O Acordo Perfeito escrita por Mila Karenina


Capítulo 21
Vinte e um


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/633417/chapter/21

Vanessa ainda me olhava com seus olhos castanhos. Eu precisava saber o que ela tinha para dizer, mas meus pensamentos não saíam da casa vizinha. Matt havia levado parte de mim com ele.

— É desculpe Vanessa... — falei animada. — Pode falar.

A minha amiga levantou as sobrancelhas e em seguida olhou para o meu seio disfarçadamente. Eu estava enrolada na toalha, mas ainda assim dava para ver nitidamente o chupão que Matt havia me dado. Ele estava ali brilhando pela água que escorria de meu cabelo e quando eu notei que ela o olhava, senti minhas bochechas queimarem.

— Parece que você e o Matt estão bem mesmo hein! — ela falou em seu típico tom zombeteiro e eu revirei os olhos. Ninguém precisava ver aquilo.

— Muito engraçado — observei desanimada.

— Então, é verdade que vocês terminaram ou é fofoca do povo? — ela perguntou e eu assenti.

— É verdade — afirmei e ela abaixou a cabeça.

— Mas por que?

— Vários motivos — respondi e mudei de assunto. — Pode agora me dizer por que parou de falar comigo?

— Posso sim. Eu parei de falar com você por pura culpa de uma amiguinha sua chamada Angela Ventura, conhece? — ela falou séria e eu senti ódio por Angela no mesmo momento.

— Como ela pôde!? — falei alto. — E como ela fez isso?

— Ela me disse que você não precisa mais de mim e que só não tinha dito isso por pena. Eu acreditei no mesmo instante, mas depois que pesquisei direitinho, descobri que ela é que não me queria perto de você — ela falou tudo de uma vez e eu me senti tonta no mesmo instante.

Então era isso. Angela havia armado para mim e para Vanessa, ela nos queria afastadas, mas não conseguia entender o motivo. Decerto tinha ciúmes de Vanessa ou algo assim. Eu já esperava coisas assim vindo de Angela. Pau que nasce torto, morre torto e pronto, não há como endireitar e temos que aceitar isso, doendo ou não. Angela era uma cobra quando criança e continuou sendo até adulta. Nenhuma surpresa.

— Mas por que? — perguntei confusa.

— Ela te queria só para ela — Vanessa respondeu e eu abaixei a cabeça. Aquilo tinha sido lésbico.

Creio que os interesses de Angela comigo não tinham a ver com relações homoafetivas. Eu preferia acreditar que aquilo tinha mais a ver com popularidade, festa e meninos. Ah os meninos! Com toda certeza os meninos! E foi pensando em meninos que novamente me lembrei da carta de Mike. Precisava lê-la de qualquer jeito, mas isso seria depois que Vanessa fosse embora.

— Acho que ela não é lésbica — observei e Vanessa caiu na gargalhada. Ela estava de volta.

— Ela não é lésbica, mas te quer só para ela... tipo, andar com você agora torna qualquer um mais popular — ela falou e eu arregalei os olhos. Por acaso virei a rainha da popularidade agora?

— Pare de bobeira Vanessa — pedi e ela sorriu.

— Tudo bem, mas sabe que é verdade — ela se defendeu e levantou da cama.

Vanessa parecia muito bonita hoje. Ela tinha uma beleza diferente dos outros dias, ela parecia ter um brilho especial. Talvez ela tivesse visto Cory antes de chegar ao meu quarto. É isso! Cory! Chamá-lo seria uma boa ideia, já que ele está sofrendo de amor e ela sonha com ele todas as noites, porém sabia que se eu o chamasse, Vanessa correria. Mesmo assim não conseguia de deixar de pensar em arquitetar um plano para uni-los, assim como minha mãe juntou minha irmã e Jeremy. Eles fariam um casal perfeito, mas eu duvidava muito que Cory já tivesse a olhado de uma forma diferente. Para ele a única garota bonita da face da terra era a Savanah.

— Eu já vou indo, sabe que hoje os meninos tem treino aberto no ginásio da cidade, não sabe? — Vanessa perguntou e eu gelei no mesmo instante. Eu queria muito ir.

