Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 30
Bebida o suficiente


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo à Mah Collins e também agradecer pela PRIMEIRA recomendação nessa história. Muito obrigada, linda ♥
Boa leitura (:



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“Ei, Adam!” ouvi a voz de Simon do outro lado da linha. “Vai na festa do Colin hoje à noite?”

“Festa? Nem sabia que ia rolar festa hoje, cara.” resmunguei, enquanto esticava minhas pernas pelo sofá e zapeava os canais, em busca de algo interessante. Mal estava prestando atenção no que o outro garoto falava.

“Vai começar lá pelas oito. E a maioria vai... Tá afim?” ele insistiu.

“Ah, cara! Eu tinha que...”

“Nem começa, Adam.” ele me interrompeu. “Você mal tem saído com a gente. Qual foi? A nerdzinha te fisgou, é?”

“Uma coisa não tem nada haver com a outra. Eu só tô meio cansado dessas festas. É sempre a mesma merda!” bufei, incomodado com seu tom zombeteiro. “E a tal nerdzinha tem nome, sabia?”

“Ah, meu Deus, cara! Você tá afim dela.” Simon exclamou, como se tivesse dado uma notícia extremamente ruim e impactante.

“O quê? Tá ficando ma...?”

“E muito, pelo visto.” ele começou a rir, e eu pude perceber uma risada feminina ao fundo. “Nossa, Adam! O que você vai fazer agora, garanhão?”

“Para de falar merda, Simon! E eu vou nessa droga de festa.”

“Ah, jura? E sua namoradinha não vai ficar chateada?”

“Ela não é minha namorada.” falei entre dentes.

“Tá bom, tá bom.” ele riu outra vez. “Tiffy, você ouviu? O otário do Adam vai. Resolveu desatar a coleira por hoje.”

“Não fale assim dele.” Tiffany o repreendeu e logo pegou o telefone. “Gatinho, tem como você passar no meu apartamento pra pegar a gente mais tarde?”

“Tá, Tiffy. Vê se não demora demais, beleza?” alertei, já arrependido de minha decisão.

“Pode deixar. E convida a Sam também. Parece que ela anda meio chateada comigo.”

“O que você acha?” soltei um risinho irônico. Ela só podia estar se fazendo de boba! Sam estava furiosa com ela desde do dia do bar.

“Mas eu não fiz nada.” ela alegou, fingindo inocência.

“Esquece, Tiffy!” soltei uma risada fraca. “E a Sam vai estar ocupada hoje.” e não se sente muito à vontade nesses tipos de festa, quis acrescentar, mas achei melhor não. “Ela saiu com a ruiva.

“Ah, que pena! Alex gostaria de vê-la.”

“O quê?” minha voz saiu baixa, e extremamente semelhante à um rosnado.

“É, ele realmente está afim dela.” Tiffany acrescentou em tom mais baixo, claramente para Simon, e os dois soltaram risadas abafadas. “Até mais tarde, então.” ela se despediu.

“Tchau, otário! Não esquece de tirar a coleira e jogar a corrente fora hoje, hein?”

“Vá pro inferno, Simon!”

***

“É aqui que o Colin mora?” Tiffany perguntou assim que parei com o carro em frente à uma imponente casa amarela.

“Parece até o hotel em que me hospedei quando viajei com meus pais.” Simon comentou, enquanto saía do carro e estendia a mão para Tiffy.

“O quê vocês esperavam?” perguntei com um sorriso irônico.

Colin era outro playboyzinho, amigo de Peter. Não me surpreendia em nada aquela mansão que estava à nossa frente.

Tranquei o carro e logo os segui para dentro da casa. Recebemos alguns olhares como de costume, mas fingi ignorar, falando a mim mesmo que era apenas pelas recém-adquiridas mechas roxas no cabelo de Tiffany.

As demais pessoas na festa não tinham nenhum tipo de semelhança entre mim e meu grupo de amigos, e não era apenas no quesito aparência à que eu me referia.

Logo avistei alguns fios loiros encostados à uma parede alguns metros de distância, cercado por um grupinho de garotas do primeiro ano.

“Alex!” Simon logo gritou, atraindo a atenção do outro garoto.

