Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 29
99% Anjo


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, acho que em comparação ao outro capítulo, nem demorei tanto pra postar né?
GENTE, ESSE TÍTULO FAZ SENTIDO E AO MESMO TEMPO NÃO, MAS JURO QUE TÁ DIFICIL PARAR DE PENSAR NESSA MÚSICA.
Adam é 99% anjo perfeito e 1% vagabundo. Bixa é destruidora, mesmo!
Então, quero dedicar esse capítulo à uma leitora que comentou em TODOS os capítulos das minhas DUAS histórias. Sério Bela, obrigada pelo carinho e juro que vou ler e responder cada um deles e não só os seus.
Boa leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633748/chapter/29

Beijar Samanta era sempre uma sensação nova. Ainda não tinha me acostumado com a sensação que se apoderava de meu corpo, o arrepio que percorria minha nuca ou como o ar à minha volta sumia tão rapidamente, porém, o gosto presente em sua língua já me parecia tão familiar, assim como seus toques em minha pele. O corpo dela parecia obedecer a cada um dos meus estímulos e nossas línguas se moviam em sincronia, com uma naturalidade que eu era capaz de jurar que tínhamos feito aquilo a vida inteira.

Levei minhas mãos até seu quadril e a ergui, colocando-a sentada sobre a mesa. Ela logo tratou de envolver minha cintura com suas pernas, aproximando nossos corpos. Nossos lábios estavam a milímetros de distância e eu consegui sentir seu hálito quente e sua respiração ofegante contra meu rosto antes que eu voltasse a uni-los.

Ela então segurou firmemente meus cabelos enquanto eu pedia permissão pra aprofundar ainda mais o beijo. Minhas mãos passeavam por seu corpo sem censura e assim que mordi seu lábio, Sam emitiu um baixo gemido. Ah!, como eu queria ouvir aquele som outra vez. Repetidas e repetidas vezes.

Desci meus lábios pela sua mandíbula, mordendo e beijando a pele clara de seu pescoço. Os dedos de Sam estavam em meu cabelo, e assim que suguei sua pele, eles se entrelaçaram tamanha força que chegou a doer. Mas eu não estava me importando com nada no momento, eu só queria tocar cada parte do corpo da garota à minha frente.

Passei a língua pela pele próxima a sua orelha e ouvi seu suspiro, seu corpo se arrepiando, enquanto ela arrastava as unhas pela pele de meus braços. Minha cueca já estava desconfortavelmente apertada. Ela levou os dedos inquietos até a barra de minha camiseta, talvez inconscientemente. Mas entendi no mesmo momento suas intenções.

Queria implicar com ela naquele momento, como força do hábito, zombando de sua pressa, mas apenas tirei a camiseta, sem fazer nenhuma espécie de comentário, afinal, ela não era a única com pressa ali.

Percebi os olhos da garota percorrerem meu tronco, atentos. Então levou os dedos à minha barriga, contornando apressadamente uma de minhas tatuagens. Soltei um suspiro baixo e a observei com um sorriso calmo nos lábios enquanto ela me lançava um olhar tímido, mordendo o lábio inferior. Aquela carinha de inocência me fazia querer fazer todas as coisas mais indecentes possíveis com ela. Tudo não durou mais do que alguns segundos.

Logo a segurei pelos pulsos e a deitei sobre a mesa, colocando um dos joelhos entre suas pernas. Logo levei ambas as mãos até a barra da camiseta que ela usava. Minha camiseta. Não era a primeira vez a via usando minhas roupas, mas ela era a única garota a quem eu havia permitido tal coisa. Quando ela havia saído no banheiro, nem conseguia desviar o olhar. Mas naquele momento a única coisa que eu pensava era em quão rápido aquela peça tinha que sumir dali.

