O Acordo Perfeito escrita por Mila Karenina


Capítulo 31
O começo do inferno


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem?
Agora ficará difícil de postar, peço a compreensão e o apoio de vocês... estou sem computador e estou me virando pra escrever pra vocês
Beijos



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Eu ainda estava parada na frente da garagem de minha casa quando o vi. Eu sei o que vocês devem estar pensando e é isso mesmo, Matt estava saindo de sua casa, mas dessa vez não estava em sua moto e sim em um carro que não conheci, mas que quando olhei de perto percebi ser um Corolla. Os vidros eram escuros assim como todo o carro e logo o jogador de vôlei havia os abaixado e olhava para mim, diretamente em meus olhos. Respirei fundo. “Por que tão bonito?”

Ele vestia uma camiseta roxa com a frase “I’m a Bo$$” e um casaco azul escuro com a bandeira do nosso país no peito por cima. Parecia vestir uma calça que eu não consegui observar muito bem e usava óculos de sol negros mesmo o dia estando ensolarado. Eu sorri assim que o vi e ele levantou uma de suas sobrancelhas. Eu odiava admitir, mas ele era tipo “fucking handsome” e aquilo mexia muito comigo. Mais até que o necessário.

Eu ainda não havia entendido o motivo de Matt estar no carro de sua mãe, mas não sentia necessidade alguma de descobrir. Parecia uma informação desnecessária e eu estava concentrada em babar nele. É, eu realmente estou caidinha pelo meu vizinho estupidamente insuportável e estupidamente gostoso.

— Quer uma carona? — ele perguntou retirando os óculos escuros e eu finalmente pude enxergar seus lindos olhos azuis.

Sabe aquelas coisas que você sabe que guardará para a vida toda? Os olhos de Matt eram uma dessas coisas. Eu havia visto aqueles olhos tantas vezes que nem dava para contar, mas só naquele instante eu pude enxergar a real beleza deles. Realmente o que dizem é verdade. Quando se está apaixonado, a pessoa se torna a mais incrível e maravilhosa do universo e não há nada nem ninguém que possa mudar nossa opinião sobre isso. Mas para alguém tão lindo quanto Matt a regra muda um pouco já que eu já costumava o achar lindo e depois que me apaixonei ele apenas evoluiu para perfeito.

— Não, obrigada. Gosto muito da minha vida e não vai ser você que vai me tirá-la — respondi risonha e ele suspirou parecendo decepcionado.

— Vamos lá Mel, não é qualquer um que anda comigo — ele insistiu fazendo cara de importante.

— Não é qualquer um que não gosta da sua vida, amore — respondi pronunciando o “amore” fazendo um biquinho forçado.

— Boba! Se eu não estivesse com muito sono, saía do carro agora e te enfiava dentro dele — ele falou em tom de brincadeira.

— Coitado do machista! Sabe muito bem que sou capaz de te jogar no chão e te encher de porrada. Ou se esqueceu do aniversário de casamento dos meus pais?

— Melanie? — ele me chamou enquanto sorria. — Você não bate nem no meu ombro.

Ele estava me chamando de baixinha! É e olha que eu não me considero pequena, tenho 1,70.

— Tamanho não quer dizer nada.

— Sabemos que quer dizer muita coisa — ele falou em tom malicioso. — Se é que me entende, claro.

Revirei os olhos e mostrei o dedo do meio em seguida. Eu senti minhas bochechas queimarem com aqueles comentários de Matt. Eu não era nada ingênua, muito pelo contrário, mas ainda sentia vergonha daquele tipo de assunto.

Fechei os olhos e coloquei as mãos em minha boca, ainda estava com sono. Matt me olhou curioso e colocou o rosto para fora do carro.

— Dormiu mal, amorzinho? — ele perguntou debochado.

— Não — neguei. — É você que me causa tanto tédio que sinto vontade de voltar para a cama e tirar uma boa soneca.

— Eu juro que você voltasse pra cama e me levasse junto, sentiria tudo menos tédio. Te garanto, amorzinho — ele afirmou e novamente me chamou daquele apelido ridículo. Coloquei a mão na boca fingindo um choque.

— Modéstia nunca foi seu forte Matthew Justice Hamilton — respondi dizendo todo o seu nome e recebi um olhar de desaprovação.