— Não sabia, mas agora que sei... pode ter certeza que aparecerei por lá — respondi decidida e ela finalmente saiu pela porta.

Agora eu estava sozinha em meu quarto. Eu ainda estava enrolada na toalha e logo a troquei por um short curto e uma regata branca. O short aumentava ainda mais minhas coxas e eu achei aquilo bom. A regata também era levemente decotada e eu sorri ao ver que isso causaria efeitos em Matt. Eu queria me vingar por ele ter me deixado morta de vontade de fazer e ter parado no meio do caminho. Ele pagaria por aquilo e eu sorriria ao ver o desejo em seus olhos azuis. Os meus olhos azuis. Azul sempre foi uma de minhas cores preferidas! O verde também é. Ah o verde dos olhos de Mike, o verde daquele olhar que parece tão puro e que ao mesmo tempo consegue me hipnotizar por horas. É parece que alguém aqui está dividida.

Fui até a gaveta onde tinha posto a carta de Mike e finalmente a abri. A letra do loiro era assim como ele, linda. Totalmente diferente da de Matt que era um rabisco só. As curvas que suas letras faziam deixavam tudo ainda mais lindo e eu não consegui conter um sorriso bobo quando pus os olhos nas primeiras palavras da carta. Eram perfeitas demais, tudo parecia perfeito demais. O envelope verde claro com o selo vermelho, a folha completamente branca escrita em negro e claro, a assinatura final: Mike Foreman.

"Para a garota mais doce do mundo, Mel. O nome já diz tudo
Não sei onde posso começar a falar do quanto é importante para mim. Você é incrível de todas as formas possíveis. É inteligente e é muito mais que um corpinho bonito, você tem caráter e isso é uma coisa rara de se encontrar hoje em dia. Seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi na vida e quando você cora? Eu sinto meu coração bater mais forte. Eu sei que tudo isso é clichê, mas nenhuma palavra descreveria você melhor do que essa: Perfeição. É isso o que você é, perfeita. Desde as pontas dos pés até a cabeça. Não peço que você me ame ou nada disso, mas peço por uma chance. Não vou pedir que tome uma decisão de um dia para outro, mas lhe darei uma data para que seja minha. Você tem até o jogo contra o Gregory Kennedy para me dizer sim. Espero que faça a escolha certa, minha doce Mel.
Do seu,
Mike Foreman."

Suspirei profundamente e em seguida fui até o meu espelho. Eu não queria pensar sobre Mike e sobre a sua carta. Ela havia sido a coisa mais linda que já havia lido na minha vida, mas ao mesmo, era um contrato de risco. Se eu aceitasse, perderia Matt e não era isso o que eu queria. Eu precisava de Matt como preciso de água. Ele era o meu combustível, ele era o meu fogo e eu não podia deixar isso para trás. Ele gostava de mim e eu sabia que gostava dele, mesmo assim se entregar parecia ser uma coisa errada. Mike era a coisa certa e até que provassem o contrário, eu preferia acreditar nisso. Porém todos sabemos que o errado é sempre mais divertido. Talvez ter o coração partido por Matt valha a pena se ele fosse muito bom no que faz, o que eu não duvidava nada.

Liguei o secador e sequei todo o meu cabelo, não fazendo escova, mas apenas o secando. Queria meus cabelos lindos para o maldito treino. Quando finalmente terminei de secar meus cabelos, saí pela porta calçando rasteirinhas e dei de cara com Cory, que tinha uma cara de mau humor que me deu medo. O meu irmão gêmeo me olhou de cima em baixo e em seguida sorriu malicioso, eu não quis, mas acabei lembrando de Matt no mesmo instante.

— Hoje é dia de você e o Matt darem uma trepada gostosa ou ele te transformou em uma vadia que usa shorts tão curtos assim? — ele zombou e eu ri de lado. Cory e seu humor ridículo.

— Vai te catar Cory! — me defendi e o empurrei da minha frente. O idiota vestia apenas uma cueca preta e eu revirei os olhos ao notar isso.