Subi com minhas mãos calmamente, tocando-a apenas com as pontas dos dedos, acariciando sua barriga de leve e levantando aos poucos a peça. Arregalei meus olhos ao ver o sutiã de renda branca que ela usava. Nunca pensei que Sam fosse o tipo de garota que se preocupasse com lingerie. E também, as camisetas comportadas de Samanta não haviam permitido eu perceber o quão gostosa ela era até aquele momento. Meu Deus! Mas, assim que a camiseta passou por sua cabeça, senti a atmosfera mudar drasticamente.

“Adam...” ela começou a sussurrar e deteu minhas mãos.

Pelo seu olhar, percebi que ela estava assustada. Quase em pânico, com os olhos um pouco arregalados e a boca entreaberta. Seus lábios estavam vermelhos e inchados, e haviam marcas vermelhas espalhadas por seu pescoço. Eu quase havia me esquecido que aquilo era novidade para ela.

Me lembrei daquela festa, quando havia zombado do fato de ela ser virgem. Agora, eu não via graça alguma no fato. Me sentia até mesmo orgulhoso de ser o único a ter provocado aquelas sensações na garota. Toquei seu rosto de leve, passando o polegar pelo seu lábio inferior. Ela então encostou o rosto na palma de minha mão, não tirando os olhos dos meus. Eu precisava tranquiliza-la.

“Sam, eu quero você.” sussurrei, aproximando-me dela e roçando nossos lábios.

“Eu sei, é só que...” ela começou a dizer, mas se interrompeu, olhando-me, e esperando que eu compreendesse sua fala incompleta. Ela não estava pronta. Era isso.

Lembrei o que ela havia falado no dia anterior. Ela queria ir devagar. Queria lhe dizer que eu poderia ir devagar. Sim, poderia. Entrar e sair bem devagarinho de dentro dela. E... Ai, meu Deus! Pare com isso, Adam!

“Tudo bem, Sam.” sorri, tentando esconder minha clara decepção, já me levantando de cima dela e descendo da mesa.

“É só que...” ela me segurou por um dos pulsos, fazendo-me olhar para ela. “Ainda não é o momento. Eu confio em você, porém, te conheço há pouco tempo, e ontem foi ótimo, mas...”

“Shiu, não precisa se explicar, linda.” disse num tom tranquilo e a ajudando a descer da mesa. Tentei usar o elogio de forma sutil, mas sei que não passou despercebido a nenhum de nós assim que observei o rosto de Sam corar. “Me desculpe, eu que fui apressado demais.” ri em tom baixo enquanto me abaixava e pegava a camiseta que ela estava vestindo. “Aqui!”

“Você não vai ficar estranho comigo ou... ?”

Olhei para Sam, ajeitando os cabelos após se vestir e me fitando com os olhos preocupados. Não podia negar que estava um pouco decepcionado, mas como poderia ficar chateado?

“Você acha que eu sou tão babaca a esse ponto?”

“Quer mesmo que eu responda?” ela abriu um sorriso.

“Se você continuar com esse sorrisinho, eu vou esquecer tudo o que você falou, te levar para o quarto e te foder até você dizer chega!” ela arregalou os olhos enquanto eu soltava uma sonora gargalhada.

“Adam!” ela me repreendeu.

“O que foi?” perguntei, fingindo inocência, enquanto ela balançava a cabeça com um sorriso no rosto. “Está com fome?” falei, numa clara tentativa de mudar de assunto. Ela estreitou os olhos em minha direção antes de responder, como se estivesse confusa com o rumo repentino da conversa.

O quê? Minhas calças estavam quase explodindo e eu tinha que parar de pensar em Samanta daquela forma. Foi a única coisa que consegui pensar naquele momento.

“Sim.” ela, por fim, confirmou com um aceno de cabeça.

“Ótimo, eu também. E hoje é você quem vai cozinhar.” abri um sorriso.

“Que absurdo!” ela fez uma careta adorável enquanto me seguia até a cozinha. Eu usei mesmo a palavra adorável?

