Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 37
O jeito é dá uma fugidinha


Notas iniciais do capítulo

MEUS AMORES, OLHA SÓ QUEM VOLTOU? PAM PAM PAM
Não sei porque fiz isso, mas, o que importa é que eu enfim consegui tempo pra escrever , AMÉM
Tecnicamente, estou a 4 dias sem ir pra aula por causa de uma pequena cirurgia pra extrair o ciso, A TIA AQUI TÁ QUE NEM UM ESQUILO ESTOCANDO NOZES NA BOCHECHA.
Bom, nos vemos nas notas finais, boa leitura :)
(Prometo que vou responder cada comentário de vocês mais tarde e MUITO, MUITO obrigada pelo apoio / sugestões, vocês são incríveis E ME DESCULPEM POR ESSE TÍTULO, TÔ RINDO VIU).



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“Mike?” perguntei, com uma suavidade que não condizia com o turbilhão de pensamentos que dominavam minha mente.

Sem raciocinar muito, simplesmente me joguei sobre os braços do garoto e pude ouvir sua risada ao me envolver com os braços.

“Ah, meu Deus! Mike! É você mesmo.” inspirei o cheiro cítrico bastante familiar presente em sua camiseta. O perfume que eu e Eliza havíamos escolhido para ele no Natal. Logo me afastei, agarrando-o pelos ombros e com um sorriso estampado no rosto. A sensação é que ele se desfaria em pedaços a qualquer momento.

“Bom, se você anda se jogando no colo de qualquer desconhecido, creio que teremos que ter uma conversa, docinho.” ele riu, afastando-se um passo e ajeitando a camisa. “E então, posso entrar ou está escondendo alguma coisa aí dentro?” ele ergueu-se um pouco, tentando enxergar acima de minha cabeça.

“Para de ser idiota!” revirei os olhos e o segurei pelo pulso, puxando-o para o interior da residência. “Quando você voltou?” indiquei o sofá com um aceno de cabeça, e sem cerimônias, Mike se jogou sobre ele, apoiando ambas as pernas sobre a mesinha de centro.

“Alguns dias, na verdade. Você não me contou que tinha se mudado na última ligação.” ele ergueu uma sobrancelha, esperando uma explicação.

“Na verdade, foi tudo em cima da hora. Nos falamos naquele feriado, você foi viajar com seus pais, dois dias depois minha mãe me deu a notícia. Ela já tinha tudo planejado, casa alugada, emprego estável e até minha matrícula em uma escola nova.”

“E ela obrigou Nate e Liz a virem também?” ele me olhou cético. Suspirei, passando a mão pelos cabelos, como sempre fazia quando estava nervosa, ou quando tinha que admitir algo difícil, como no momento. Mike me conhecia o suficiente para saber quando eu estava mentindo. E de certo modo, eu estava. “De quem você estava fugindo, Sammy?”

“Eu não estava fugindo de ninguém.” estreitei os olhos em sua direção. Tem certeza? Minha consciência frisou.

“Então, me explica, porque eu realmente não consigo entender. Você deixou tudo pra trás. Conseguiu arrastar Nate e Eliza com você, e nem sei por qual motivo... Quando voltei, a primeira coisa que fiz foi ir até sua casa, queria ver você, contar as novidades e também como meus pais reagiram quando eu... Bom, quando eu contei sobre mim.”

“Você contou?” arregalei meus olhos, completamente surpresa e de forma imediata abaixando todas as barreiras que estava começando a erguer entre mim e Mike, como sempre. “E por que você não me ligou? Me mandou uma mensagem?”

“Você foi a primeira pessoa que contei, que confiei o suficiente e que me apoiou. Então eu volto e você simplesmente sumiu? Melany não sabia nem me informar seu novo endereço. E eu nunca me dei bem com Eliza, não depois do que aconteceu, mas mesmo assim recorri à ela. Sabe o quanto foi difícil?”

