Uchihas Não Choram escrita por Pandacórnia


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoa! To muito feliz! Primeiro One e primeiro drama de naruto. Na verdade, primeira fic Universo Naruto. Estou muito feliz. Espero que gostem. Tomara que se encantem, fiz com muito carinho para #DesafioAniverSasuke.Bem, como diz minha amiga Pan,Enjoy!



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Sabe, eu nunca vi meu papai chorar.

A mamãe falou que ele sempre foi assim. Nunca foi de demostrar seus sentimentos, pelo menos não em público. Sempre foi na dele, um cara de poucas palavras, porém, observador. Mas ele sabia usar as palavras, ah, como sabia. Se tem uma coisa que tento aprender com meu pai (e que mamãe também devia aprender às vezes) é não falar mais do que o necessário.

Observadora. Foi assim que eu cresci.

É engraçado como as coisas funcionam, mesmo não tendo sido criada pelo meu pai, nem ao menos ter convivido com ele, lá no fundo, somos muito parecidos.

Olho para os porta-retratos em cima da mesinha da sala e vejo uma foto minha e da mamãe, logo após ela ter me arrumado para o meu aniversário de quatro anos.

Lembro claramente desse dia. Ah, como não lembrar? Foi um dia mágico. Fiquei passeando pela manhã com a mamãe, tia Hinata, Himawari e Boruto na praça da vila. Depois, (de tanto o Boruto insistir) acabamos almoçamos num restaurante de lámen e acompanhados tia Hina e seus filhos até sua casa logo após a refeição, para então nos arrumarmos para a minha festinha.

Confesso que mal me lembro da festa. Deve ter sido uma coisa bem de criança, vários docinhos, e um bolo enorme bem no centro. Mamãe se recorda desse dia como uma coisa simples, só com os amigos íntimos, apenas um dia de alegria para podermos fortalecer os laços.

Laços. Qual o verdadeiro sentido dessa palavra? Todos falam disso, mas, por quê?

Bem, o que mais me lembro desse dia foi de estar dando gargalhadas com mamãe fazendo cócegas em mim, tentando me convencer a vestir o vestidinho rosa, mas eu não queria o rosa, eu queria o azul.

Azul era a cor preferida do meu pai, e esse vestido foi feito pela minha vovó Mikoto quando estava grávida dele, caso fosse uma menina.

Acho que foi a única coisa que acabei herdando da minha avó, agora só me resta a vaga lembrança de sua aparência em fotos embaçadas.

Depois de tanto negar a vestir o vestido que mamãe queria (fala sério, eu sempre visto rosa), ela se convenceu e me disse uma coisa:

" Sabe, filhinha? Você já está cansada de ouvir a mamãe falar o quanto se parece com o seu pai. Mas, dessa vez, não digo apenas na aparência. A medida que vai crescendo, você me surpreende mostrando o quanto se parece em suas atitudes também. Sempre tão quieta, tentando não demostrar seus sentimentos e muito, muito persistente. Tanto é que se negou a usar aquilo que não queria, seu pai também não iria gostar nada de usar rosa — ela riu — estou muito orgulhosa da garotinha que está se tornando e muito curiosa a respeito da grande mulher que se tornará um dia — Ela disse e beijou minha testa. Fiquei pensando nisso a maior parte do dia."

***

Eu sempre pensei que quando o papai voltasse, as coisas seriam diferentes, nós seríamos diferentes, mas parece que as coisas apenas desandaram.

Ele está aqui, porém, não se manifesta.

Desde que ele começou a treinar o Boruto e participar de missões especiais, chega cada vez mais tarde em casa e mal da atenção para mim e para a mamãe.

É pior do que antes. Quando ele não morava com a gente, pelo menos podia sonhar com o dia que ele voltaria e pensar que seríamos una família unida. Ele voltou, mas meu sonho não pôde se realizar.

