Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 34
Arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Oi amores da minha vida!
Sei que esses capítulos não estão sendo conforme os pedidos, os beijos fogosos da Sam e do Peter ou a reconciliação do casal protagonista, mas olha, eu tô tentando viu?
E acho que o nome tem bastante haver com o capítulo.
Boa leitura :)



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Cheguei a lanchonete pelo menos dez minutos antes do horário combinado. Não entendia o motivo de meu nervosismo. Na verdade, o nervosismo vinha acompanhado de outro sentimento: arrependimento. Tinha sido impulsivo ao chamar Eliza para uma conversa quando eu nem mesmo sabia o teor daquele diálogo. Tinha sido desesperado e talvez motivado pela raiva ao ver Peter tão perto da minh... Tão perto de Samanta.

Enquanto estava sentado em uma das cadeiras do estabelecimento, vi outros alunos passarem em direção à escola. Entre eles vi Alex e me surpreendi ao focalizar seu rosto. Estava coberto de hematomas, azuis e roxos. Um de seus olhos mal se abria, devido ao inchaço. Ele não me viu e por algum motivo senti alivio por aquilo. Até que me lembrei do que Tiffany havia dito. Ah, e acho que você deve desculpas ao Alex. Olhei para os pequenos ferimentos em minhas mãos e instintivamente toquei o machucado em meu lábio inferior. O corte já havia criado uma pequena casquinha. A mancha arroxeada ainda cobria boa parte de minha bochecha, como pude perceber ainda essa amanhã.

Estava quase me levantando e indo atrás dele, para exigir mais explicações, porque com certeza ele havia feito ou dito algo bem sério para que eu perdesse o controle daquela maneira, mas Eliza então surgiu em meu campo de visão, então voltei a me sentar na cadeira. Ela tinha uma expressão contrariada enquanto caminhava em minha direção. O cabelo ruivo estava preso em uma trança e ela vestia uma camiseta com o slogan da escola e calça jeans clara. Ela jogou-se na cadeira a minha frente, e ergueu uma das sobrancelhas para mim, indicando que era eu quem deveria começar.

“Sozinha?” perguntei, tentando amenizar o clima. Na verdade, tentando prolongar mais o papo furado para que eu tivesse mais tempo de pensar no que falar. Eu estava quase me levantando e indo embora dali.

“Nate está usando a capa de invisibilidade.” ela deu de ombros, e logo ergueu uma das mãos para chamar a garçonete. Pediu um cappuccino e indicou com a cabeça que eu deveria fazer o mesmo. “O café daqui é muito bom.” ela informou e eu concordei, fazendo a atendente anotar nossos pedidos e sair. Eliza então soltou um profundo suspiro e massageou levemente as têmporas, abriu repentinamente os olhos e me encarou. “O que você quer, Adam?”

O que eu quero? Boa pergunta! Bom, eu quero que eu e Samanta paremos de brigar a todo instante por motivos idiotas e entender a confusão que essa garota causou na minha cabeça; eu quero que meu pai vá para o inferno; que meus amigos parem de se meter em minha vida; eu quero um emprego real, que pague o que eu preciso, sem eu ter que me preocupar e; e quero que as pessoas parem de me olhar como se eu fosse partir pra cima delas a qualquer momento ou que eu vá pinchar o muro de suas casas.

“Eu sinceramente não sei.” encolhi meus ombros e me limitei a encarar o cappuccino que acabara de ser servido. “Você foi na festa ontem, não foi?” ela confirmou com a cabeça. “Por que Sam estava com Peter e não foi com vocês?”

Ela estreitou os olhos em minha direção, como se me avaliasse antes de responder. Ela remexeu o conteúdo do copo e deu um longo gole antes de retomar a fala.

“Bom, a Sam foi na festa com a gente. Na verdade, ela ficou até mais tempo que nós.” ela tamborilou os dedos sobre a mesa. “Ela estava um pouco estranha quando encontrei com ela no corredor. Eu conheço minha amiga, e sei quando ela está escondendo algo. Então, o que você fez?” perguntou sem rodeios.