Ele nunca gostou que o chamassem pelo nome inteiro e eu nunca entendi o motivo, mas provocá-lo pareceu uma coisa interessante a se fazer.

— Não me chame assim.

— Por quê? — questionei confusa.

— Apenas não me chame e está de bom tamanho, te vejo na escola, tenho que falar com você sobre um assunto importante — ele disse e pisou fundo no acelerador. Continuei em silêncio até que a presença de um garoto chamou minha atenção.

O garoto tinha cabelos alaranjados e olhos verdes. Os cabelos do garoto brilhavam contra o sol parecendo ainda mais flamejantes. Os olhos eram verdes, mas muito mais claros que os meus e muito mais estreitos. Ele era esguio e alto, muito alto. Ele parecia ter a altura de Matt e vestia uma calça jeans apertada na cor azul claro. Vestia uma camiseta vermelha e um tênis preto. Ele parecia um ser mitológico de tão diferente. Eu nunca havia visto nenhuma pessoa com aquela aparência na vida. Ele exalava um perfume que eu também não conhecia, mas parecia algo cítrico. Em suas mãos havia um papel que parecia estar em branco. Dei alguns passos para trás pois sua presença havia me causado um desconforto descomunal.

— Parece que encontrei a dama dos olhos verdes — ele exclamou e a coisa se tornou ainda mais estranha. Sua voz era diferente de uma forma inexplicável. O garoto era uma figura.

— Quem é você? — perguntei confusa e ganhei um sorriso do ruivo.

— Eu sou o seu rei, minha cara.

Dei mais alguns passos para trás e o garoto se aproximou. Agora eu estava ferrada, de um lado estava a parede e do outro o ruivo estranho. Aquilo tudo parecia um pesadelo interminável. O garoto enrolou uma das mechas de meus cabelos em seus longos dedos e aproximou seu rosto do meu, estávamos a centímetros um do outro e eu sentia seu perfume excêntrico bem perto de mim.

— O que você quer de mim? — perguntei agoniada.

— Eu? Não quero nada, apenas a sua presença me alegra — ele disse parecendo irônico e eu o afastei de mim.

Sem pensar duas vezes, corri pela rua com a mochila nas costas. O garoto louco vinha atrás de mim e as teorias mais loucas estavam se formando na minha cabeça. Ele podia ser um assassino ou um estuprador, no pior dos casos ele podia ser os dois. Meu pai era um delegado e eu sabia exatamente como agir em momentos assim, mas as dicas pareciam sumir de minha mente. Continuei correndo e cada vez mais eu me sentia no filme “Maze Runner – Correr ou Morrer”. Minhas pernas estavam doendo quando eu finalmente havia chegado no final da rua. Minha respiração era ofegante e naquele momento eu me senti mal por não ter me esforçado nas aulas de educação física.

Um garoto loiro se aproximou de mim e logo eu o reconheci. Ele era o loirinho do jogo-treino, o que havia perguntado se eu era a namorada de Matt. Ele vestia uma blusa preta com as letras “GK” em verde fluorescente e tinha os cabelos soltos de forma que sua franja caía em seu rosto. Ele sorriu amistoso pra mim e eu suspirei aliviada, pois pensei que poderia pedir ajuda para ele. Até explicar que tinha um garoto ruivo e louco atrás de mim demoraria um pouco, mas resolvi tentar.

— Ei garoto loiro! — o chamei e ele se aproximou de mim.

— Ei garota do capitão! — ele respondeu e eu sorri forçadamente.

— Sei que não nos conhecemos, mas eu preciso da sua ajuda — falei e ele parecia ouvir atentamente. — Tem um garoto louco atrás de mim. Ele é ruivo e bem alto, parecia sei lá... não ser desse mundo.

— Conte-me mais sobre isso meu bem... — ele responde empurrando-me para sentar em um banco que estava ali.

Sentamos no banco de madeira e eu suspirei aliviada. Ele apoiou os braços em suas pernas e me olhou por vários segundos. Ele era fofo, mas parecia de alguma forma, falso. Ele balançava as pernas de um lado para o outro enquanto me lançava sorrisos. Minha respiração ainda estava ofegante e respirar ainda era difícil para mim.

— Eu não sei de onde ele saiu, mas ele era muito estranho. Pensei que ia morrer, sério mesmo — falei já mais tranquila e ele enfiou os dedos nos cabelos louros e mordeu os lábios.

