia toca-los, podia falar com eles. Talvez não fosse tão ruim assim.

Por isso, em meio a lagrimas, as quais eu não fiz questão de esconder, afinal aquilo era uma ilusão, eu sorri. E todos, alheios as lagrimas, sorriram. Até mesmo meu pai, tão reservado, deu um discreto sorriso.

- Obrigado. – eu disse, e esperava que aquilo pudesse tocar seus corações. Eu não era bom com palavras, mas eu queria muito que eles fossem alcançados por minhas poucas palavras. Queria muito que eles percebessem que eu os amava, não importava onde eles estavam. Eu sentia sua falta, todos os dias da minha vida.

- Não há de que, querido. Agora coma. – minha mãe disse, e foi o que fiz.

Comi a comida que não me enchia, mas sentia outra coisa me preencher. O amor, que mesmo que fosse distante, jamais seria inalcançável. Ele existiria sempre dentro de mim, como uma fagulha no meio da escuridão. O amor que era destinado a todas aquelas pessoas, por mais que eu nunca as tenha dito com afinco; eu sabia que elas podiam sentir.

~

Quando abri meus olhos, tudo estava escuro, novamente. Um vento gélido soprava, varrendo a poeira do chão, levando folhas caídas para longe das arvores, fazendo um calafrio subir em meu corpo.

Era noite; uma noite escura, solitária e silenciosa, onde não existia nada além de mim em meio a escuridão do deserto. No céu, a lua brilhava com sua fraca luz, que era suficiente para iluminar parcialmente o local e me ajudar a localizar-me.

Eu tinha acordado. Percebi pela leve dor de cabeça, e o pescoço endurecido pela péssima posição que escolhi. Percebi por não sentir a quentura que era ficar entre meus familiares, e por não ouvir as vozes que me faziam sonhar.

Ainda assim, aquela noite era especial. Eu estava sozinho, mas me sentia muito bem acompanhado. Sentia o carinho e dedicação de minha mãe, a frieza e orgulho de meu pai, a implicância e força de Itachi, a admiração e inocência de Sarada, e o amor incondicional e esperança de Sakura.

Todos estavam comigo, naquela noite fria e solitária. E eu estava feliz.

Parabéns, Sasuke.


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Notas finais do capítulo

Olá para quem chegou até aqui!
Fic feita para o desafio proposto pela Mirys, se você ler, espero que tenha gostado.
Amei escrever essa fic, a tempos que venho pensando em algo relacionado a familia Uchiha, e espero que gostem. ^^
Até mais!
P.S.: Parabéns para o Uchiha mais lindo da face da terra! *-*



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