Por isso eu finjo. Finjo que me conformei, finjo que está tudo bem, finjo que não tenho ciúmes do meu pai com o Boruto.

Boruto... Esse sim sabe ser irritante.

Moleque mimado, tem tudo na mão, mas só sabe reclamar. É filho do Hokage e da doce Hinata, ambos fazem tudo por ele, pertence a dois poderosos clãs, mora na melhor casa de Konoha, tem uma bela irmã para lhe fazer companhia e tem o meu pai para lhe treinar. Mesmo assim, ele insiste em ficar insatisfeito com tudo. E ele está no mesmo time que eu, para fechar com chave de ouro. Ou seja, tenho que o aturar sempre.

Mamãe insiste em dizer que o ódio pode muito bem se transformar em amor, assim como o desprezo, mas eu não acredito muito nisso. Como pode dois sentimentos distintos se fundir em um só? Acho que é só uma de suas várias desculpas que ela e a tia Hinata insistem para me juntar com o Boruto. Elas não enxergam? Simplesmente não vai rolar.

Hoje é um dia especial, pelo menos deveria ser. Hoje é o primeiro aniversário do meu pai desde que ele voltou permanentemente para a vila, à cerca de sete meses atrás.

Naquela época eu era tão esperançosa, acreditava fielmente de que seríamos uma bela família, completamente feliz e livre de problemas. Como eu pude ser tão tola? As coisas nunca vão deixar de ser conturbadas na minha família.

Lembro que quando papai voltou pra vila, eu comecei a chorar lágrimas de saudade e emoção. Assim que nos abraçamos, ele sussurrou em meu ouvido:

Filhinha, Uchihas não choram".

Aquilo me soou tão familiar. Como se ele já me tivesse dito aquilo antes, quando eu era um bebê. Talvez seja por isso que choro tão raramente, aquela foi apenas uma das exceções.

Só sei que a partir daquele dia, não derramei mais nenhuma lágrima.

***

— Filhinha, me ajuda a preparar o bolo. — Minha mãe me gritou da cozinha, me acordando totalmente de meus devaneios.

— Já estou indo. — Gritei de volta, calçando meus sapatos e indo.

— Minha linda, já está quase pronto, só falta a cobertura, o que acha? — Ela deu o seu típico sorriso, me mostrando um belo bolo de baunilha de três andares.

— Acho que papai vai gostar de cobertura de tomate. — Comentei e nós duas rimos. Meu pai ama tomate e tudo que é feito do tal. Ele vive comentando que enquanto esteve fora da vila, mal podia comer o que queria e isso fez minha mãe cozinhar várias coisas de tomate todos os dias, desde então.

— Ah, minha florzinha. Já fiz várias coisas de tomate. A cobertura você é quem escolhe. — Ela piscou para mim.

— Então eu vou querer de cereja. — Sorri e ela me olhou surpresa. Sei que mamãe ama cereja, assim como eu.

— Está bem. — Ela foi pegar os ingredientes. — Seu pai volta de uma missão nível S hoje à tarde, então a festa será à noite. Esteja pronta, viu florzinha?

— Uma missão nível S em pleno aniversário? — Perguntei assustada.

— Filhinha, seu pai é um excelente ninja. Tenho certeza de que realizará muito bem a missão. — Mamãe disse enquanto misturava tudo e despejava a cobertura rosada no bolo. — Agora vá para o meu quarto. O aniversário é do seu pai, mas tem uma surpresinha para você em cima da minha cama. — Ela piscou.

Fiz o que ela disse, atravessei o corredor e abri a porta do seu quarto, meu queixo caiu quando visualizei a surpresa.

— Gostou filhota? — Ela apareceu atrás de mim.

— Mamãe, eu amei... — Me aproximei da cama dela e peguei o presente. Era um vestido azul lindíssimo, uma cópia perfeita do que usei no meu aniversário de quatro anos, mas esse era maior, servia perfeitamente em mim.