— Você é muito bonita, sabia? É fácil entender como prendeu um galinha incurável — ele falou e eu corei no mesmo instante.

— É, obrigada, mas duvido de qualquer forma que ele fique apenas comigo.

— Vamos descobrir isso meu bem — ele falou e eu fiquei completamente confusa.

Então tudo aconteceu muito rápido. O telefone do menino loiro tocou e ele o atendeu. Eu escutei alguns grunhidos, mas me calei.

— O peixe comeu a isca — ele afirmou e sorriu pra mim.

Cinco meninos que eu nunca vi na vida chegaram em seguida. Um deles, o mais forte me pegou no colo e me ergueu do chão. Gritei sem parar, mas foi em vão. Logo o garoto loiro se levantou e sorriu malicioso, aquele era uma emboscada e eu ainda estava sem entender nada. O desespero havia me tomado e eu acabei por distribuir chutes para todos os lados, mas fui imobilizada. O garoto ruivo finalmente deu o ar da graça e apareceu bem na minha frente.

— Boa noite, princesa — ele falou e em seguida tapou meu nariz com um pano branco que continha alguma substância que me fez cair no sono.

Foi a última coisa que me lembrei antes de acordar.

Quando eu finalmente acordei, meus olhos ardiam e minha cabeça doía. Olhei para o lado e me deparei com uma enorme cama e quando olhei para baixo percebi que eu também estava deitada em uma igual. A colcha era branca com algumas flores em rosa e o meu travesseiro era alto e confortável. Fleches vieram á minha cabeça e eu logo me lembrei do garoto ruivo e do seu “boa noite, princesa”. Me mexi como uma louca na cama, mas eu estava amarrada. O sol ainda brilhava fora da janela que estava aberta e eu pude ver algumas árvores altas. O quarto era claro e arejado, alguns posters enfeitavam as paredes, todos de astronomia. Cordas firmes me prendiam à cama e pelo que eu pude entender da situação, alguém deveria estar atrás da porta que estava fechada. Ouvi alguns passos e presumi que alguém vinha em direção ao quarto.

— Socorro! — gritei alto e a porta se abriu.

Um garoto moreno de olhos cor de avelã e pele bronzeada adentrou o quarto. Ele tinha um sorriso cínico no rosto e parecia armar algo que eu logo imaginei ser uma tortura pra mim.

— A princesa acordou! — ele gritou e logo o quarto estava cheio.

O ruivo e o loiro entraram rapidamente, seguidos de uma garota negra e magra e uma garota de cabelos verdes e corpo gordinho. Ambas vestiam o mesmo uniforme do garoto loiro e aí as coisas começaram a fazer sentido. O G deveria significar Gregory e o K, Kennedy. Eles eram daquela escola e ali estava o motivo de perguntarem naquele dia na quadra quem era a namorada de Matt. Eu seria o brinquedinho deles até o jogo e pelo que eu os conhecia, essas brincadeiras ás vezes eram pesadas.

— Ora, ora... a dama dos olhos verdes despertou! — o ruivo exclamou e o loiro sorriu.

Foi aí que mais uma coisa fez sentido. O garoto ruivo era o tal Henry, dono dos segredos purpurinados e o capitão do time. Eu sabia que deveria ficar em silêncio se não quisesse ser drogada ou coisa assim, mas a primeira coisa que me veio à cabeça foi ligar para o meu pai e metê-los na cadeia.

— Eu juro que não queria fazer isso com você meu amor, uma garota tão linda assim! — o ruivo exclamou e eu soltei um riso, não resisti.

— Você fala como se gostasse de mulher, calcinha de oncinha! — o provoquei e vi a ruiva subir em seu rosto.

— O que disse? — ele perguntou e eu novamente sorri.

— O que você ouviu ué! Tô com cara de gravador?

— Levem essa garota para o porão! Ela não sabe com quem se meteu — ele exclamou e o moreno dos olhos cor de avelã se aproximou de mim.

— Tão abusada quanto o namorado. Não me surpreende que se amem tanto! — o loiro falou e saiu atrás do ruivo.

E foi assim que eu fiquei naquele dia. Sequestrada e em um porão escuro.











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Notas finais do capítulo

Por favor comentem! Preciso do apoio de vocês!