“Ah, você não deve cozinhar tão mal assim.” tentei incentivá-la e passei a mão pelos seus cabelos, os bagunçando. “A comida da sua mãe é ótima.”

Ela me lançou um olhar estranho e eu sabia exatamente os motivos. Eu estava agindo de forma estranha. Estava ficando tão acostumado à presença de Samanta que tocar seu rosto, beijá-la ou implicar com seu cabelo estavam tornando-se ações normais, tanto que eu mal estava pensando antes de agir.

“A cozinha é sua, chef Harper.” falei enquanto indicava o cômodo ao nosso redor. “Eu só preciso, urgentemente, usar o banheiro antes.” acrescentei, tentando disfarçar o volume presente em minha cueca.

***

“Aliás, queria te perguntar desde o dia do boliche.” Sam se virou em minha direção. Tinha acabado de colocar a lasanha no forno. De legumes, obviamente. Tínhamos achado uma receita na Internet, e mesmo Samanta sendo uma carnívora assídua, consegui a persuadir. “Por que você não come carne?” ela perguntou, mas claramente queria dizer como é possível que você não coma carne?

“Basicamente é por causa da minha mãe.” dei de ombros, tentando não atribuir muita importância ao fato. “Meu avô tinha uma fazenda e eu costumava passar as férias de verão lá. Minha mãe passou boa parte da infância e da adolescência lá e se apaixonou pelos animais, por isso se formou em veterinária. E depois de visitar o frigorífico do tio, ela ficou tão enojada que jurou nunca mais comer carne na vida.” dei risada, percebendo o quão ridículo soava aquela história agora. “Ela criou a mim e a Alice assim, então não sinto falta de algo que nunca fez parte do meu cardápio. Já até experimentei hambúrguer, é bom, mas mesmo assim.” olhei para a garota depois de desfazer a careta presente em meu rosto. Ela me observava detalhadamente. “Esse é o momento que você me chama de retardado.”

“Eu estava pensando mais em fresco mesmo.” ela riu enquanto eu revirava os olhos. “Mas é legal você ser assim incomum.” levantei uma das sobrancelhas, incitando-a a continuar. “Tipo, fotografia, livros clássicos, fazer faculdade de cinema e se preocupar com a morte de tantos animaiszinhos indefesos. Quem se preocupa com isso?” algo em seu tom me motivou a rir. “Aliás, estou me sentindo até culpada. Será que se eu me candidatar a uma ONG de proteção ou algo assim me sentirei melhor?” ela abriu um sorriso irônico.

“Você é muito irritante, garota!” arremessei um pano de prato em cima dela.

“Acho que você está começando a gostar de mim.” ela disse, repetindo algo que eu mesmo havia dito logo no início da nossa relação. Aliás, relação cada vez mais confusa em minha mente.

“Para de se iludir. ” falei após alguns instantes de silêncio. “A única pessoa que eu gosto verdadeiramente sou eu.” acrescentei, presunçoso.

“É claro.” ela revirou os olhos e se agachou, para poder observar o conteúdo dentro do forno. “Está pronta!” anunciou.

“Aleluia!”

Depois de tirar a lasanha do forno e distribuímos em nossos pratos, fomos para sala, assistir à um desses programas de audição que Samanta adorava. Ela parecia tão confortável ali que nem se deixou intimidar pela minha presença e começou a cantar junto com os candidatos. Abafei uma risada, mas pela primeira vez pude prestar atenção em sua voz, não era o mesmo murmúrio bêbado cantando Épica como naquela vez que a levei em casa, depois de ter arruinado seu vestido. Ah, até que não era tão ruim. Algo como unhas arranhando um quadro negro ou gatos trepando no telhado. Brincadeira!

“Eu tenho que ir pra casa!” ela falou assim que voltou da cozinha. Após todos os meus protestos de deixar pra lá, ela tinha feito questão de deixar tudo na mais perfeita ordem.