— Confesso que fiquei uma semana tendo aulas de costura com a Hinata para fazer esse belo vestido. Mas eu me esforcei, sabia que ia deixar a minha princesa feliz.

— Mamãe... — Meus olhos se encheram de lágrimas, mas elas não caíram. — Eu te amo. — Pulei no pescoço dela para lhe dar um abraço. Ela arregalou os olhos, não esperava uma reação tão afetiva, mas logo retribuiu o abraço e ficamos assim por um bom tempo. Apenas nós duas, mãe e filha, retribuindo o amor uma pela outra.

— Boba, eu é que te amo tanto. Agora vá se arrumar e dar uma passeada pela vila. Irei precisar da sua ajuda mais tarde.

Sorri para ela, dando mais um abraço e me apressei para vestir o meu presente.

***

A tarde foi pacífica, mesmo sem ter nenhuma notícia do meu pai. Tentava me acalmar, dizendo a mim mesma de que ele completaria a missão com excelência, mas um fundinho de preocupação pairava em meu peito. Novamente veio aquela sensação de chorar, mas eu não o fiz. Aquela era a minha fraqueza, e eu não podia ser fraca. Tinha que ser forte, pelo meu papai.

— Ora, ora, se não é a Sarada. — Ouço uma voz tão conhecida vinda do meu lado. Oh, sim, conhecida e irritante.

— Não estou com paciência para suas asneiras hoje Boruto. — Disse esbanjando maturidade e erguendo o meu queixo.

— Poxa, pensei que era hoje que iria me ajudar a pintar as estátuas dos Hokages... — Ele tentou me provocar, como sempre, mas eu não iria ceder a essa loucura.

— Esse negócio de pintar estátuas de Hokage está muito defasado, Boruto, com licença. — Me virei, fazendo meu caminho de volta para casa.

— Ei, espera! — Ele gritou, correndo atrás de mim. — Sabe que é brincadeira, não sabe? — Ele me encarou frente a frente. Tive que erguer um a cabeça porque ele é um pouquinho mais alto do que eu. — Não vai me xingar? Brigar comigo? Convencer-me a não fazer nada? O que há com você hoje?

Ele me pegou sem minhas defesas. Como pode me conhecer tão bem? Por que simplesmente não me ignorou e me deixou em paz. Mas eu não podia chorar. Uchihas não choram.

— É que... Hoje é aniversário do meu pai e eu estou preocupada com ele. — Disse de uma vez, desviando meu olhar dele.

— Ah... — Senti seu olhar ainda fixo em mim. — Não se preocupe com isso, seu pai é um dos melhores ninjas que eu conheço. — Ele me abraçou, me pegando desprevenida.

Ele corou e eu senti que estava corada também.

— O-obrigada. — Minha voz estava falha e eu solucei.

— Deixa disso, Sara... Eu estou aqui, não precisa segurar o choro, pode chorar se quiser.

— Não, eu não posso... — Sussurrei em seu ouvido e afundei minha cabeça em seu ombro, que permaneceu seco.

***

O resto da tarde se passou tranquila, porém, sem notícias do meu pai.

Dessa vez até mamãe parecia um pouco apreensiva, mas tentava esconder, sem sucesso.

Dava para perceber o seu nervosismo, mas ela continuava tão positiva, dizendo que ele voltaria a tempo. Eu tentava acreditar nela. Esperança... Essa é uma coisa que eu preciso severamente aprender com ela.

Eu estava sentada na mesa da cozinha vendo minha mãe acabar de cozinhar alguns bentos quando um barulho veio da janela, e logo percebemos que era uma ave mensageira.

— Abra a janela por favor, filha? — Ela me pediu enquanto secava as mãos no avental, e eu a obedeci no mesmo instante.

Abri a janela e peguei o pergaminho que o pombo levava, ele foi embora em seguida.