“Mike... eu não...” me aproximei dele, erguendo as mãos, como se quisesse ampara-lo e tirar aquela expressão perturbadora de seu rosto. Ele ergueu uma das mãos, fazendo com que eu parasse no mesmo lugar.

“Eu sei o que é perder alguém, Sammy. Você perdeu sua avó e sei o quanto eram próximas. Seu pai terá outra família e...” ao ver minha expressão confusa, ele se apressou em explicar. “Eu fui visita-lo esses dias, tentando ter notícias suas, sabe? E bom... Melissa está grávida. Pensei que você soubesse.”

“Grávida?”

“Eu pensei que ele já tinha te contado e...” ele parou de falar e olhou na direção da porta. Enquanto eu, mal tinha escutado o som da campainha, ele franziu a testa. “Está esperando alguém?” ouvi ele perguntar, mas nem me dei ao trabalho de responder.

Ainda estava entorpecida pela notícia. Por que meu pai não havia me falado? Até quando esconderia de mim? Na verdade, ele já estava a bastante tempo longe, sem entrar em contato. Ele nunca havia feito aquilo. Ele sempre aparecia, e sempre me dava presentes bobos e desnecessários, como que para suprimir a sua ausência. Eu sempre havia me convencido que nosso relacionamento era o mesmo, e que ninguém abalaria isso. Agora, já não tinha tanta certeza.

“Sam...” Mike chamou, indicando a porta.

Obriguei meus pés a irem na direção da mesma. A fechadura estava precisando de óleo e após alguns segundos lutando contra a maçaneta, consegui a abrir. E assim que o fiz, senti minha expressão mudar. Eu havia me esquecido de Adam.

Ele parecia nervoso. Estava alguns degraus abaixo, como se tivesse tocado a campainha e logo em seguida mudado de ideia. Uma de suas mãos estava machucada, um pequeno rasgo perto das juntas. Uma linha de sangue seco se encontrava ali. Me aproximei dele, com as mão estendidas e vasculhando seu rosto, a procura de outro ferimento.

“Adam, o que foi que... O que houve com você?”

“Meu pai.” ele suspirou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “Eu e ele... Nós...” ele pareceu olhar através de mim, para o outro garoto que descia calmamente a pequena escadaria. “Olá?” ele cumprimentou, logo me lançando um olhar interrogativo.

“Ah, Adam, esse é o Mike. E Mike esse é meu amigo, Adam!” tentei deixar o tom ameno quando pronunciei a palavra amigo, mas o olhar que Mike me lançou fez minhas bochechas instantaneamente ficarem coradas.

“Ah, o famoso Mike!” Adam ergueu a mão, quase que contra a própria vontade. Abriu um sorriso de escárnio. “Sam falou de você. O ex-namorado babaca que ela deixou na cidade natal. É um prazer conhece-lo.”

Mike compartilhou o sorriso, sentindo o joguinho de Adam, e também estendeu a mão, apertando a do outro com mais força do que o necessário.

“Que estranho, porque ela nunca nem ao menos citou seu nome.” Mike por fim respondeu. Enquanto eu, só queria enfiar a cabeça na terra, como um avestruz de desenho animado. Não tinha motivos para aquela ceninha. Mike e eu não tínhamos nada, e Mike ele não... Ele não era uma ameaça.

“Bom, já vi que está ocupada. Eu falo com você depois, Sam.” disse Adam já se afastando alguns passos em direção à sua moto. Estava claramente fingindo indiferença, como se não ligasse para nada do que estava acontecendo ali. Mas realmente não estava acontecendo nada.

“Não, Adam, espera! O Mike já está de saída.” lancei um olhar desesperado para Mike, para que ele compreendesse, mas ele não parecia querer cooperar.

“Estou?” ele ergueu uma das sobrancelhas, colocando as mãos dentro do bolso.

“Mike, você tem algum lugar para ficar? Onde está hospedado?” perguntei olhando para ele, mas observando Adam se aproximar calmamente, voltando ao mesmo ponto.

