Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 6
A Festa


Notas iniciais do capítulo

Acho que agora as coisas começam a ficar boas!
Boa leitura :)



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Eu tinha uma certa implicância com horários. Eu nunca os cumpria. Peter havia dito que a festa começaria por volta das nove horas, ou seja, eu chegaria no mínimo às dez. Nunca ninguém era pontual e eu não queria ser uma das primeiras à chegar.

A casa era grande, num dos bairros nobres da cidade. Tinha três andares, grandes pilastras brancas e acabamentos em madeira. Pelo visto, Peter não era um bolsista como eu, e sua família tinha bastante dinheiro.

Luzes coloridas já podiam ser vistas do lado de fora, assim como a música alta também podia ser ouvida.

Quando cheguei, já havia bastante gente. Agarrei um dos braços de Liz enquanto ela fazia o mesmo com Nathan.

Ainda me sentia desconfortável com aquele vestido, mas meu ânimo logo melhorou ao ver que muitas garotas se vestiam de forma mais vulgar.

Muitos já se encontravam espalhados pelos sofás da sala, servindo-se de muitas doses de bebida. Conhecia o cheiro de longe por causa das ocasionais bebedeiras de meu avô. Outros já estavam se espremendo na pista de dança. Falavam alto, para se fazer ouvir.

“Eu vou pegar uma bebida.” anunciou Nathan. “Vocês querem?”

“Eu vou com você, amor." disse Liz.

Não queria ser uma espécie de pulga para eles. Não precisa segui-los à todos os lugares.

“Depois eu pego alguma coisa, Nate.” sorri para eles.

“A gente já volta, Sam.” ele disse puxando Liz em direção à cozinha.

Fiquei um pouco incomodada de ficar sozinha, mas logo passei em me ocupar a observar as outras pessoas da festa. A maioria de eram veteranos. Havia muito poucos calouros. Eu conseguia contar nos dedos meus colegas de classe.

Encostei-me na parede, olhando atenta tentando achar um rosto familiar. Até que soltei um suspiro de frustração e segui em direção a cozinha, na esperança de achar meus amigos.

Assim que atravessei o batente me arrependi de ter feito isso. A gangue de Adam estava casualmente encostada no balcão da cozinha. Adam levantou o olhar quando entrei, mas não me deixei intimidar, entrei decidida e fui até onde estavam os copos transbordando de tequila, praticamente ao lado deles.

“Oi, Samanta.” ele me cumprimenta com um breve sorriso. Não me lembrava de ter me apresentado para ele, e desde o acontecimento no refeitório me perguntei como ele sabia meu nome.

Ele estava com os cabelos negros espetados, os piercings cintilando em contraste com sua pele morena clara. Vestia a usual calça preta e havia trocado a jaqueta por um casaco estilo militar.

“Oi, Adam.” aceno com a cabeça sem encará-lo, pegando um dos copos e dando uma golada rápida. Tentei ignorar a sensação de queimação que tomou conta de minha garganta. Não estava muito acostumada a beber.

Alex me olhou de cima a baixo, sem pudor. Fingi não dar importância, olhando para os lados à procura de Nate ou Liz, mas era difícil me concentrar com ele me encarando daquela maneira. Ele se aproximou alguns passos e parou na minha frente.

“Até que você ficou bem gostosa nesse vestido.” ele sorriu.

Olhei chocada para ele, não achando nem um pouco elogiosa a forma como tinha dito aquilo. Mas ele continuava com aquele sorriso pervertido. Seus amigos soltaram risadinhas baixas, menos a garota que segundos antes tinha a cintura envolta pelos braços dele e, obviamente, Adam. Este se limitou a dar um sorrisinho torto e pegar outra dose de bebida.

“Vem logo pra cá, Alex. “disse a garota o puxando pelo braço.

“Me solta!” ele se afastou de forma brusca enquanto ela fazia cara de choro. Aproveitei isso como uma deixa e sai da cozinha.

Ouvi barulhos de alguns passos me seguindo, e rezei em silêncio torcendo para não ser Alex.

“Você estava procurando alguém?” Adam perguntou.

Travei uma batalha interna, decidindo se devia ou não responder. O garoto me dava arrepios, mas até agora, não tinha sido um completo imbecil como os amigos.

“Eu me perdi dos meus amigos.” confessei.

“O garoto loiro e aquela baixinha, né? Que almoçam com você no refeitório?” confirmei com a cabeça, ainda mais impressionada de como ele havia me observado. “Eu os vi subindo há alguns minutos.” ele apontou para a escada a nossa frente.

“Ah, obrigada!” agradeci sem jeito.

“Tanto faz.” ele deu de ombros e virou de costas, seguindo para onde tinha vindo.

Franzi a testa ao encarar a escada, mas subi, mesmo com receio.

Havia muitas portas. Me aproximei de uma delas com a mão na maçaneta, mas me detive ao ouvir o barulho que vinha lá de dentro. Gemidos. Gemidos bem altos. E parecia que não estava acontecendo apenas naquele cômodo, mas praticamente em todo o segundo andar.

Me senti desconfortável e voltei para o andar debaixo. Sabia que Adam havia me mandado ali de propósito, apenas para me provocar. Me desequilibrei no último degrau e fui segurada por Peter.

“Eita, Sam! Mal começou e já está tonta.” ele riu me ajudando a se manter de pé.

“Desculpe, Peter.” ri sem graça.

“Não tem problema.” ele olhou pra pista de dança e, em seguida, para mim. “Quer dançar?”

“Eu não sou muito boa nisso.” mordi o lábio inferior.

“Eu também não.” ele riu e me puxou na direção da pista.

Após mais algumas doses de tequila, eu já estava um pouco mais solta. Peter me segurava pela cintura e eu ia rebolando no ritmo da música. Ele ria e tentava me acompanhar com o máximo de empenho que tinha. Pela sua expressão, ele estava adorando.

Quando começou a tocar a outra música, me abaixei para tirar os saltos e colocá-los num canto, como as outras garotas. Assim que me virei, senti um liquido gelado escorrer pela frente do meu vestido.

Adam me encarava assustado e vi que o copo que antes ele segurava estava no chão. Senti meu rosto queimar enquanto algumas pessoas me encaravam, com sorrisinhos zombeteiros no rosto.

Subi em disparada para o segundo andar, onde horas antes tinha visto a porta que dava pra um banheiro. Escutei Adam me chamar, mas não me virei.


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