“Não pode ficar mais um pouco?!”

“Minha mãe já até me ligou. Um dia, terei que agradecer a Kelly, por ter usado seu nome tantas vezes.” ela fez uma careta.

“Por que não disse que estava aqui?”

“Ela não acha tão comum essa coisa de amizade de homem e mulher, diz que é modernidade demais pra ela.” ela riu. “Acha que sempre tem segundas intenções.” Ela não deixa de estar certa... “E isso implicaria num questionário sem fim.”

“Tudo bem, eu te levo.”

“Não precisa! A Liz vem me pegar.”

“Ah, sim!”

“Ela disse que estou a trocando por você.” ela revirou os olhos.

“Eu não me importaria.” ri. “Sei que ela é sua amiga, mas é tagarela demais.”

“Nisso eu não posso discordar de você.” ela deu de ombros. “Mas em falar em amigos, que ceninha com o Alex foi aquela mais cedo?” ergueu uma das sobrancelhas.

“Ah, nem liga! Eu já falei que ele é bem idiota, e além disso, gosta de provocar. E acho que ele é meio afim de você, desde do primeiro dia naquele pátio.”

“Afim de mim?” ela riu, desdenhosa.

“Você não se enxerga mesmo, né?” eu acrescentei com um sorriso, e isso a calou por alguns segundos.

“Afinal, por que você me defendeu aquele dia?” ao ver minha expressão confusão, ela apressou-se a emendar. “Digo, pediu pros outros garotos me deixaram em paz?”

“Ah!” refleti por alguns instantes antes de formular alguma pergunta. “Eu não tenho ideia.” ri sem graça. “Só pareceu a coisa certa no momento.” cocei a nuca enquanto ela se acomodava de pernas cruzadas sobre o sofá.

“Então, obrigada, de qualquer forma.” ela riu, tão desconfortável quanto eu.

Naquele momento, o celular dela vibrou sobre a mesinha de centro. Ela se levantou assim que visualizou a mensagem.

“Liz já está lá embaixo.” avisou.

“Droga, agora que ela tem o endereço daqui ela pode armar para vandalizar minha casa ou algo assim.” falei baixo, fingindo indignação.

“Pare com isso, ela não é tão ruim!” ela me deu um tapa de brincadeira no braço.

“Eu levo você!” disse me levantando e me encaminhando para a porta. “Quando eu terminar sua camiseta, eu te mando uma foto.”

Ela sorriu e afirmou com a cabeça. Descemos em silêncio até o saguão principal. Eu só queria que o tempo discorresse bem devagar para que eu aproveitasse, mesmo que poucos segundos, a companhia da garota. Era bizarro, eu sei.

Ao chegarmos em frente ao prédio, Liz estava sentada no banco de motorista, com seus óculos de sol e um batom tão vermelho que era possível enxerga-lo da esquina. Nate também estava ali, logo ao lado da namorada e batucando os dedos no ritmo da música que saia do aparelho de som. Mas ao olhar para o banco detrás, meu sangue ferveu ao ver Travis, o garoto que Sam havia beijado no bar naquele dia. Eu havia me certificado de perguntar o nome e levantar alguns fatos sobre ele após o incidente. Nada importante. Era um zero à esquerda.

Samanta já estava se encaminhando para o carro, quando a segurei pelo pulso.

“Não vai nem me dar um beijo de despedida?” perguntei com um sorriso, alto o suficiente para os outros ouvirem.

Ela arregalou os olhos em minha direção, tão surpresa com minha fala quanto eu. Mas mesmo assim, apoiou-se na ponta dos pés e me deu um selinho. Coloquei uma das mãos em sua cintura, prolongando-o mais do que deveria. Assim que ela se soltou, pude ver seu rosto completamente corado e a expressão de assombro de seus amigos. Apenas abri um sorriso, acenei e entrei novamente no prédio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um beijo, um queijo e até o próximo!
Tchau ;*