“No seu quarto?” ele perguntou, um vestígio de sorriso nos lábios. Sabia que ele só estava dizendo aquilo para provocar Adam. E sorriso tomou conta de sua boca assim que percebeu os punhos cerrados do outro garoto.

“Que engraçado.” revirei os olhos e soltei um suspiro, deixando claro que não estava com humor para suas piadinhas. Não mais.  “É sério. Onde está hospedado?”

“Num hotel, no centro da cidade. Fiz reserva pros próximos oito dias.”

“Oito dias?” Adam e eu perguntamos ao mesmo tempo. Adam, com uma raiva recém-descoberta, e eu, mais surpresa do que gostaria de admitir.

Fiquei por alguns segundos tentando digerir a notícia. Pensei que Mike iria embora na manhã seguinte, pra que tanto tempo aqui? Ele tinha toda a vida dele em Idris. Não éramos mais tão próximos para que ele quisesse passar tanto tempo comigo.

“Bom, a Liz disse que está esperando, não é Mike?” disse puxando-o pelo braço, em direção a um carro vermelho, que eu só poderia supor ser dele.

“Ah, sim.” ele se deixou ser levado, com um risinho baixo.  “Te vejo mais tarde, Sam.” ele se virou, interrompendo meu avanço, e me deu um beijo na bochecha, mais demorado do que o recomendável. O rubor em minhas bochechas foi causado pela situação embaraçosa, e não pelo sorriso destacado por covinhas que Mike havia me dado. Certeza! “Foi um prazer, cara.” ele deu dois tapinhas no ombro de Adam, enquanto passava e logo entrou no carro.

Adam passou a mão ensanguentada na jaqueta, que ele insistia em utilizar, mesmo o tempo estando abafado. Ele me olhou e parecia ter muitas perguntas para fazer e estava se decidindo qual deveria ser a primeira.

“Então, trouxe o livro de química?” perguntei.

***

“Então...” Adam começou. Ele parecia desconfortável, com as mãos no bolso e de pé, no centro da sala. Fiz um gesto para que ele se sentasse ao meu lado, mas ele optou pela poltrona mais próxima. “Você e Mike voltaram?”

“O quê?” exclamei perplexa, chocada que ele tivesse chegado a aquela conclusão.

“Bom, ele estava aqui, vocês estavam sozinhos, eu imaginei que...” ele gesticulou, sendo o suficiente para que eu entendesse aonde ele queria chegar.

“Meu Deus, Adam! Não, não voltamos! Não nos gostamos dessa forma e, além do mais, Mike tem um namorado incrível em Idris. Esse foi um dos motivos pelos quais terminamos.”

“O quê?” agora a expressão de choque assombrava o rosto de Adam. Eu teria visto alivio também?

“Lembra quando falei que meu ex-namorado não me dava muita atenção? Que tínhamos caído na rotina e que éramos pouco em tudo? Poucos beijos, poucas saídas, poucos momentos a sós” dei de ombros ao continuar, evitando olhar para Adam. “Eu que decidi terminar com ele, antes mesmo de saber que viria pra cá, e ele realmente se jogou pra cima de outra garota semanas, não, dias depois. Mas era só uma forma de reprimir. Ele se achava desconectado de tudo e a família dele é extremamente religiosa, os pais dele jamais aceitariam. E acho que era por isso que ele decidiu tentar algo comigo. Éramos muito amigos antes de tudo isso, ele confiava em mim. E me contou meses depois o que estava acontecendo e tudo fez um pouquinho mais de sentido, sabe?”

“Sinceramente? Não, eu não sei.” Adam mordeu o lábio inferior, com os ombros visivelmente mais relaxados. “Não entendi então o que ele estava tentando fazer. O jeito que ele agiu foi... Estranho.”

“Ele só queria te provocar.”

“E conseguiu.” Adam disse num tom quase inaudível.

“Podemos mudar de assunto?” sugeri.

“Por favor.” ele sorriu, se levantando e por fim de ajeitando ao meu lado, de forma que continuava de frente para mim. 

