Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 35
Esse lance de bad boy


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que muitos de vocês querem arrancar minha cabeça e exibi-la em praça pública.
Outros pensam que eu abandonei a história, pois vos digo, aqui estou, e nem sei porque tô falando assim.
ENFIM, MINHAS QUERIDAS (e meus queridos, se tiver algum boy por aí) EU VOLTEI, AGORA PRA FICAR, PORQUE AQUI, AQUI É MEU LUGAR (8)
Esse capítulo é sem dúvida bem diferente dos outros, sabe por que? Porque sou eu narrando a história. TCHARANS
Resolvi mudar um pouco, já que a falta de criatividade surgiu, e mesclei os pontos de vista de Sam e Adam, e fiz o meu próprio. Espero que aprovem a mudança e me digam se devo fazer mais capítulos assim.
Boa leitura :)



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“Ei, cara!” Adam chamou Teddy assim que o viu atravessando apressadamente o corredor. O outro garoto se virou no mesmo instante, fazendo com que uma garota trombasse nele. Ele abriu um sorriso, enquanto avaliava a garota de cima a baixo, e um breve pedido de desculpas foi feito. A garota enrubesceu, mas retribuiu o sorriso e continuou seguindo pelo corredor.

“Carter.” ele se aproximou, estendendo a mão espalmada para que o outro lhe cumprimentasse. E assim Adam o fez. “Até que você ficou bem charmoso com essas marcas no rosto.” ele apontou para o próprio, abrindo um sorriso sarcástico. “Chama mais atenção das garotas. Elas adoram esse lance de bad boy.” disse num tom afetado.

“É exatamente sobre isso que quero falar com você.”

“Sobre como chamar atenção das garotas? Olha, cara, eu não sou nenhum especialista, mas...”

“Não, idiota! Cala a boca e me escuta Theodore.” o outro lhe lançou um olhar estranho, visivelmente desconcertado por tê-lo chamado pelo primeiro nome. “Eu preciso que você me diga o que aconteceu naquela droga de festa. As coisas estão confusas demais.”

“Bom, você ficou bêbado como um gambá, o que não faz muito sentido, já que nunca vi um gambá bêbado...”

“Teddy!” Adam insistiu, já perdendo a pouca paciência com a qual havia sido agraciado.

“Você ficou com uma garota gostosa pra caramba, do segundo ano. Acho que ela é amiga de uma das primas da Tiffany.”

“Sarah.”

“Você lembra o nome dela.” Teddy ergueu as sobrancelhas. Seu tom era um misto de surpresa e zombaria. “Ah, você também meteu a porrada no Alex depois de ele falar que o caminho estava livre para a Sam, e já que Peter era o primeiro da fila, ele não queria se arriscar a ter que esperar por alguma senha, e teria que começar a agir naquela noite mesmo. Bom, não exatamente com essas palavras, mas você me enten...”

“Que filho da puta!” Adam deu um forte soco no armário à sua frente. Algumas garotas que passavam por ali, deram um pulo, sobressaltadas pelo comportamento do garoto. Uma delas, a mais baixa e que usava grossos óculos de grau fez um estalo de desaprovação com a língua. Adam só tinha vontade de socar outra vez o rosto de Alex.

“Ei, cara, a mãe do Alex é legal. Ela não tem nada a ver com isso!” o olhar que Adam o lançou, fez com que ele ficasse ainda mais agitado. “Fica frio, tá? Não se pode falar dessa garota que você perde o controle. E na real, eu nem sei porque você tá tão obcecado por ela. Ela é legal, bonita, inteligente... Tudo bem, mas ela é comum existe outras centenas como ela, aqui mesmo nessa escola!”

“Você não tem ideia do que está falando. Nenhuma delas se compara a Sam.”

Teddy apertou os livros que estavam em suas mãos contra o peito, e cerrou os olhos na direção do amigo. Após alguns segundos o analisando friamente, ele soltou um suspiro e parecia pronto para dar seu diagnóstico.

“Você está apaixonado por ela.” Seu tom era como se estivesse dando a algum paciente a noticia de uma doença terminal. “Fudidamente apaixonado por ela.”

“E essa palavra lá existe?”

“E isso importa? Eu não acredito.” ele balançava a cabeça incredulamente. “Adam Carter está apaixonado e nem faz questão de tentar me desmentir.” ele olhava a volta, esperando que um dos alunos chegasse e dissesse que todas as suas conclusões eram precipitadas. Mas isso não ocorreu.