Então Sam estava realmente na festa. Aquilo não fora uma alucinação. Então a garota de cabelos castanhos da minha visão era ela? Eu não conseguia achar outra explicação, mas era meio improvável que Samanta permitisse que eu a beijasse em público, ainda mais na frente da escola toda. E bom, digamos que não fazia muito meu tipo. Normalmente, eu levava a garota para um lugar mais reservado, para ter mais privacidade, se é que me entende.

“O quê?” perguntei, ainda em conflito com meus pensamentos. Eu havia ficado com outra garota? Eliza conferiu o celular por um instante e algumas mensagens depois voltou a me encarar, assumindo uma expressão cética.

“Ah, por favor, Adam! Nós dois sabemos que só uma coisa, bom, alguém deixa Sam desnorteada.” ela me olhou por um instante e ao perceber que minha expressão confusa não se alterou, revirou os olhos e completou. “Você.”

“Eu não fiz nada, não que eu me lembre.”

“Ah, é? E esses machucados no seu rosto?” ela apontou. “Com certeza você se meteu numa briga bem feia.”

“Eu acho que sim.”

“E por que?”

“Isso não é da sua conta.”

Ela ergueu as sobrancelhas, claramente surpresa, e quase abri a boca para pedir desculpas... Mas por que eu faria isso? Ela estava sendo intrometida e minha falta de educação devia ser algo esperado por ela. Eu não tinha nada a perder.

“Sabe que eu não gosto de você...”

“Adoraria acrescentar que o sentimento é mutuo.” abri um sorrisinho arrogante em sua direção e ela apenas bufou antes de continuar.

“Também não gosto que você fique perto de Sam. Acho que isso não faz bem pra nenhum dos dois, mas depois daquele beijo...Bom...” ela percebeu quando mudei de posição, visivelmente desconfortável. “Eu só espero que Sam não faça parte de nenhum dos seus joguinhos, Adam.”

“Não tem joguinho nenhum.” passei as mãos pelo meu cabelo, os bagunçando ainda mais. “Olha só, esse é o problema! Eu não sei o que tá rolando entre a mim e Sam, entende?”

“E você espera o que? Que eu te ajude? Te aconselhe?” ela riu. E antes que eu percebesse estava rindo também. A situação era ridícula. “Você é patético, garoto.”

“Muito obrigado.”

“Bom, mesmo que seja contra minha vontade, eu já te defendi uma vez, Carter.”

“Aham, sei.” concordei ironicamente.

“Naquela vez que a Sam disse que gostava de você e você começou a rir. Eu sei, eu sei.” ela ergueu uma das mãos, impedindo que eu falasse. “Eu concordei com você na época, mas Adam, é uma coisa tão óbvia que não é possível que você não veja.”

“Que ele não veja o que?” a voz de Sam atrás de mim me sobressaltou. Liz pareceu tão surpresa quanto eu, mas logo disfarçou a expressão, e terminou de beber de uma única vez seu cappuccino. “O que vocês dois estão aprontando?” Sam sentou-se na cadeira do meio, e alternou o olhar entre mim e Eliza.

Aquela altura pensei que Sam estaria na pior. Era óbvio que eu tinha ficado com outra garota, e que ela havia visto, e que teria ficado com raiva, explicando a estranheza que Eliza relatou. Mas o sorriso em seu rosto me confundiu. Era o mesmo da foto.

Sam parecia relaxada, mais a vontade. Estava sutilmente diferente. Ela ergueu uma das sobrancelhas e percebi que estava a encarando por tempo demais. Bom, eu esperava uma reação diferente. Alguns gritos, brigas, como sempre, mas sua calma me causava uma reação inversa.

“A Liz estava pedindo ajuda numa tarefa de cálculo.” falei, tentando soar convincente, mas o olhar que Eliza me lançou me fez ter me arrependido de ter nascido.

“Deixa de ser idiota, garoto! Acha mesmo que eu pediria ajuda a você?” ela riu e depois voltou sua atenção para Sam. “Adam veio me perguntar se eu sabia o que tinha acontecido ontem na festa.” ela indicou meu rosto com um aceno de mão.