“O que houve entre você e seu pai?” perguntei, com medo que ele se descontrolasse, como sempre acontecia quando tocávamos nesse assunto. Ele ergueu um pouco a cabeça, olhando para o teto e soltando um longo suspiro. “Espere.” disse antes que ele pudesse começar.

Fui até o armário da cozinha e voltei para a sala, com o kit de emergência que minha mãe insistia em ter em casa. À protestos de dor e caretas, Adam me deixou limpar os ferimentos e o sangue de suas mãos. Enquanto isso, me contou da noite da festa, uma noite que ambos gostariam de esquecer. Disse que seus amigos haviam o levado até a casa do pai, alegando que ele mesmo havia pedido por isso. A voz de Adam tinha algo além da raiva, algo pior. Mais doloroso. Era como ouvir vidro se estilhaçando.

“E hoje, quando eu fui até lá...” ele continuou. “Eu pensei em tudo o que você disse, Sam. Sobre rancor e todas essas coisas. Eu fui pensando em lhe dar uma chance, de pela primeira vez em anos o ouvi. Me convencer do que você havia me dito, que ele havia mudado.” eu coloquei os pedaços de algodão de lado, mas mesmo assim, Adam continuou mantendo minha mão entre as dele. “Haviam vários papéis em cima da mesinha de centro, muitos mesmo. Com todos os tipos de aposta que você puder imaginar. Corridas, jogos de azar, aquele pesadelo todo ali novamente.”

“Adam...”

“Ele tentou me explicar, dizendo que não era nada daquilo, que eram papeis antigos, mas eu vi, Sam. Eu vi as datas e eram do dia anterior. Eu me descontrolei, como sempre acontece, e quebrei dois ou três pratos que estavam na pia.” ele ergueu a mão, tomada por band-aids. “Agora penso que foi uma péssima ideia. Eu não deveria ter ido até lá.”

“Não é culpa sua, Adam.” passei a mão pelo rosto, evitando me sentir culpada. Mas era eu quem o havia forçado aquilo, eu que havia colocado em sua cabeça que seu pai agora era um homem bom. E eu realmente esperava que fosse.

“Também não é sua!” ele deu um sorriso fraco, acariciando a minha bochecha. Eu estava ajoelhada entre as pernas dele e nem tinha ideia de como havia ido para ali. Estávamos muito próximos, a ponto de eu sentir o hálito quente dele em meu rosto. Ele envolveu minha cintura com os braços. “Shiu!” ele me interrompeu, quando eu ia retomar o discurso. “Não tem nada pra falar, Sam. Nada que mude isso.” ele deu de ombros. “Ele vai continuar sendo meu pai, apesar de tudo.”

“Eu sinto muito.”

“Esse é o problema. Sentir demais!” ele riu, como se tivesse contado uma piada particularmente engraçada. Ele então me olhou outra vez e me puxou para um abraço mais do que reconfortante.


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Notas finais do capítulo

Vou repetir tudo que falei para uma leitora minha ontem:
"Eu tenho dois principais problemas: tempo e bloqueio criativo.

Eu terminei o ensino médio no ano passado, e desde então tenho utilizado meu horário integral para estudar. O curso de pré-vestibular/militar não abre um ínfimo espaço na minha agenda para sentar, planejar, criar e dar vida aos personagens que vocês tanto gostam, e me sinto extremamente culpada por isso.

Até o Fim foi uma história iniciada por impulso. Algo que seria secreto, confissões minhas e baseadas em dois livros, mas decidi compartilhar. O problema é que eu não tinha um enredo concreto, um final pré-definido e me deixei levar pelas sugestões de vocês, leitores/as! No inicio, não me causou nada, mas vejo que hoje estou perdida, e procurando fechar lacunas que deixei na história para entreter vocês até o momento esperado.

Sinto medo de decepcionar vocês, com um fim clichê e presumível. Então, se eu demorar a escrever, é pela falta de tempo, ou o bloqueio que não me permite concluir. "

É ISSO, um beijo, um queijo e até o próximo capítulo. Tchau!