“Eu não acho que esteja apaixonado pela Samanta.”

“Negação é sempre a primeira fase.”

“E o que você sabe sobre isso? Nunca nem namorou sério.”

“Eu namorei a Nicole por quase dois meses.”

“Nossa! Recorde mundial na duração de relacionamentos.” Adam revirou os olhos.

“Seu relacionamento mais duradouro teve uma semana e meia de sobrevivência, Adam, e isso quando estávamos no ginásio.” ele soava exasperado.

“Ela era a única que estava mais preocupada com a paz mundial do que com os próprios seios em desenvolvimento.”

“Você é tão idiota.”

Em poucos segundos, o olhar de Teddy se desviou para uma garota alta e loura que seguia em sua direção. Tiffany.

“Oi, meus amores.” ela sorriu, com os dentes perfeitamente alinhados, resultado de cerca de quatro anos de aparelho ortodôntico. Adam ainda se lembrava da menina introvertida que ela fora. “Pensei que teríamos aula de geografia hoje?” seu tom saiu como se fizesse uma pergunta, e ela ergueu uma das sobrancelhas inquisitivamente, encarando o livro de matemática que Teddy tinha em mãos.

“Pensei em dar uma revisada em trigonometria na hora do intervalo. Sabe, pro vestibular e essas coisas.” ele deu de ombros.

“Seu tio não ia pagar uma faculdade pra você?” Adam perguntou. Bom, era o que ele havia dito para os amigos pouco antes das aulas começarem.

Diferente de Tiffany e Adam, que eram bolsistas, a família de Teddy possuía boas condições. Um exemplo disso era seu tio, dono de uma grande empresa de publicidade e também patrão de Adam. O tio de Teddy o ajudava muito, já que a mãe de Teddy não fazia outra coisa além de pensar em si mesma. E o pai dele, bom, Teddy tinha sete anos da última vez que o viu.

“Ele vai...” Teddy fez uma careta. “Mas queria algo pelo meu mérito, sabe? É muito fácil ganhar tudo de mão beijada assim.”

“Então vamos trocar de família, meu bem, porque quem dera eu ter sua sorte.” Tiffany começou a dizer. “Eu iria dar graças a Deus todos os dias por ter um carro como o seu, uma casa como a sua e esse cartão de crédito ilimitado que você tem no bolso.” seu tom fora tão fútil que fez Adam franzir o nariz, como se estivesse enojado pelas palavras dela.

Tudo bem que Teddy reclamava de coisas idiotas, enquanto muitos haviam problemas maiores. Mas maximizar o problema dos outros não tornam os seus menores. Ele queria autonomia, ele queria merecer coisas e não simplesmente ganha-las.

“Mas então, tirou alguma foto boa anteontem?” Tiffany perguntou para Adam, tomando-o de surpresa pela repentina mudança de assunto. Há cerca de dois dias, eles haviam tido aula de botânica, na pequena estufa que havia na escola. Era uma das poucas aulas práticas que eles tinham.

“Essa!” ele pegou o celular, colocando em seu álbum de fotos e o colocou no ponto de visão da garota. “Aquela margarida que foi geneticamente modificada.” Na foto, ele havia focado bem na pequena flor de pétalas azuis e miolo amarelo. Samanta adoraria aquela foto. Sua flor e sua cor favorita em uma única coisa. Era por isso que ele havia planejado aquela surpresa para ela e...

“Olha por onde anda, idiota!” uma garota resmungou. Adam levantou o olhar e viu que acidentalmente um garoto loiro havia esbarrado no ombro dela e derrubado sua bolsa. Ele nem mesmo pediu desculpas, continuou andando firmemente, em direção ao armário.

Até que Alex virou o rosto e o encarou do outro lado do corredor. Ele estava sério. Nunca havia visto tal expressão em seu rosto. Seu rosto estava menos danificado, porém, ainda se viam pequenos cortes em processo de cicatrização. Ele cutucou Simon e sussurrou algo em seu ouvido, e logo o outro garoto virou para encarar o grupo. Simon me deu um breve aceno de cabeça e Adam retribuiu, assim como Teddy.

“Adoro essas divisões repentinas de grupo. Deixam as coisas bem mais excitantes!” Tiffany abriu um sorriso brilhante e deu uma breve piscadela na direção dos outros dois garotos.

