“Ah, Sam! Você tem que conhecer Antony.” minha mãe disse enquanto fazíamos o jantar.

“E por quê?” tive que rir mediante ao entusiasmo de minha mãe.

Minha mãe então começou a tagarelar incansavelmente. Antony era três anos mais velho que ela e trabalhava um setor acima. Tinha um apartamento num bairro de classe média e o dividia com o filho.

“Ele e o filho não se dão muito bem, sabe? Depois da morte da mãe ele ficou um pouco rebelde, mas Antony não quis entrar em muitos detalhes." os pensamentos de minha mãe pareciam distantes.

“Talvez ele só não queira te afetar agora. É muito cedo pra entrar em conflitos familiares.” tentei deixar meu tom ameno, a fim de deixar o assunto mais leve.

Conversamos sobre o trabalho dela, a nova namorada de meu pai, o novo cachorro que minha avó havia adotado, o nascimento do meu primeiro primo, e claro, sobre a escola.

“Algum garoto interessante?” ela me olhou cheia de expectativa.

“Ainda é cedo pra isso, mãe.” ri desconfortável.

“Ah, Sam. Vamos, me conta!” ela tamborilou os dedos na mesa.

“Não tem ninguém.” dei de ombros. “Tem alguns garotos bonitos, mas não estou me importando com isso no momento.”

“Por causa do seu...?” ela deixou a frase no ar, mas foi suficiente pra que eu entendesse.

“Não tem nada a ver com o Mike.” garanto balançando a cabeça. “Eu mal me lembro dele e voltamos a nos falar como amigos.”

Mike era meu namorado, mas terminamos antes de eu me mudar. Ele andava distante e não se parecia em nada com o garoto por quem me apaixonei. Achei que terminar era o melhor a se fazer, e foi, porque em menos de uma semana ele já estava agarrado à cintura de outra garota.

Minha mãe sabia o quanto aquilo havia me magoado e se preocupava comigo, mas eu estava bem, estava sim.

Terminamos de arrumar a cozinha e minha mãe anunciou que sairia outra vez com Antony naquela noite.

Ao ajudar ela a se arrumar, percebi que tinha que arrumar logo alguma roupa para ir à festa de Peter, que seria na noite seguinte. Mas Liz havia ficado de me ajudar, e aquela garota entendia tudo sobre moda, então eu não precisava me preocupar.

***

“Estou achando isso muito curto.” disse virando de um lado para o outro em frente ao espelho do provador. Tentava puxar o vestido um pouco para baixo, mas quando fazia isso, ele descia e o decote se aprofundava.

“Você quer ir igual a uma freira na nossa primeira festa de colegial?” Liz me olhou perplexa.

“Não disse isso. Mas também não preciso parecer uma vadia.” suspirei.

“Ah, por favor, Sammy, você está incrível.” ela fez um biquinho.

Olhei novamente e considerei o vestido preto a minha frente. Preto, de tubinho e com pequenos detalhes prateados. Era simples, mas sem dúvidas ressaltava minhas curvas. Seu decote era discreto, mas mesmo assim chamava a atenção para os meus peitos. Batia na metade de minhas coxas, deixando elas bem à mostra. Dei um giro completo e arfei.

“Tudo bem.” falei mal humorada.

“Isso!” Liz praticamente deu pulinhos diante de minha resposta e eu dei uma risada, surpresa com a reação exagerada dela.

“Ainda estou me perguntando o porquê estou concordando em ir nessa festa.” disse colocando Liz do lado de fora e puxando a cortina, ao mesmo tempo em que abria o zíper do vestido.

“Porque você merece se divertir um pouco. Viver um pouco. Sair desse universo de estudos e livros e ser um pouquinho adolescente.” Liz suspirou. “Admiro você por ser sempre tão responsável e que foi obrigada a ser adulta quando seus pais não eram, mas você se cobra demais. Dá um tempo!”

“Eu não me cobro demais.” disse terminando de colocar minha blusa e meus sapatos e saindo da cabine. “E eu sei me divertir.”

Liz me deu um olhar de desdém e eu fiz uma careta, me encaminhando para o caixa e retirando minha carteira da bolsa.