“Vocês vieram.” Alex sorriu, afastando as garotas de si, mesmo com seus resmungos de protestos.

Ele abraçou Tiffany e depois trocou soquinhos comigo e Simon. Teddy logo se aproximou, com uma garrafa de vodca quase vazia nas mãos.

“O quê o Adam está fazendo aqui?” ele perguntou em voz alta.

“O quê você acha? Vim fazer compras, obviamente. ” revirei os olhos, enquanto me servia da primeira dose da noite.

“Simpático, como sempre.” Tiffany sorriu e deu um leve aperto em uma de minhas bochechas.

Dei um sorriso de má vontade e tratei de seguir em direção à varanda. Por algum motivo, não estava me sentindo à vontade ali dentro. O ar já começava a faltar.

Alex me seguiu e antes que eu dissesse algo, ele levou a mão até o bolso e tirou uma cartela de cigarros, já quase vazia. Procurou o isqueiro no bolso com a outra mão e em poucos segundos, tragava silenciosamente ao meu lado.

“Quer um?” ele ofereceu, erguendo a cartela em minha direção. Neguei com a cabeça. “Tinha esquecido que você era o careta do grupo.” ele riu, como se tivesse contado uma grande piada.

“Exatamente.”

“Sam deixou você vir na festa?”

“Por que vocês cismaram com isso? Falam como se eu tivesse que dar explicações pra ela ou alguma coisa assim.”

“Eita! Fica calmo, cara.” ele riu. “Eu sou seu amigo e só quero saber o que tá rolando.”

“Isso não interessa a você.” disse enquanto me levantava e ia novamente para o interior da casa.

Já estava de saco cheio de toda hora alguém fazer insinuações sobre mim e Samanta. Por que as pessoas têm mania de rotular tudo e todos? Por que eu tinha que dar explicações pra alguém do que eu faço ou deixo de fazer? Isso é algo entre mim e ela, simples assim. E se alguém mais dissesse que eu estava preso, acorrentado ou amarrado por uma coleira, eu ia perder a pouca paciência que me restava.

Assim que entrei na festa, fui até o lugar vago no sofá, e logo me servi de outra bebida. Foram tantas seguidas que parei de contar a quantidade de copos.

Tiffany logo se aproximou e sentou-se no braço do sofá, ao meu lado.
“Você se lembra da Sarah, né?” ela perguntou, indicando com a cabeça uma garota morena, que se sentou do meu lado.

“Acho que sim.” forcei os meus olhos, tentando focalizar nitidamente o rosto da garota. “Oi.” a cumprimentei com um aceno de cabeça.

Ela abriu um sorriso em minha direção. “Quer outra bebida?” ela ofereceu. Tive que certificar-me que a garrafa em minhas mãos já estava vazia.

“Claro.”

Ela se levantou e logo voltou com uma garrafa de vodka, gelada na medida certa, e me entregou. Dei um gole.

“Podemos dividir?” ela perguntou, ainda sorrindo para mim. Demorei um tempo para responder, distraído com a tão familiar cor castanha de seus cabelos.

“Sim.” disse estendendo a garrafa na direção da garota. Ela riu, possivelmente achando que minha falta de atenção foi provocada pelo seu decote bem visível.

Tomou a garrafa de minhas mãos e deu um longo gole, sem tirar os olhos de mim.

Conversamos por algum tempo, e nesse intervalo mais ouvi e soltei gargalhadas, do que falei.

Tinha bebido o suficiente para achar qualquer palavra que saísse da boca de Sarah engraçada, ainda mais depois de perceber que a garota tinha um sotaque incomum.

Tinha bebido o suficiente para não me incomodar quando ela montou em meu colo e envolveu meu pescoço com seus braços.

Tinha bebido o suficiente para achar perfeitamente normal os lábios da garota percorrerem meu pescoço e por fim pararem sobre os meus.

Mas não tinha bebido o suficiente para ignorar o barulho de um copo se espatifando no chão, e nem para não reconhecer aqueles longos cabelos castanhos que tentavam abrir caminho para fugir o mais rápido possível dali.


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Notas finais do capítulo

Então, quero as opiniões de vocês a partir de agora e os rumos que a história deve seguir. Fiquem à vontade para expor as opiniões.
Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo!
Tchau.