— Sabe que o papai não vai deixar você sair assim não é? Esses dias só porque minha calça estava caindo, ele me fez trocar de roupa! — Cory se queixou e eu suspirei.

— Azar o seu — afirmei e continuei andando, ignorando sua presença.

— Ei! Se está indo para o treino dos meninos, me espere! O papai te deu um carro, mas tem que me levar para os lugares com você — Cory se queixou novamente e eu levantei o dedo do meio e desci as escadas.

Me joguei no sofá e trunfei a cara. Cory havia me irritado demais e eu já estava no meu limite. Chegaríamos atrasados no treino. Mamãe me viu e veio até mim com um sanduíche e um copo de suco. Ela me obrigaria a comer como sempre faz e eu tentaria negar como sempre faço. Ah o cotidiano! Sempre conosco e em todos os momentos. Até nos que estamos com muita pressa, mais pressa que o necessário. Mamãe se sentou ao meu lado e tentou me entregar o sanduíche, neguei.

Eu não tinha fome naquele momento. A minha única vontade era de ver o maldito treino e assim ver também Matt e Mike que estariam lá fazendo uma exibição, eles sempre fazem esse tipo de coisa e eu me divirto vendo isso. Quando minha mãe finalmente conseguiu me obrigar a aceitar o sanduíche, papai chegou na sala. Seus olhos correram todo o meu corpo e eu percebi o seu tom de desaprovação ao olhar o meu short curto. Ele suspirou e eu já sabia que levaria um bom sermão por usar algo como aquilo.

— Melanie, você perdeu o juízo? — ele perguntou claramente irritado, mamãe continuou em silêncio.

— Por que? — perguntei sonsa.

— Como pode ter coragem de usar uma roupa assim? Não vê que está inadequado? — ele falou bravo e eu revirei os olhos.

Meu pai sempre teve essa postura de mandão e cheio de autoridade e eu não o culpava muito, já que em seu emprego essas qualidades são necessárias. Mas ás vezes ele precisava entender que Cory e eu não éramos bandidos, apenas seus filhos. Eu sabia que mamãe não o deixaria falar assim comigo. Ela era a única que conseguia acalmá-lo e ás vezes eu acabava vendo cenas não muito interessantes sobre como ela o acalmava. Minha irmã disse que eles já foram piores. Antes de casarem eram bem piores. Meu pai já tinha seus cinquenta anos e não aparentava sua idade, já que era malhado e ainda possuía cor em seus cabelos. Minha mãe ainda não havia chegado aos quarenta e ela parecia uma bonequinha de porcelana, mas uma bonequinha que podia virar fera a qualquer momento.

— Peter! Não fale assim com ela! — mamãe respondeu papai e ele revirou os olhos. É, eles iriam brigar.

— Eu não estou brigando com ela, só dando um conselho! Não quero que pensem que minha filhinha é uma vadia qualquer! — papai se defendeu e mamãe sorriu irônica.

— Ninguém vai dizer que nossa filha é uma vadia qualquer Peter! Todas as meninas da idade dela usam, qual o problema? — ela rebateu e papai saiu da sala sem falar nada.

Quando a minha mãe começava a falar, era impossível a fazer parar. Então ela o seguiu enquanto continuava falando. Eu apenas ignorei os dois e continuei calmamente comendo o sanduíche de presunto que havia ganhado. Cory chegou alguns minutos depois, vestindo uma calça saruel ridícula e uma camiseta preta e lisa, calçava um tênis que eu não sei dizer a marca e tinha os cabelos pra cima. Estava em um perfeito estilo "swag" que eu odeio com todas as forças. Papai voltou para sala com os cabelos bagunçados e olhou para Cory, revirou os olhos e suspirou.

— Jade, volta para o quarto! — ele gritou irritado e voltou para onde estava. Meus pais são tarados.

— Vamos para o treino otária? — Cory perguntou e eu me levantei balançando as chaves do carro.

— Vamos otário! — respondi no mesmo tom e saímos em direção à garagem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gente, estou com um grupo no WPP, se quiserem entrar, basta me mandarem o número!
É isso, beijocas!