Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 7
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Peguei alguns pedaços de papel higiênico, tentando secar as manchas que haviam se formado, mas aquilo apenas piorava o estado de meu vestido. A porta se escancarou naquele momento e Adam passou por ela, a trancando em seguida. Estava tão desesperada que mal me lembrei de eu mesma trancar a porta.

“Me desculpe, eu pago outro vestido pra você depois. Sinto muito.” ele estava com meus sapatos de salto em uma das mãos.

“E você acha que isso vai adiantar alguma merda?” eu estava com muita raiva. Tirei os sapatos de sua mão e os calcei. “As pessoas estavam rindo de mim.”

“São um bando de idiotas, é só você ignorar.” ele disse indiferente.

“A culpa é sua!”

“É claro que não! Foi você quem esbarrou em mim.” agora quem estava ficando irritado era ele.

“Típico de pessoas como você colocarem a culpa dos outros.”

“Como assim pessoas como eu?” ele franziu a testa.

“Idiotas.”

“Você nem me conhece, garota!” seu tom estava mais baixo. Mais ameaçador.

“Primeiro me fala que meus amigos estão no segundo andar, eu chego lá e só escuto várias pessoas fazendo...

“Sexo? Trepando?” ele completou e depois começou a rir. Uma risada deliciada. “O que foi? Você por acaso é alguma espécie de puritana?” depois seu rosto se iluminou como se ele tivesse tido uma idéia genial e repentina. “Você é virgem.” ele pronunciou lentamente testando minha reação e abriu um sorriso convencido diante da minha expressão horrorizada.

“Vá se ferrar.” tentei sair do banheiro, mas ele se colocou à minha frente.

“Espera!” ele assumiu uma expressão mais séria. “Quer que eu leve você pra casa?

“O quê? “olhei para ele perplexa.

“Você me ouviu.” ele fez uma careta.

“Não preciso de sua ajuda.” disse me encaminhando em direção à porta, mas ele me segurou pelo pulso. “Me solta!” me desvencilhei.

“Será que dá pra você ser um pouquinho racional e aceitar ajuda?” ele exclamou exasperado.

“Tá falando que eu sou irracional?”

“Você é realmente impossível.” ele revirou os olhos e passou a mão pelos cabelos.

“Você nem me conhece.” digo jogando as palavras dele contra ele.

“Nem preciso pra saber que você é uma garotinha mimada.” ele disse com desprezo na voz. “Esse escândalo todo por causa de um vestido, pelamor, né Samanta?”

“Não preciso de lição de moral sua. E você não sabe nada sobre mim.” bufei.

“Vai aceitar a carona?”

“Vai me deixar em paz depois?” ele assentiu com a cabeça. “Tudo bem.”

Descemos então a escada em silêncio. O andar debaixo estava cada vez mais cheio. Eu estava um pouco tonta, após a adrenalina passar, começou a sentir o efeito daquelas doses. Adam apoiou uma das mãos sobre minhas costas. Iria começar a protestar quando achei melhor ficar de boca fechada.

“Estava procurando por você, gatinho.” disse uma garota se aproximando e agarrando Adam pelo pescoço. Ela me lançou um olhar de nojo e fiz meu máximo pra ignorar.

“Eu volto depois, Tiffy.” ele lhe deu um selinho rápido nos lábios e continuou a me guiar dentre os outros convidados. Tiffany e os amigos de Adam nos observavam de longe, sem entender nada. Na verdade, nem eu entendia.

Quando chegamos ao lado de fora, ele tirou a mão e apontou em direção a um carro preto. Fomos andando em silêncio até lá. Ele abriu a porta pra mim e murmurei um agradecimento em voz baixa.

Após alguns minutos de silêncio, me inclinei e estendi minha mão em direção ao rádio.

“Posso?” ele balançou a cabeça em concordância.

Pulei algumas estações, até ouvir uma música familiar. Comecei a cantarolar baixinho. As doses de tequila ainda faziam minha cabeça girar, então encostei minha cabeça na janela e fechei os olhos.

“Gosta de Épica?” seu tom não era maldoso, na verdade, estava bastante curioso.

“Meu pai é um grande fã.” dei de ombros.

“Ah, sim.” ele voltou a olhar para frente, passando a língua no lábio inferior.

Depois de alguns minutos, me virei na direção dele.

“Como você sabe meu nome?”

“O quê?” ele ergueu a sobrancelha, confuso com minha mudança de assunto.

“Meu nome. Não me lembro de ter dito a você.”

“Ah.” ele parecia ter sido pego de surpresa. “Bom, você sabe como é quando chegam novatos. Sempre rolam fofocas e todos acabam descobrindo o nome de todo mundo.”

“E qual é a fofoca que me envolve?”

“Esse é o problema.” ele riu cínico. “Não tem nenhuma.”

“E por que seria um problema? Não tenho nada a esconder.”

“Todos têm seus segredos, Sam.” era a primeira vez que ele me chamava pelo apelido e isso não passou despercebido para nenhum de nós. “Estamos chegando?”

Levantei a cabeça para olhar para fora.

“Segunda rua à esquerda. É a terceira casa do lado direito.”

“Ok.”

“Se todos acabam descobrindo o nome de todo mundo, por que você não se lembrou do nome dos meus amigos? Nathan e Liz?” A bebida deixava minha língua mais solta do que o normal.

Tinha me lembrado deles agora. Assim que chegasse tinha que ligar ou mandar uma mensagem para Liz, ou ela morreria de preocupação. Mas ainda estava com raiva por ela ter me deixado sozinha.

“Você faz perguntas demais.” ele suspirou impaciente. E assim terminamos nossa breve conversa.

Quando estacionou o carro, ele desceu e deu a volta, abrindo a porta para mim.

“Sabe que não precisa di...” parei de falar assim que desequilibrei sobre meus saltos ao ficar de pé e Adam me segurou pelo braço.

“Quanto você bebeu, Samanta?” sua voz era de bronca.

“Eu não lembro ao certo.” falei com sinceridade.

Ele continuou me segurando e empurrou a porta do carro com o pé, depois apertou o botão que tinha na chave e o trancou. Me acompanhou até a porta e tocou a campainha. Minha cabeça estava girando, então a apoiei no peito de Adam inconscientemente. Seu corpo se enrijeceu no inicio, mas depois ele me envolveu hesitante com um braço, pousado em minha cintura, me mantendo firme.

A porta foi aberta por um homem desconhecido. A expressão de choque no rosto de Adam foi evidente.

“Pai?”

“Adam?” respondeu o homem, com a expressão espelhada a do garoto.

“O que foi, Tony?” disse minha mãe se aproximando da porta e nos fitando. “O que houve, Sammy?” ela olhou assustada pro meu vestido e depois para Adam.

“O que você está fazendo aqui?” Adam perguntou franzindo a testa.

“Eu avisei que sairia pra jantar hoje com Cristina.” Antony respondeu.

Minha cabeça estava girando e eu não estava conseguindo associar tudo de maneira rápida.

“Esperem!” todos olharam pra mim. “Você...” apontei para Antony. “É pai dele...” apontei para Adam. “E está saindo com a minha mãe?”

Todos estavam com expressões tão patéticas e a situação era tão absurda que minha única reação foi começar a rir. Descontroladamente.

“Ela bebeu um pouco.” ouvi Adam explicar e depois senti minhas pernas serem suspensas no ar.

Segundos depois percebi que Adam me carregava no colo em direção ao segundo andar. Ouvi meus sapatos caírem com um baque surdo no chão e me senti envolvida pelo meu cobertor. Me virei para o lado e no mesmo momento, tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Um beijo, um queijo e até o próximo!



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