Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 31
Um point e tanto


Notas iniciais do capítulo

Bom, acho que todos estavam esperando uma sequência cronológica nesse capítulo, porém, antes que surjam perguntas de como a Sam foi parar justamente naquela festa, escrevi um capítulo que antecede tudo aquilo.
Mas, o capítulo ficou muito grande, quase 5K de palavras, então, resolvi dividir em duas partes.
Boa leitura :)



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“Ah, vamos na festa do Colin!” Eliza insistia, com tal veemência que já estava a me irritar.

“Você sabe o que eu penso desse tipo de festa e que...” comecei a dizer.

“Pelamor de Deus, Samanta! Você só foi a duas festas de colegial.” ela revirou os olhos, me interrompendo. “Só porque derrubaram bebida no seu vestido uma vez e só porque o Adam bebeu demais na outra , isso não significa que vai ser sempre assim.”

“Vai ser legal.” Nate acrescentou, colocando uma mão em meu ombro. Lancei um olhar desconfiado em sua direção, mas ele nem mesmo percebeu. Travis e Will distraídos, observavam um trio de garotas que estavam paradas em frente à uma loja de roupas. Eles cochichavam coisas entre si e soltavam risadinhas nada discretas.

Olhei para Liz, para ver se ela também estava prestando atenção, e ela apenas revirou os olhos, como se dissesse “Garotos!”. Logo depois conferiu para onde o olhar de Nate estava direcionado e abriu um sorriso satisfeito ao observar que o garoto mais interessado numa loja de videogames do que nas outras garotas ao redor.

Tínhamos acabado de sair de uma livraria que eu frequentava e que eu tinha insistido para que entrássemos. O bairro de Liz era bem movimentado e com muitas lojas famosas na Avenida principal. Era um point e tanto! Sempre que precisávamos de alguma coisa, ali era o lugar mais próximo que tínhamos e que encontrávamos quase de tudo.

“Nós vamos ficar perto de você.” Liz voltou a insistir, juntando as mãos como se estivesse fazendo uma prece.

“Vocês disseram isso da última vez também.” observei, nem um pouco comovida com a expressão da outra garota.

“Bom, eu e Travis vamos te vigiar de perto, não é cara?” Will começou, dando alguns tapinhas no ombro de Travis. Eles haviam perdido suas distrações assim que elas resolveram enfim entrar em uma das lojas, então logo apressaram o passo e se aproximaram de nós, integrando-se novamente a conversa.

“Vai ser legal, Sammy.” Travis sorriu em minha direção, me chamando pelo meu apelido de infância, apelando claramente para uma chantagem emocional. “E nem toda a festa é só gente bêbada, se pegando e fazendo um monte de besteiras que se arrepende no dia seguinte. Bom, na maioria das vezes, isso acontece e...”

“Assim você não está ajudando muito assim, querido.” Liz intercedeu, e parou na minha frente, interrompendo o avanço de todo o grupo. Respirou fundo, como se tivesse tido um dia extremamente cansativo e me lançou o mesmo olhar que minha mãe fazia quando ia começar um longo sermão. “Nós todos vamos a festa. Não, não, isso não está aberto à discussões.” ela disse levantando uma das mãos e balançando a cabeça quando abri a boca para começar a protestar. “Está decidido.”

“Ou nunca mais vamos falar com você.” Nate acrescentou.

“Quantos anos você tem? Dez?” Lis o olhou descrente. “Nunca mais vou falar com você.” ela imitou uma voz infantil que fez todos nos cairmos na gargalhada.Meu Deus, Nathan!”

“Só estava tentando ajudar, amor.” ele deu de ombros, claramente envergonhado.

“Ainda bem que sua boca tem outras habilidades, mas por favor, em nome do bom senso, mantenha ela em desuso no momento.” Liz continuou seu discurso afetado, e deu um breve beijo na bochecha de Nate. Assim que olhei para Travis e Will tive que me controlar para não ter um ataque de riso. “Então você vai?”

“Ah, meu Deus! Que droga!” murmurei derrotada e agitando as mãos, num sinal de rendição. “Tudo bem, tudo bem, eu vou!” eles então começaram a pular e bater palmas em comemoração.

“Você é boa, Liz!” Will gritou, levantando a mão no ar e fazendo uma espécie de high-five com Eliza.

“Tem pessoas que simplesmente nascem com o dom da persuasão, não é mesmo, amor?” ela abriu um sorriso um tanto malicioso para o namorado. Nate soltou uma risadinha, mas para satisfação de Liz, assentiu.

Will lançou o mesmo sorriso para mim e ergueu uma das sobrancelhas, passando a língua entre os lábios. “E então, Sam?”

“Estou oficialmente persuadida.” falei, tentando soar sedutora, mas fracassando ao soltar uma esganiçada risada. Will se aproximou, também rindo e colocou um dos braços sobre meu ombro.

“Ah, meu Deus! Ninguém precisa saber das aventuras amorosas de vocês.” Travis fingiu uma careta de vomito, fazendo eu e Will cair na gargalhada outra vez.