— É uma notícia do Hokage, mamãe! — Gritei eufórica, louca para ler o que continha na mensagem.

— Deixa-me ver isso aqui. — Ela correu e pegou o pergaminho da minha mão. Sua expressão estranhamente mudou de empolgada para angustiada.

— Mamãe, você está me preocupando. Aconteceu alguma coisa? — Perguntei rouca.

— Seu pai, notícias do seu pai... Ele se encontra gravemente ferido próximo a floresta de Konoha, tenho que ir vê-lo...

— Espera, eu vou com você! — Gritei decidida, me armando com equipamentos médicos, mesmo estando de vestido. Minha mãe — A melhor médica da vila — havia me ensinado vários ninjutsus médicos.

— De jeito nenhum, minha filha, você fica. — Ela gritou decidida. — Não é coisa de criança.

— Já não sou criança! — Gritei. — Já sou uma Ninja. Uma das melhores do meu nível.

— Ai, minha filha. Tem razão. Mas vamos logo.

Então nós duas corremos o mais rápido possível para onde meu pai estava, temendo o que estava por vir.

***

Era escuro e frio. Não sabia que direção tomar, mas mamãe sabia, e tudo que eu fazia era seguir seus passos.
Só fui saber onde era porque estava uma multidão cercando algo. Dentre as pessoas, o próprio Hokage.

— Oh, não... — Mamãe murmurou aflita. Correndo em direção ao... Meu pai!

— Papai! — Gritei me aproximando, me ajoelhando junto ao seu corpo que estava debruçado na grama molhada.

— Oh, minha menina... — Sua voz estava falha, seus movimentos limitados, mas ele esticou seu braço para tocar a minha face.

— Amor, por favor, preciso que você não faça movimentos. — Mamãe usava seu jutsu para descobrir o que o papai tinha, e após o diagnóstico, tentar curá-lo.

— Sasuke! — Mamãe gritou. — Suas células foram danificadas e não querem se regenerar. — As lágrimas de mamãe vertiam enquanto ela gritava.

— Eu sei. — Papai apenas se limitou a sorrir para ela. — Foi um golpe e tanto.

—Amor... — Mamãe não resistiu e beijou o papai na frente de todas aquelas pessoas mesmo, não se importando com quem estivesse vendo. Parecia que era o último beijo dos dois. Até fechei os olhos, credo.

— Minha menina... Onde ela está? — Papai olhou pra mim e acenou com a cabeça, como se pedisse para que eu me aproximasse dele.

— Oh, papai... — O abracei como nunca abracei ninguém antes. — Feliz aniversário, não queria que isso acontecesse com você...

— Esse vestido... — Ele disse com sua voz rouca. — É muito bonito.

— Papai, eu...

— Espera, Sarada. — Ele prosseguiu. — Eu e sua mãe temos que te contar uma coisa, uma bela surpresa. Planejávamos contar hoje à noite, mas, não sei quanto tempo ainda me resta, quero te dizer isso o mais rápido possível. — Papai chamou mamãe para se sentar do lado dele. — Filhinha, tem uma pequena vidinha na barriga da mamãe. Um belo presente, você terá um irmãozinho, filha. — Dessa vez não aguentei, meus olhos de encheram de lágrima e eu vi embaçado, abracei ainda mais forte o pescoço dele e mamãe se juntou a nós.

— Filhinha prometa que irá ajudar a mamãe cuidar dele direitinho, hein? — Ele sorriu para mim e dessa vez não aguentei, uma lágrima rolou em minha bochecha.

— Eu prometo, papai. Me desculpe, sei que você me disse que Uchihas não choram, mas...

— Tudo bem, filha — Ele secou minha lágrima. — Às vezes, Uchihas também choram.

Aquela... Foi a única vez que vi meu papai chorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Uma fofa essa Sarada, não? Contem pra mim o que acharam.Até a próxima!Beijinhos azuis de tomate e cereja :*