“Cala a boca, Tiffy.” Teddy falou, visivelmente irritado. “Cala a boca.”

Enquanto isso, Samanta estava na aula de química, desenhando suaves círculos na última folha de seu caderno. Sam era uma típica aluna que repugnava as matérias exatas. Ia bem em todas, mas isso graças a seu devido esforço em compreender algo para ela incompreensível. Nathan também tinha uma pequena parcela de ajuda em tudo isso.

Ela sentiu alguém lhe cutucar nas costas e assim que virou, viu Will lhe estender uma pequena folha de papel. Era sério? Eles estavam de volta no fundamental? Só faltava Jasmine voltar a lhe tocar bolinhas de cuspe e colar chiclete em sua cadeira. Ela abriu a folha e se surpreendeu ao ver o título. “Show de talentos – XII Edição”. Ela ergueu os olhos para Liz, que ocupava a cadeira ao seu lado e a amiga lhe abriu um sorriso radiante. A garota sussurrou:

“Nossos nomes já estão aí.” e com assombro Sam constatou que ocupando a quinta posição, a dupla Sam & Liz cantariam um dueto. CANTARIAM? Eliza tinha enlouquecido completamente.

“Sam & Liz? O que somos? Uma dupla de sertanejo universitário?” ela sussurrou agressivamente, fazendo surgir breves risinhos entre Travis e Nathan. Sam estava a ponto de partir para cima da melhor amiga, xingando-lhe dos piores nomes que poderiam passar pela sua cabeça, mas o olhar que a professora lhe lançou a fez repensar sua atitude.

“E então, vocês vão mesmo cantar?” Travis perguntou curioso, enquanto eles seguiam em direção ao corredor.

“Eu não vou cantar nada.” Sam resmungou.

“Mas para os calouros, isso é obrigatório, Sam, além de contar pontos extras em todas as matérias.” Will disse, fingindo desânimo.

“Isso é um absurdo! Quero falar com a diretora agora, e exigir meus direitos. Qual o critério de talento utilizado nisso? Canto? Dança? Tocar algum instrumento? E se eu tiver o dom de dormir em qualquer circunstância, em qualquer lugar, e considerar isso um talento? Por que eu não...”

“Meu Deus do céu, Samanta!” Liz exclamou, alto o suficiente para alguns lançarem olhares em sua direção. “Nós vamos cantar! A lista já foi entregue e nossos nomes estão nela.”

“Eu vou faltar ou fingir uma grave doença no dia da apresentação. Você pode fazer o mesmo, já que andamos sempre juntas, essa doença pode ser contagiosa e eu transmiti pra você.”

“Você é maluca, Sam.” Nathan riu, claramente se divertindo com o desespero da amiga. “Não sei pra que tanto drama. Você canta bem, e é uma pianista incrível.”

“Vai ser na frente da escola inteira.” ela fez um beicinho, como uma criança fazendo birra.

“Nós vamos estar lá na plateia, fica tranquila.” Will disse, pousando o braço sobre seus ombros.

“Sam está tendo um ataque por causa do show de talentos?” Colin perguntou. Ele estava parado em frente ao próprio armário, e as vozes exaltadas das duas garotas haviam chegado facilmente nele.

“Quando a Sam não tem um ataque?” Peter ressaltou, recebendo um olhar duro da menina.

Kelly logo se aproximou, curiosa pelas expressões divertidas de seus amigos. Will logo a envolveu pela cintura, e recebeu um sorriso da mesma. Eles haviam reatado há alguns dias e as coisas estavam quase de volta ao normal no grupo. Bom, com exceção de Peter e Sam conversarem cada vez mais. Porém, Peter havia abandonado de vez a causa de fazer com que Sam se apaixonasse por ele. Decidiu pelo caminho mais fácil: a amizade.

“Quando a faço coisas por que quero, e não porque sou obrigada por uma norma idiota da escola. Para os calouros sentirem que realmente fazem parte da escola.” ela disse num tom afetado, imitando a professora de artes, e fazendo todos ao seu redor cair na gargalhada.

“Ei, Sam! Samanta!” Adam gritou por entre as dezenas de estudantes à sua frente. Travis gesticulava bastante e foi o primeiro a perceber que ele se aproximava, pois com um aceno de cabeça, indicou para Sam olhar para trás. “Até que enfim consegui te alcançar.”

