Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 36
You can always come home


Notas iniciais do capítulo

AMORES DA MINHA VIDA, VOLTEI PRA VOCÊS.
Bom, sem mais delongas, boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633748/chapter/36

 Eu nunca havia me sentido mais confusa em toda a minha vida. Olhava para o relógio de minuto em minuto, esperando o horário em que Adam tocaria minha campainha. Liz tinha me dito várias coisas que haviam anuviado meus pensamentos nos últimos dias. Ele me pediu ajuda, ela havia dito. Adam pedindo ajuda? Para ela? Era o cúmulo do desespero. E além do mais, por que ele estava tão desesperado?

A indecisão de Adam me causava um desconforto inimaginável. Essa amizade estranha. Esses afastamentos repentinos, causados pelos motivos mais toscos possíveis. Era como correr avidamente em círculos, sempre voltando ao ponto de partida. Precisávamos conversar. Colocar as cartas na mesa. Ou melhor, os sentimentos pra fora.

Eu me perguntava a cada momento se aquilo que tivemos foi real algum momento, ou apenas motivado pelos nossos hormônios em combustão. Não, não. Adam não era mais nenhum garotinho adolescente movido apenas pelos sentidos. Ele era maduro demais para aquilo.

Estava convencida de que minha decisão estava tomada. Eu gostava de Adam. Pronto, ufa! Eu tinha conseguido repetir isso uma ou duas vezes em voz alta. Eu estava realmente apaixonada por Adam Carter...  E isso me assustava mais do qualquer coisa.

Uma coisa é alguém lhe dizer alguma coisa, outra, é você admitir para si mesmo.

Me lembrava da última vez, de minha declaração patética no meio do estacionamento, em meio às lágrimas e muita vodca. Mas Adam já não era o mesmo. Ele tinha mudado. Eu esperava que sim. E sentia que estava sendo dramática demais. Só havíamos ficado algumas vezes, e nada demais havia ocorrido. Eu não o conhecia há tanto tempo, mas por que eu me preocupava tanto?

“Sammy?” minha mãe bateu a porta, por mera educação, já que a mesma se encontrava escancarada. Então me encarou preocupada. Tratei de suavizar a expressão e levantar uma das sobrancelhas, insistindo para que ela continuasse. “Está tudo bem?”

“Claro.” concordei com a cabeça, de modo quase automático.

“Tem certeza?” ela caminhou em minha direção e sentou-se à beira de minha cama, de frente para mim. “Eu sei quando tem algo te preocupando, Sam. Você fica andando pelo quarto, completamente perdida. E no final, coleciona essas marquinhas aqui.” ela apontou para o pequeno hematoma em minha coxa, fruto de uma batida certeira na quina de minha escrivaninha. “Me conta o que há.”

“Pensei que você não era muito fã de dramas adolescentes, já que sempre reclamou dos livros que eu leio.”

“Bom, normalmente, deixo essa tarefa para Carmen.” ela riu e eu a acompanhei. Realmente, a mãe de Liz era uma conselheira bem melhor que minha mãe. Talvez, devido aos anos de estudo em psicologia, ela conseguia me compreender de uma maneira que nem a minha melhor amiga conseguia. “Mas sinto que estamos nos distanciando, e sabe que me preocupo.”

“Não é nada sério. É só a escola. Muitos trabalhos...” dei de ombros. Ela não conseguia expressar em palavras aquela pequena confusão em sua mente. “A Liz e o Nate quase não saem comigo, tipo, sozinhos, sabe? E eu sinto falta de ter um tempo com meus melhores amigos, individualmente.” suspirei, tomando fôlego antes de retomar a fala. “O Will namorando a Kelly, Travis com uma loira do segundo ano. E eu... Bom, a senhora sabe.”

“Saudades de casa?” ela perguntou, e a olhei surpresa.

O aperto em meu coração nada tinha a ver com os  problemas atuais. Sim, eu sentia saudade de casa. Dos amigos que deixei lá. Do meu quarto com o dobro de tamanho do atual. Os lugares que eu costumava ir sozinha. A livraria com cheiro de café e até mesmo do atendente que sempre flertava comigo. Sentia falta de minha avó, acima de tudo. De suas comidas deliciosas, feitas apenas com o intuito de me agradar. A morte dela foi outro motivo para que minha mãe aceitasse a oferta de emprego em uma cidade distante.

Minha mãe ainda aguardava uma resposta, observando minha expressão, então simplesmente acenei afirmativamente com a cabeça. Ela sabia o quão difícil para mim era falar abertamente sobre isso, ou qualquer coisa sentimental. Eu havia criado uma bolha a minha volta, há mais tempo do que gostaria de lembrar.