“Adam, o que aconteceu? Você brigou com quem?” ela perguntou sobressaltada, observando meu rosto e esticando a mão, pousando-a sobre minha bochecha. Me afastei instintivamente. O olhar de Eliza sobre nós, fez com que ela recolhesse a mão, um pouco constrangida. Não me afastei porque queria impedir seu toque, e sim porque ainda doía.

“É isso que ele está tentando descobrir, docinho.” Eliza sorriu e me deu um chute por debaixo da mesa. Disfarcei a careta de dor e encarei aquilo como minha deixa.

“Aparentemente, meus amigos não estão falando comigo.” com um aceno discreto, Liz me incentivou a continuar. “Teddy não atende minhas ligações e Tiffany só me disse que eu devia desculpas ao Alex.” dei de ombros. “Ele também está todo ferrado, mas eu queria saber o motivo, sabe? Se alguém teria visto, ou algo assim, o que causou isso.”

“Pensei que tivesse parado com isso.” Sam me lançou um olhar decepcionado.

“Mas eu parei, desde que...” eu e você ficamos juntos pela primeira vez. “Desde, bom, já tem um bom tempo que isso não acontece.”

“Bom, o papo está realmente muito bom, tranquilo e favorável, mas nós temos aula agora, não é Sam?” Eliza se levantou, já puxando a amiga pelo braço.

“Eu já vou Eliza.” ela se levantou, abrindo um sorriso de desculpas. “Eu vejo você mais tarde.” seu tom era de dúvida, assim como sua expressão ao me observar.

Quando ela se inclinou em minha direção, pensei por um instante que ela iria me beijar, mas seus lábios tocaram minha bochecha. Tentei disfarçar o suspiro decepcionado que soltei, mas pelo seu sorriso, sabia que ela tinha percebido. “Se cuida, Adam! Sem mais brigas, por favor.”

“Você quem manda.” retribui o sorriso e ela passou a mão pelo meu cabelo, certamente o ajeitando no lugar.

Observei-a se afastar de braços dados com Eliza. As duas cochichando, e uma ou duas vezes ela olhou por cima do ombro, em minha direção. Me concentrei então no pouco café a minha frente, e terminei de bebê-lo. Quando ergui novamente o olhar, vi que Sam cumprimentava os amigos.

Abraçou um por um. Nate. Will. Travis. Colin. E... Peter! Antes que eu percebesse, o pequeno copo descartável estava absolutamente amassado em minha mão, e eu havia aberto um pequeno corte em um de meus dedos, devido ao plástico. Soltei um sonoro palavrão quando o joguei na lixeira, e recebi um olhar de reprovação da garçonete.

Antes que eu pensasse no que estava fazendo fui caminhando em direção ao grupo, mas fui interrompido por uma garota baixinha e de longos cabelos castanhos. Ela abriu um grande sorriso pra mim e se aproximou, colocando os braços em volta do meu pescoço. Me deu um selinho tão rápido que nem fui capaz de sentir o gosto de seus lábios.

“Bom dia, Adam.” ela continuou sorrindo. Afastei suas mãos de meu corpo e a fitei por alguns instantes. Era Sarah, a garota que havia me mandando mensagem mais cedo no Facebook. Era a garota que... A garota que eu tinha ficado na festa. Agora eu me lembrava. Sim, Tiffany havia me apresentado ela.

Olhei novamente para os outros, mas eles já não estavam ali. A maioria dos estudantes já estavam dentro do pátio, entre eles Samanta. A garota continuava me olhando, com um olhar inquisidor, uma das sobrancelhas erguidas. Ela era bonita. Realmente! Até mesmo com o uniforme escolar.

“Olha só, não sei quem você acha que é, e sinceramente, nem me interessa.” a olhei firmemente. O velho Adam voltou por instante. Bom, acho que ele nunca deixou de existir, não é? “Então por favor, se você for uma dessas garotas malucas que ficam correndo atrás do cara depois de uma ficada ou de uma transa, anda mais numa festa como aquela, você só vai estar perdendo seu tempo. Nem tenta!” a garota me lançou um olhar estranho, surpreso, irritado, algo entre as duas coisas, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ajeitei a alça da mochila em meu ombro e segui para a sala de aula.


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Notas finais do capítulo

Um beijo, um queijo, SUGESTÕES, e até o próximo capítulo.
Tchau!