“Ah, oi Adam!” ela pareceu desconfortável, ajeitando uma mecha de cabelo para trás da orelha e encarando de relance o garoto a sua frente. “O que você quer?”

Adam ficou confuso. Pensou que tudo estivesse bem entre eles, já que naquele dia que teve a conversa com Eliza, ela havia o tratado normalmente. Havia até mesmo se preocupado com o estado de seu rosto. Estava até com o mesmo sorriso da foto com Peter. Adam mirou na nuca do garoto que andava alguns passos à frente.

Seus amigos ficaram repentinamente em silêncio, e quase como se tivesse dado uma ordem silenciosa, trocaram olhares e se dispersaram, seguindo em direção às salas de aula.

“Hã, como você está? Eu não tenho te visto muito ultimamente.” ele colocou as mãos dentro dos bolsos, encostando-se na parede.

“Me desculpe. Eu tenho estado tão ocupada esses dias, com as apresentações de trabalho e os teste, um atrás de outro.” ela suspirou, passando a mão pela testa. “E fora que recebi a notícia que vai ter um show de talentos, e é obrigatório para os calouros.” ela fez uma careta e ele sorriu, com a palavra adorável assombrando outra vez sua mente.

“E você já decidiu o que vai fazer?”

“Bom, você sabe que eu toco um pouco de teclado, e a Liz é boa no violão.” ela deu de ombros. “Sem minha permissão, ela nos inscreveu para um dueto.” ela franziu o nariz e Adam riu num tom baixo.

“Vocês cantando? Seria bom que avisassem a data com antecedência, aí eu poderia comprar algumas dezenas de tampões de ouvido, os venderia aqui e, provavelmente, ficaria rico.” Sam então lhe deu um tapa fraco no braço e pareceu, por um instante, que a máscara de desconforto que estava usando se dissolveu.

“O que é isso?” ela apontou para o pequeno embrulho nas mãos de Adam. Parecia verdadeiramente curiosa.

“Abre!” ele o entregou para ela e cruzou os braços sobre o peito, analisando seu rosto. Haviam exatos quatro dias que eles não se beijavam, porém, para Adam, a sensação é que séculos haviam se passado.

“Ah, meu Deus, Adam!” ela sorriu abertamente ao pegar as duas camisetas e estende-las a sua frente, como se medisse seu comprimento em seu corpo. “Que coisa mais incrível.”

“Que bom que você gostou.” ele tentou manter um tom neutro, mas o sorriso que estava escondendo era mais do que perceptível.

“Isso é tão... Perfeito!” ela exclamou em plena adoração. A coruja de Harry Potter havia contrastado perfeitamente com o fundo preto da camiseta, assim como a margarida azul havia combinado com o fundo branco. Os traços haviam ficado impecáveis e com toda a certeza, foram os desenhos mais precisos e bem feitos que Adam havia feito. “Você pensa em tudo mesmo, não é?”

“Quer sair hoje à noite?” ele perguntou, como se tivesse ensaiado aquela pergunta há tempos. O que não podia deixar de ser verdade.

“Na verdade, eu tenho teste de química amanhã. E cá entre nós, eu sou péssima.”

“Bom, se você quiser, eu posso ir pra lá e te ajudar com a matéria, sei lá.” ele a interrompeu no mesmo instante, nem mesmo se dando conta do que estava falando.

“É sério?” ela ergueu uma das sobrancelhas. “Se aceitar, vai ter muito trabalho pela frente.”

“Bom, não sou nenhum químico brilhante, mas dou pro gasto.” O quê? Eu era terrível em química! As anotações de Tiffany que haviam me salvado todas às vezes. Eu era patético. A consciência de Adam ecoava em seus pensamentos, mas ele decidiu simplesmente ignora-la. “E nada é mais animador do que estudar química numa quinta-feira à tarde.” acrescentou, abrindo um sorriso torto.

Sam retribuiu o sorriso e alisou a camiseta em frente ao corpo. Nessa hora o sinal tocou e ela apressadamente colocou o embrulho, as camisetas, os papéis e livros que tinha na mão dentro da mochila.

“Até mais tarde, Adam.” ela ficou na ponta dos pés para alcançar o rosto do garoto, ao mesmo tempo que este se inclinava em sua direção. Seus lábios por pouco não esbarraram nos dele, porém, tocaram o canto de sua boca. Não houve nem tempo para constrangimentos. Ela simplesmente se virou, e entrou na sala.


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Notas finais do capítulo

Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo!
Tchau