“Eu sei, eu também sinto. E sobre seus amigos, pensei que você e Adam andavam juntos, que eram amigos.” ela falou em tom sugestivo. Minhas bochechas coraram instantaneamente, entregando-me no ato.

“E somos.”

“Sam, eu pensei em conversar com você sobre isso. Eu não achava que Adam seria uma boa companhia pra você.” ergui as sobrancelhas, surpresa com o rumo da conversa. “O garoto tem muitos problemas, um gênio forte e fora que eu estou num relacionamento sério com o pai dele. Isso seria errado... Vocês seriam praticamente irmãos.” ela respirou fundo.

Olhei perplexa para ela. Aquilo, nunca, nem em um milhão de anos teria passado pela minha cabeça. Adam e eu... meios-irmãos? Nossa relação já era estranha o bastante. Eu afastei o pensamento. Não tinha nada a ver. Ele seria apenas enteado dela. E eu do pai dele. Não seríamos irmãos. A palavra já me revirava o estômago. A cena de Adam, eu, Antony e minha mãe vivendo como uma família era irreal demais. E absolutamente impossível.

“Mas mãe, Adam e eu não temos nenhum parentesco e...” minha mãe me interrompeu com um aceno de mão e eu soltei um sonoro suspiro de frustração. Por que ela estava dizendo aquilo? Será que ela sabia sobre mim e Adam e...

“Eu pensei melhor e vi que Adam é um bom garoto, mesmo que ele tenha arrumado uma briga feia com Antony da última vez que esteve na casa dele.” Adam esteve na casa do pai? Por que eu não sabia disso? Ah, claro!, porque eu havia passado os últimos dias fugindo dele. “Mas ele só é revoltado por motivos do passado. Antony me contou algumas coisas sobre o passado dele, sabe?”

“Adam também me contou.” e me perguntei por um instante se a história de Antony e Adam teriam sido narradas da mesma forma. Ao olhar para os olhos de minha mãe, vi uma reflexo de dor refletido e sabia que Antony havia sido sincero, mais do que gostaria, com ela.

“O que eu quero dizer é que me precipitei, e que tive opiniões preconceituosas com ele. Adam é um bom garoto, pude perceber isso no dia em que ele esteve aqui. E eu não me importo, Sam, se você e ele estiverem juntos. Eu só quero que você me conte e que se previna.”

“Mãe!” exclamei com os olhos arregalados e as bochechas em chamas. “Nós não... Não, meu Deus! Não estamos juntos nem... De onde a senhora tirou essa ideia?”

“Eu só quero dizer que pode confiar em mim, e que não vou ser nenhuma dessas mães caretas e...”

“Mãe, por favor, tivemos essa conversa há alguns anos. É realmente necessário?” cobri os olhos com meus dedos e ela afagou meu ombro por um instante. Parecia esconder um sorriso enquanto se levantava.

“Só quero que saiba que estou aqui pra qualquer coisa.” ela suspirou, afastando os cabelos para trás da orelha. Parecia cansada, mas a maquiagem e o bonito vestido disfarçavam bem isso. “Eu vou ao shopping com Antony. Vejo você mais tarde.” ela me deu um beijo na testa e saiu do quarto.

Cerca de 15 minutos depois, a campainha tocou. E me apressei em descer as escadas, nem me dando conta de que Adam estaria vinte minutos adiantado, nada típico dele. Mas assim que abri a porta, já ensaiando um sorriso, e repassando mentalmente o discurso que eu havia criado, minha expressão se transformou em choque, não acreditando na pessoa mais alta parada em minha frente.

O sorriso era o mesmo, apenas curvando um dos cantos de sua boca, como se ele contasse uma piada interna e precisasse reprimir o riso. Os cabelos estavam mais compridos, com os cachinhos que cansei de invejar intactos. E olhos verdes, quase transparentes, me encaravam com um suave brilho. Uma camiseta branca, shorts e All-Star azul completavam o visual tão familiar.

Mike deu um passo pra frente, parecendo ansioso ao guardar as mãos dentro dos bolsos. Ele mordeu o lábio inferior, visivelmente desconcertado. Aquele simples ato teria feito meu coração brincar de polichinelos há meses atrás. Agora, eu só conseguia sentir e expressar um único sentimento: incredulidade.

“Não vai me convidar pra entrar?” meu ex-namorado perguntou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Posso ser bem sincera com vocês? Eu tô completamente desanimada para continuar a história, e a falta de comentários aqui só tem contribuído pra isso... Então peço a ajuda e apoio de vocês. Ideias, sugestões, incentivos, mas principalmente SUGESTÕES, serão extremamente bem vindas.
Um beijo, um queijo e até a próxima