“Não se sinta fora do grupo, Trav. Sem ciúmes! Eu, você e Will poderíamos formar um lindo triangulo amoroso.” falei, puxando-o pelo meu braço livre e fazendo com que ele andasse ao meu lado.

“E o Adam apoiaria isso?” Nate soltou, como quem não queria nada, e foi como se uma bomba tivesse sido jogada no local. Quatro pares de olhos me encaravam, esperando minha resposta.

“Já falei sobre o Adam, e não tem nada a ver. Só estamos... Nos conhecendo.” dei de ombros. “Ele não tem que apoiar nada.” falei em tom definitivo. Liz e Nate se entreolharam, assim como Travis e Will, mas também não falaram mais nada depois.

Eles então pararam em frente à sorveteria e eu conferi meu celular, por mero costume. Não tinha uma única mensagem. Não me surpreendi tanto, já que as pessoas que normalmente lotariam minhas redes sociais estavam ali comigo. Ao ver o nome de Adam ali, perguntei-me se deveria mandar alguma mensagem sobre a festa. Não me custaria nada.

O fato de Adam ter me tascado um beijão na frente de todos eles praticamente me desmentia sobre não termos nada, porém, realmente não havíamos conversado sobre isso. E mesmo que eu sentisse que conhecia Adam a vida inteira, só faziam alguns meses, e realmente estávamos apenas nos conhecendo.

A teoria de Will que Adam não era demonstrava o tipo afetuoso em público havia saído pela culatra depois daquela ceninha em frente ao prédio. Não sabia o que deveria sentir com aquilo. Só tinha deixado ainda mais confusa a nossa relação. E o jeito como ele me beijou no estúdio. Quando disse Eu quero você, Sam! Meu Deus!

“Sam? Ei, Sam! Tá ouvindo?”

“O quê?” olhei para Liz, que passava a mão em frente ao meu rosto, como se tentasse me livrar de algum truque de hipnose. Ela riu da minha expressão confusa.

“A festa começa às sete, mas como nunca ninguém chega na hora, a gente pode chegar uns vinte minutos ou meia hora depois.”

Dou uma conferida em meu relógio de pulso e me surpreendo de quão rápido o dia passou. Já eram seis e quinze da noite. Porém, ao mesmo tempo, parecia que esse tinha sido um dia bem longo. Muitas coisas haviam acontecido e eu nem tinha tempo pra processar tudo aquilo.

“Preciso passar em casa pra trocar de roupa.”

“Eu posso te emprestar algum vestido ou sei lá. Vestimos o mesmo número mesmo.” Liz disse, enganchando um dos braços ao meu, enquanto permanecia com a outra mão entrelaçada a de Nate. Nossa pequena procissão então foi retomada, até que Will parou a nossa frente.

“Eu e Travis temos que resolver um negócio na oficina e vamos buscar o carro.” ele falou, apontando na direção da velha oficina onde minha mãe costumava também levar o carro. “Encontramos com vocês lá na Liz.”

“Tudo bem.” Nate concordou e eles se foram. Continuamos a andar até a pequena casa de muro verde que pertencia aos pais de Eliza. Era modesta, mas ainda assim, aquele cheiro permanente de café fresco, a pequena horta no quintal, as cadeiras de balanço na varanda, davam um ar deslumbrante ao local.

“Vou esperar vocês na varanda.” Nate avisou enquanto Liz parava em frente ao portão e o destrancava.

“Tudo bem.”

Entramos em silêncio já que, a empregada da casa havia nos alertado que Sr. Jimmy, pai de Eliza, havia chegado mais cedo do trabalho e estava tirando um cochilo no sofá.

“Sua mãe não está em casa?” sussurrei enquanto subíamos as escadas.

“Foi na casa de uma tia que está doente.” ela deu de ombros.

Fomos então para o quarto de Liz e logo ela começou a me apresentar os mais diversos modelos de vestido, em que eu logo tratava de achar algum defeito.

“Esse não é curto demais? E esse decote? Olha, eu não sou muito fã de estampados.”

“Eu desisto de você, Samanta.” ela bufou enquanto se jogava sobre sua cama, sobre os vestidos que estavam ali espalhados.

“E que tal esse vermelho?” perguntei ainda vasculhando seu guarda-roupa. Coloquei o vestido em frente ao meu corpo e levantei as sobrancelhas, esperando sua aprovação.

“Esse é um dos meus favoritos, só usei uma vez.” ela franziu os lábios, enquanto se erguia sobre seus cotovelos. Parecia realizar uma batalha interna consigo mesma.

“Ah, então deixa... Eu pego...” disse já guardando novamente a peça.

“Não, não.” praticamente gritou. “Pode usar.” ela disse relutante, olhando fixamente para o vestido.

“Tem certeza?”

“Não fica perguntando muito, só se vista, antes que eu me arrependa.”


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Notas finais do capítulo

Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo. Tchau!



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